Pequenos Contos escrita por Tah Madeira


Capítulo 13
Memória (parte final)


Notas iniciais do capítulo

Voltei.... Consegui terminar o mais rápido que eu pensava...

Então chegamos ao final desse conto, mas calma não será o fim desses One's( escreve assim?)



Quero deixar mais uma vez o agradecimento a todos os que leram essas pequenas loucuras e desejos, e principalmente a quem comenta, expõe opiniões, desejos e que de certa forma acaba contribuindo.

(Leiam a notas finais)



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(Por Julieta)

“Meu amor”, acordei com aquelas palavras em meus ouvidos, sonhei com elas, não sabia que sentia tanta falta de ouvir Aurélio me chamar assim, pensar nele me faz  olhar para o lado e ver o seu rosto, não achei que iria conseguir dormir, mas me enganei, foi só eu me aconchegar em seus braços que o sono logo tomou conta de mim, como foi todas as outras noites em que dormimos juntos, meus dedos vão em sua face, passo delicadamente em toda a sua extensão, olhos, nariz, maxilar,  demorei um pouco mais em sua boca, quando que eu iria imaginar sentindo falta de seus beijos, logo eu, aproximo meu rosto do seu, quase toco seus lábios com o meu, era tentador demais, no último segundo desviei e afundei minha cabeça na curva de seu pescoço, aspiro o seu perfume, apesar de ainda sentir um pouco do cheiro de fumaça, encontrei o seu cheiro, minha mão em seu peito, sinto seus braços envolverem meu corpo, ao mesmo tempo que ele sussurra “meu amor”, meu coração parou por um segundo, ele falou eu ouvi, não foi ilusão como quando acordei, levanto o meu olhar e encontro o seus olhos fechados, ainda dorme, ficou desapontada com um misto de felicidade, pois deve estar a sonhar comigo, com nós, beijo seu pescoço, minha mão sobe em seu ombro, seguindo os instintos e a saudade, beijo sua bochecha, quando sinto sua mão em minha nuca, não resisto mais e beijei levemente a sua boca, a princípio um leve roçar de lábios, quando abro meus olhos, vejo aquele azul vivo olhando para mim, fui pega, iria me afastar mas sou puxada por uma mão em minha nuca e outra em meu rosto, minha boca indo de encontro a sua, se abrindo para receber a minha, um beijo tão suave, tão necessitado, eu o queria desde que deixei o cortiço a dois dias atrás, o queria mais ainda quando ele me salvou, e quando acordei de todo aquele horror, algo se acalma em mim, beijei sua bochecha para poder buscar um pouco de ar, mas Aurélio logo me puxou para beijá-lo de novo, agora era urgente, rápido, coloco meu corpo sobre o dele, minhas mãos em seu rosto, a sua afasta o meu cabelo, um gemido escapa de sua boca quando levemente mordi seu lábio inferior, e uma batida na porta interrompe o momento.

— Dona Julieta.

— Oi  Rute— consigo dizer, sem sair da posição que estou, olhos fechados, não iria conseguir encarar Aurélio, nossas respirações descompassadas, minha testa encostou na dele.

— Desculpas, sinto muito acordar a senhora, mas  o menino Camilo necessita falar com a senhora, já ligou desde cedo.—  “cedo” eu penso, que horas devem ser? Questionei internamente. — Ele está no telefone.

— Rute, diga a ele que já ligo de volta, vou só me ajeitar.

— Está bem senhora, e novamente desculpa por incomodar.— ouço seus passos se afastar da porta, mal sabe ela o que interrompeu, nem saberia a que ponto iriam chegar sem a interrupção da empregada. Por fim abro meus olhos e encontro os seus, por um segundo vi  aquela expressão que ele tinha após nos beijarmos, um leve sorriso em seus lábios, seu nariz passa por meu rosto, cheirando aqui ou ali, era redescobrir aos poucos, antes que nos perdêssemos de novo, seguro em seu rosto.

— Bom dia — dou um selinho rapidamente levanto.

 

(Por Aurélio)

 

Acordei quando ela se virou para mim, sinto que sou observado, mal tinha dormido naquela noite, a qualquer movimento dela, sinto seus dedos em meu rosto, fazendo os mesmos gestos que fiz na noite anterior, vagando em minhas feições, parando em meus lábios, assim como eu, talvez desejando como eu, faço força sobrenatural quando a sinto mais perto, sua respiração misturada com a minha, mas a mulher tira o meu juízo ao fixar a cabeça em  meu pescoço e respirar ali,minhas mão ganham vida e envolvem o seu corpo sem conseguir segurar digo “meu amor”, ela para e sei que olha, ainda mantenho os olhos fechados, não posso estragar tudo agora, mas Julieta parece querer me testar e beija o meu pescoço e rosto, se ela segue os instintos dela eu sigo os meus e minha mão repousa em sua nuca, sua boca toca a minha e nesse exato momento tudo sai de controle, nos beijamos suave um encontro de lábios, como se pudéssemos aplacar a saudade, e com desejo o beijo passa a ser rápido, urgente, até um pouco selvagem quando de leve ela morde, não sei quem de nós que comanda, Julieta se encontra em cima de mim, então batidas na porta nos assustam e nos devolvem a sanidade. Após falar com a empregada Julieta me olha e quase não consigo esconder minha cara de felicidade, meu rosto passeia pelo dela, tocando, cheirando, por fim ela me  segura e beija de leve meus lábios, levanta me desejando um bom dia, segue para o banheiro, o que agradeço, pois se no escritório outro dia, sem memória eu consegui me controlar, naquela manhã sabendo de tudo, e com ela mesmo após tudo que passou estava tão entregue a mim, não sei se iria resistir.

Vou para o meu quarto me arrumar, minutos depois a  encontro no corredor.

— Eu não sabia que estava tão tarde, é quase hora do almoço. — nos diz enquanto descemos.

— Você precisava descansar, na verdade nós dois precisávamos.

— Sim, eu sei, mas queria voltar logo cedo para São Paulo, ainda precisamos passar na delegacia.

— Vamos  almoçar, passamos lá antes de pegar a estrada, chegamos a tempo em São Paulo— ela me olha confusa.

— A tempo de quê?

— De … de — o que fui falar, mas sou salvo pelo barulho do telefone— Deve ser Camilo novamente.

— Verdade, deixa eu atender. — um pouco contrariada por minha falta de explicação, Julieta se atende ao telefone, e não só Camilo fala com ela como Ema, ela reluta  a algo que a minha filha pede, mas sei bem o que é, por fim acaba cedendo, a ligação dura alguns bons minutos, deixando os dois mais tranquilos quanto ao nosso bem estar desliga.

— Tudo bem?—  a questiono ao vê-la parada com o aparelho na mão.

— Ninguém pediu para falar com você.

— Bom é porque falei com eles ontem, eu disse a você, o interesse deles hoje era só pelo seu bem estar — e aquele ar de desconfiada se abrange em seu rosto, a fazendo perder o foco pergunto— Onde Ema quer que você vá?

— Ah, parece que tem uma confraternização no cortiço, e quer que nossa presença lá.

— E você vai?

— Não sei, quer ir? Está bem para ir?— ela deixa o aparelho no lugar e caminha para a sala.

— Vamos, será a forma mais fácil de mostrar a todos de uma vez que estamos bem, mais prático.

— Sim mas não vamos nos demorar lá, na manhã seguinte devemos voltar ao médico para ele avaliar você.— sai para o escritório, a deixei com os seus pensamentos.

 

(Por Julieta)

 

Algo paira no ar, aquela ligação, a insistência de Ema em irmos ao cortiço, Aurélio e suas palavras sem definições, ainda tinha o depoimento para dar ao delegado e reviver tudo o que aconteceu, mas seria a última vez que vai falar do que aconteceu naquela fazenda, apagaria as lembranças assim como as marcas em seu corpo que hoje causavam menos dor, um pouco de desgosto sim, mas isso o tempo iria  se encarregar. O deixo para pensar melhor, entretanto sou logo chamada para o almoço, o que ocorre entre poucas palavras.

Um pouco depois, já com duas pequenas malas em mãos, seguimos de carro com Tião para a delegacia.

— Boa tarde Dona Julieta, senhor Aurélio.— após os costumeiros comprimentos ele é direto.— Sinto muito por tudo o que aconteceu aos  dois, principalmente a senhora. — apenas aceno concordando, ao mesmo tempo que sinto a mão de Aurélio em minhas costas, dando apoio. —Prometo ser o mais breve possível. O depoimento de vocês é mais para finalizar a parte que nos cabe e encaminhar junto com a documentação para a formalizar a prisão do senhor Xavier, para que ele seja julgado e condenado— Respiro fundo ao ouvir o nome dele, o toque de Aurélio se intensifica em mim, sei que está mais raivoso que eu— Bom vai ser depoimentos separados, a senhora primeiro— eu agradeço ser assim, iria ser difícil relatar aquilo olhando nos olhos de Aurélio, troco um olhar com ele e sigo o delegado em sua sala.

Não foi fácil, nem rápido como julguei que seria, mas quase  uma hora depois tinha terminado, sai e no mesmo instante Aurélio veio até mim.

— Tudo bem?— seus braços me envolvem.

— Acho que sim— me afasto para olhá-lo—  Vá, vamos acabar logo com isso.— ele me solta e vai até  a sala de Baltazar, aquele lugar começava a me sufocar, e deixei a delegacia, indo para o carro, Tião me olha assustado, fica ao meu lado e nada diz, agradeço aos céus pelo depoimento dele ser  mais rápido, logo está no carro junto a mim dizendo que qualquer coisa o delegado nos avisaria, com sorte iríamos chegar a São Paulo logo no fim da tarde.

— Se quiser não vamos ao cortiço, podemos ir lá amanhã depois da consulta.

— Não, já combinei com Ema — olho para ele notei seu semblante preocupado, tento sorrir para tranquilizá-lo — E quero ver as crianças.

— Eles não são crianças Julieta.

— Eu sei, mas Camilo vai ser sempre o meu menino, vai dizer que Ema  ao seus olhos não vai ser sempre a sua menina?

— Está certa — ele segura em minha mão e fica olhando para elas— O que houve?

— Suas mãos — diz tocando em meus dedos, então lembro das alianças que não uso mais, será se era isso a sua curiosidade?

— O que tem?— perguntou atenta ao que ele vai dizer.

— Nada, estão frias— Aurélio desvia do meu olhar, prende a sua atenção na estrada, mas seus dedos não soltam dos meus, e onde deveriam estar as minhas alianças é onde sinto o seu dedo apertar mais forte, por ora deixo assim, lentamente encostei minha cabeça em seu ombro.

—Não há mais cheiro de fumaça em você — ouço sua risada e sei que está tudo bem.

— Quem bom — seu braço passa por cima de minha cabeça, me trazendo mais de encontro a ele, sinto mais o seu cheiro, com o balanço do carro, aquele cheiro e o seu afago em meu braço, lentamente vou dormindo.

— Julieta, acorda, chegamos— ele balança de leve meu corpo,apenas resmungo, parecia que a segundos eu tinha dormido— Sei que está cansada, mas nossos filhos querem nos ver, acorda.

— Sim, já acordei — olhando pela janela estamos quase na frente do cortiço, mal tenho tempo de me ajeitar, quando o carro parou e logo em seguida vejo Camilo,Jane e Ema, eles foram os primeiros a chegar, — Camilo, meu filho.

— Minha mãe como a senhora está? —seus braços apertam forte meu corpo, mas conseguindo respirar.

— Camilo meu amor, deixe sua mãe respirar.— Jane fala com sua voz doce, e aquele olhar carinhoso, que mesmo por segundos senti ter um brilho a mais..

— Sim, desculpe minha mãe— ele me olha, toca em meu rosto e me beija, vários beijos.— Sinto muito por não estar lá e ajudar.

— Está tudo bem meu filho, tudo bem — toco em seu rosto, limpando suas lágrimas e o beijando em seguida— Vamos deixar isso para trás, sim?— ele apenas concorda, mas se joga em meus braços  de novo, consigo visualizar Jane revisar os olhos, enquanto limpa o próprio rosto, mais adiante de nós, Ema está agarrada ao pai, não tão emotiva quanto Camilo, ele conversam ao pé do ouvido, sorriem um para o outro e balançam a cabeça como se concordassem com algo, antes eu inveja um pouco essa cumplicidade entre pai e filha, mas agora ela poderia ainda traçar esse  mesmo caminho com o filho.

—Será se posso abraçar a minha sogra,  Camilo?— Jane questiona o marido, que relutante se solta de mim. —  A senhora está bem mesmo? — ela sussurra em meu ouvido.

— Sim estou, e como ele está— também cochicho em seu ouvido.

— Camilo está bem , só estava preocupado com a senhora.

— Dona Julieta, — Ema se aproxima e diz emocionada,  e troco se não o mesmo, um abraço bem parecido com o que troquei com Camilo, carregado de afeto.— Não sabe como tive medo ao saber de tudo que aconteceu, fiquei com medo de perder a senhora.

— Ema, minha querida— nenhuma palavra mais é trocada, não havia necessidade.

Vamos entrando no cortiço e outras pessoas vão se aproximando, outros abraços são trocado, Darcy, Ernesto, Charlotte, entre outros, por fim Elisabeta se aproxima, e carrega no olhar aquela carinho de sempre, se havia alguém em quem eu poderia derramar tudo o que eu sentia seria nela, mas aquele não era o momento.

— Minha amiga— seu abraço é acolhedor— Mais uma provação— suas mãos seguram as minha.

—Sim — faço força para não chorar.— Mas dessa vez  tive ajuda—meus olhos avistam Aurélio, ele e Ema novamente juntos, e logo sobem  de certo para o quarto que ocupa com o marido.

— Ele é um bom homem.

— Sim, é mesmo.

— Como estão vocês dois?

— Nos entendendo, dentro do que a situação permite.

Minutos se passam, confesso já estar um pouco cansada, de certo eles comemoravam algo, mas não conseguia decifrar o que era, pareciam todos alegres. Aurélio e Ema voltam, ainda trocando olhares, aquilo não me incomodavam, mas intrigava, o que os dois aprontaram, ainda não sabia, mas que tinha algo isso tinha, por fim sou tirada dos meus pensamentos por Camilo, ouço ele elevar a voz.

.  — Bom peço a atenção de todos — ele diz com uma taça na mão, Jane fica ao seu lado— Algumas pessoas aqui já sabem, mas queria uma pequena comemoração e a presença da minha mãe, para anunciar a nossa felicidade— Jane sai de perto dele e caminha até mim me dá um caixa que nem percebi estar em suas mãos.

—Abra dona Julieta — e assim eu fiz, dentro uma surpresa imensa, um par de sapatinhos de tricô, branco, tão pequenos, tão perfeitos.

— Nossa família está crescendo — Camilo fala já ao nosso lado, e nós três nos abraçamos, misturando suas lágrimas e felicidades por aquele momento.

— Meu filho, minha nora, que notícia mais maravilhosa, obrigada por compartilharem comigo isso.

— Quero que meu filho conheça a avó forte que tem.— ele diz para mim, enquanto Jane é abraçada e beijada pelas amigas.

— Então volta para casa, voltem comigo— digo em seu ouvido, com receio de olhar em seus olhos e ver uma possível rejeição.

— Amanhã, voltamos amanhã minha mãe.— e mais uma vez naquela noite, sou surpreendida, queria indagar porque esperar, se podíamos ir todos para casa, inclusive Ema, mas aprendi que eles,assim como eu precisavam de seu tempo, então agradeço e o abraço mais uma vez.

 

(Por Aurélio)

 

— Então será vovó?

— Sim, um dia cheio de  surpresas, não acha?

— Você nem sabe como — estamos  no carro, voltando para a mansão.

Julieta  repousa um pouco a cabeça  contra o vidro do carro, e posso ver seus olhos brilhando de felicidade, pelo filho, pelo neto, e logo poderá ser por mim, assim eu esperava, na tarde anterior Camilo já tinha me dito a novidade, agradecia por eu ter cuidado da mãe dele, que ele poderia compartilhar com a mãe a sua felicidade. Somente Ema sabia da volta de sua memória e ajudou no plano de deixar a casa só para os dois. como ela tinha feito isso ela tinha feito isso não sabia, mas tinha dito que estava tudo certo, que podiam ir tranquilo para a casa.

— Chegamos— ela anuncia feliz, desço e a ajudo a descer —Preciso de um banho e da  minha cama, que tinha esse.

— Feliz  — perguntou enlaçando o seu braço no meu.

— Muito, acho que não poderia ser mais — termina assim que passamos pela porta, ficando de costas para mim.

— Será mesmo que não pode ser mais — estou a centímetros dela, que lentamente se vira para mim.

— Senhor Aurélio, durante todo o dia eu sinto que esconde algo de mim, começou com uma pequena sensação, que agora com essas suas palavras faz eu ter certeza — seus braços se cruzam em frente ao corpo, sua sobrancelha se ergueu, e sei que refletindo sobre algo.— Vamos diga.

— Não vou dizer nada— também cruzo os meus braços sobre o corpo, decido levar na brincadeira, ela apenas balança a cabeça, vira de costas bruscamente, jogando o seu perfume em minha cara, das alguns passo em direção a escadas, quando o seu pé alcança o segundo degrau e vejo que não iria levar adiante aquele jogo.— Não vou dizer pois preciso te mostrar algo primeiro— ela para com a mão no corrimão, mas não se vira, dou uns passos e já estou junto dela— Pode me acompanhar — ela se vira para mim, estou com a mão estendida, que ela olha e demora a pegar, sinto gelada sobre os meus dedos, caminho com ela para o escritório, na porta fechada eu para, ficar em suas costas, minha respiração tornou-se  descompassa, rezo para que Ema tenha razão e que seja uma boa surpresa.— Abre a porta por favor— digo em seu ouvido e ela tem um pequeno arrepio com minha voz tão perto, lentamente ela abre a porta, o escritório está iluminado por velas e rosas por todos os cantos, ela dá passos incertos caminha até a mesa, pega uma rosa e a cheira, consigo vê-la de perfil, sorri ao sentir o perfume da flor.

— Aurélio, o que ...— ela olha para mim,

— Esse escritório tem uma história—  dou uns passo, passando os dedo pela mesa e parei em sua frente — A nossa história, o início dela, foi aqui, no meio do baile de máscaras,  depois de você me dar um tapa— pego a sua mão e levo em meu rosto —Saiba que aquele tapa doeu — seus olhos já estão marejados —Depois daquele tapa e você querendo me acertar mais duas vezes, nos beijamos, não adianta dizer que eu a beijei, pois seus lábios corresponderam aos meus— toco o seu rosto, aproximo mais e mais, meus olhos se perdendo nos delas, uma lágrima rola, limpo suavemente —Você correspondeu.  Eu me lembro— finalizo e se ela tinha alguma dúvida, já não a tinha mais.

— Você lembrou—   não era uma pergunta, era uma afirmação, mas mesmo assim balancei a cabeça concordando.

— Sim, meu amor.

 

(Por Julieta)


— Eu lembrei, meu amor — ele fala, e era como se  o meu mundo tivesse voltado ao lugar, ele tinha lembrado de tudo, meu primeiro impulso foi o de me jogar em seus braços, Aurélio me aperta forte, e lágrimas molham o seu paletó, em meio ao  meu choro o ouço.— Lembrei dos últimos dez anos — se afasta de mim e limpa meu rosto— Lembrei de você, de nós— se aproxima pouco a pouco de mim, seus lábios tomaram os meus, mesmo tendo o beijado aquela manhã e ser o mesmo gosto, sentia algo a mais, era por  saber que as suas lembranças tinham voltado, seus braços puxam mais o seu corpo contra o seu, então parei desfazendo o beijo, mais rápido do que eu gostaria, ele me olha confuso— O que foi?

— Quando? — eu o olho esperando uma resposta, ele recua um passo, ele sabe do que falo.

— Você quer mesmo saber— ele ri, e sei que está nervoso, eu cruzo os braços.

— Sim— tento não ser áspera em minhas palavras, ele passa os dedos nos cabelos, e ouço ele sussurrar meu nome para começar a protestar, mas não permito — Aurélio ...

— Prometa não se chatear? — não digo nada, já estou chateada, apenas repito o nome dele— Está bem, quando eu desmaiei na fazenda, depois de salvar você e Xavier atirar em nós.

— Aurélio Cavalcante — ele se aproxima de mim, mas dou um passo atrás.— Não acredito, não consigo acreditar, eu aqui sofrendo, rezando a todo o momento para que você lembrasse, e esconde de mim esse fato.— deixei as lágrimas rolarem livremente por minha face, sei que deveria estar feliz, e estou, mas me sinto enganada, Aurélio vem até mim, recuar encosto na mesa, não podendo mais me afastar dele.

— Meu amor, eu falei para você antes de desmaiar, mas esqueceu—então era aquilo que ele tinha falado, como eu pode esquecer, isso faz com que eu vá amolecendo —Não quis esconder, quer dizer, queria fazer uma surpresa a mais linda de todas, mas você não facilita as coisas.— ele põe as mãos em meus rosto.

— Então a culpa é minha? — tiro seus dedos de mim.

— Não quis dizer isso.

— Então o que queria, o que quer Aurélio?

— Quero que se casa comigo, quero que seja a minha mulher, quero ser seu marido, seu amante, quero ser seu confidente,  quero ser seu amigo, quero a minha vida entrelaçada na sua, quero passar o resto de vida com você, quero que seja para sempre a minha amada Julieta— ele diz cada frase com  emoção, se ajoelhando em minha frente, em cada palavra dita por ele aflora as lembranças de nós dois juntos e sem tirar os olhos de mim ele põe a mão no bolso interno do paletó tirando de lá uma caixinha azul escuro e dentro o anel mais lindo que já vi, o desenho de uma rosa, e no meio uma pedra  pequena mas com um brilho imenso — Eu tinha planos para esse momento, fui apressado e já a pedi, mas quero fazer de novo e quantas vezes forem necessárias, Julieta Sampaio, você aceita se casar comigo?— eu respiro fundo, o meu corpo mal obedece os meus comando e já estou ajoelhada junto a ele.

— Você quer que eu seja a sua mulher, mas eu já sou, antes mesmo que pudesse admitir, não  há ninguém no mundo que seja mais meu amigo e confidente que você— toco em seu rosto, limpando as lágrimas que molham seu rosto — Você não pode pedir que eu esteja sempre eu sua vida, porque  não há mais sentido nela sem você estar do meu lado, o pedido de antes não perde a importância pois se disse sim antes eu reafirmo agora— estendo a minha mão direita em sua direção— Eu aceito, e se me pedir mil vezes, mil vezes eu vou aceitar. — ele tira o anel da caixa, coloca delicadamente em meu dedo, e o beija, em um impulso  o beijo, que sem esperar minha reação não consegue se equilibrar, caímos, eu sobre ele, sem desfazer o beijo, precisando de ar ela se afasta um pouco, mas mantém o rosto colado ao dele— Eu te amo

— Eu te amo tanto.— ele beija meu rosto desce para meu pescoço, vou abrindo os botões de sua camisa, ele gira meu corpo ficando por cima sem colocar o peso sobre mim, tira o paletó, terminei de desabotoar sua camisa, e logo a  jogo em qualquer canto, novamente ele gira os nosso corpos me deixando por cima, suas mãos vão em minha cabeça os soltando os meus cabelos, vagueiam meu corpo, quando ele encosta nos arranhões que Xavier deixou eu travo, paro com os beijos, com os movimentos e ombro em sobre seu corpo— Julieta, Julieta — ele chama por mim, levanto com cautela minha cabeça, ele gentilmente retira uns fios que ficam em meu rosto — Meu amor.

— Aurélio, meu corpo está marcado, manchado, feio — levando de cima dele sentando no chão as costas escorada na mesa — Desculpas mas por mais que eu queira,  que eu tenha desejo, eu não consigo— abaixo a minha cabeça com vergonha e receio por sua reação, ele se senta ao meu lado, passa o braços em mim, ergue delicadamente minha cabeça para olhar em seus olhos.

— Meu amor, eu beijaria cada parte do seu corpo, cada cicatriz deixada, cada pedaço dele se isso fosse te fazer sentir melhor, não tenho receio do que poderei ver, eu te amo como é, isso inclui tudo em você, eu sempre prometi esperar por você e repito eu espero, sempre.

— Aurélio — é só o que eu consigo dizer e sento em seu colo, o beijando por toda a parte, o fazendo rir— Você não existe, mas me diga como aprontou tudo isso— olho pelo escritório.

— Tive ajuda, na verdade eu queria que a surpresa fosse outra, um casamento, mas Ema disse que você não iria gostar e que eu não iria suportar quatro dias.

— Quatro dias ? Como assim?

— Esse é o tempo que ela vai demorar para preparar tudo, ah propósito, logo cedo ela vai estar aqui para te levar para escolher o  vestido....

—Deixa eu ver se entendi, era para ser um casamento surpresa, como não foi possível vamos casar daqui a quatro dias?

— Isso mesmo, não precisa se preocupar nossos amigos estão cuidado de tudo, Camilo inclusive...

— Aurélio...


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Notas finais do capítulo

Bom se chegou até e não me matou eu agradeço, então esses contos são(ou eram para ser) capítulos únicos que querendo ou não se completam, o fim de "Memória" abriu espaço para mais contos, e farei.

Pediram Muuuuuiiiittto um Hot, mas eu não poderia dar andamento neste capítulo, pois tem um conto (o "Amar" - capítulo 3) que deixei subentendido que era a primeira vez deles... Então pergunto a vcs: querem que eu dê andamento a partir daquele conto ou que eu escreva um hot individualmente do que aconteceu lá???

Deixem aí sua opinião.... Fico muito grata... E desculpas se não ficou de acordo com a expectativas de vcs...

Até logo mais ❤️



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