Pequenos Contos escrita por Tah Madeira


Capítulo 25
365 Dias (Parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Olá... Estou de volta... E vejam até que rápido...

Como faz para agradecer o carinho de vcs???

Não tenho muito a dizer... Só que "365 Dias" aborda não só Isabel, mas os que a cercam... Espero que gostem...



Boa leitura....



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DIA 49

 

— Tem que ir mesmo meu filho? — já era a terceira vez que eu perguntava.

— Sim minha mãe, ficou combinado que eu irei para São Paulo cuidar do Café Três Mosqueteiros de lá, Ernesto e o Barão daqui, Januário por ora fica aqui, mas depois vai me ajudar. — seus braços me apertam em um abraço forte, não deixo de chorar— Minha mãe, não fique assim, agora com a ferrovia ir e vir de São Paulo ficou mais rápido.

— Eu sei, eu sei meu filho, eu sei, a casa vai ficar um pouco mais vazia e silenciosa sem vocês três.

— Logo Isabel vai estar correndo por essa casa e quero ouvir a senhora reclamar do vazio e do silêncio.

— Se ela puxar por você que adorava espalhar suas coisas pela casa, eu não vou ter do que reclamar  mesmo. — acabamos por rir, no fim voltei a chorar quando abracei Jane— Minha querida, cuide de você, cuide bem de meu filho e de meu neto.

— Pode deixar minha sogra, digo o mesmo para senhora.

— Sei que  Mercedes vai cuidar muito bem de vocês, e sintam-se em casa na mansão de São Paulo, ela é de vocês.

— Vamos?— Camilo se aproxima com o filho no colo, mais despedidas e lágrimas, assiti da porta o carro sumir na estrada, Aurélio vem e fica ao meu lado com Isabel no colo.

—Vai ficar tudo bem meu amor.— me beija de  lado.— Tem alguém aqui que acordou, deixa Isabel em meu colo, ela me olha e sorri, faz isso mais vezes, mas ainda assim sempre fico surpresa.




DIA 56

 

— Sabia que eu iria encontrar você aqui— ela mais uma vez olhava o quarto que logo Isabel iria ocupar, faltando poucos detalhes para finalizar o aposento.— Meu amor?

— Aurélio— ela chama baixinho por mim, dou passos largos e me ajoelho em frente a poltrona em que ela está sentada.

— O que houve Julieta? — me sinto aflito, aproximei a mão do seu rosto, mas ela vem para meus braços, acabei  por sentar no chão a ajeitando mais em meu colo, deixando que ela chore, Julieta me agarra pela gola da camisa me puxando para ela, apenas a abracei mais forte,   dizendo palavras de carinho e pouco a pouco as lágrimas vão cessando, a sinto mais mole em meu corpo e percebi que ela dormiu, com calma e jeito consegui me levantar e a carrego para o nosso quarto, a deixo na cama , tirei seus calçados, o vestido que ela vestia, estranhamente era um escuro, um que ela não vestia quando sai a tarde, busco a sua camisola e a visto, dorme tão profundamente que não acordou com a movimentação, coloquei sobre ela um lençol, beijei sua testa e  acariciei sua bochecha— O que houve com você meu amor? — não tenho resposta dela, mas Isabel resmunga do seu berço, caminho até lá, e sou recebido por um par de olhos escuros atenta em cada movimento das borboletas pairando sobre ela— Olá bonequinha— minha voz ganha sua atenção e sou presenteado com um sorriso.



DIA 57

 

O aperto de Aurélio em sua cintura a despertou, um borrão do fim de noite passa por sua cabeça, a angústia, e aflição se misturam nas lágrimas, tentou durante todo o dia anterior se manter forte, mas as lembranças do que um dia ela foi, vinham a toda hora, ficando impossível fugir e desabou quando Aurélio a procurou.

 

Tirou a mão dele calmamente de cima dela, e deixou a cama, olha para a filha e a vê dormindo serenamente, ainda era muito cedo, mas sabe que não vai conseguir dormir, um banho rápido e uma troca de roupa, desce apenas para preparar uma mamadeira volta ao quarto e chega ao berço no mesmo momento em que a filha abre os olhos, pareciam estar sincronizadas.

 

—Olá minha pequena — passa os dedos por seu rosto, as bochechas cada vez mais cheias, os cabelos cresceram pouco naqueles quase dois meses, seus dedos agora tocam aquela mãos pequenas ainda tão miúdas, a criança começa ficar inquieta, mexendo braços e pernas — Está bem já vou pegar você — a pega no colo e a senta, dando a mamadeira que aquelas mãozinhas prontamente querem segurar, aquele corpinho quente junto ao seu, olhando em seus olhos davam a  sensação de paz que precisava, abaixou a cabeça e beija o rosto da filha, a cheirando, já tinha decorado o cheirinho dela, um leve odor de lavanda, de certo por causa dos ramos que deixava na gavetas de roupas dela, a mesma mania que a sua própria mãe tinha para com as suas roupas,tentou fazer isso com Camilo, mas Osório dizia que isso não era cheiro de menino, e lá estava de novo as lembranças do velho com o novo, sem querer uma lágrima escapa molhando a testa da filha, que nessa altura já voltou a dormir, ficou segundos demais ali cheirando e beijando a nem percebe que também é observada.

—Bom dia — Aurélio já estava acordado, sentado na cama, olhando para elas, eu apenas o olho, tento sorrir, mas sei que foi uma tentativa falha —Queria tirar essa tristeza que vejo em seu olhar, vem cá —diz estendo a mão para mim, que caminho até ele, pensei em sentar em seu lado, mas ele puxou as cobertas e abre as pernas me fazendo sentar entre elas, nos cobrindo de novo, sua mão envolve minha cintura a outra me ajuda a segurar Isabel, deito a cabeça em seu peito — Quer conversar sobre o que está te deixando assim?

—Lembranças —digo baixo, seguro naqueles dedos pequenos.

—Ruins?— ouço sua voz suave, aquele mesmo tom que aprendi a confiar, apenas confirmo com um gesto, seus dedos se juntam aos meus segurando aquela pequena mão — Você sabe que nós estamos aqui, não sabe?

—Sim eu sei— apenas observo aquela junção das nossas mãos e sei que por que as lembranças ruins vão vir e ir, as coisas boas permanecem por mais tempo e em meus braços e atrás de mim eu tinha a certeza.

 

DIA 90

 

— Não sei se é uma boa ideia, Julieta.

— Aurélio, esse quarto já está pronto há semanas, está mais do que na hora. —sei que ela tem razão, era  a quarta vez que entramos naquele assunto, na primeira vez ela estava indecisa de deixar a filha dormir só no quarto, na outras duas ele quem tinha dado para trás, mas dessa vez ela estava irredutível, e com razão, já estava no momento certo.

—Mas ela ainda é tão pequena, veja — mostro Isabel em meu colo, quase dormindo, alheia aquela pequena discussão.

—Ela estava fazendo três meses hoje, pouquíssimas as vezes em que não dormiu uma noite toda, nem mesmo para mamar ela o faz e vamos estar a alguns passos daqui. —ela diz arrumando o berço pela terceira vez, sei que tanto quanto eu tem receio, só não admite.

— Eu sei meu amor, mas… — ela se virou para mim, mão na cintura, a camisola moldando bem o seu corpo, perco os argumentos.

—Vem me dá ela— estica os braços e eu estendo a nossa filha, que a balança um pouquinho, me junto naquele abraço, como da primeira vez, com ela no meio de nós, beijando sua cabecinha e a testa da minha mulher.

—Boa noite minha filha— digo antes de Julieta se afastar e a colocar no berço, ficando uns minutos parada a observando.

— Vamos? —digo puxando sua mão, que segura a minha sem nada dizer.

 

Na madrugada o vazio ao meu lado é quem me desperta, confuso um pouco, mas em seguida alerta por ter achado que algo possa ter acontecido levantei  rápido indo direto ao quarto de Isabel, mas sou surpreendido quando vejo Julieta dormindo toda errada na poltrona, olhei a pequena que dormia tranquilamente, apenas ajeitei o cobertor sobre ela. Voltei para o nosso quarto com uma esposa adormecida em meus braços.


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Notas finais do capítulo

É isso por hj...

Alguma dúvida, sugestão, reclamação... Deixe nos comentários...

Volto em breve.. BJS



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