Venha Comigo. volume 1: Uma Sombra de Gallifrey escrita por Cassiano Souza


Capítulo 8
Os acabados


Notas iniciais do capítulo

Outro capitulo, e prometo que essa será a ultima vez que mudarei de ideia para dizer que esse é o meu capítulo favorito, kkkkk. Então aproveitem o capítulo, gostei muito de escreve-lo. Boa leitura.



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Após terem sido abordadas pelos Daleks e terem revelado uma suposta e muito importante verdade a eles, encontravam-se agora nas masmorras, Grace e Romana, aguardando por algum resultado.

— Será que os Daleks conseguiram achar Davros? - Indaga Grace.

— Com certeza. A androide foi feita exatamente onde eu disse, e eu tenho as memórias da androide. E sei que Davros está lá, ele passou pelo mesmo.

— E qual o sentido do que fizemos, mesmo que o Ladrão tenha sido derrotado ainda temos os Daleks para combater!

— Sim, temos os Daleks, porém, ocupados. E temos um aliado agora também, e dos bons.

— Este pensamento estratégico todo vem de uma Senhora do Tempo ou de alguém que já viajou muito com o Doutor?

— Boa pergunta! Eu também me pergunto. Mas, Senhores do Tempo são assim mesmo, porém, viajar com o Doutor me mudou muito também. E também mudará você.

— Eu não quero mudar! E sem ofensas, eu não quero ser como os Senhores do Tempo, frios e estrategistas.

— Eu entendo. Mas você deveria olhar para tudo o que você passou, você mudou sim. Você se arriscou tanto para fazer o que era certo, e ter chegado em uma cela em outro mundo em outro universo é uma prova disso.

— Foi necessário!

— Sim, e é exatamente isso o que eu quero dizer sobre mudar, é fazer o que for necessário sem ter medo, e sem olhar para trás.

Grace permanece calada. Romana continua:

— Veja eu, fui promovida pelo Guardião Branco, e desde aquele dia me tornei uma louca ao lado do Doutor. Sempre coisas para ver, pessoas para conhecer, e civilizações para salvar.

— Eu esqueci do meu amigo! - Lembrou Grace, apavorada.

— Que amigo?

— Rustch. Eu saí e nem pedi para alguém ver se ele já estaria bem, ele se arriscou por mim. E ele nem me conhecia direito! É isso que eu estou me tornando? Um ser que não olha para trás e se esquece de todos que o-acompanharam?!

Romana, fica em silêncio, o ser descrito por Grace, cujo não se lembrava dos seus entes e nem olhava para trás, lembrava-lhe muito um certo amigo.

***

Agora, já de volta à Gallifrey, estavam Hiloya e o Doutor, em áreas subterrâneas da Cidadela, dando continuidade à missão.

De frente para uma enorme porta imponente, explicava o Doutor a Hiloya, o que seria o labirinto. Labirinto esse, que estaria atrás da porta, e que funcionaria como um quarto de castigo para os jovens indisciplinados da acadêmia. Porém, ao invés de um minotauro, teríamos livros, por todas as partes, na verdade, as paredes eram construídas por enormes prateleiras de livros, e esse, seria o labirinto. Para achar a saída, seria necessário ler todos os livros, e ela se revelaria.

— É aí que Davros está. - Dizia Hiloya. – E é por isso que eu preciso desse escâner. - Era o escâner que o Doutor havia confundido com uma arma. – Ele penetra claramente em até dez metros de matéria sólida.

— Perfeito. Mas o labirinto é inteligente, pode reconfigurar os corredores. Eu já entrei aí dentro. Bom... Não exatamente aí dentro, mas você entendeu. 

— Mesmo assim, iremos tentar.

— Sim, senhora.

Com todos de acordo e dispostos a continuarem, adentravam o Doutor e Hiloya, ao tão fascinante e assustador labirinto de livros. Lá dentro, o silêncio e a solidão do escuro predominavam fixos, até, serem cortados por uma conhecida e ameaçadora voz, vindo já próxima:

— Exterminar!

— Exterminar! - Anunciavam dois Daleks, cruzando um corredor que dava para onde o Doutor e Hiloya estavam.

— O Doutor não é o alvo!

— Afirmativo, mas é um elemento hostil. Deve ser exterminado.

— Droga! - Murmura Hiloya. — Por que 75% do universo tem que te odiar?! 

— Rápido, me dê o óculos sônico! - Pede o Doutor, e Hiloya passa a ele. – O seu escâner funciona com correntes reversas de raios x sub elevados por 100?

— Sim! - Achou estanho. 

O Doutor, ativa o óculos no escâner:

— Ótimo, aumentei os raios para 1000.

— Exterminar! - Berravam os Daleks, com o Doutor e Hiloya se esgueiram entre os disparos.

— Ative! - Grita o Senhor do Tempo.

Hiloya, entende o que o Doutor fez, e apontando e ativando o escâner em direção dos Daleks, tem-se o resultado de grandes explosões de cabeças inimigas. Os Daleks, acabam destroçados.

— Você fez uma arma? - Indaga a humana.

— Sim, para ser usada contra Daleks. Mas não tenho orgulho, e não tínhamos escolha.

— Está evoluindo.

— A violência não é evolução, é retrocesso.

— As necessidades cobram isso.

— Todos usam essa desculpa, mas a mesma volta contra eles, e ainda mais agressiva. 

Hiloya, percebe algo estranho:

— Sai dá frente!

— O quê?!

— É sério, sai da frente!

Obedecendo a Hiloya, e saindo depressa da frente de uma prateleira, o Doutor, quase é pego por um dos disparos lançados por ela, contra uma prateleira. Caindo no chão e desmanchando-se em pedaços, a prateleira arruinada revelava o Ladrão, que ali, se ocultava. O Doutor, encarava surpreso, e Hiloya, encarava enraivecida. O Ladrão, apenas permanecia de mãos para cima, em engolir a seco.

— O Ladrão?! Achei que você estivesse matando um rato. - Comentou o Doutor.

— Desgraçado. - Murmurou a mulher. 

— Eu não sei se isso é pedir demais, mas, será que você poderia não me matar? - Pediu o Ladrão.

— Difícil.

Hiloya, segue apontando o escâner até o Ladrão, a sua mira, permanecia na altura do tórax. O Doutor, tentava conte-la, segurando-a pelo braço, mas, ela puxava grosseiramente e mostrava que não estava ali para receber sugestões.

— Por favor, Hiloya, não cometa nenhuma loucura! - Pede o Doutor.

— Não tente me parar! - Protestou ela. — Isso é algo muito pessoal.

O escâner, era apontado para os corações do Ladrão. Para uma tragédia acontecer, bastava apenas um click de Hiloya, e para evitar isso, o Doutor se posicionava ao seu lado, tentando trazer a sua nova amiga de volta à sanidade.

— Eu também costumava usar armas. - Diz o Ladrão, gaguejando. – Mas sempre odeio quando elas estão apontadas para mim.

— Cala a boca. - Ordenou a humana.

— Prometo que irei me esforçar.

— Hiloya, eu sei o que você quer, sei o que você está sentindo e sei no que você está pensando. - Disse o Doutor.

— Não, Doutor, você não sabe.

— Eu sei sim, é claro que eu sei. Você acha que em meus séculos de vida e experiências eu nunca pensei em seguir a voz da minha ira, e acabar apontando uma arma a uma vida?

— Eu tenho o escâner apontado para os dois corações do Ladrão, se eu disparar com esta potência que ele está agora, os seus dois corações serão torrados, e ele não conseguirá se regenerar.

— Por favor, não faça isso.

— Sim, não faça isso! Ouça o Doutor, ele é muito sábio! - Sugeriu o condenado. 

— Eu já disse pra calar a boca. - Reforçou a humana. —Todo o universo chora e sangra por sua culpa. Por que, Doutor, por que você defende esse monstro?!

— Não estou defendendo o monstro, estou impedindo que você suje as suas mãos. Isso não precisa ser assim. - Respondeu. 

— E você quer que eu perdoe ele?!

— Não. Não quero que perdoe, não precisa perdoar, só quero que você não mate alguém. Afinal, o que nós viemos fazer aqui, salvar Davros ou matar o Ladrão?

— Pare com isso.

— Entendi, então era isso o tempo todo, não era uma promessa, ou, pelo menos não completamente. Era uma vingança também.

— Eu não quero mais te ouvir! Por que você também não cala a boca?!

— E o que acha que o Doutor pensaria?

— Não ouse usar a memória dele!

— Não estou usando, não preciso, você conhece ele. Eu sou o Doutor, então imagine o que o Doutor diria dessa sua atitude.

Mas Hiloya permanece com a ameaça. O Doutor continua:

— Eu tenho certeza que foi por isso que o Doutor convidou a soldado violenta para viajar com ele.

Ela encara curiosa:

— Você não pode ter certeza.

— É claro que posso, e você sabe. Convidou ela, para lhe ensinar que nem tudo é conquistado pela brutalidade e opressão. Prove para mim, prove para você, que você merecia estar com ele.

Em uma troca sincera de olhares carregados de vergonha, culpa e medo, Hiloya, se comunicava com o Ladrão, e já pouco relutante, abaixa a arma:

— O Doutor e as suas palavras. São uma droga de vez em quando. Eu não vou mais acabar com a sua raça. - Se referiu ao Ladrão.

— Obrigado! - Agradeceu ele, com um sorriso enorme.

— Mas isso não irá me impedir de lhe dar uma surra.

A face alegre, vai por água abaixo, e com um soco na barriga e uma coronhada na cabeça logo em seguida, caía o Ladrão no chão.

— E você, não diga nada. - Avisa Hiloya ao Doutor.

— Sim, acho que não vou mais precisar continuar sendo realista. - Disse o Doutor, estendendo a mão ao Ladrão.

— Você não precisava me matar. Eu já estou morrendo. - Revelou o ex apoderado. 

— Como assim, isso tem alguma coisa a ver com os Daleks? - Indaga o Doutor. — Eles disseram que eu não era o alvo. 

— Sim, exatamente. Fui traído.

— Bem feito. - Diz Hiloya, séria, de braços cruzados.

O Ladrão gargalha ofegante:

— Os Daleks disseram que eu não era mais necessário. Atiraram em mim, e usei os jatos de energia da regeneração para acabar com eles. Estou me escondendo, e Davros será a minha moeda.

— Você me disse que os Daleks agora tem o poder de travar a regeneração! - Lembrou o Doutor.

— Sim, mas tenho os meus truques.

— Mas ainda é o mesmo rosto, não parece que se regenerou.

— Pausei a regeneração, estou em estado de graça.

— E por que esse apego a só mais um corpo qualquer?!

— Eu queria sorrir vitorioso para Rassilon. - Um pequeno brilho brota-lhe nos olhos. – Esse é o mesmo rosto que ele tanto humilhou no passado. Bom... Na verdade é a copia dele, já me regenerei muitas vezes. Mas, esta é a cara que eu queria que ele visse novamente.

— Você não será vitorioso. - Afirma Hiloya.

— Eu sei.

— Mas por que essa mudança de humor tão rápida dos Daleks? - Questiona o Doutor.

— Porque, Doutor, como eu já disse, os Daleks falaram que eu não sou mais necessário. Além disso, enganei eles, devem ter encontrado um piloto mais confiável. Achei que fosse você!

— Não era eu, nem ao menos sabíamos disso. Mas não faz sentido, um só piloto para milhões de TARDIS no planeta?!

— É uma só TARDIS para um só piloto. São maiores por dentro! Caberiam milhões de Daleks facilmente. As milhares de TARDIS restantes são usadas para criar a força de atração que toca os dois universos.

— Pensei que isso era feito usando o Olho da Harmônia central da Cidadela, era para lá onde eu estava indo quando fugia de você.

— Bilhões de TARDIS trabalham agora ao redor de Gallifrey, de forma multe-temporal e constante, puxando no plano dimensional o objeto que mais se assemelhe ao planeta. Então, isso atrai a nossa Gallifrey, mas, este universo é menor, o que faz com que ele é que acabe sendo puxado contra o maior. E o toque deles gera a fenda.

— Admito, isso é bem engenhoso.

— Vocês dois falam demais. Que tal continuarmos a missão? - Sugere Hiloya, indisposta. 

— Perfeito! Pois eu tenho certeza que o Ladrão sabe de cór o caminho até Davros.

— Sim, eu sei. - Confirmou ele. - Está no meu laboratório. E uma vez em nosso mundo, fiquei vinte anos preso aqui.

— Acho que agora estamos no mesmo barco, então é melhor você andar na linha e não tentar nenhuma gracinha. - Avisou Hiloya, de olhos firmes.

— Sim, senhora capitã! A partir de agora eu me tornarei um homem muito sério, senhora! - Bate continência.

— Idiota. - Hiloya prossegue impaciente.

— Você estava brincando? - Pergunta o Doutor.

— É claro que sim.

***

Ainda na cela, Grace e Romana, continuavam em espera, e continuavam também as suas curiosas conversas de veterana para novata.

— Uma pergunta... Curiosa. Por quanto tempo você pretende ficar com o Doutor? - Pergunta Romana.

— Eu não sei, talvez muito, talvez pouco, depende de até quando o Doutor vai me querer por perto.

— Então para sempre!

— Não, nada pode ser para sempre. Mas como dizem os jovens... Estou curtindo o momento.

— Acho que já fui isso um dia.

— E você, por que não está mais com o Doutor?

— A hora de sair tinha chegado.

— Não acho.

— Eu não queria voltar para casa!

Grace ri. Romana continua:

— Eu poderia então continuar viajando, mas encontrei pessoas que precisavam de mim, eu não poderia nega-las. E mais do que isso, eu queria ajudar. Foi no E-space, vivi por lá por muitos anos, e pensei que nunca mais conseguiria voltar para casa. Mas, dei sorte no final.

— Se este foi o seu motivo de deixar a TARDIS, o que leva os outros embora?

— Muitas coisas. Alguns encontram o momento, outros, precisam ser deixados, e outros...

— O quê? O que acontece com eles?

— Silêncio! - Exigiam dois Daleks, que vinham chegando.

— Ha, vocês! Olá, Daleks. - Sauda Romana.

— Se eles voltaram é porque querem alguma coisa. - Conclui Grace.

— Vocês serão encaminhadas. - Respondem eles.

— Eu e Grace odiamos ser encaminhadas. - Retruca Romana.

— levantem-se! Acompanhem. - Os Daleks, abrem a cela.

— Romana, que tal nós colaborarmos? - Sugere Grace.

— Tudo bem, já que não há alterativa. Mas, aviso que seja lá o que for que desejem, não posso conseguir nada descente sem antes ter ganho uma cela descente.

***

Chegando no secreto e tão procurado laboratório que o Ladrão possuía, no meio do labirinto, abria ele a porta, e Hiloya e o Doutor, adentravam esperançosos.

— Sejam bem vindos. - Desejou o dono da sala. — Mas aviso que não tenho conhaque e nem chá de abacaxi.

— Tudo bem, não estamos com sede. - Avisa o Doutor.

— Vamos apenas acabar logo com isso, onde está Davros? - Pergunta Hiloya, impaciente.

Nas paredes, enormes cúpulas corpóreas, porém, todas de portas abertas, indicando assim, estarem vazias. E na fechada cúpula que Davros estaria, nada havia, descobre Ladrão, abrindo a câmara:

— Está vazia!

— Onde está Davros?! - Pergunta alterada, a humana.

— Eu não sei.

— Este é mais algum dos seus truques?!

— Não! Eu também não sei onde ele está.

— Hiloya, eu irei lhe pedir uma coisa bem simples e barata. Paciência. - Pede o Doutor.

Hiloya, encara feio para ele.

***

Sendo conduzidas por uma enorme avenida central, Romana e Grace, passavam por entre centenas de Daleks em espera, e seguiam cautelosas rumo ao centro. E até olhando para cima, elas poderiam contemplar o número impressionante.

— Aqui está bem cheio, parece até o Hardly Strictly Bluegrass. - Comenta Grace.

— Não tem problema, não iremos precisar pegar filas, somos vips. - Brinca Romana.

Chegando elas no ponto central da avenida, o verdadeiro mestre dos Daleks aguardava-as cheio de si.

— Saúdem Davros, o senhor de todos nós! - Ordena o Dalek supremo.

— Eu e Grace somos analfabetas, não sabemos saudar. Não é, Grace? - Blefa a Senhora do Tempo.

— Irei concordar nesse ponto de vista. - Concordou a humana.

— Rostos familiares após tanto tempo, mesmo que inimigos me felicito em vê-las. - Diz Davros, se aproximando.

— Por que você disse “familiares”? Já me conhece?! - Questiona Grace.

— Não entendi a duvida. Grace Jane, você esteve no inicio do meu império, viu junto com o Doutor o nascimento dos meus filhos.

— Este universo paralelo já é bem estranho por si só, mas alguém chamada "Grace Jane"?! É mais ainda!

Davros, apontava agora para Romana:

— E você... Você morreu, enfrentando a Infantaria dos Pesadelos. Como pode estar aqui?

— Morri?! Trágico. Mas simplesmente estou aqui, qual o problema? Sou contra finais.

Davros sorri:

— Eu também odeio finais. E é por isso, que vocês estão aqui. Garantir que a raça Dalek sobreviva.

— Como e por que nós faríamos isso?

— “Como”, você será a nossa pilota. Este mundo morre, você nos guiará para uma nova terra.

— Você está falando do nosso universo? - Interrompe Grace. – Você não tem esse direito!

— Quem disse isso?

— Eu sou de lá, e eu estou dizendo.

— Você é uma criança muito atrevida. - Alguns Daleks envolta apontam as armas para Grace. – Essa é a resposta da outra pergunta, “por que”. A humana é uma refém.

— Eu entendi. Mas se eu fosse vocês eu já estaria preocupada com o que talvez o Doutor e o Ladrão estejam fazendo. - Avisa Romana.

— O Doutor será exterminado, e o enganador dos Daleks também! - Diz o Dalek supremo. — Alguns soldados os-procuram neste momento. 

— Por que os Daleks tem que conquistar tudo dessa forma?- Indaga Grace. — Oprimir e amedrontar os outros, foi isso que você quis para os seus filhos? 

— Minha cara, Grace Jane, isso é sobrevivência. - Responde Davros. — A vida sempre nos cobrou agressividade, e é assim que nós nos tornamos. Viver, é tudo o que desejamos.

— As pessoas do meu mundo também.

— Boa sorte para elas. Agora, vamos para a TARDIS da viagem. Chegou a hora da Senhora do Tempo nos dar a carona pelo caminho da vitória.

— Já avisei que sou uma péssima motorista? - Pergunta a pilota. 

— E já avisei que os Daleks são ótimos atiradores? - Lembrou Davros, com os seus filhos apontando  para Grace.

Sem mais escolhas ou escapatórias, marchavam Romana e Grace junto com Davros, e o supremo, para a TARDIS da vitória.

***

Ainda no laboratório do Ladrão, discutiam ele, Hiloya, e o Doutor, sobre o que haveria acontecido para com o sumiço de Davros. Desespero e tensão, eram sentidos no ar, a última alternativa vista por eles, havia acabado de ir embora. Já entendendo, o Doutor acusava:

— Com certeza foram os Daleks, a biblioteca tem também uma versão digital, poderiam baixar todos os livros de uma só vez e ler tudo em um segundo! E achar o laboratório.

— Então perdemos a nossa única chance de paz? A última alternativa para sair do caos? - Perguntava Hiloya, já em desanimo e desespero.

— Por favor, se acalme, pensaremos em algo.

— Não! Não existe mais nada, não existe mais nada para pensar! O que eu direi para todos na vila?!

— A Hiloya está certa, Doutor. Não existe mais nada para nós. - Desanimou-se o Ladrão.

— Não! - Insiste o Doutor. — Vocês não podem pensar assim. 

— Admita, Doutor. Não temos mais nada.

O Doutor apenas encarava em silêncio. O outro insiste: 

— A vitória é dos Daleks, não podemos mais impedir. E acreditem, eu sinto muito. Sei que você tentou me ajudar e me compreender, mas... O barco está afundando, e os ratos são os primeiros a fugir. É só isso que podemos fazer agora, correr.

— E isso adiantaria alguma coisa?!

— Estar um minuto a mais vivo é o que importa! E se eu fosse vocês, também começaria a fazer isso. - O Ladrão avistava alguns Daleks, já vinham de um corredor, não muito longe. – Adeus. - Com esta palavra, partia sem delongas.

— Já vai tarde. - Avisou Hiloya.

— Ladrão?! - Chamou o Doutor.

— O que foi?! Estou no meio de uma fuga, gostaria de não ser interrompido!

— Eu fui sincero quando eu disse que poderia ajuda-lo. E tenho certeza, você não é apenas um ordinário salafrário.  E... Enquanto você não desiste de alguém, a esperança nunca acaba. E eu ainda não desisti de você.

O Ladrão, encarava e ouvia em silêncio, os seus olhos, mostravam estranhamento e conforto, aquelas eram palavras que ele nunca havia escutado em toda a história de sua vida.

Após um gesto de concordância pela cabeça, o Ladrão continuava a sua fuga.

— Eu estou cansada de correr. - Dizia Hiloya. – E já estou cansada de lutar. E cansada de ver todos ao meu redor caindo, e ver que toda a luta e correria deles não resultou em nada.

— Aquilo que eu falei vale para você também.

— Obrigada. Por que você tem que ser tão bondoso?

— E por que nós não começamos correr? - Estende a mão.

De mãos dadas, o Doutor e Hiloya, correm apresados. E por trás deles, disparos e Daleks seguiam juntos:

— Exterminar!

***

Ainda na avenida, a TARDIS da viagem estava, e dentro dela, Romana operava o console, porém, nenhum resultado conseguia, havia algo de errado.

Impaciente, questionava o Dalek supremo:

— O que há de errado com o veículo de Tempo E Dimensões Relativas No Espaço?! Há 16.000.000.000 Daleks aguardando lá fora. O resultado é exigido!

— Eu estou tentando. - Avisa Romana. — Mas não estou conseguindo, tem algo errado com essa TARDIS! Ela não responde aos meus comandos.

— Isto é algum truque da sua parte? - Pergunta Davros. – Acho que já se esqueceu que possuo a vida de sua amiga em minhas mãos.

— Sim, a fêmea humana será exterminada. - Lembra o Dalek supremo.

— A fêmea humana pode até ser exterminada. - Avisa Grace confiante, olhando para Davros. — Mas mesmo assim, ela continuará torcendo até o final para que dê tudo errado e essa TARDIS continue atolada! 

— Atrevida e corajosa, essas são qualidades que eu devo reconhecer. Mas, não significará nada quando estiver morta. - Lamentou Davros.

— Eu juro, estou tentando de tudo! - Diz Romana continuando tentando. – Mas a nave não está conseguindo ligar as suas funções de desmaterialização e outras coisas.

— Então esforce-se mais. Ter ficado dez anos encubado enquanto sedia a mente a uma máquina consumiu toda a minha paciência.

Romana, não parava de tentar.

***

Fugindo pelo labirinto, o Doutor e Hilya, corriam apressados, se esgueirando e abaixando, contra os muitos disparos mortais que eram lançados sem pausa. Por sorte, e para a defesa, Hiloya utilizava para o confronto o escâner que o Doutor havia tornado uma arma. Ela, conseguia deter alguns dos Daleks, porém, ainda haviam muitos espalhados por entre os corredores.

— Doutor, não podemos apenas ficar correndo!

— Não, não podemos. - Confirmou. — Mas conheço uma passagem secreta que fica perto daqui.

Eles continuavam, e em meio às fagulhas e papeis picados soprados pelo ar, entravam os dois fugitivos num beco sem saída.

***

Ainda tentando, Romana puxava todas alavancas e apertava todos os botões que encontrava, e ainda assim, nenhuma atividade era representada:

— Ainda não consigo.

— Por que não? Explique! Explique! Explique! -  Exigiu o Dalek supremo.

— Eu não sei! Mas quando isso acontece é por possivelmente algum defeito, anomalia temporal, ou fator biológico com o seu vinculo. Ouh! Estou começando a achar que o Ladrão foi pego e ferido, ele deve estar se regenerando. E isso está afetando essa TARDIS que ele vincula.

— E você não pode fazer nada a respeito? - Pergunta Davros.

— Não. - Confirmou abatida. 

— Então, não é de vocês que eu preciso, são descartáveis.

— Eu não disse isso.

— E eu não queria ter de fazer isso. Se posicione ao lado da humana.

De cabeça erguida, Romana segue a instrução:

— Não tenha medo, Grace.

— Não estou com medo. - Responde Grace. — Mas também, não estou pronta. Mas sei que algo de bom vai acontecer.

Romana, também tentava se acalmar. Pois, olhando para Grace, notava-se conformidade, medo e calma, ao mesmo tempo, mas, conformidade e calma, era o que Romana prestava atenção.

***

No beco sem saída, Hiloya, se mantinha atenta, enquanto o Doutor, tirava apresado os livros das prateleiras.

— A bateria do escâner acabou! - Avisa Hiloya.

— Essa não é uma notícia muito boa. - Olhava as capas e jogava os livros para trás.

— Já sei! Eu irei chamar a TARDIS usando a chave dela!

— Isso não funciona no labirinto. Muitos tentariam fazer isso!

— E o que então iremos fazer?!

— Achar o livro certo, os outros, pode jogar fora.

Hiloya começava a ajudar:

— E como é o livro certo?

— Muito chato. Mas não importa, quando for puxado, teremos uma passagem.

— Espero que consigamos há tempo! Tem mais Daleks vindo.

***

Ainda em fuga, porém, já fora do labirinto, o Ladrão, corria sem esperança e já ofegante.

Ansiando por uma pausa, o já condenado em estado de graça, cessava a correria defrontando-se com um intrigante aparelho. Algo, semelhante a um pote metálico, porém, com luzes e botões ao dorso da estrutura. E mais do que isso, uma pequena tela de Led, por onde uma contagem regressiva era mostrada.

— Você não pode estar aqui! - Se referia ao objeto. – Eu vi você ser usada na Guerra do Tempo, junto com tudo o que havia no cofre temporal!

O Ladrão, nota a contagem regressiva, o aparelho compreendia agora 5 minutos restantes apenas.

— Ah, você é malvada! Está prestes a detonar. A Pequena Esfomeada, uma arma capaz de consumir quilômetros da superfície de um planeta. Não pode ser a deste mundo. Acho que Rassilon se lembrou do meu aniversario.

A contagem cai para 4.

— O que eu farei? Tentar impedi-la ou fugir em um disco militar, mesmo que sendo lamentável? E os outros, eu deveria deixa-los morrer?

Andava pensativo, para um lado e para o outro, um confronto emocional estava havendo em sua mente.

— Mas eu sou do mal! É esse o meu papel. E por que eu deveria ajudar os outros? Afinal, o que eu ganharia com isso? - Parecia estar decidido.

Após essa discussão a sós, marchava o Ladrão para uma porta, que dava para uma longa escada. Porém, uma voz no fundo de sua consciência não o-deixaria ir assim tão fácil.

— Ou.. Será que eu já ganhei? - Voltava a encarar a bomba. – Nos meus muitos milênios de vida, eu nunca conheci ninguém que quisesse me ouvir, proteger ou ajudar. Tenho um irmão e tive muitos aliados, mas, ninguém que verdadeiramente não desistisse de mim. - Ficou alguns segundos calado. – É a hora de ser grato pela primeira vez na vida, o Doutor precisa de mim.

Indo até a Pequena Esfomeada, que já agora estava em 3 minutos, abria um pequeno compartimento em seu fundo, e de lá, mexia confiante nos mecanismos carregados de desastrosos poderes de fogo.

— No começo, me disseram que eu era bom em fazer coisas, me chamariam de o Mecânico; aquele que concerta as coisas dos outros. Mas, depois, viram que não, eu seria o Zelador; aquele que cuida das coisas dos outros. Mas, eu não queria zelar das coisas dos outros, então me tornei o Ladrão; aquele que rouba as coisas dos outros. Porém, neste momento, eu não sou o Mecânico, nem o Zelador ou o Ladrão. Eu sou... Eu.

Enquanto o homem grato manipulava a pequena e ameaçadora bomba, o Doutor, Hiloya, Grace e Romana, se encontravam em lugares diferentes, mas, enfrentando ameaças iguais. Neste mesmo momento, os quatro amigos ouviam exatamente as mesmas palavras, “exterminar” seria aquele os seus destinos. Agora, no último minuto da contagem, o homem ligava dois fios um no outro, e a vasta vista da Cidadela some em um enorme clarão, repentino e expansivo, encobrindo todos os horizontes.

Os gritos do individuo, ecoavam por entre o imenso branco plasmático.

 

 


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam do Ladrão já desapoderado? Achei que isso acrescentou bastante ao personagem, e só ajudou a melhorar a história.
O Hardly Strictly Bluegrass que a Grace mencionou é um é um festival de música realizado em São Francisco, no primeiro fim de semana de outubro.
E quando a Romana disse que foi promovida pelo guardião branco, na verdade não foi assim de forma literal, foi só uma simplificação. Você pode ver isso no episódio The Ribos Operation. E o que ela falou sobre a saída dela você pode ver em Warriors' Gate.
E sobre a bomba do final, ela é o tal presente que o Rassilon falou que enviaria para o irmão no capítulo anterior, mas o Ladrão teve que esbarrar com ela devido aquelas coincidências narrativas que sempre acontecem. Mas se voce quer uma resposta boa, então imagine que é porque como eles enviaram ela usando o disseminador de matéria e não tinham as coordenadas exatas então ela poderia aparecer em qualquer lugar de Gallifrey, ou que de alguma forma esse tecnologia de envio deles é capaz de seguir a pessoa desejada a ser entregue. Mas se não tinham as coordenadas como fizeram? Bem os senhores do tempo são muito avançados, talvez possuam alguma tecnologia que rastreie os rastros dos sinais emitidos pela conferencia que tiveram. E para facilitar mais ainda o envio, poderiam usar a sonda do ponto em colapso como um farol de sinal, assim como o Ladrão disse que usa.
A infantaria dos pesadelos é algo fictício da minha parte, e já mostrei isso na história lá no capítulo 5. E nesse mesmo capítulo foi o que ele disse que só iria querer chá se fosse de abacaxi, por isso fiz essa referência nesse novo.
E então o que achou do capítulo? Adoraria saber a suas opiniões.
Até a próxima.