Venha Comigo. volume 1: Uma Sombra de Gallifrey escrita por Cassiano Souza


Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Um grande OI para vocês! Primeiramente mil perdões, queria terminar esta história a mais tempo, mas estava sem tempo para escrever, odeio deixa-los esperando. Mas o que importa é que aqui estamos, e este novo capítulo também será muito interessante. Eu gostei tanto de escreve-lo quanto de lê-lo, e espero que gostem. Porém, um aviso... um dos personagens fará algo que possa talvez parecer meio desnecessário para a história, mas servirá para mostrarmos um paralelo de personalidades, e sentimentos. Boa leitura!



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Após o repentino e inesperado milagre que foi o resgate da TARDIS ao Doutor, olhava curioso o Senhor do Tempo, ao ambiente que estava. Era esta, a sala do console, porém, uma sala que ele nunca havia visto antes. Escuridão, colunatas contorcidas como arvores e um painel de controles totalmente desestruturado, este, era o interior da velha nave. E circulando ao console e operando os seus mecanismos, uma mulher alta, negra e magra, com roupas justas, cabelo raspado e protetores de seios, ombros, cotovelos, e joelhos, demonstrava ser a pilota ali. O Doutor, apenas encarava curioso:

— Foi você quem me salvou? Eu quero te agradecer muito. Eu realmente teria morrido se não fosse por você. Mas acho que essa já é a milésima vez que fico encurralado.

A mulher, vai até próximo, mas, nada diz, apenas, mantinha silêncio  e seriedade, e em mãos, um estranho objeto, muito parecido com uma arma. O Doutor se apresenta:

— Prazer, eu sou o Doutor. Quem é você?

— Eu também sou uma regeneração. - Apresenta-se a mulher. — Eu sou a Doutora.

— Não acredito que seja.

— E por que não?! Porque eu sou mulher, porque eu sou negra?! 

— Não, nada disso. Você carrega uma arma.

A mulher, toma um silêncio curioso. Mas, prossegue ela:

— Tem razão, eu não sou a Doutora. Mas fui uma médica, me chamo Hiloya Eshe. E esta coisa também não é uma arma, é um escâner. - Ela joga o escâner para o Doutor aparar, e volta para o console com a sua seriedade. – Sou a atual amiga em acompanhamento do Doutor.

— E você veio me salvar, como sabia que eu estava em perigo?

— Vocês são todos egoístas mesmo. Eu não vim salva-lo. Eu vim salvar Davros.

— Salvar Davros?! Ele está do lado do Ladrão, do que você poderia o-estar salvando?

— Aquele é apenas mais um fantoche do Ladrão, não é Davros, é um androide. E eu irei encontra-lo e usa-lo ao nosso favor, farei com que os Daleks parem de se expandir. E teria conseguido, se eu não fosse interrompida pela conferência do Ladrão.

— É você quem está com a chave de fenda sônica do Doutor? Notei que ele não possuía.

— Não são mais chaves de fenadas. São óculos agora. - Hiloya retira-o do colete.

— Bobagem! E são de sol? Por que não de leitura? - Mesmo em repulsa, o Senhor do Tempo veste a peça. – Como eu fiquei?

— Está com a aparência relativamente... Positiva.

— Bom. Mas ainda assim, são óculos sônicos.

— “São legais” era o que você dizia.

— Eu?

— Quero dizer... O Doutor.

— Eu sou o Doutor.

— Sim. Mas não o meu Doutor.

Hiloya, continua a manusear o console. Os seus olhos tristes, miravam os botões e alavancas, e o Doutor, mirava a tristeza dela. 

— Fui eu quem te mandei a mensagem. - Diz Hiloya, martelando o console. – O Doutor sempre foi contra, mas nós não tínhamos outra alternativa. Fiz isto sem ele saber. E também, envolvia o seu mundo, então também é problema seu.

— Não sei se você já sabe, mas... O Doutor morreu.

— Eu já sei. Descobri quando voltava à Terra, de mais uma missão dos nossos esforços.

— Sinto muito. Mas e a TARDIS... Ela também não deveria ter morrido? Sem ofensas.

As luzes piscam oscilantes. Hiloya responde:

— A TARDIS tem sido forte. Porém, não sei até quando.

— Aguente firme garota. - O Doutor acaricia o console. – Eu sei que você pode. - A máquina do tempo, grunhia em resposta.

— Acho que ela foi com a sua cara.

— Que bom, pois eu sei que tudo dará certo agora. O que você me diz, sexy?

Antes de mais um grunhido de gentileza, o Doutor e Hiloya, são surpreendidos por uma grande e agoniante turbulência. Logo, para não caírem, abraçam-se ao painel, enquanto o tormento, continuava. Faíscas e fumaça marcavam presença.

— Porcaria! - Murmura Hiloya.

— O que está havendo?!

— Estamos sendo hackeados. Com certeza o Ladrão!

— Já fizeram isso comigo, não há escapatória!

— Não há escapatória?! Tem certeza de que você é o Doutor? Você pode não saber, mas quem está pilotando aqui sou eu. Veja e aprenda.

Lutando por uma escapatória, Hiloya manuseava depressa aos mecanismos, e o Doutor, permanecia firme segurando-se para não cair.

No exterior, a TARDIS rodopiava violenta e louca pelo vórtex.

***

Na pista de materialização, e pondo em prática uma nova missão na grande batalha, Romana, confiante, e já de novos trajes, era acompanhada por Grace, e a sua curiosidade apreensiva. Pois, a doutora terráquea ainda não conhecia quem era a Senhora do Tempo. Romana, sorria nostálgica, algo a estaria animando.

— O que nós queremos aqui? - Pergunta Grace, logo atrás.

— Ajudar o Doutor!

— Legal, ótimo, mas como poderemos fazer isso? A fenda está fechada, lembra?

— Completamente fechada. Mas, use a sua imaginação, a TARDIS é uma máquina do tempo, então... Podemos voltar em uma ponto relativo de tempo anterior ao fechamento da fenda.

— Sim! Faz muito sentido, não havia pensado. Mas se for assim... O Ladrão também pode fazer isso!

— É claro que pode. E é por isso que nós temos que nos apressar.

— E para que naveguemos com a TARDIS no outro universo não iremos precisar de um laço de energia?

— Fiz isso enquanto influenciava a mente da androide.

Romana, já se encontrava de frente a cabine azul, o seus olhos vislumbravam algo que a muito tempo não vira, e o seu sorriso largo representava todas as boas lembranças que já tivera naquele veículo. Grace, passa-lhe a chave da nave, e Romana, sem demoras, extermina a sua ansiedade, abrindo as portas, e depressa entrando.

— Ah... Ele redecorou! - Olhava envolta.

— Redecorou?! Eu sempre conheci a TARDIS dessa forma. O que achou?

— Eu não gostei. - Se dirige ao console.

— Não gostou?! Eu acho lindo!

Não satisfeita, a máquina do tempo grunhe em opinião.

— Admita sexy! Esta sala foi inspirada na mansão de um daqueles filmes do Drácula. - Incrimina Romana. 

— Você e o Doutor são mesmo muito parecidos! - Comenta Grace. 

— Se isto tiver sido um elogio, obrigada. - Romana teclava botões. – Precisamos ir para a Gallifrey paralela. Mas, ela deve ter outras coordenadas, será muito difícil chegar até lá.

— No banco de dados, o Doutor recebeu as coordenadas da Terra paralela. Isso ajuda em alguma coisa?

— Com certeza, doutora. - Romana acessa os arquivos. – Poderei usa-las como um ponto de referência. São estas aqui? - Aponta para o monitor.

— Sim... Eu acho.

— Perfeito! Mas, um aviso antes... É melhor se segurar.

Romana, operava a nave depressa e bastante concentrada, logo, a máquina desmaterializava-se da pista, e já corria feroz pelo vórtex.

— Espero que você saiba pilotar a TARDIS tão bem quanto o Doutor. - Grace segurava firme no console. – Às vezes ele é terrível no volante. Não conte para ele, mas às vezes eu acho que ele não sabe pilotar!

— Bem... Ele dá o seu jeito. Mas ele não deveria ter faltado tantas aulas na academia.

— Romana, eu queria te pedir algo.

— Sempre ocorre algo trágico quando ouço isso. O que quer? - Romana olhava curiosa, as suas mãos outrora agitadas, agora se mostravam tímidas sobre as alavancas.

— Antes de irmos para Gallifrey... Quero passar em um lugar.

***

Após os esforços de Hiloya, o Doutor e ela, encontravam-se agora caídos no chão, devido às turbulências da fuga. E em meio a leveza da fumaça pairando, levantava-se Hiloya, e estendia a mão ao Doutor. 

— Gentileza? Isso é legal. - O Doutor aceita o apoio. – Obrigado. Mas não posso dizer que está foi uma viagem confortável.

— O que importa é que conseguimos chegar. - Hloya operava o console.

— Chegamos? Que bom. Onde chegamos?

— No meio do caminho, do nosso esconderijo. Mas tive que desligar a TARDIS, para nos livrar do hackeamento. Então estamos há meio quilometro do nosso destino.

Hiloya, dirige-se para a porta, e o Doutor, acompanha-a, agora, a viagem seria à pé. Já do lado de fora, o Doutor encarava entusiasmado a vista alienígena. Estavam eles, em um vasto deserto ventanioso, cercado por grandes montanhas ao horizonte, e com imensas dunas de areia.

— Só uma vista dessas para me fazer esquecer dos psicopatas que me perseguem. - Elogia o Senhor do Tempo. 

— Planeta Gifreou. - Apresentou Hiloya. — Localiza-se no sistema de Tantum, é um dos seis planetas gêmeos do sistema. São conhecidos por serem inabitáveis.

— Oh, brilhante! Finalmente um planeta novo. Já que no meu universo nunca ouvi falar nada do que disse.

— Você também já viajou muito, não foi?

— Sim, muito. São como ferias, mas, que acabaram sendo perturbadas por alguns imprevistos. Afinal, são sempre os problemas que vem atrás de mim!

— Não importa quantos ou quais vocês sejam, vocês “Doutores”, sempre serão iguais.

— É melhor que sejamos. Se você me chamou aqui, é porque confia muito no Doutor.

E Hiloya desvia o olhar:

— Vamos continuar, ainda existe um bom caminho pela frente.

O Doutor e Hiloya, prosseguiam adiante, e a TARDIS, cada vez mais ia ficando para trás.

— Mas onde exatamente é o esconderijo? - Pergunta o Doutor. 

— Fica em uma encosta rochosa, de uma montanha perto daqui. Acabamos vindo parar aqui para fugir dos Daleks, e este era um planeta morto. Mas, o Doutor o-tornou habitável, usando um aparelho de terra-forme. Para os Daleks... Ele ainda está morto.

— Genial! É um bom forte, mas, tudo tem a sua hora. Como andam os avanços do império Dalek?

— Trazendo dor e desgraça por todos os lares do cosmo. Mas este não é o maior problema.

— Como este não é o maior problema?! O que quer dizer?

— Quero dizer que não importa mais tanto ser morto ou vencer os Daleks. Até eles serão exterminados, há algo inevitável chegando para todo o tempo-espaço. Este universo está morrendo.

— Morrendo?! É uma realidade jovem, o seu fim está longe.

— A Guerra do Tempo. Este era um evento que não deveria ter acontecido, não estava nem ao menos pré-estabelecido, na verdade, não desta forma. Não estava destinado que os Daleks venceriam Gallifrey, isto, foi a quebra de um ponto fixo, que geraria milhares de linhas e eventos temporais. Foi algo grande demais, bilhões de paradoxos ocorreram ao mesmo instante, a partir do mesmo motivo.

— Entendo. O pequeno universo satélite não está aguentando o peso.

— É.

Fabulosas e estonteantemente brilhando no céu, duas luas douradas e vibrantes subiam, enquanto vagarosamente o sol, se acalentava tímido.

— A noite chegou, planeta de dias curtos. - Comenta Hiloya. — E aquelas são as Velas do Tumulo, as luas douradas. 

— É extraordinário! Por acaso a cor do brilho emitido ocorre devido a pequenas partículas de poeira cristalina sendo agitadas pela rotação e enquanto são bombardeadas pelos feixes das labaredas solares?

— Esta foi uma das primeiras coisas que o Doutor me mostrou.

— E valeu a pena. 

O Doutor, fita a mulher, encarando admirada para cima. Ele prossegue:  

— Mas, se para você não faz mais diferença ser morta ou vencer, pelo que está lutado?

— Eu não estou lutando. Estou cumprindo uma promessa, que fiz pelo Doutor, e por todos os que confiavam em nós.

— Promessa ou não, eu irei ajuda-la.

— Obrigada. - O brilho das luas iluminava os seus rostos. – Este universo demorará milhões de anos para ser morto por completo, mas, os Daleks já estão se preparando. Por isso se aliaram ao Ladrão.

— Tem certeza de que aquilo não é uma sociedade? Me lembrou o feudalismo.

— Não, eles apenas querem escapar. A fenda é um caminho, as TARDIS são o veículo, e o Ladrão é o motorista. Eles querem ir para o seu mundo.

— Eles que tentem. Nunca irão conseguir, e serão derrotados, e este mundo também será salvo.

— Isto é uma promessa?

— É, sim.

— Eu agradeço mais uma vez. E por que nós não nos apressamos? Os rastejantes noturnos já devem estar acordando.

— Rastejantes noturnos? Nem vejo a hora de descobrir como eles são!

Hiloya e o Doutor, correm depressa.

***

Na Terra, a TARDIS materializava-se em uma corriqueira praça, cercada por prédios históricos e artistas de rua. Olhando curiosa, saía da cabine azul a Senhora do Tempo, e a sua acompanhante. Retirando um dos dedos indicadores de sua boca, determinava Romana onde estavam:

— Ah... Fácil! Aqui é...

— Terra, Inglaterra, Londres em 2004.

— Esta é a nova linha relativa de tempo ao Doutor? Então significa que finalmente saímos dos anos 70.

— Ainda bem.

As duas, observavam os arredores. Pessoas e coisas, todas, eram admiradas pelos olhos de Grace, mas, por Romana, apenas desentendimento.

— Veja aquilo. - Grace aponta para alguns cartazes de um cinema ali próximo. – Aqueles são filmes que nunca serão vistos. - Mudando a direção, aponta para uma banca de livros. – E aqueles são livros que nunca serão lidos. - Algumas crianças passavam uniformizadas. – E aquelas crianças, onde está o futuro delas agora?

— Se você está tentando mudar os eventos que estão prestes a acontecer, saiba que não podemos fazer isso.

— Eu sei!

— A invasão já se tornou um evento pré-determinado, e fundamental em curso. Você e o Doutor testemunharam isso, e mesmo que o-evitassem... Não estariam aqui, de qualquer forma.

— Eu sei! Você realmente se parece muito com o Doutor, junto com as suas malditas regras do tempo.

— Me desculpe. Senhores do Tempo tendem mesmo a serem insensíveis na maioria das vezes. Já até dissequei criaturas lindas na academia.

— Eu dissecava cadáveres na faculdade.

— Menos mal. - Dá uma pausa suspirante. – O que você realmente quer aqui?

— Vim me despedir.

— Que despedida?!

— Eu fiquei feliz quando soube que o meu mundo estava a salvo, mas me esqueci que pessoas choravam neste. Vim me despedir do mundo, me despedir de todos aqueles que talvez nunca conhecerão o dia de amanhã.

— Acho que o Doutor deve gostar muito de você. 

— Espero que sim. - Grace sorri.

— Vamos. - Romana estende a mão.

— Vamos, mas, antes, tenho que fazer uma coisa.

Próximo às duas, um senhor sentado no chão tocava jazz, e o seu chapel de boca para cima representava a necessidade financeira. Retirando todas as notas e moedas de sua carteira, depositava Grace todo o seu dinheiro para o velho músico. Após bons agradecimentos do sujeito, Grace e Romana, prosseguem dali.

— Você é americana, mas o dinheiro daqui não é libras? - Pergunta Romana.

— Sim.

— Então... ?

— Foi uma boa ação! E o mundo não vai mesmo acabar?

Entram elas de mãos dadas na TARDIS, e Grace, olhava conformada para a velha rua, que outrora, vira o Doutor morrer.

***

Vindo pelos corredores, e em um andar cheio de impaciência e determinação, chegava o Ladrão na sala 7, e de cada lado, um Dalek em companhia. Um deles operando um computador, disse:

— Mestre, o Dalek supremo já aguarda em espera de sua conferência. 

— Ótimo. Vocês receberiam um aumento se recebessem salário. Pois já chegou a hora de entrarmos no palco. Hoje, Rassi irá por para baixo aquele seu nariz empinado. Contacte-me agora!

Continuando o processo da intercomunicação de Gallifrey para Skaro, obedecia o Dalek, e logo, a imagem do Supremo é mostrada numa grande tela:

— Saudações, mestre.

— Saudações. Tanto faz.

— A qual proposito se deve está conferência?

— Chegou a hora.

— Que hora? Em Skaro o fuso-horário é diferente.

— A formalidade de vocês é muito irritante. Sabe qual hora chegou?!

O Dalek supremo continua desentendido. o ladrão revira os olhos:

— Certo, você é muito chato. Mas, eu direi. Chegou a hora de ficarmos mais poderosos, a hora de acabarmos com Rassilon, chegou a hora sairmos da ilha! Agora, convoque todos os nossos postos, e venham para Gallifrey, hoje... Será o dia da nossa vitória, e o dia da minha justiça!

— Este é realmente o momento oportuno?

— Eu sou o chefe! Então se eu digo que é... Obedeça!

— De acordo, mestre. Avisarei a todos os esquadrões. Em poucas horas, já estaremos em Gallifrey!

— Perfeito. Mas, aprecem-se.

— Até breve, mestre. Já estou ini- ....

A frase foi cortada, o Ladrão havia desligado tela. Ele suspira: 

— E vocês aqui presentes, quero que se dispersem. Avisem tudo para as tropas da Cidadela.

— Nós obedecemos! - Os Daleks, retiram-se da sala.

Com todos os seus sonhos e clamores antigos já prestes de se realizarem, gargalhava insano o Ladrão. Tudo o que ele podia sentir, era a emoção de estar tão perto de conquistar o seu maior trunfo.

***

Chegando no esconderijo junto a Hiloya, notava o Doutor, o vasto e populoso ambiente, que nada mais era, do que uma imensa e espaçosa caverna, repleta de tendas, fogueiras e pessoas. Pessoas essas, de todos os tipos, sendo humanas ou não. E enquanto o Doutor olhava-as curioso, elas, refletiam a mesma atitude.

— Chamamos aqui de vila. - Comentava Hiloya. – Seja bem vindo.

— Ah, sim, obrigado. Aliás, é um bom esconderijo.

— Até o momento sim. Como pode ver, existem pessoas aqui de várias raças, creio que até existam algumas que você não conheça.

— Sim. Mas também sou grande amigo de algumas. Vocês tem Sontarans, Oods e Raxacoricofallapatorius.

— Muitos aqui são de povos que já foram ajudados por mim e o Doutor, existe um pouco de tudo, mas, somos trezentos apenas. - Dizia Hiloya, observando os olhares tortos. – Todos estão te encarando. Devem pensar que você seja o Doutor, ou talvez uma boca a mais.

— Sem problemas, uma vez me tornei capa de revista. E não estou com fome, não se preocupem com a economia. E uma última correção, eu sou o Doutor.

Interrompendo o Doutor e Hiloya, chegavam três crianças correndo e sorrindo, vindo até eles:

— Senhora Hiloya!

— Senhora Hiloya! A senhora trouxe alguma coisa para nós?

— Não, crianças. - Respondeu a Hiloya sorrindo. — Hoje não consegui nada de bom. 

— Tudo bem, fica para a próxima, não há problema. Nós já vamos indo.

— Ok. E se a sopa já estiver pronta, mandem alguém levar um pouco para eu e o meu amigo.

— Sim, senhora. - As crianças retiram-se, continuando a correr.

— Eu não sei por que eles ainda sorriem. - Diz Hiloya entristecida.

— Porque ninguém pode chorar para sempre. - Responde o Doutor. E pelo olhar da mulher, ela queria responder, mas nada ousou. – O que foi? - Indagou o Senhor do Tempo. 

— Vamos entrar.

Entrando na grande e rustica tenda de Hiloya, observava o Doutor, a determinação da mulher, através, de todos os mapas, armas e armaduras, espalhados pelo cômodo.

— Fique à-vontade. - Pede a mulher. 

O Doutor senta-se nos tapetes:

— Totalmente.

Hiloya, desvestia os seus protetores. O Doutor questiona: 

— Por que... Você estava sozinha naquela missão já que aqui existem vários tipos de guerreiros? Um Sontaran seria um ótimo ajudante!

— Porque e se fossem comigo e morressem, então quem protegeria o resto?

— Mas se arriscar em um campo de batalha sem carregar armas ou uma equipe?

— E por acaso você também não faz isso?!

O Doutor, nada responde, pois, aquilo que ele questionava era exatamente aquilo que ele praticava por toda a vida, e os seus olhos, desviavam-se envergonhados. Chegando na tenda, uma das crianças trazia duas tigelas de sopa, e após servi-las, retirava-se do meio tenso. Dando enormes colheradas na tigela, comentava o Doutor, bastante faminto:

— Pensei que odiava sopa. Mas isso foi na regeneração passada, amo sopa agora. A mesa do Ladrão abriu o meu apetite, mas tenho certeza que em uma daquelas peras havia alguma toxina!

— Os Doutores são todos iguais, sempre falando bobagens.

— Não é bobagem! É muito sério, eu estava realmente muito faminto.

Hiloya deixa um sorriso escapar. O Senhor do Tempo indaga: 

— Você é tão durona, como você e o Doutor se conheceram?

— Eu matei ele. Na verdade... Quase.

— Acredite, isso é algo ainda mais comum do que você possa imaginar!

— Eu era de um quartel da UNIT, no Cabo Verde, servia como uma médica combatente. E fui transferida para a Inglaterra, por causa do meu reconhecimento.

— Entendo. Assim ficou mais fácil se cruzarem, já que a TARDIS parece amar Londres.

— Uma invasão de robôs gigantes estava acontecendo, achei que aquele seria o fim do mundo. E o Doutor se arriscou demais. Ele era o 12, só tinha mais uma vida pela frente, mas se feriu gravemente. E para evitar que ele usasse a sua última regeneração, eu tentei salva-lo, do jeito que podia.

— Mas, acidentes aconteceram.

— Se vocês não fossem tão desconfiados e dessem informações sobre a sua biologia para a UNIT, isso teria o-poupado. 

— Se um Senhor do Tempo não for desconfiado, ele tem algum problema.

— Quando comecei a viajar com o Doutor... Todos os problemas que eu conhecia pareciam ter deixado de existir, mas, ao mesmo tempo, ter problemas era o que nos cercava na TARDIS. E quando a Guerra do Tempo começou... Foi o final de tudo o que eu conhecia como felicidade, ou como problema.

— E o final do Doutor, você testemunhou?

— Eu estava voltando para a Terra, para buscar a minha família, mas quando eu cheguei... Tudo o que encontrei foi dor, ódio e morte. O Doutor e o Mestre se foram, e tudo está nas minhas costas agora.

— Sim, eu sinto muito. E por isso, eu não acredito que a sua luta seja uma mera promessa.

— E por que não pode ser? O que você acha que é?

De resposta, o Doutor apenas sorri, e dá uma grande colherada na sopa.

***

Em um depredado e apertado beco próximo a uma vasta avenida na paralela Cidadela, materializava-se agora a TARDIS, continuando a missão das amigas do Doutor. E saindo para checar o ambiente, saía Grace de dentro, e espiava curiosa, ao exterior.

— Nós conseguimos? - Ecoou da cabine a voz de Romana. – Já tentamos quatro vezes. Estou cansada!

— Sim. Nós conseguimos. Mas este mundo está arrasado.

— Acho que o universo todo esteja. - Romana vem para fora. – Se até Gallifrey caiu... Quem continuaria em pé?

Na calçada do beco, um Dalek passa reto mirando para frente, e imediatamente, as duas se recostam assustadas. 

— O mundo todo deve estar dominado. - Diz Grace, respirando ofegante.

— Sim. Mas se nós queremos ajudar o Doutor, não poderemos ter medo.

— Medo? Quem está com medo? Temos uma chave de fenda sônica.

— É essa a perspectiva que eu quero.

E seguem elas, espreitando-se pelos cantos, e escondendo-se pelos destroços da avenida, do que antes haviam sido prédios e pontes.

— Eu nunca vou me acostumar com isso. - Comenta Grace. — Por que sempre o caos nos persegue? Uma hora estamos em uma Gallifrey movimentada e cheia de vida, e agora, nós vemos o fantasma do que talvez ela tenha sido um dia?

— E é isso, Grace, que a nossa Gallifrey se tornará se o Ladrão continuar com a sua loucura.

— Sim, isso já foi longe demais. Além de pilhas de escombros... Também existem pilhas de corpos.

— Mas acho que nem tudo aqui é apenas morte. Tem pessoas presas também. - Romana aponta para algumas jaulas, lotadas e apertadas, de tantas pessoas.

— O que faremos?

— Liberdade. - Romana estende a mão, Grace, entrega-lhe a chave sônica.

Continuando, Romana e Grace, seguiam se esgueirando, e chegam silenciosas até as jaulas dos cativos.

— Quero pedir para que todos vocês fiquem calmos. - Pede Grace aos presos. – Nós viemos ajudar.

Romana, ativava a chave sônica, afim, de destrancar as jaulas. Mas, os seus cativos,  não pareciam nada felicitados, preocupação era evidente em suas faces:

— Parem com isso! Nos deixe aqui!

— Não ouviu o que eu disse? Nós viemos ajudar! - Insiste Grace. 

— Sim, mas isso só será pior para nós!

— Não iremos deixa-los!

— Suas idiotas! - Um dos presos apontava nervoso. – Os Daleks estão vindo!

Grace e Romana, olham depressa para trás, mas, antes de qualquer ação, os Daleks já estavam muito próximos, para arriscarem qualquer coisa.

— Por que vocês não estão presas? - Questiona um Dalek.

— O que faziam? Explique! - Exige outro Dalek.

— O que nós fazíamos? Ora, eu e Grace somos mulheres! Podemos fazer o que quisermos. - Responde Romana. 

— Os elementos rebeldes devem ser exterminados!

— Correto! - Confirmou o outro Dalek. 

— Não! Ninguém contou? Vocês não podem nos exterminar. - Advertiu Romana.

— Qual a justificativa?

— Bem, é porque... Bem, a Grace sabe explicar.

Todos os Daleks, miram seus olhares para Grace.

— Sim! Sim... Vocês não podem nos exterminar. - Argumentou Grace, gaguejando. — Nós... Possuímos contatos importantes! - Disse depressa.

— Quais contatos? O que isto significa? - Indagam os carrascos. 

— Vasculhem o meu rosto nos seus bancos de dados. - Pede Romana. – Pois, eu tenho certeza que esta cara representa uma das formas da Senhora do Tempo Romanadvoratrelundra, uma das amigas do Doutor.

— O Doutor escapou! Qual o seu envolvimento?!

— Ele será exterminado! Não será mais um recurso. - Lembra outro Daleks.

— Tudo bem, não deu certo. Quer tentar mais alguma coisa? - Pergunta Grace.

— Pode deixar. - Continua Romana. — Tudo bem, Daleks, terei que conta-los a verdade. Não é mesmo, Grace?

— Sim. Temos algo... Muito importante para contar.

Os Daleks, se mostravam mais curiosos:

— Que verdade? Explique! Explique! Explique!

— Certo, eu irei contar. - Dizia Romana. – Mas, abaixem as armas.

Os Daleks, pareciam estar de acordo. Romana, diria a eles algo que talvez pudesse fazer toda a diferença ou sentido em suas vidas. Grace, apenas permanecia calada e apreensiva, teria que confiar nos desconhecidos planos gerados pela impulsiva mente da Senhora do Tempo.

***

Na nossa Gallifrey, Rassilon continuava da sua mesa, a observar os hologramas e informações sobre o ponto em colapso. Os seus olhos sérios, notavam que a fenda que há pouco havia sido fechada por completo, já apresentava um pequeno resquício relevante.

— Uma pequena ruptura já se estabeleceu novamente. - Comentou ele. 

— Acho que isso não representa perigo, senhor presidente. - Comenta Tridaro. – Creio que nada em grande volume possa passar por isso.

— Sim, em tempo presente não conseguiria. Entretanto, voltando em um ponto passado de tempo da fenda, o Zelador poderia atravessar.

— Se o senhor já pensava nisso, por que só veio se preocupar agora?

— Queria saber se o Zelador era realmente capaz de cumprir o que me prometeu.

— Entendo.

— Me diga, aquele aparelho disseminador de matéria que os estudantes construíam por influencia do profeta louco, já chegou a ficar pronto?

— Sim, senhor, acho que terminaram ele ainda hoje. Pensa em algo? 

Rassilon sorri de canto:

— Traga-me as listas do cofre do tempo. Mandarei um presente ao meu irmão.

***

De sua triste, escura e solitária mesa, em sua triste, escura e solidaria sala, vislumbrava o Ladrão aos dados sobre o número de Daleks, já presentes no planeta, e as frotas que chegavam. A sua felicidade era evidente, e o jeito que sorria, e o jeito que respirava, afirmaria isso mil vezes.

— Rassi... Coitado. - Gargalhava. – Com todos esses milhões de soltados, já estou até começando a ficar com pena de você! - Disse, e logo riu desenfreado.

Indo correndo para a varanda da janela, o Ladrão admirava embasbacado e feliz ao mesmo tempo, aos centenas ou milhares de Daleks nas ruas, nos prédios ou voando sobre a Cidadela.

— Este, foi o dia mais esperado de todos! - Em seguida, grita contente. – Eu não posso acreditar! Eu não posso acreditar! - E riu provocante.

Após esta contemplação, voltava à mesa:

— Eu tenho tudo, tudo. Os Daleks, são tudo agora. É só isso que importa, eu não preciso de irmãos, amigos ou doutores. Tudo o que eu preciso é do meu poder, só isso.

Entretanto, enquanto discutia profundamente consigo mesmo em seus pensamentos, é interrompido pela abertura inesperada da porta da sala. O Ladrão, encarava irritado, três Daleks haviam entrado sem ordem. O Senhor do Tempo, suspira impaciente:

— Por que entraram? Eu não chamei ninguém aqui.

— Silêncio!

— "Silêncio"?! "Silêncio"?! Acho que eu não ouvi direito! Já se esqueceram de quem dá as ordens?

— Você não é mais o mestre!

— O quê?! É claro que eu sou! E onde estão os guardas da ante-sala que os-deixaram entrar?

— Eles foram exterminados!

— E você também será! - Acrescentou outro Dalek. — Você nos enganou! 

— Do que está falando?! O que deu em vocês? - Não compreendia o mestre.

— Onde está Davros?

— Em Skaro, é claro!

— Mentira!

— Mentira! Mentira! - Replicavam graves. 

O Ladrão engole seco. Um dos Daleks continua:

— Nós enviamos um pedido de conferência para Skaro, e Skaro informou que Davros está aqui.

— Simples! Todos os dias ele vai e volta comigo, as TARDISes são muito eficientes! - Respondeu trêmulo, o Senhor do Tempo.

— Mentira!

— É verdade! Eu até juro se quiserem! Mas eu não entendo, o que houve com vocês?!

— Exterminar, exterminar, exterminar! - Exclamam, apontando as armas.

— Vocês não podem fazer isso! Precisam de mim para cruzar a fenda!

— Incorreto!

— Você não é mais necessário! - Revelou o Dalek ao meio.

— Não! - Berrou desolado o homem. 

Decepção, medo e ódio, era o que estava escrito na testa e nos olhos do ex-mestre Dalek, e que agora, se encontrava totalmente impotente, e desalentado, frente à situação.

Mirando para o Ladrão, três disparos seguem juntos.

 

 


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam do desapoderamento do Ladrão? Estava relutante com esta decisão, mas vi que um personagem com uma motivação totalmente sentimental ser derrotado simplesmente por um herói como um vilão comum, não seria interessante, e destruiria toda a profundidade que ele havia conquistado. E também vi que isso seria uma ótima e nova forma de continuar a desenvolver o personagem.
E a Hiloya, se simpatizaram? O que acharam de toda a responsabilidade que ela carrega, com o Doutor e o Mestre mortos? Tem uma coisa sobre ela que decidi não mencionar na história, pois não queria por avisos na Fic, e deixar a classificação ainda em 13, estou falando que a Hiloya é lesbica, mas é um detalhe sem importância.
Uma correção, sobre auqela parte da Romana questionando sobre o dinheiro que a Garce deu, sim eu sei os bancos podem converter o dinheiro, aquilo foi só uma gracinha para a história.
O próximo capitulo também demorará de ser publicado, também ainda não escrevi, e estou muito sem tempo. Se gostaram do capítulo comentem, a sua opinião é muito importante para mim, e se não gostaram do capítulo, comentem também kkkk
Até a próxima.