Venha Comigo. volume 1: Uma Sombra de Gallifrey escrita por Cassiano Souza


Capítulo 9
Indo embora


Notas iniciais do capítulo

Final, mas irá me compreender. A história já estava muito fechada, as peças do tabuleiro já estavam completamente devoradas, e não gostaria de prolongar isso, até porque eu sou um pouco sem tempo, e não gosto de deixar os que acompanham esperando.
Fiquei satisfeito quanto à parte emocional, e para o resto do enredo, teremos mais um elemento de The Name Of The Doctor, e que será muito importante. Inclui elementos do começo da fic, e completei alguns.
É o último, então tenha uma fantástica leitura!



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Após o estranho e impressionante clarão que havia engolido a vista total da Cidadela, Grace e Romana abriam os olhos que outrora se fechara em espanto, e fazendo isso, reparavam nos tão antes ameaçadores Daleks, que agora, permaneciam aparentemente mortos. Os seus visores, se mostravam negros, e as suas armas, cabisbaixas, e o pai dos Daleks encarava furioso. E dos céus, os soldados que antes flutuavam, caíam, e em estilhaços acabavam.

— Acho que demos sorte! - Diz Grace, olhando envolta. – O que foi aquele flesh de luz?

— Ou talvez foi uma coisa estranha, ou talvez uma coisa chamada milagre. Talvez tenha sido um pico especifico de energia. - Supõe Romana.

— O seu amigo trapaceiro, o que ele fez com os meus filhos? - Indagou Davros.

— Ou morreram ou estão dormindo. Acho que você não vai mais a lugar nenhum. 

— Eu não aceito! Não podemos acabar aqui! A raça Dalek não pode perder.

— É claro que pode! Quem mudou as regras do jogo?

Enquanto Romana e Davros discutiam, Grace, batia nas latarias Dalek, e nenhum sinal de vida ou incomodo era perceptível.

— Romana, eles realmente parecem estar dormindo. - Notou Grace.

— Ótimo! Amo dormir, e amo o inesperado. - Comemora a Senhora do Tempo.

— Pode ser temporário. - Diz Davros. – Irão se despertar, irão extermina-las, iremos encontrar o piloto correto e iremos embora. Não há escapatória, a vitória é nossa.

— Com você sendo vitorioso ou não, não iremos desistir de impedi-los, mesmo que seja o nosso destino perder. - Avisou Grace. – Porque ganhar... Você não tem o direito.

— Jovens falam demais.

— Ele tem razão. - Concordou Romana. – Nós temos que rastrear o rastro de energia do evento, não podemos perder tempo. Vamos continuar.

— Vamos. - Grace e Romana, partem em correria.

Enquanto Davros, bravejava abandonado:

— Voltem, voltem! Exijo que parem!

— Não se preocupe, sei que sentirá saudades, mas se tivermos azar... Nos verá de novo! - Zomba a Senhora do Tempo.

— Acordem, meus filhos, acordem! - Clamava às surdas latarias.

***

Já saídos do labirinto, Hiloya vestia aos óculos sônicos, e junto com o Doutor, procurava pela origem do evento que os-salvara dos filhos de Davros.

— Nós quase fomos exterminados. - Dizia Hiloya. – Porém, algo imobilizou os Daleks. O que acha que foi?

— Eu não sei. Mas talvez alguma espécie de pulso de energia com uma frequência muito especifica. Uma frequência precisamente calculada, para travar ou fritar os circuítos dos Daleks.

— Estamos próximos do ponto de origem. - Apontava envolta os óculos.

— Pontos de origem, amo pontos de origem, e esse foi proposital. Qual lado?

— Ali, perto das escadarias que dão para o jardim do vale.

E corriam para o ponto de origem. Chegando lá, de um lado a Pequena Esfomeada, e do outro, o Ladrão desacordado e estirado no chão. Hiloya verificava o seu pulso:

— Ele está vivo.

— Que bom, você tinha alguma preocupação?

— Se eu contasse você não iria acreditar. Mas, se ele está aqui, então foi ele que nos salvou?!

— Acho que sim. Momentos como esses são ótimos para agradecimentos.

— É, mas fique à vontade para ser o primeiro.

O Doutor observa a bomba. O Ladrão, sussurrava com uma voz cansada:

— Violação, e... Defesa. 

— Doutor, você ouviu o que ele disse? - Indaga Hiloya. - O que quis dizer?

— Ele está falando do sistema de defesa da Pequena Esfomeada. - Respondeu. - Quando violada, desativa qualquer tipo de sistema dentro de um raio de 200 km. Mas, ele manipulou as correntes de energia da bomba de uma forma genial!

— Nada mal. No entanto, essa não pode ser a verdadeira Pequena Esfomeada.

— Por que não?

— Os cofres de guerra ficaram todos vazios. Eu vi ela sendo usada. Nove bilhões de vidas em Trenzalore... Adivinhe o que houve.

— Se ela não pode ser a desta realidade, então é da minha. Como você poderia ter vindo parar aqui? - Questionou à máquina.

— Acho que isso não importa. O que importa agora é saber se os Daleks estão detidos temporariamente ou não.

— Eu sinto muito, mas isso irá passar, estão muito evoluídos. Voltarão com todo o fogo que tiverem.

— O que faremos?

— Apenas uma coisa.

— E que é?

— Não perder a esperança.

— Eu nunca perdi, apenas estava cansada.

— A esperança vem de muitas formas, às vezes, vem como...

— Um som!

— Sim, as músicas do rádio também ajudam bastante.

— Não! Estou falando desse som. - Os tão memoráveis e intrigantes sons da TARDIS, exaltavam a sua materialização frente a dupla.

— Ah, eu sou médico e você é médica, para que mais Doutores?!

E após o seu estabelecimento físico, a doutora Grace saía porta afora:

— Doutor!

— Grace! - Berrou feliz, o Senhor do Tempo.

A dupla, se encontrou em um enorme abraço.

— Fiquei para trás, mas felizmente Romana sabe pilotar. - Comenta Grace.

— E ela pilota melhor do que eu? - Indaga o Doutor. 

— É claro que sim. - Responde Romana, saindo na porta da nave. – Diferente de você eu já tirei a minha carteira!

— Romana! - Berra o Doutor, e abraçam-se imediatamente. – As duas ruivas, sabia que podia contar com elas.

— Eu sou ruiva?! - Pergunta a humana.

— É claro que é. - Diz a alienígena. – Menos o Doutor, até hoje não conseguiu ser. 

— Sim, não consegui! Mas não preciso ser excluído. - E olhando para o seu lado, notava o Doutor a tristeza de Hiloya, talvez ver tanta alegria envolvendo um Doutor e as suas amigas tivesse feito ela se lembrar do seu falecido e melhor amigo. – Me esqueci, meninas, esta é Hiloya, uma nova amiga, e amiga do Doutor.

— Você é o Doutor! - Afirmam as outras.

— Sim, é complicado.

— Entendo.  Está falando do Doutor paralelo. - Falava Grace para Hiloya. – Ele se foi na minha frente. Eu sinto muito.

— Não sinta ainda. - Avisou Hiloya. – As perdas estão longe de acabar, mas isto só terá sentido para mim agora. 

— O que quer dizer? - Questiona a Senhora do Tempo.

— Quero dizer que não há mais alternativas ou chances. E se eu quiser salvar o que restou deste universo, terei que literalmente eliminar a praga.

— O que pretende? - Pergunta o Doutor vendo Hiloya se dirigir à bomba. – Achei que você tinha voltado à sanidade. O que quer com isto?

— Vão embora.

— Não, não iremos.

— Vão! Recolham o Ladrão e voltem para o seu mundo. Os Daleks logo acordarão, e todo o fogo continuará. Eu irei parar todo o caos.

— Hiloya, a bomba está pausada em apenas 10 segundos. Você acabará com os Daleks, mas acabará indo junto também.

— Eu não tenho medo, esta é a última chance. O que adiantaria ter a minha vida e não poder cumprir a promessa que fiz a aqueles que jurei proteger? O Doutor contava com isso. A vila merece um futuro melhor.

— O Doutor poderia me jurar mil vezes que você é amiga do Doutor, e mesmo assim, eu nunca acreditaria. - Dizia Grace. – Você já percebeu o que você está pensando em fazer?

Hiloya encarava quieta. A ruiva prossegue: 

— Quer se matar e explodir um planeta? Eu e Romana viemos para ajudar a salva-lo. Isso não pode acabar assim, ainda existem pessoas aqui!

— Você não sofreu o que eu sofri, você não sabe de nada!

— Grace sabe sim. - Afirmou Romana. – E sabe muito do que fala. Você realmente deve ter sofrido e lutado bastante, e eu sei, parece que estamos em um beco sem saída, e com um muro enorme em nossa frente, mas, como o Doutor me ensinou... Pule o muro. E se for alto, tente novamente. As suas forças acabaram?

— Vocês não entendem, eu já expliquei e vocês continuam cegas, essa é a minha última oportunidade de conseguir trazer paz para todos novamente!

— Desde quando matar todos trouxe paz? - Questiona o Doutor, porém, Hiloya permanecia calada, a única coisa que ela tinha certeza era de que aquela era a sua última oportunidade. O Doutor completa. – Isso não é uma alternativa, é uma escolha, e a mais estupida que já existiu. O Doutor salvou o meu mundo, e eu não ficarei em divida.

— Ficará sim, e sabe que ficará. Olhe envolta, este é o final de tudo!

— Doutor? - Chama Grace. – Esta bomba com contagem, e esta ameaça... É isso o que significa a história do relógio do tempo final entre o rei orgulhoso e o deus malvado?

— Eu não sei, mas é uma boa pergunta. Isso me faz pensar em algumas coisas. - Pensou distante o Doutor.

— Como assim?

— Nada. Mas, Hiloya, isto que faz agora, tantas vidas em suas mãos para salvar, tantas vidas em suas costas, eu entendo perfeitamente. Mas você é inteligente, você merecia estar com o Doutor! Entretanto, esta escolha... É algo que ninguém mereceria passar.

— E o que você pode fazer? Se acha que a minha escolha é tão estupida assim, me mostre a alternativa certa. - Exigiu Hiloya. - Até agora você só falou e falou!

— Sim, e continuarei falando, é o meu forte. Grace?

— Sim? - Respondeu. 

— DVDs, explique sobre eles.

— "DVDs"?! O que tem DVDs?!

— E Romana?

— Sim? - Correspondeu também. 

— Explique sobre quebras de pontos fixos

— Tudo bem, mas espero que isso faça sentido algum dia.

— É, eu também espero. - Comenta Hiloya. – O que você irá fazer? - Questiona ao Doutor. 

— Eu não, vocês. - Disse estalando os dedos. – Mas, antes, preciso de uma ajuda para acomodar o Ladrão. Pode me dar uma mão, Hiloya?

Era uma coisa simples, apenas um ato de solidariedade, mas, seria em ajuda do responsável pelo inferno que ela vivia. Porém, após tudo o que ouviu, e tudo o que passou, estava na hora de mudar, os seus olhos relutavam, mas, o seu coração, não mais:

— Sem problemas.

***

Ainda na grande praça, permanecia Davros, impaciente e solitário, mesmo estando cercado por seus filhos.

Olhando ociosamente para a frente, observava um velho conhecido vindo até ele, se espremendo e esbarrado na multidão de Daleks dormentes.

— Olá, velho amigo. - Saudou o Senhor do Tempo.

— Acho que esta colocação não se encaixa em nosso relacionamento. - Responde o senhor sombrio Skaro. - O que veio fazer aqui, tripudiar sobre as minhas adversidades ou... Pedir clemência?

— Clemência não. A guerra acabou, nós já vencemos, Davros. Bem, na verdade estamos bem perto de vencer, mas, não vim aqui para me exibir, não combina com essa regeneração.

— Explique isso. Você é o Doutor, um ser vil e mentiroso. Como me venceria?

— Deixe isso para depois, não gosta de mistério?

— Que seja. O que então quer de mim?

— Informação. Este universo é muito parecido com o meu, porém, este já detém acontecimentos que ainda não ocorreram ao outro. No meu mundo ainda é apenas um boato, mas, preciso saber... A Guerra do Tempo, como começará? Será apenas uma luta por poder e justiça, ou haverá um estopim mais especifico?

— Você é outro estrangeiro? - Davros ri. – Seja bem vindo ao meu império.

— Me responda.

— Se isso tanto lhe importa e você ainda não sabe, ficará sem saber. Se estou mesmo fadado à derrota, esta, será a minha última vitória. Terá que descobrir sozinho, pelo caminho mais longo.

— Justo.

— Porém, se tem curiosidade sobre o futuro, havia muito antigamente uma velha e esquecida lenda. Narrava sobre a vida e o final do último filho de Gallifrey, um pobre diabo destinado a correr sem rumo.

— É alguma poesia?

— Sempre se fazendo de tolo. Me pergunto quem seria este ser. O Mestre, o Rassilon, o Ômega, a Rani, o Ladrão, ou... Você?

— Ninguém, é só uma lenda. Lendas são bobagens.

— Engraçado, sempre fomos duas.

— É, mas não ando em um carrinho bate-bate.

— Calado! Voltando ao assunto anterior, me diga, como me venceria?

— E se o Ladrão estivesse enganado?

— Como?! O que teria?

— E se, o profeta louco na verdade estivesse trabalhando sozinho e sem precisar de influencias alheias?

— Não sei do que está falando, poderia ser mais direto?

— Como uma flecha. Quer saber como nós te venceríamos? E se o fogo não fosse os Daleks? E se o caminho não fosse a fenda?

Davros continuava sem ciência. O Doutor continua: 

— Tudo o que preciso é falar muito, correr pouco, e de talvez duas TARDISes, duas ferramentas sônicas, as trigêmeas, e... Uma porta.

— "Uma porta"? Pare de blefar, explique isso!

— Sim, uma porta! Não entenda errado. Vocês cavaram a própria cova, mataram o Doutor.

— E qual o problema?

— Como eu já disse, este universo está adiantado em seus eventos temporais. O Doutor já havia viajado muito, e continuou a viajar. A cada vida, anos e anos de aventuras, já é até o 13!

— As suas palavras continuam sem sentido para mim. O que a morte dele e as suas viagens podem significar?

— Que quando um Senhor do Tempo carregado de rastros temporais, eventos complicados, e radiação temporal até nos limites de suas entranhas, morre... Ele não deixa um corpo. Logo é consumido, corpos são chatos, já tivemos um monte deles. Ele deixa uma janela, para toda a sua história.

— E como isso lhe seria útil?

— Porque a Guerra do Tempo não estava destinada a acabar com a sua vitória. Foi uma quebra de um ponto fixo, fundamental e crucial destinado a acontecer. A questão é... Para onde foi a linha do tempo original?

— Não poderia ser apagada, a linha dos eventos originais tinha que acontecer.

— Exato, e...

— Ela se altera, mas cria uma copia do seu antigo possível futuro. Porém, estaria totalmente engavetada, totalmente impossível de ser acessada, congelada no tempo. Não há como utiliza-lo.

— É claro que há! Mencionei a porta? Esta realidade pode ter sido alterada, mas as antigas versões de futuro ainda estão lá. E o Doutor já passou por eles.

— Mesmo assim, não é vitória. Pretende fugir?

— Não, nada de fuga desta vez. Você ainda não entendeu? Não queremos fugir do caos, queremos arquivar ele.

— É uma piada? Faz tempo que eu não ria de suas tolices. Os meus filhos estão se despertando aos poucos, não há saída para vocês. Olhando ao seu redor, Doutor, me diga, como seria possível “arquivar o caos”?

— Primeiro, entrando na porta.

— Qualquer coisa que a acessasse seria completamente estilhaçada. Vão usar as TARDISes?

— Sim, e as TARDISes resistiriam, mas não é elas que pretendo estilhaçar.

— Não? Ainda não me surpreendi. O que seria?

— A chave sônica. Sendo estilhaçada e gerando milhões e milhões de chaves de fendas sônicas por todo o tempo-espaço, bem útil, aliás. E vinculadas na mesma frequência, o mesmo sinal bilhões e bilhões de vezes.

— Isto é ridículo!

— Ei! Deixe eu terminar.

— Continue.

— Então, as TARDISes com uma sendo pilotada por Romana e a outra por Hiloya, partem pelo fluxo temporal da vida do Doutor, guiando as chaves sônicas em uma trilha de materialização por todos os pontos desejados. E de frente da porta, Grace espera o momento certo para ativar os óculos sônicos, e quando ativar... Um grande chute no traseiro dos Daleks! Todos os pontos marcados pelas chaves são sinalizados e conectados, e seguindo o sinal de localização dos óculos... Serão puxados para esta realidade. E a parte onde vocês vencem vai para a o freezer.

— E como tem tanta confiança?! Como teria tanta certeza de que isso daria certo?!

— Porque o Doutor me disse “não confie na presidenta, confie em você”, estou confiando tudo em duas médicas e uma Senhora do Tempo. O que melhor me definiria? 

Davros franze o queixo descontente:

— Você não tinha esse direito, por que simplesmente não aceita que a vida é como uma selva? Você entregou a derrota aos Daleks. Sabe quais eram as consequências da nossa derrota? Acha que nos deixarão viver?!

— Terá que descobrir sozinho, pelo caminho mais longo.

— Queríamos apenas sobreviver, isto é um erro?

— Não, até vocês tem esse direito. Mas não agindo como agem. No inicio do seu império eu poderia acabar com vocês, mas os-poupei. Hoje, eu quase vi novamente o seu final, mas eu intervi. Para o seu bem, espero que nunca mais nos confrontemos.

— Ameaças não combinam com o seu rosto.

— Não foi esse rosto quem disse.

Davros, podia ver nos olhos do Doutor, apesar de toda a sua bondade, e muitas vezes em doses cavalares, aquele olhar mostrava realmente que aquela era uma identidade própria e obscura que apenas em momentos muito raros se revelava.

— O que é isso? - O Doutor sente algo estranho em um de seus bolsos, um pequeno zumbido era escutado, e o Doutor tirava um pequeno aparelho de dentro. – Ah, sim. O sinalizador de tarefas que a Hiloya me deu. Acho que conseguimos.

— Eu não irei abaixar a cabeça, os meus filhos e eu nunca iremos desistir das nossas ambições.

— Jamais esperaria coisa diferente. - O Doutor estende a mão a um aperto. – Posso te desejar boa sorte antes de tudo ser restaurado? 

Davros encara em estranhamento:

— É algum truque?

— Não! Não precisamos disso quando sabemos que acabou.

— Isto irá entrar na história. - Davros, deixando de lado todas as suas desavenças e decepções, aceitava finalmente a sua derrota e a benevolência que o Doutor lhe concedia.

Enquanto os dois velhos davam as mãos, Grace também recebia o sinal da finalização da tarefa: 

— Tá na hora. Tudo bem. - Ela se posiciona frente ao fluxo. – Óculos sônicos, sejam úteis. - E ativando o aparelho, todo o universo é percorrido em um simples e rápido segundo por um enorme e intenso clarão luminoso.

***

Nos solitários arredores da Cidadela, e sentado recostado a uma arvore, aguardava o Doutor por suas amigas. Era um ambiente de pura paz, mas certos pensamentos não o-deixavam refrescar a mente. Porém, sendo distraído, notava ele as duas azuis e belas cabines já se materializando em sua frente.

— Demoramos? - Pergunta a ruiva humana, saindo de dentro.

— Um pouco. - Responde o homem, levantando-se. 

Saíam também de cada TARDIS, as duas pilotas, sorridentes e cheias de orgulho.

— Você é uma ótima pilota. - Elogiou Hiloya.

— Sou? Você também não é nada mal. - Corresponde a outra. 

— Obrigada, aprendi com o Mestre.

— Isso é literal?! 

A resposta de Hiloya, foi apenas um sorriso.

— Quase não te encontramos. - Referia Hiloya ao Doutor. – Por que veio para cá?

— Revivendo lembranças de infância.  - Respondeu o amigo. - E também... Tive que fugir da patrulha.

— Jura?! Eu pascei pelo mesmo, mas eu era inocente. Apesar de... Ter libertado vários criminosos. - Comentou Grace.

— Devem ter me confundido com alguém, não fiz nada demais.

— Mas fez muito para mim. Queria lhe agradecer, senhor. - Diz Hiloya batendo continência.

— Não precisa fazer isso.

— Preciso sim, senhor. Eu chamei, e você veio, poderia ignorar a mensagem, mas, como sempre... Foi gentil. 

O Doutor, encarava aquela situação sem palavras, ele de fato era sempre gentil, mas nunca fez nada esperando receber algum agradecimento em troca:

— De... Nada. Estou ficando se graça, o que eu falo agora?

Todas sorriam com o envergonhamento.

— Foi bom te conhecer. - Diz Romana estendendo a mão para Hiloya.

— Igualmente. - Se cumprimentaram. 

— E quando mais um muro estiver em sua frente, não se esqueça; pule.

— Sim, ou posso quebrar também.

— É, mais vai precisar de uma boa marreta. Até mais, quem sabe. - E dizendo isso, voltava a pilota ruiva à TARDIS.

— Acho que eu também já vou entrando, não te conheço, mas tenho certeza de que você é muito legal. - Disse Grace.

— Apostaria que você é quem é.

— Talvez. E Doutor, se jogamos a chave sônica em seu fluxo temporal, você está sem nenhuma agora?!

— Sim, Grace! - Lembrou desesperado. - Bem pensado. Estou me sentindo horrível, já considerava como uma amiga.

— Quanto drama. - Murmura Hiloya, retirando a mesma chave de fenda sônica de seu colete. – Se esqueceu? Ela se espalhou por todo o espaço-tempo.

— Genial! Eu devia fazer isso mais vezes. - Sacava o objeto.

— Não, chega de exagerar. - Pediu Grace. - Já vou entrando. Tchau, Hiloya, e mande um abraço para o Doutor, ok?

— Tchau, e pode deixar. - Despediu-se a outra, vendo Grace seguir para a cabine.

— Está na hora de eu ir embora, mas tenho mais uma missão para você. - Avisou o Senhor do Tempo.

— Como assim? 

O Doutor, tira de um dos seus bolsos uma pequena e dourada esfera, cheia de escrituras circulares. A mulher questiona, recebendo a peça:

— O que é isso?

— Apenas entregue ao Doutor, ele entenderá.

— Ok, vocês são cheios de mistérios.

— É o nosso charme. 

E sem esperar, um forte e inesperado abraço surpreendia o Doutor, Hiloya realmente estava muito feliz:

— Obrigada por tudo.

— Obrigado também. Apesar de você ter sido maluca na maioria das vezes, você foi fantástica, absolutamente fantástica! De onde vem toda a sua coragem?

— Da vida, me obrigou a ser.

— Doutor?! - Grita Romana da TARDIS. – A fenda está se fechando, que tal ser rápido? Seria uma boa ideia.

— Estou indo! - berrou. - Adeus, Hiloya. Seja feliz, e nunca mais tende explodir planetas. - Correu para a TARDIS, quase confundindo qual seria a sua.

— Doutor?! - Chamou Hiloya. – Mais uma coisa.

— O quê? - Parou na porta.

— Neste mundo, a Guerra do Tempo estava destinada a dar a vitória aos Senhores do Tempo, mas, e no seu mundo, quem vencerá? 

O Doutor mantilha um silêncio agonizante, o destino do seu futuro era o que lhe mais preocupava:

— Eu não sei, e pretendo nunca saber.

Finalmente entrando, admirava Hiloya a partida do Doutor, e sorridente, partia ela para a sua caixa, afim, de encontrar o seu velho amigo.

***

Após enfrentarem aventuras e desventuras pelo vizinho, a equipe TARDIS vinha agora saindo da fenda e cruzando pelo vértex, turbulências e empolgação eram os adjetivos que cercavam o console. E enquanto o Ladrão continuava dormindo no chão, Grace, se abraçava nas ferragens, e o Doutor e Romana, conduziam o transporte. Na pista de materialização, encerrava agora a viagem, e com o duro choque da chegada e discussões entre os pilotos, desperta-se o Ladrão.

— Viu, eu disse, alavancas azuis, Doutor. - Murmura Romana.

— Sempre me prejudicam, com certeza serão removidas. - Murmura o Doutor.

— Foram elas que nos ajudaram!

— Queria tanto entender o que dizem. - Comenta Grace, olhando distraída, e ao seu lado, sentado no chão, notava o Ladrão já acordado. – Você já acordou, está tudo bem?

— Estamos em casa? - Questionou ele, preocupado. 

— Sim. Doutor? Ele acordou.

— Ah, finalmente. Mas faz parte do processo. - Comenta o Doutor.

— Vocês não deviam ter me trazido. - Diz o homem ao chão. – Rassilon nem ao menos irá me prender. Já sou um homem morto! 

— Ele está lá fora. - Avisa Romana, olhando pelo monitor. — Terá de enfrentar isso. Tenha forças. 

— Me ajude, Doutor! - Se ajoelha o Ladrão, pedindo.

— Ajudarei. - Correspondeu o outro Senhor do Tempo. – Mas, apenas se enfrentar as suas responsabilidades. - O Doutor sai para fora.

Já lá, defrontava-se com o presidente e Tridaro, aguardando a quem saísse da caixa.

— Olá, Rassilon, quanto tempo, não é mesmo? - Cumprimentou o Doutor.

Frieza e desdenho, eram lançados pelos olhos do presidente:

— Olá. E os problemas, resolvidos?

— Contava com isso?

— Totalmente resolvidos. Tudo em ordem agora, senhor presidente. - Informava Romana saindo afora, junto à Grace.

— E como conseguiram chegar até aqui? - Questiona Rassilon. - Programei uma dobra espaço-temporal ligando a fenda direto a um buraco negro super massivo. Precaução contra os Daleks. 

— Fez mesmo isso?! Demos sorte então, imagine só Romana! - Brinca o Doutor.

— Sim! - Correspondeu Romana. – Mas pense como seria a sensação de ser comprimido a um nível subatômico enquanto é compactado e esmagado por toneladas gravitacionais.

— Concordo, seria definitivamente interessante. 

Grace, encarava abismada a destreza dos dois Senhores do Tempo, Tridaro, pisca para ela, e ela, logo entende a mensagem.

— E o... E o Zelador, qual foi o seu final? Acabou morto? Sem duvidas mereceria. - Comenta Rassilon.

— Ele está aqui. - Responde o Doutor.

— Onde? - Suspira impaciente.

O Doutor, abre as portas da TARDIS, e já de trás delas, o Ladrão se mostrava em escuta. Encarando-se em uma espera da troca de alguma palavra um do outro, os dois irmãos permaneciam calados. E saindo para fora, caía o Zelador no chão, já fragilizado por estar perto da regeneração. Do chão, o Ladrão via o tão cheio de desprezo e ódio olhar que o irmão carregava. 

— Eu nunca vi esse seu rosto, mas eu já sei que cara é essa. - Franzia a face de dor o homem caído. – Estou acabado, não vou pedir desculpa. Se me exigir, será um abuso de direitos. - Se recostou na TARDIS.

— O seu fracasso é culpa da sua insanidade. - Responde o irmão. - Nunca quis seguir as regras, apenas queria tudo a sua maneira, e é isso que ocorre a quem passa dos limites, a humilhação. Por isso sempre perdia os nossos duelos. 

O Ladrão gargalha estapeando o chão:

— Viu?! Eu disse que você se lembrava, seu sínico.

— Desvairado.

— É a minha marca. E esse rosto, se lembra da minha cara?

— Lembro.

— É a cara da minha vitória.

— Está derrotado, e rasteja agora pelo chão, como um verme. Isso não é vitória.

— Ah, exibido! Por que mesmo veio me ver? Tenho certeza de que não foi por saudades ou curiosidade. Veio me jogar na cova dos leões, irmão?

— Zelador, você ameaçou o seu mundo, ameaçou todo o universo, o que acha que merece agora?

O Ladrão permanece calado. Rassilon completa: 

— É um ser tão indigno de confiança que nem mesmo trancado dentro da mais terrível prisão transmitiria segurança.

— Sério?! Devo ser um demônio em alguma cultura antiga então! Mas, acabou, faça o que quiser.

— Em que número você já está?

— Nove.

— Nove Ladrões. Acho que já é o bastante. - Rassilon estende a sua manopla frente ao Ladrão, este, era um terrível armamento que teria a capacidade de remover objetos e indivíduos da história. O Ladrão, aguardava ajoelhado e de olhos fechados aos seus últimos momentos, todos, chocam-se com a cena. – Últimas palavras?

— Rassilon? Pare. Por favo, não faça isso. - Intervem o Doutor.

— Você pode ter ajudado, mas não tem direito de se intrometer neste assunto, Doutor.

— E por que não?

Rassilon encara sem uma resposta exata. O Doutor completa:

— É porque é assunto de família?

— Não seja ridículo!

— Não estou sendo ridículo, nem comecei ainda. Estou apenas tentando ser justo.

— O Zelador não merece justiça!

— Talvez sim, talvez não mereça mesmo. Mas não estou falando do “Zelador/Ladrão” estou falando dele, seu irmão.

— Ele não é meu irmão!

— É, é claro que é. As coisas não podem mais ser assim, Rassilon, nem tudo pode ser punições, nem tudo pode ser ameaças. Vocês dois já são mais velhos do que eu, mas terei que dizer... Cresçam!

Os irmãos, não ousavam em trocar olhares, e a culpa, ódio, desprezo e tristeza continuava em progresso. O Doutor prossegue:

— E no momento que podemos estar entrando, essa é a coisa mais sábia a se fazer.

— Do que está falando? - Pigarreia Rassilon. 

— Você esteve em Lisarium-B2, espero que seja tudo uma mentira, mas, e se os boatos forem verdade? Dizem que uma era negra cairá sobre o universo, civilizações inteiras serão reduzidas à cinzais, e entes e amigos se perderão para sempre. Então... Mesmo sendo o que ele é, não é hora para dar fim a última família que lhe restou. 

Rassilon, continuava relutante, e com a sua manopla, estendida ao tão imperdoável irmão. Ele, havia escutado as intervenções do Doutor, mas, o seu orgulho e falta de sensibilidade sempre o-faziam a cabeça, porém, pelo menos uma vez nos últimos milênios, ele resolveria fazer talvez a última gentileza ao irmão que não via há milênios.

— Tem razão, não preciso elimina-lo. - Diz o presidente. 

O Ladrão permanece desentendido. Rassilon termina:

— Ficará vivo, para ver e sempre saber que eu é quem cheguei mais longe. E a cada dia, sempre que usar os seus pensamentos pútridos, lembre-se da sua maior queda. - E com estas palavras, retirava-se Rassilon dali.

— Aonde vai, senhor presidente? - Pergunta Tridaro.

— Já terminei. Espero que eu nunca mais volte a vê-lo, irmão. Fique longe do meu planeta. E Tidaro, providencie um transporte, despache o Zelador em qualquer planeta habitável que encontrarem, mas, bem longe daqui. - E partia agora o presidente para os elevadores. – E Doutor, você é quem deveria crescer. - O elevador fecha as portas.

— Seguindo ordens, o senhor poderia me acompanhar, senhor Zelador? - Perguntou Tridaro.

— Posso. - A sua mão, emanava um leve brilho dourado, o Ladrão já estaria perto de ter a sua décima forma.

— Ladrão? - Chamou o Doutor.

— Sim. Não sei. - Corrigiu - Talvez eu escolha um novo nome.

— Você está livre agora, eu posso te dar uma carona. Para onde quer ir?

— Irei para qualquer lugar. Mas, não com você, não entenda mal. Eu apenas quero começar do zero. No primeiro buraco que me deixarem começarei uma nova jornada.

— Eu entendo. Desejo boa sorte. Ainda tenho absoluta certeza de que você não é apenas um salafrário ordinário.

— Obrigado, e obrigado de novo também. Foi bom receber a sua ajuda, Doutor, mas, agora tenho que caminhar sozinho novamente. - E acompanhou Tridaro.

— Depois disso que ele falou vocês acham que ele ficará do bem agora? - Questiona Grace.

— Ter mudado e ter desenvolvido gratidão não significa parar de ser ganancioso e frio. - Explicava Romana. – Talvez um dia ele volte como sempre foi, mas com ambições diferentes.

— Todos se foram, os amigos, inimigos os problemas... E nós agora? Nos daria a honra de sua companhia, senhora Romanadvoratrelundar? - Indaga o Doutor.

Aquela pergunta, era algo que Romana desde muito tempo quando deixou a TARDIS imaginava escutar novamente. Dizer “sim”, seria trazer de volta os dias mais felizes de sua vida, os dias mais perigosos de sua vida, e dias que ela nem poderia imaginar acontecer em sua vida. Mas, neste momento, não seria um “sim” que se encaixaria ali:

— Não. Isso não é mais para mim. Espero que entendam.

— O quê?! - Indignou Grace. – Você está recusando a viajar na TARDIS?! Ninguém faz isso!

O Doutor encara estranho. Romana explica-se: 

— Isso é de vocês agora, e tenho outras obrigações. Não posso mais sair por aí correndo como uma louca. Bem... Talvez um dia, mas hoje não.

— Era só uma teoria. - Dizia o Doutor. – Mas acho que você está ficando velha.

— É, estou. E tenho trabalho, sabia? Neste momento, há uma mesa com pilhas enormes de relatórios muito interessantes esperando por mim. Mas, sim, foi muito bom estar com vocês.

— Eu adorei te conhecer, pelo menos mais uma pessoa que entende as loucuras que eu passo! - Comentou Grace.

— Aproveite as loucuras, é a melhor dica que eu poderia te dar. Uma hora esta vida acabará, mas, tente aproveitar ao máximo até o último dia. Você já é inteligente, mas precisa correr rápido também.

— Irei me esforçar. - Grace e Romana davam um aperto de mãos.

— Vai ficar mesmo com os seus relatórios? - Pergunta o Doutor, desanimado.

— Vou! - Insiste a Senhora do Tempo. - Doutor, é a minha vida agora, isso é útil para Gallifrey, e estou bem aqui.

— Você será estupenda.

— Foi bom te ver de novo, velho amigo. Devia vir mais vezes!

— Acho que não, você me conhece.

— Conheço. Adeus. - Após fortes e longos abraços com o Doutor e Grace, partia Romana para os seus afazeres na sua pacata vida nativa.

***

— Após tantas despedidas, Daleks, universos paralelos, e casos de família, acho que é a nossa vez de ir embora. Mas, realmente admito que estou amando essa loucura. - Grace e o Doutor, recostam-se de braços cruzados na TARDIS. – Mas queria saber, por que o perigo sempre vem atrás da gente? - Indaga a humana. 

— Não sei, talvez encher o saco, queimar calorias, ou nos ensinar. - Responde o Senhor do Tempo, e Grace olha curiosa. Ele continua. – Os problemas nos ensinam a sermos fortes, e sempre pegam carona no perigo. - Sorriu. – Mas e agora, para onde que ir?

— Quero ir pra casa.

— "Para casa"?! Já está me abandonando? Ah Grace, eu iria te levar à tantos lugares!

— Não! Não estou te deixando, “senhor do drama”. Eu só quero descansar, este dia foi insano! Acho que as horas aqui são maiores por dentro. Por acaso é feriado?

— Em muitos planetas por aí sim, dia da amizade. Mas não em Gallifrey, aqui não temos isso.

— Então merecemos um descanso, tomar um banho, tomar um chá, comer pipoca, e ver TV. Não é nada tipicamente americano, mas é o que me relaxaria agora.

— Ver TV? Pode ser Arquivo-X?

— Pode. Ou Grey's Anatomy.

— Isso não estreou ainda!

— Temos uma máquina do tempo. 

— Sim, mas eu gostaria que você respeitasse mais ela. Não é só uma “máquina” ou objeto, é um ser vivo. E com sentimentos e consciência também.

— E ela espia quando estamos no banheiro?

— Grace? - Interrompe Tridaro voltando. – Eu poderia falar com você?

— Sim, é claro. O que seria?

— Deixarei vocês sozinhos. - O Doutor, entra frio à TARDIS.

— Não ligue para ele. - Pede Grace.

— Não liguei, estou acostumado.

— É algo importante?

— É um recado, do avô do seu amigo. Aquele que te ajudou, o seu avô veio te avisar que o neto dele quase não se regenerou, e quase acabou morrendo.

— Oh, meu Deus! Eu sinto muito, mas não foi minha culpa.

— Mas disse que ele se feriu, por sua causa e do Doutor. Pediu em palavras de baixo calão para que você esquecesse o garoto. O que fará? Quer que eu mande algum recado?

Se a família de Rustch seria contra o envolvimento dele com Grace e o Doutor por preocupações, ela entenderia, mas nunca se esqueceria de que fez uma promessa ao amigo, e nessa promessa jurou voltar por ele. A tristeza, se sentou nos ombros dela, porém, teria que realmente esquecer-se daquela amizade.

— Não, não precisa. - Dispensou a ruiva. - Eu entendo. Obrigada por vir me avisar.

— De nada.

— E obrigada também por ter me ajudado, você é um cara legal.

— Obrigado, você também é. Você já vai? Adeus então.

— Adeus. - Após um aperto de mãos, a humana embarcava à nave.

Lá dentro, o Doutor já operava o console, e o cilindro de corrente temporal se posicionava oscilante, para cima e para baixo, lentamente.

— O que ele queria? - Indaga o Senhor do Tempo.

— Nada demais, se despedir, fomos grandes aliados enquanto você esteve fora. - Aproximou-se do console. 

— Foram? E quem era o jovem que me adorava? Você disse isso na conferência com o Ladrão.

— Ninguém, era só uma brincadeira.

— Certo. No entanto, a regra numero 7 da TARDIS é... Nada de brincadeiras.

— Ok. E você? Naquele momento quando chegamos da Terra paralela e fomos recebidos pelo Tridaro, ele pediu para que a gente o-acompanhasse, mas aí você disse que "não", pois iria passar em um lugar e ver uma coisa antes de chegar à presidenta. Aonde queria ir?

O Doutor, não responde em palavras, mas, se você soubesse interpretar expressões, entenderia para onde ele iria, através de sua triste, pesarosa, e até envergonhada face que assumira:

— Não importa, só mais uma bobagem qualquer.

— Não, não era. Pode me contar, o que iria ver?

— Uma bobagem, simples. Não era importante. - Os seus olhos negavam tudo o que saía de sua boca.

— Não quer me contar, tudo bem. Eu te respeito.

— Grace? - Chamou em um tom tenso. – Preciso lhe fazer mais uma pergunta.

— Faça. - Correspondeu preocupada.

— Tem certeza que hoje será chá, pipoca e TV?

— Sim. - Sorriu. - Tenho certeza, hoje será chá, pipoca e TV.

— Neste caso... Gerônimo!

O Doutor e Grace, puxam uma alavanca, e com o cilindro do console se movimentando depressa, e a felicidade dos dois amigos, a TARDIS corria inabalável pelo vórtex.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Primeiramente, obrigado a quem acompanhou, favoritou e comentou a essa minha história, você me fez muito feliz. Muito obrigado. Obrigado também à Pamela, lá do canal Papo Whovian, que me ajudou bastante opinando sobre como melhorar a estrutura. Você tem alguma consideração final?
Mudarei o nome da história, a minha ideia é fazer uma série de histórias do Doutor e Grace, mas não tinha certeza se faria. Mas depois eu vi que iria sim fazer, e esta série se chamará (Venha Comigo. volume tal: e o nome da história) essa então é a Venha Comigo. Volume 1: Uma Sombra de Gallifrey. E já tenho a ideia do próximo.(CORREÇÃO: A história de volume 2 já está publicada;)
E sobre aquilo que o Doutor falou de não confiar na presidenta e sim nele, a primeira parte da frase foi dita no primeiro capítulo, a segunda só pensei agora, então dentro do contexto o Doutor não queria revelar aquilo tudo. E a sobre as três amigas serem a definição dele, eu diria que Romana representaria a parte estratégica e inteligência, Hiloya seria a coragem e o lado do Doutor da Guerra, e Grace seria a representação dos sentimentos e lados mais humanos e a curiosidade. E ainda mais isso tudo junto TARDISes viajando por um misto de vários tempos, e com várias chaves sônicas.
Foi uma história longa e ao mesmo tempo curta, acho que maior por dentro, acho que houve muita coisa para apenas nove capítulos, mas achei que ficou legal. Porém, quando tive a ideia para escrever esta história, apesar de ter gostado das ideias que nasciam, existia um pequeno problema... De que fosse um erro para o cânone. Mas, pesquisando e mesmo vendo que em algumas histórias Rassilon já estava morto antes da guerra do tempo, existiam sites também que defendiam que ele estaria vivo e citavam até algumas situações, até dizendo sobre a sua morte ou falta de, pensei... Se estou errado ou certo terei que ignorar, nem o Google sabe! É uma boa ideia, e se eu não puder usar o personagem não terá sombra de Gallifrey nenhuma. Se você se incomodou com a presença do personagem, gostaria que você imaginasse que isso é uma história do universo alternativo da série. Mas pensando bem acho que ela tá vivo sim nesse tempo, porque no filme o doutor tá voltando pra Gallifrey e no monitor estava registrado "hera Rassilon"
Achei que precisava de grandes elementos, afinal seria a minha primeira FanFic! E logico que eu queria fazer de Doctor Who, não poderia perder a chance de fazer algo em homenagem a série. E como fã mais uma vez, pensei... Eu sempre quis ver a Grace viajando com o Doutor, ela será a “atual amiga em acompanhamento de viagem” como disse Hiloya. Mas não queria fazer um romance, eu sabia disso. Era porque eu realmente não sei escrever romance, e nem tenho vontade de fazer, porém leio alguns.
E iria por assuntos da Guerra do Tempo para vermos mais do Doutor, e que tal um vilão novo e fora da saturação? Porém, que foi desbancado rápido, mas a história não era sobre poder, fogo e sangue, então não me importo muito em ter escrito a derrota dele kkkkk. Nisso tudo, tive muitas ideias abandonadas, e Tridaro não seria apenas um secretário, seria outro vilão, ou um aliado do mal. Mas imaginava isso só até o começo da história, depois vi que não precisaria ser assim, e até geraria algumas situações muito mais rápidas.
E a Romana não fica em Gallifrey para sempre, na série clássica ela ficou no E-space, depois pelo universo expandido ela volta para Gallifrey, a fic pega ela nesta parte, e ela é a 2, porém, também no universo expandido ela volta a viajar, mas acho que sozinha, e tem histórias que contam sobre uma Romana 3 e até a 4.
E sobre onde o fluxo temporal deixado pelo cadáver estaria, não mostrei ou falei sobre, achei que seria desnecessário, imagine apenas que a Hiloya quando voltou e acabou encontrando o Doutor já morto antes do seu corpo ser consumido, acabou tirando ele dali, muito cabível, pois ela não faria esse descaso.
Me inspirei muito também na era Capaldi na hora de escrever, acho que ela é uma das partes mais tocantes e sentimentais que a série já teve, gosto muito, e quis trazer isso ao oitavo Doutor, que também é bem emotivo.
E sobre a resolução dos problemas, espero que tenham entendido toda a loucura.
A minha última observação é que essa história foi totalmente e constantemente mutável, parecia uma novela kkkk ela era algo, virou outra coisa, e acabou como outra ainda mais diferente, mas não vejo como um problema ou fracasso, estou feliz, estou muito feliz com o resultado. E se você tiver lido este capítulo e tiver com umas mil duvidas, pode me perguntar.
E estou aberto para críticas severas, não se acanhe.
Até a próxima, e obrigado mais uma vez.
Próxima aventura:
https://fanfiction.com.br/historia/769560/Venha_Comigo_volume_2_Onde_Esta_o_Doutor/