Histórias Cruzadas escrita por Milena Corrêa, Ayhenyc


Capítulo 6
Capítulo VI


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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O tempo passava rápido e mais uma semana se passara, Charlotte que havia cavalgado pela manhã, já tinha colhido algumas rosas e as colocado em um vaso na sala, agora, lia uma história para Oliver que estava bem quietinho deitado ao seu lado na cama. O garoto ficou aos seus cuidados durante tarde, enquanto Harry levava sua avó até a casa de uma amiga dela. Dona Amélia que estava de férias, resolveu passar alguns dias na casa de uma amiga para distrair-se um pouco.

O pequeno Oliver acabou pegando no sono, já eram 04:00 da tarde mas nada de Harry chegar, mesmo que já houvesse saído fazia algum tempo. O sono começou a chegar, mas não queria se entregar a ele, no entanto, não resistindo acomodou-se ao lado do mais novo fechando os olhos.

Quando Harry chegou encontrou a casa silenciosa, subiu para o andar superior e espiou pela porta que estava entre aberta. Ambos dormiam, sorriu com a cena e desceu. Como já eram quase 06:00 horas, colocou os cavalos para dentro, os tratou, voltou para casa trancando a porta, fechando as janelas e cortinas do andar de baixo e fazendo o mesmo no andar de cima.

Começou a fazer o jantar, assim teria uma desculpa para acordá-los. Estava colocando a mesa, quando a viu descer.

— Nossa! – exclamou surpresa. – Nem te vi chegar! Que cheiro bom. – neste momento lembrou que não tinha tomado o chá da tarde.

— Cheguei já faz algumas horas, mas como estavam dormindo não quis acordar. – colocava as panelas na mesa. – Espero que goste, estou meio enferrujado na cozinha. – sorriu.

— Parece bom. – falou ao espiar o conteúdo de dentro da panela.

— Espero que esteja. – comentou após bocejar. – Vou buscar Oliver.

—Ok! – disse enquanto ia se servindo.

O rapaz apenas deu uma risadinha silenciosa subindo as escadas correndo. Quando desceu, com o pequeno nos braços a encontrou servindo o segundo prato.

— Tá com fome mesmo. – brincou.

— Pior que sim, não tomei o chá da tarde hoje. – comia com vontade. – Nossa! – exclamou com a boca cheia. – Isso aqui tá muito bom.

Harry apenas sorriu, servindo o prato para Oliver. O jantar foi silencioso, Charlotte podia ver o quanto o rapaz em sua frente estava cansado, mas continuava atencioso com o irmão.

O dia para Harry tinha sido corrido, pela manhã passou envolvido com os afazeres da pequena fazenda. Após o almoço, o vizinho, um senhor de idade avançada, o chamou pedindo sua ajuda para descarregar a ração para os animais, Harry o ajudou de bom grado e depois precisou ir até o aeroporto levar sua avó.       

Harry ajudou Charlotte a tirar a mesa, depois levou o mais novo para escovar os dentes. A garota ficou lavando a louça, não demorou muito e os garotos estavam de volta. Oliver ficou na sala coberto por uma manta assistindo televisão, o mais velho se debruçou na bancada observando-a guardar a louça, a mesma nem tinha percebido sua presença estava na ponta dos pés tentando guardar uma travessa. Harry vendo que ela não conseguiria ajudou-a, sua mão tocou as de Charlotte que estava de costas para ele, para a seguir se afastar dando-lhe espaço para se virar e ficarem de frente um para o outro.

— Obrigada. – murmurou encarando-o.

— De nada. – pronunciou com as mãos nos bolso do casaco. – Bom... Já vou indo.

— Ah, claro! Você deve estar cansado, – disse. – pois seu dia foi corrido.

— É mesmo... – deixou a frase no ar. – Então, boa noite. – sorriu.

— Boa noite! – retribuiu o sorriso.

Ambos foram para sala, Harry pegou Oliver nos braços, este fez beicinho, pois não queria ir, mas no fim acabou sendo convencido pelo mais velho que voltariam amanhã. Enquanto saiam pela porta Oliver abanava com a mãozinha para Charlotte, que quase não resistiu ao impulso de convidá-los para passar a noite ali.

Como estava sem sono, assistiu um pouco de televisão, mas já tinham acabado os desenhos animados e agora passava um programa chato, assim, desligou a televisão deitando no sofá com as pernas no encosto e a cabeça para baixo, ficou cerca de uns dois minutos nesta posição então, resolveu ir até a biblioteca pegar um livro para ler.

Ao entrar naquele ambiente cheio de estantes abarrotada de livros, lembrou-se de quando entrou pela primeira vez...

Flashback

— Vovô, quantos livros! – olhava a sua volta admirada. – Quero ler todos.

— Vá com calma minha menina. – afagou seus cabelos sorrindo.

Charlotte olhou vários livros, mas não se agradou de nenhum. Como era muito curiosa abriu as gavetas da mesa de seu avô, mas, uma delas estava trancada.

— Ah! Que pena. – disse frustrada. – Onde será que vovô colocou a chave? – olhava atenta pelo cômodo.

Seu avô havia saído para receber um amigo que viera visitá-lo, deixando-a sozinha.

Olhava por tudo, mas como nada encontrou, sentou-se frustrada na cadeira e começou a brincar com uma pequena estátua de quimera, fazia a mesma caminhar e voar, foi então que percebeu que a estatueta fazia barulho e notou que dava para desmontá-la, quando o fez encontrou a chave da gaveta. Deu um pulo de alegria da cadeira, pegou a chave, abriu a gaveta e nela encontrou um livro com uma capa de couro, ao abri-lo viu que as folhas eram amareladas. A medida que folheava o livro foi percebendo que a letra mudava, era como se pessoas diferentes estivessem escrito, alguns escritos estavam em sua língua outros não fazia ideia de qual era a língua. Parou em uma parte e começou a ler com um pouco de dificuldade:

— Corri pelos matos o mais rápido que pude eles estavam vi... vi – parou um pouco. –vindo podia ouvir. Coloquei o meu bebê em uma fenda na montanha, beijei-lhe a testa com lágrimas nos olhos e continuei correndo. Precisava despistar aqueles sol... soldados, atirei pedradas no rio, joguei meu xale na água e me escondi no mato. Pude vê-los entrar na água me procurando, um deles gritou: “Venham ela foi por aqui”. Esperei até que sumissem, voltei ao local que tinha deixado a minha pequena e seguimos na direção oposta, pelas montanhas.

— Que coisa estranha. – pensou ao parar de ler.

— Charlotte. – escutou, era Dona Amélia. – Venha está na hora do chá.

— Já estou indo. – disse fechando o livro e o guardando no lugar, mas esqueceu de tirar a chave da gaveta e guardá-la no lugar.

Depois de algum tempo, Charlotte estava em seu quarto penteando os cabelos de uma boneca quando bateram na porta de seu quarto, era seu avô.

— Vovô, – o chamou. – olha só como está ficando bonita a minha boneca. – mostrou a boneca para ele.

— Sim, está muito bonita. – disse. – Mas já está na hora de dormir.

— Ah! Que pena! – Disse beiçuda. – Não dá para ficar só mais um pouquinho acordada. – fez uma carinha pidona.

Seu avô chacoalhou a cabeça em um sinal negativo:

— Precisa ir dormir, agora! – falou carinhoso.

— Tá certo. – Levantou para guardar as bonecas. – Mas vovô o senhor me conta uma história? – pediu deitando na cama e se cobrindo.

— Que história quer ouvir?

Charlotte pensou um pouco e por fim disse:

— Vovô quando fiquei sozinha na biblioteca, – parou um pouco. – bom... Acho que o senhor vai ficar zangado comigo. – disse se encolhendo.

— Por que eu ficaria? – perguntou já sabendo o que ela tinha feito.

— Eu mexi naquela sua gaveta com chave. – disse tapando a cabeça com o cobertor.

Seu avô apenas sorriu com o gesto e tirando-lhe o cobertor da cabeça disse que não tinha ficado zangado, mas que da próxima vez era para pedir permissão, porque era muito feio mexer nas coisas dos outros sem consentimento. Charlotte assentiu, seu avô apenas bagunçou seus cabelos e repetiu:

— Qual história quer ouvir?

— Aquela que tem no livro. – falou com os olhos brilhando.

Joseph pensou um pouco, achava Charlotte muito pequena para saber de sua missão, mas sabia que mais cedo ou mais tarde teria que contar a ela.

— Tudo bem, minha pequena! – sorriu.

Fim do Flashback

Charlotte sabia exatamente qual livro iria ler! Foi direto pegar a chave de dentro da quimera.

Seu avô contava-lhe quase todas as noites um pedaço da história que havia no livro. Queria lê-lo, seria como escutar seu avô contando para ela dormir novamente!

Ao abrir a gaveta e encontrá-la vazia, ficou boquiaberta, se perguntando onde estaria o livro!?


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