Meu maior tesouro. escrita por Myu94


Capítulo 6
6° Capítulo.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem !



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6°Capítulo.

 

Então! Vamos aos ingredientes para fazer o franco, eu vou usar a coxa e a sobre coxa, vamos limpar o frango, ou seja .. tirar a pele do frango e um pouco da gordura, tem gente que deixa e gosta, mas como Gabriel é muito pequeno acho mais saudável tirar essa gordura. –Eu digo já separando a pele da carne do frango, é a parte mais gostosa do frango na minha opinião, eles continuam olhando meio bobos pela forma como eu tiro as partes da pele sem cortar a carne macia, depois de limpar das partes coloco em um pode. –Bom já limpo vamos temperar, sabe aquele seu macarrão turbinado tinha coisas que eu realmente amei, como noz-moscada e, cebolinha, coentro, entre outras coisas que eu uso com constância nas minhas receitas.

—Ah é que a minha mãe faz um tempero completo com várias coisas e me dá pra eu temperar um bife que ela já manda cortado pra me ajudar, mas na maior parte do tempo a gente compra comida já feita de um restaurante no final da rua.. –Ele afaga a cabeça de Gabriel que concorda com o que ele diz, amo essa cumplicidade deles, isso sempre me faz pensar de eu seria assim com meu pai se ele não tivesse abandonado a mim e meus irmãos, ou se Gustavo seria assim com o nosso filho... adotado ou não.

—Bom... É, como eu ia dizendo, vamos colocar sal, cominho, corante (coloral), soco da metade de um limão, ou uma colher de sopa de vinagre, orégano, e um pouco de noz-moscada, mas tem que ser pouco porque ele é muito forte e, por final um dente de alho amassado e picado, e tampamos para que ele descanse no tempero, entenderam?

Eles olham para mim como se eu fosse uma mágica, amo isso, lavo minha mão pela terceira vez, antes de pegar os tomates de cebolas e os pimentões, pelo menos as ervas estão já cortadas. –Miga não sabe como eu senti saudade da sua comida enquanto eu estava na gringa.

—Percebe-se, você está mais magra... estava vivendo de que? –Pergunto enquanto corto tudo olhando para ela ao mesmo tempo, os meninos ficam com os olhos espremidos esperando eu cortar os dedos. –Calma meninos, a última vez que eu cortei os dedos fazendo isso, Gabriel nem era nascido, então calma... com os temperos cortados, nós já adiantamos um pouco da receita, pegamos uma panela grande colocamos os pedaços e, levamos ao fogo médio para que ele cozinhe um pouco antes de fritar, enquanto ele cozinhar a carne vai liberar água e formar um caldo que vamos usar mais tarde pra fazer o molho, nesse meio tempo e que a galinha está na panela vamos desligar o feijão e liberar um pouco da pressão.

Nesse tempo em que cozinhava Melissa e Gabriel deixaram a cozinha para ir ver algumas coisa na televisão e perdeu o interesse na comida, o que não me surpreende, já que ambos sabem que não vou deixar ninguém passar fome, mas Augusto continua no meu lado olhando como eu provo cada coisa que eu faço ao mesmo tempo que me faz perguntas, como do tipo.. "Eu posso usar esse tempero pra qualquer tipo de carne" ou "Como eu sei o ponto certo do frango" Gustavo nunca me fazia essas perguntas, sempre teve tudo pronto, nunca fez questão de aprender nada.

—Olha para o frango, como está saindo água dele.. ele está cozido, mas vamos deixar ele dourado e com aquela crocância, que deixa ele ainda mais gostoso, bom... tirando esse caldinho a gente coloca um pouco de azeite na panela e abaixa o fogo e deixa ele fritar, depois ficamos virando ele para que doure em ambos os lados. –Ele se encosta em mim para olhar mais de perto o que me deixa meio tímida.

—Sabe... eu vi você chorando quando sua amiga chegou, eu ouvi uma conversa no corredor e olhei pelo olho mágico da porta, sei como essa fase é difícil e eu só quero que saiba que você já tem um amigo para falar sobre isso, garanto a você que essa fase de fossa não é nada comparada a perda que ele devi não ter se dado conta que teve, Milena ... olha só para você, jovem, bonita e uma cozinheira brilhante, só fique forte minha linda. –Ele segura minha mão e eu sem perceber sinto algo pingar na minha blusa e, logo em seguida sinto seus dedos enxugando meus olhos... mas sinto também mais ardência que me faz soltar um grito.

—Porra Augusto! Meus olhos Miséria! Você pegou na cebola cortada foi? Droga to cega! –Eu esbarro na cozinha inteira antes de chegar na pia e lavar os meus olhos..

—Meu Deus Milena foi mal, eu estava só provando um pouco do tempero, eu fazia isso na casa da minha mãe e virou um costume, ai meu pai, o frango vai queimar! Mila o que eu faço?? –Ele tinha as mão no cabelo, eu mal conseguida ver nada, corri para o fogão e desliguei.

—Nada, vai sentar lá antes que toque foco na casa ou me machuque! –Pareço uma mãe falando, mas acho mais seguro para minha integridade física.

—Mas Mila... –Ele tem olhos pidões, o que é muito fofo, mas não me convence, aponto novamente para Melissa e Gabriel que riem muito da situação em que estávamos. –Sem "mas", se não ninguém come hoje.

Com um bico maior que o mundo ele pega uma cadeira e fica do outro lado da bancada apenas me observando cozinhar, o modo de como eu descascava as batatas e depois de cozidas as amassava para poder colocava manteiga e creme de leite para o puré, depois de temperar o feijão e fritar e colocar os temperos, passei tudo para travessas, pôs a mesa logo depois todos nós sentamos para comer, o primeiro jantar entre amigos fora da minha casa... da minha antiga casa.

—Case comigo amiga! Nunca mais passarei fome de novo! Decide ... vou virar viada, e vamos casar e morrerei pesando uma tonelada! –Melissa sempre escandalosa, todos rimos, Gabriel acha graça, mas acho que ele não entende metade do que ela disse.

—Não diga bestarias, pode vir sempre comer aqui, agora você sabe que eu gosto de outra fruta e não daríamos certo... sou ciumenta demais .. –Digo soltando um beijinho para ela.

Augusto ri mais ainda engasgando com o copo de refrigerante, o que fez vazar pelo nariz. –Nossa !

—Vingança do universo por passar o dedo de cebola nos meus olhos mais cedo! –Rimos todos auto com a cara de pena do eu vizinho de porta.

—Não foi de propósito! –Protesta ele falsamente inconformado pela minha brincadeira.

—O destino discorda! –Dito enfiando um pedaço generoso de coxa na boca fechando os meus olhos para apreciar melhor o sabor, nossa, eu amo comer!

—Por favor senhorita vizinha bonita da frente de mais aulas ao meu pai... não quero mais passar fome! –Gabriel surpreende a todos soltando sua pérola no ar e, mais uma vez todos voltamos a rir, e mais uma vez uma pessoa na mesa se engasga com a comida.

—Claro meu querido, se depender de mim, fome você não passa mais.

***

Depois daquela segunda-feira de diversões, os dias que se seguiram não foram os mesmos, eu comecei a dar aulas do básico na cozinha para Augusto, que por sua vez contou a Maria Fernanda fofoqueira do 23°, que espalhou pelo prédio as minhas aulas, o que fez algumas vizinhas pedirem receitas e até mesmo algumas aulas depois que chego do trabalho, o que tira minha cabeça dos problemas, minha mão ainda me incomoda, mas o Dr. Douglas disse que está se recuperando bem, ele me agradeceu pelo bolo que levei comigo para os médicos na minha última consulta, desde que comecei com isso de aulas tem sobrado muita comida em casa e, pra não ganhar peso tenho que distribuir para alguns novos amigos.

Me despedindo de D. Ana a minha última "aluna" só ficamos eu e Gabriel sentados na minha sala assistindo mais um episódio de Dragon Ball, ele tem me feito companhia enquanto o pai as vezes tem assuntos pra resolver. –Como foi a escola hoje?

—O de sempre né tia, aula chata ... menos o recreio, o recreio é demais. –Ele está deitado na minha perna olhando para a tv todo largado, notei que ele está meio cheinho.

—Já fez o dever de casa? Aliais, onde é que está o seu pai que você chegou do colégio e veio direto pra minha casa? –Me inclino mais para frente pegando minha correspondência em cima da mesa de centro, vasculho as contas de luz, agua, banco, ministério público.. oi? É a intimação para eu ir ter a audiência de conciliação, estava tão bem, que nem lembrava que eu estava me separando.

—Está conversando com a minha mãe, ela está no Canadá a uns meses, ela vai se casar e saber como fica a separação deles. –Sou tirada da minha tragédia, pela tragédia do menino que fala tão sem interesse da separação dos pais.

—Oh meu bem, sua mãe... seu pai não fala sobre ela. –Afago seus cabelos e ele fecho os olhos sentindo meus dedos em seu cabelo macio.

—Ele chorava muito a um tempo atrás, a mamãe não gostava tanto de mim então eu não ligo, mas o papai sente e eu tento ser um bom menino. –Ele se encolhe um pouco a mim, sei que quer chorar, mas ele se segura e fica vermelho no processo como o pai.

—Amorzinho, só estamos nós aqui, pode chorar se quiser... será um segredo nosso.. –Eu o levanto e o abraço, sinto meu pescoço molhar, mesmo sendo tão novo, eu sei que entende e sente o que o abandono.

—Tia... eu sou um bom menino, porque a mamãe não me quer? –Sua voz é apenas um sussurro, eu sei que ele tem

Suas palavras me cortaram o coração. –Amor... eu não conheço a sua mãe... mas eu sei que eu conheço o seu pai e ele te ama muito mais que qualquer pessoa nesse mundo, e qualquer pessoa teria muita sorte em ter você como filho ou amiga, então não chore meu querido.. porque você é muito amado.

Eu afago a sua cabeça e beijo a seus cabelos, ele olha para mim e sorri triste, eu sei que ele se sente mais aliviado por contar para alguém. –Tia... eu estou com fome...

Nós rimos muito disso, é assim que ele vem engordando nessas últimas semanas, ele me chama de tia e pede comida e isso me acaba, e eu penso que se um dia eu tiver um filho quero que ele seja assim, doce e gentil. –Tem um bolo quentinho em cima da mesa, vou fazer um chocolate e comer.

—Queria que minha mãe fosse como você tia, você é a melhor! –Faço cosquinha nele e ele gargalha alto, ouço a porta ser aberta, Augusto passa por ela, olhos inchados e pescoço vermelho, ele sorri para nós, mas eu sei que ele assim como eu tem um buraco no coração. –Papai!!! Olha, tia Mila fez bolo pra gente!!

—Nossa que legal filho, o pai precisa mesmo de muito doce agora... –Ele se senta ao lado do filho e o aperta, eu os observo e vejo como a interação e sinto uma pontada de inveja.

—Quem quer uma overdose de açúcar agora? –Digo segurando pedaços de bolo, e canecas de chocolate quente.

***

—Deveríamos ter feito isso ontem Augusto, olha só essas pessoas! Eles parecem animais que nunca viram comida, olha aquela fila! Na próxima vez que você me convencer a ficar maratonando Games of Thones bem no meu cronograma de compras no supermercado eu juro que vou te esfolar vivo!

Nós estávamos fazendo as compras do mês, queria ter ido na quinta-feira antes do dia 21 de julho, mas cá estamos nos! Eu, Augusto e o... –Tia! Olha ali o bote de doce de leite que você me mandou procurar, tia quero sonho com doce de leite, você faz? –Ele comeu dois pedaços grandes de balo antes de sair de casa, e também um copo de refrigerante e algumas balas que eu tinha na bolsa.

—Eu acho que você é candidato a diabético garoto, nada de sonho pra você, Augusto, vai para a fila da carne e pega tudo que está na lista, depois eu quero que você compre os cortes de frango que também estão na lista e.. –Eu estava falando alto e fui cortada por uma voz que minha mente já havia esquecido.

—Mila?

—Joana? –Sim, a vadia gravida.

—Eu.. como está? –Ele está diferente fisicamente, mas aqueles olhos de harpia ainda eram iguais, ela está de vestido florido o que ela não costumava usar, mas cabelos curtos, ela empurra o carrinho diabolicamente na seção de biscoitos e bebidas quentes esfregando a levemente o ventre ainda liso.

—Joana, não vamos fingir que temos amizade, preferia que tivesse me ignorado. –Digo olhando em seus olhos fazendo de tudo para manter minha sanidade, repetindo para mim mesma "não bate nela, ela está gravida".

—Mila, já faz um mês, não podemos conversar.. e. –Ela se interrompe ao olhar para quem está atrás de mim, Augusto, ele está segurando a minha mão para que eu me acalme, notou que elas tremiam e me deu apoio. –Olá você ... eu não conheço você.

—Sou Augusto, amigo de Milena e se você nos dá licença, nos ainda tempos que receber pessoas em casa para uma social. –Ela faz menção em se aproximar, mas Augusto a corta, não dá tempo que ela proteste ou tente se fazer de santa. –Mila acho que nós precisamos de pão, porque você não vai buscar....

—Joana eu não achei a loção que o médico passou, então acho que vamos ter que procurar na farmácia mesmo. –Hoje não era o meu dia, Gustavo estava diferente também, cabelos maiores, barba por fazer um pouco mais densa, estava com uma camisa de flanela esgarçada nos braços e usando um jeans lavado, que por sinal... foi eu que dei, ele estava tão concentrado que não me notou no primeiro momento, mas seus olhos se prenderam em mim, em nos. –Milena..

—Olá Gustavo, como está ? –Minha voz saiu firme, mas meu coração estava em pedaços, eles estavam juntos, não era para me surpreender, não era para me chocar, mas estou, ele respira fundo antes de me responder.

—Bem e, imagino que esteja bem também... vi suas fotos, as das aulas no Instagram de Melissa, sempre soube que seria uma ótima professora. –Ele ignora Augusto, mas também o analisa. –É .. Marcos me ligou para falar da audiência e, sobre algumas coisas sobre o terreno da padaria que está no meu nome, eu ia te ligar pra marcar um almoço para discutirmos isso... o que acha? Domingo no Alex?

Ele não se atreve a chegar perto de mim, mas sinto sua necessidade em não me deixar pensar. –Sábado é melhor, domingo que tenho um evento.

—É, é muito importante, a tia Mila prometeu que ia me levar ao cinema para ver os Incríveis dois! Desculpa ai moço mais ela ta comigo! –Gabriel diz em plenos pulmões!

 

Continua no próximo capitulo. 


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Notas finais do capítulo

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