Pequenos Contos escrita por Tah Madeira


Capítulo 26
365 Dias (Parte 3)


Notas iniciais do capítulo

Olá... Voltei... Sei que demorei... Mas tive um pequeno bloqueio e desânimo para escrever... Mas cá estou...

Esse conto como muitas falaram ele é bem fofo... Talvez eu esteja sentindo falta do drama... Mas não se preocupem...dificilmente irá acontecer aqui..

Boa leitura.



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DIA 97

— Você pode ir tranquila— digo pela quarta vez naquele dia.

— Não estou bem certa Aurélio, você não pode ir comigo?— ela mexe as mãos nervosamente, seria a primeira vez em meses que iríamos ficar afastados, caminho até ela.

— Meu amor— seguro em suas mãos e vejo o quanto estavam frias— Eu não posso sair daqui agora, você sabe— vejo ela baixar a cabeça.

— As vezes só você consegue fazer isabel dormir— ela sorri.

— Eu sei, mas na maioria das vezes é nos braços da mãe que ela dorme mais rápido, mais calmamente, em seus braços que ela se sente  mais segura.— deixo minhas mãos em sua cintura e a puxei mais para mim, suas mãos descansam em meus ombros— Vai ser dois dias, você mesmo disse.—juntei mais nossos corpos, beijo seu pescoço, sinto sua mão apertando meu ombro,—  Até porque, se demorar mais que isso, vou atrás da minha filha e da minha mulher— finalizo mordendo a pontinha da sua orelha, Julieta vai beijando meu rosto até chegar em minha boca.

— Desculpa atrapalhar o casal, mas tem alguém aqui inquieta— Tenória entrou na sala com Isabel em seu colo, um vestido branco, os braços de fora, cada vez mais gordinhos, uma touquinha branca, para se proteger do sol, não impedia de ver os cabelos escuros, que começam a ficar maiores, quando fica de frente para nós o brilho do seus olhos parece maior.

—Vem aqui com a mamãe— Julieta estica o braços antes de mim, Isabel parece se aninhar mais naquele colo, soltando um bocejo—Acho que tem alguém aqui com sono.— Sobe comigo?— diz começando a subir os degraus e eu  apenas sigo duas, das três mulheres da minha vida.

DIA 99

—Dona Julieta, desculpas por ligar e pedir para a senhora voltar, mas Isabel não mamou, dormiu muito pouco, tentei de tudo… — diz Jane aflita assim que entrei na sala.

—Tudo bem, onde ela está? — disse subindo as escadas, e o choro dela foi quem me conduziu, a encontrei chorando forte nos braços de Mercedes. — Oi minha pequena— falei em sua frente, demorou um pouco para me ver, estendi os braços e a peguei— Está tudo bem pequena, mamãe está aqui, apoiei seu corpo se encontro ao meu peito, balançando meu corpo em um ritmo cadenciado,enquanto falava com ela, pouco a pouco Isabel vai se acalmando, as lágrimas vão cessando, os olhinhos pesando. Sentei na cama apoiando as minhas costas, Mercedes me alcança a mamadeira dela e lentamente ela vai bebendo o leite. — O que você tem minha filha? — falei mais para mim mesma, tentando entender o que estava acontecendo, desde que chegamos a São Paulo Isabel estava inquieta, manhosa, comendo e dormindo pouco, coisa que ela não fazia em casa, tinha ido com o intuito de ser rápido mas estava sendo difícil sair de casa para resolver seus negócios.

—Mãe? —Camilo estava a porta e percebo que a tempos me chamava.

—Oi meu filho? —falei o chamando para sentar ao meu lado.

—Jane falou que Isabel não estava bem. —ele senta e beija o rosto da irmã.

—Eu vou precisar voltar ao Vale. Amanhã mesmo irei.

—Mas mãe, não terminamos…

—Eu sei Camilo, mas veja, ela está estranhando tudo aqui… Sinto muito mas vou precisar ir.


 

DIA 100

Abri a porta do quarto devagar, não estava tão tarde, mas Rute disse que ele tinha passado a madrugada anterior e todo o dia fora ajudando em um parto de um animal, a égua sobreviveu por pouco.

Aurélio dormia pesadamente em cima da cama, coloquei ao seu lado  Isabel, que também dormia, deixei uns travesseiros do lado dela, para que se ela girasse, coisa que vinha fazendo com mais frequência, não iria ao chão. Vou ao banheiro, um banho rápido e uma troca de roupa, por uma camisola confortável, fui rápida, mas o suficiente para voltar ao quarto e encontrar Aurélio olhando a filha, segurando em seus dedos.

— Achei que você tinha dito que iria atrás de sua mulher e filha. — Sentei do outro lado de Isabel.

—Eu iria, amanhã — seu olhar chega até mim, seu beijo vem rápido e tinha um gosto de saudade, sua mão passeia por minha nuca, e se Isabel não estivesse no meio de nós eu teria retribuído à altura, ele beija a testa dela— Ela está um pouco quente demais.

— Ela teve um pouquinho de febre no caminho— toco em seu rosto, mas Aurélio tinha o olhar perdido na filha — Na verdade a viagem não fez bem para ela — ele volta seus olhos para mim—Ela estranhou as pessoas, o lugar, só em meu colo ficava, acho   que era saudades de casa, de você.

—Oh!! Minha filha—ele beija o rosto dela, eu tiro um pouco das pesadas roupas que ela vestia, no fim ele a apoia e seu peito.

—Tem um lugar para mim aí? — falei beijando o rosto dela, Aurélio abre o braço e me deito encostada em seu ombro, segurando a mão dela. Estávamos de fato em casa.




 

DIA 118
 

O dia estava por demais cansativo, chego em casa após um reunião longo, onde poucos os problemas da nova propriedade foi solucionado, uma casa que  por falta de cuidado teria que ir abaixo, a terra era boa por isso valeu a pena a compra, os animais estavam em péssimas condições, mas isso não a preocupava tanto, poderia contar com a ajuda de Aurélio e logo os bichos poderiam estar bem de saúde, falando no marido uma saudade se abateu sobre ela, tinha passado todo o dia fora, deixa a pasta com alguns papéis  e sobe as escadas, sabia que ele deveria estar ou no quarto do casal ou no da filha. Isabel, pensa nela seu coração acelera um pouco, iria fazer cinco meses desde que aquele pequeno ser entrou na sua vida, ao entrar no quarto dela encontra o vazio, caminha até o berço. ajeitando alguns dos itens que certamente o marido deixou espalhado, roupas, talco, toalha, torcia para que a filha não fosse tão bagunceira quanto ele, pegou uma camisa e a cheirou, reconheceria aquele cheiro dela em qualquer lugar.
 

Um barulho chamou sua atenção, era um gritinho agudo e feliz. Seus passos seguem na direção do som, seu quarto, a porta entreaberta, podia ver a cena que se desenrolava, Isabel apoiada em inúmeros travesseiros, trajava um macacão vermelho e uma fita na cabeça ornamentando os fios escuros e ainda ralos, de certo Tenória o tinha ajudado na escolha, Aurélio sentado de frente para ela, cobria o rosto dela com um pano, e perguntava "Cadê a bonequinha do papai?" e quando tirava o pano encontrava olhos em expectativas e finaliza com um "Achou!!" o que ela respondia sorrindo e dando pequenos gritinhos, balançava as mãos e pés, como quem pedia mais, o que ele prontamente fazia.
 

Fiquei olhando os dois, Aurélio cabelos bagunçados, vestia uma calça folgada escura, camisa branca, não podia ver seu rosto estava, de costas para mim, Isabel olhava para ele com um brilho no olhar, não sei se pela brincadeira, ou pelo encantamento que Aurélio sempre trazia, adora ver os dois juntos, se ele sempre foi cuidadoso com ela, com Isabel isso só aflorou mais, ao sinal de qualquer barulho a noite ele levantava, se o tempo ameaçava esfriar já iria buscar um cobertor para filha, os choros dela para ele sempre era de fome, por isso aquelas bochechas redondas e braços gorduchos, por ele, a pequena já estaria comendo outras coisas, mas graças a Rômulo isso não foi possível, seus cuidados e preocupações eram grandiosos e em algumas situações até engraçados, por isso a filha tinha não só as suas costas, mas em volta de si uma pilha de travesseiros, como uma barricada, e falando na filha, parece que sua presença foi notada, seus olhinhos a encontram, não posso deixar de sorrir, então revivo uma cena, caminho lentamente, e pouso as mãos sobre os olhos de Aurélio., suas mãos apalpam as minhas, sinto suas bochechas se mexerem de certo sorri assim assim como eu, pouso a minha cabeça sobre a dele e, deixando um beijo ali, minhas mãos descem por seu rosto, pescoço, descansam em seus ombros.

—Sabe que seu perfume denunciou a sua chegada faz tempo— diz ele, enquanto segurou em um dos meus pulsos e me puxando delicadamente para frente, para seu colo.

— Não sei se tenho um cheiro tão marcante assim— falei me ajeitando sobre ele, que deixa seu nariz explorar meu rosto, meu pescoço, meu colo, fazendo meu corpo arrepiar.

— Você tem sim, um cheiro, um perfume, que pertence apenas a Julieta Cavalcante— diz enquanto refaz seu caminho, repetindo a frase que disse certa vez, em São Paulo, sorri ao lembrar, seus olhos azuis encontraram os meus, minha boca saliva por antecipação ao que sei que ele vai fazer, mas uma gargalhada me atinge quando inesperadamente ele fala— Filha cobre os olhos que papai vai beijar a mamãe— ouço um gritinho dela, quando a sua boca encontra a minha.


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Notas finais do capítulo

Prometo voltar o mais breve possível.