Meu maior tesouro. escrita por Myu94


Capítulo 3
3° capítulo


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas,
este capítulo foi editado dia 30/08/2018, qualquer erro por favor mandem um feedback.
musica para dar clima a esse capítulo.
https://www.youtube.com/watch?v=dcOzCdvp3iI

Espero que gostem.



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3° capitulo.

Estamos deitados na mesma cama, mas não nos tocamos, não nos olhamos, apenas coexistindo no mesmo lugar, a luz da manhã bate na janela iluminando o quarto, eu sigo com os olhos o feixe de luz que passeia pelo quarto com o passar dos minutos, a mala está pronta com coisas essenciais e o resto minha irmã vem buscar depois, meu celular desperta me avisando que são sete horas da manhã de sábado e que eu teria que ir mais cedo para a Pão de Mel, me sento na cama e olho para ele que também está acordado. –Eu vou fazer um café para nós...

—Ok, eu vou tomar um banho e, vou lá... –Ele evita maus olhos, pega a toalha e some.

Depois de fazer o café eu  tiro o pão do forno, Gustavo aparece e se senta na mesa e começa a se servir, eu pego a caneta magnética que está presa no quadro na porta da geladeira, anotando instruções mesmo eu sabendo que ele não vai ficar sozinho aqui por muito tempo, mas é bom que ele saiba da validade das comidas no congelador e das frutas na gaveta, também que daqui a cinco dias tem que ir no mercado fazer comprar e o que ele precisa de cada coisa.

—Gustavo, deixei aqui no quadro o que você precisa do mercado e da feira, além da validade das coisas no congelador, acho que essa semana você se vira bem. –Digo de costas para ele tentando me lembrar do que mais falta para ele comprar, mas a sua voz e o que ele disse me fazem virar e encara-lo.

—Você se comporta como se fosse viajar, mas sabemos que isso é um adeus. –Ele ainda não me olha, sua tensão deixa todo o ambiente meio pesado. –Quer que eu te ajude a colocar as coisas no carro?

—Não, eu não preciso de ajuda, pode continuar a tomar o seu café que eu vou ver se esqueci alguma coisa. –Ele balança a cabeça em concordância, somos interrompidos pela campainha, no caminho para o quarto vou até a porta atender e me deparo com Thiago irmão da Joana, ele fica meio surpreso em me ver. –Milena? Achei... achei que não estaria em casa a essa hora da manhã. –Ele é de longe o maior babaca que eu conheço.

—Eu ia, mas deixei o Eric tomar conta hoje, eu tenho muitas coisas para organizar antes de ir, você veio falar com o Gustavo né? –Ele sabe de Gustavo e da irmã, por isso me olha assim com dó, mas o engraçado é que eu não vejo vergonha, igualmente a irmã, ambos não tem vergonha do que fizeram ou fazem.. –Gustavo! O Thiago está aqui!! –Grito da porta. –Tenho que ver umas coisas...

Dou minhas costas para ele e o deixo ali esperando o Gustavo, não tenho intenção alguma de ser educada com ele, nunca gostei de Thiago e das brincadeira sem graça que ele fazia nos encontros com a galera, já cansei de fazer café forte quando ele dava TP nos fins de festa, vou até o banheiro lavar o rosto escovar os dentes e tomar uma ducha, quando eu termino ouço vozes nervosas na sala, eu me aproximo para ouvir melhor.

—Eu não tenho a intenção de desistir da MINHA ESPOSA! NÃO INSISTA! –Grita Gustavo com o dedo indicador na cara de Thiago, eles nem me notam ali.

—Na hora de iludir minha irmã soube, mas agora não quer assumir o filho né, não sei como a Milena se submete a isso, será que ela não vê que está sobrando nessa relação, seja sensato cara, ela nem pode te dar filhos.. –Gustavo o pega pelo colarinho o aproximando dele, ficando cara a cara.

—LAVA SUA BOCA PARA FALAR DELA! Milena é integra, honesta, doce e, está sofrendo o que não merecia, mas eu estou pagando pelo meu erro.  –Gustavo o solta e se senta no sofá com a as mãos na cabeça, Thiago ajeita a camisa que estava bagunçada pelo ato de raiva de Gustavo e, enquanto se ajeita seus olhos me veem se espantam.

—Milena eu não... –Tenta se justificar, mas não sabe o que dizer, Gustavo me olha alarmado até se levanta.

—Está tudo bem Thiago, você está defendendo a sua “Querida irmãzinha”, mas eu estou cagando e andando para vocês dois... Eu nunca gostei de você, sempre enfadonho e pouco inteligente, sempre se achando o gostoso e, só para você saber... as meninas chamam você de escroto pelas suas costas, recomendo que saia da minha casa, veio  aqui e disse o que queria e, agora não tem mais nada a dizer. –Ando até a porta e abro  para ele sair.

O escroto não diz nada e apenas sai, não espero nem que ele se afaste para bater à porta com força, esfrego meu rosto e Gustavo me olha triste e envergonhado. –Agora eu entendo porque você quer ir embora, as pessoas vão falar coisas como essas para nós e, vai ser desgastante, mas se você lutar comigo..

—Não, a época de lutar foi a dois anos atrás na primeira traição, você podia ter me dito que se sentia frágil e que estava triste e eu poderia ter te perdoado, podíamos ter conversado, podíamos ter feito alguma coisa, mas agora não vai ser apenas desgastante, ia ser destruidor porque até depois de um tempo longe podemos tentar sermos amigos, eu acho melhor começar a colocar as coisas no carro, então.... –Eu não espero que ele termine, apenas me afasto, pego minha mala roxa de rodinhas e uma mochila, ainda tinha mais uma mala, mas acho que não consigo levar tudo de uma vez, mas quando me viro para sair do quarto encontro Gustavo vindo em minha direção, ele anda até a mala e começar a andar, já na garagem de casa ele abri o porta-malas e acomoda as coisas.

—Eu só espero que você me perdoe, eu estou assustado de ficar aqui sozinho.

—Eu não sei o que posso te dizer além de que eu ainda te amo e, que você ficar bem. –Abraço ele pela última vez, mas não posso ficar cega nesse momento. –Mas eu não posso ficar..

Eu pego as chaves  nas mãos dele e entro no carro, quando estou saindo  eu consigo ver o Gustavo pelo retrovisor acenando para mim, já distante me permito chorar por estar finalmente vendo a dimensão do que vou enfrentar.

Dirigindo pelas ruas de salvador posso ver o mar da Barra, nunca teria condições de pagar um apartamento nesse região, mas Marcos sempre foi uma pessoa privilegiada pelos pais, com o salário de advogado ter um nível alto de vida não é surpresa morar por aqui, me sinto até mal por pagar tão pouco pelo aluguel, mas essa é a menor das minhas preocupações, agora tenho que pensar como contar a minha família, como contar aos meus amigas a história e, como seguir com a minha vida a partir de agora.

Quando chego na entrada do condomínio Morro do Ipiranga paro na entrada e mostro minha identidade para o segurança, ele libera o portão para eu entrar, paro o carro no estacionamento interno, só tinha vindo visitar Marcos algumas vezes era raro ir à casa de amigos já que todos iam a minha casa por causa da comida que eu fazia para todos, ainda dentro do carro ligo para Marcos, nem me lembro mais em que andar ele mora, o cretino demora a atender. –Já estou aqui, desce e me ajude porque eu estou com uma mochila e duas malas pesadas.

—Oi para você também minha querida, estou cozinhando para nós e não posso fazer isso, venha no 15° andar, apartamento número 12, a porta está aberta é só entrar. –Marcos diz com um ar humorado.

Ele desliga na minha cara e fico indignada, eu quero apenas um banho e dormir um pouco, mas já vi que ele vai me tirar do sério falando do divórcio e do que eu posso tirar disso. –Desgraçado! –Abro a porta, abro o porta-malas  e, pego minha mochila e as malas, vejo que existe poucos carros nessa hora do dia, apresso meus passos puxando meus pesos porque não gosto muito de andar por lugares vazios como esses, chego até o elevador aperto o botão para abrir, ele demora um pouco para descer  então eu aproveito para poder olhar as minhas notificações existem apenas algumas ligações da minha irmã, de alguns amigos e de Joana, na curiosidade eu abro a mensagem, o que leio me faz querer quebrar o meu celular ao meio. –“Por favor, nosso amor não foi planeja, apenas aconteceu...” aquela desgraçada não podia estar feliz e me esquecer?! –Eu a bloqueio nem percebo quando o elevador  quando chega, as portas se abrem e sinto o impacto de ser derrubada no chão. –Meu Deus!

—Oh Cristo! Gabriel cuidado garoto, o moça me desculpe meu filho é hiperativo. –Eu apenas escuto sua voz exasperado, mas também com um humor por detrás da preocupação.

Meus olhos estão lacrimejando e fechados devido a dor na minha mão que está por baixo do corpo pequeno que eu protejo do concreto, sinto dedos  pequenos no meu rosto, quando abro os meus olhos vejo óculos grandes e quadrados, por de trás deles vejo lindos olhos castanhos enormes. –Desculpa moça... eu te machuquei? –Sua voz é suave como a de todas as crianças de cinco anos, seus cachos cobrem suas sobrancelhas o que só deixa de rosto o óculos, orelhas e, pintas.

Eu faço que sim a com a cabeça, queria poder gritar com ele, mas o garoto parece um anjo de tão fofo, sonhei tanto que um dia meu filho fosse assim. –Sem problemas garoto, apenas não corra ao sair de um elevador ... Você está bem?

—Estou sim moça. –Diz tímido, ele é erguido pelo homem e o mesmo ajuda o garoto a se limpar da poeira, o cara que eu suponho que seja o pai fica de frente para mim com cara de espanto olhando para a minha mão, depois disso me dou conta que o meu curativo está molhado de sangue, trago minha mão para a frente do eu rosto e ela está toda vermelha, acho que os pontos estão abertos...  –Meu Deus moça você está sangrando! Pai eu matei a moça, ela vai morrer por minha causa! –Gabriel grita com as pequenas mãos na cabeça com os olhos vermelhos pronto para chorar por ter me “matado”.

—Não, calma garoto... eu cortei a minha mão e dei pontos ontem, quando eu te peguei para que não batesse com o corpo no chão os pontos abriram, mas está tudo bem.. –Digo lhe dando meu melhor sorriso mentiroso, quero subir e guardar tudo e voltar a clínica para refazer os pontos.

—Desculpa senhora... –O homem que só agora eu posso o rosto incrivelmente lindo me ajuda a levantar segurando o meu braço, ele pega minha mão de forma delicada puxando o ar por entre os dentes ao ver quão feio está, mas ele percebe que o menino volta a ficar com a cara de choro, então sorri para o filho tentando amenizar a situação. –Eu sinto muito, eu sou o Augusto o pai dele... deixa eu te ajudar com suas coisas é o mínimo que eu posso fazer e, se me permitir posso te levar ao médico também.

—Eu queria dar uma de durona e recusar sua oferta, mas como hoje não parece ser meu dia eu acho que vou aceitar, eu vou para o décimo quinto andar, apartamento número doze. –Digo em um tom meio cansado, de fato estou esgotada, traição dupla, humilhação, acidente, briga ... é, meu carma veio todo de uma vez. –E corta o “senhora” eu sou da sua idade ou quase isso, eu sou a Milena Gomes ou Salomon.

—Foi mal, é que eu notei sua aliança enorme no dedo. –Ele ri meio sem graça, coçando a  cabeça. –Então vou ser seu vizinho de porta, eu moro no apartamento dez, você é amiga do Marcos?

—Sim, uma amizade de faculdade que dourou depois de nos formarmos e, por falar dele.... Marcos já devi estar preocupado. –Digo puxando as minhas coisas e me curvando para pegar o meu celular no chão, Gabriel adorável pegou a mala que é maior que ele para me ajudar, mas quase se acidenta de novo, o pai impede que a mala caia por cima do seu corpo e o esmague. –Oh querido, seja cuidadoso!

—Esse menino é a vingança dos meus pais, saiu a mim quando tinha a idade dele, Milena vamos indo antes que ele arranje mais confusão. –Ele apoia a mão em meio as minhas costas pressionando levemente para que eu anda para frente.

Balanço a cabeça em concordância, ele aperta o botão do elevador novamente e as portas se abram e estava vazio e, entramos Gabriel um tanto inconformado por não ajudar com as malas está de bico, eu tento ajeitar minha mão acidentada que está um tanto latente e sensível, o Augusto olha para ela através do vidro bem a nossa frente. –Eu me sinto horrível, Gabriel só correu porque eu estava brincando com ele mesmo sabendo que esse lugar não é local  para isso, ele tem estado deprimido esses tempos e eu só queria tirar umas risadas dele...

—Está tudo bem, esse acidente não é nada perto desses últimos três dias e, seu filho é uma graça, ele é muito educado e um cavalheiro que até tentou pegar a minha mala, muito obrigada viu querido.. –Disse tocando seu cabelo com a minha mão boa.

Em resposta ele me dá um sorriso lindo, sinto uma fisgada na mão que me faz gemer e, Augusto localiza meu rosto. –Está sentindo dor só agora né, é a adrenalina do acidente que está abaixando, então a dor que você não conseguia sentir está aparecendo agora.

—Ual e, tudo fica melhor! Marcos esse filho da mãe poderia ter vindo me ajudar, mas fazer o que né? Quando o azar te pega não solta mais. –Digo mais para mim, do que para ele, mas mesmo assim arranco um riso de ambos.

—Então, você seja bem vinda ao prédio, existe gente muito legal morando por aqui, menos o cara do número 10, o senhor Fernando é meio doido e gosta de cheirar as mulheres no elevador, ele nunca fez mais que isso, mas se puder evitar de entrar com ele no elevador faça.

—Vou me lembrar de fazer isso quando eu o ver, se poder me mostrar quem ele é, vou ficar feliz em evitar o pervertido. –Ele sorri meio anasalado, é um sorriso bonito.

O elevador para e quando saímos ele puxa as malas e andamos pelo corredor de cor pastel bege, as portas de madeira escura com números quase no meio, paramos no apartamento dose e destravo a porta e entrando, é um lugar legal que mudou pouca coisa desde que vim aqui da última vez, o sofá é cinza de um tom fosco, com uma mesa de centro de madeira e vidro no centro, uma Tv de LCD, presa a parede, um rack com um home theater, o alguns livros e revistas e um telefone fixo preto.  –Olá? Marcos!

O homem negro sem camisa e calça de moletom descalço vem até mim vindo da cozinha, ele tem nas mãos uma escumadeira e um pote de extrato de tomate. –Bem vinda minha querida! Porque demorou  tanto? –Ele me abraça e sinto cheiro de temperos e cebola, mas ele solta um som de surpresa por ver Augusto e Gabriel atrás de mim. –Oh Cara, o que faz aqui?

—Eai! Eu é que tenho que perguntar o que faz aqui?! Achei que já tinha se mudado!! Estou aqui porque o Gabriel esbarrou com ela na frente do elevador lá embaixo e ele caiu por cima dela e da mão ferida, o  que abriu os pontos, ela não poderia subir machucada assim, então nós a acompanhamos até aqui. –Augusto fala tudo em sopro só, Marcos se solta de mim e procura minha mão com os olhos, ele deixa a escumadeira no rack e aperta a mão do vizinho.

—Obrigado Mano, foi muito legal da sua parte fazer esse favor,  hoje em dia tem gente que ia deixar batido e, me desculpa querida... é que eu estava com o macarrão no forno qualquer coisa ele podia queimar, mas pelo visto era melhor que tivesse queimado... –Ele diz com o rosto triste.

—Está tudo bem Marcos, vou ao banheiro ver como está a situação da minha mão e se estiver muito ruim eu vou a clínica rapidinho e volto, meninos foi um prazer conhecer vocês e muito obrigada por terem me ajudado. –Afago os cabelos cacheados de Gabriel e beijo sua cabeça e ele cora, depois eu dou um meio abraço no pai e um beijo no lado esquerdo do seu rosto.

—Não fiz mais que minha obrigação, se não fosse por mim você estaria bem. –Diz meio encabulado o que deixa ele fofo.

—Cara por que vocês não almoça aqui? Você liga pra Ana e chama ela pra comer. –A feição de Augusto muda drasticamente ao ouvir o nome da tal Ana.

—Nós iremos comer na minha mãe, estamos até atrasados, mas fica pra próxima, foi um prazer te conhecer também Milena. –Sua postura e feição ainda continuam tensas, ele tentar sorrir, mas é visível seu abatimento.

—Qualquer dia desses vocês vem pra comer um bolo e conversar, Tchau Gabriel.. –Ele abraça minhas pernas e depois pega a mão do pai, então eles se vão e a porta bate e ficamos nos dois ali sem compreender o que aconteceu. –É.. parece que você tocou em um ponto crítico, mas enfim.. eu vou ver esse machucado.

—Ok, vou lá olhar o macarrão, venha comer alguma coisa e então pode me contar o que realmente está acontecendo, não me olhe com essa cara Milena, eu sou praticamente seu irmão... Melhor! Quase seu primo... –Ele fala com um sorriso sacana.

—Primo... sei, pode fechar esses dentes pra mim... –Digo indo em direção ao banheiro, não me lembrava que era tão grande, tem até uma pequena banheira branca no canto embaixo de uma pequena janela. –Nossa.. –Fazia realmente muito tempo que não vinha aqui, desenfaixo o curativo que já está grudando na minha mão porque o sangue está secando, quando finalmente o machucado está exposto eu vejo que o ponto não se abriu, apenas sangrou mesmo, lavei a mão suja e ai eu me lembrei que deixei minha mochila com as coisas na sala, volto para pegar a pomada e a gaze e me deparo com a minha irmã e Marcos falando de forma enérgicas. –Ela teve a coragem de vir falar comigo, você acredita? Disse não foi premeditado, não foi de caso pensado Marcos? Dois anos?! 

—Calma ...! Ela está no banheiro e pode nos ouvir, você sabe como ela é ... forte até ver um de vocês e chorar como se não houvesse um amanhã, não despeja essas  coisas na cabeça dela logo o primeiro dia longe dele tá. –Marcos apoia uma das mãos n ombro dela para que Andreia se tranquilize, eu dou uma leve coçada na garganta para que  eles notem a minha presença. –Flor... você..?

—Sim, eu ouvi tudo, não me surpreende em nada isso, ela sempre gostou de se fazer de vítima, mas sempre relevei porque ela era assim com os outros e não comigo, ou talvez eu nunca tenha notado que ela sempre me fez de idiota de alguma forma e, não eu não vou chorar, eu não consigo reagir, nem mesmo a você aqui ... eu vou pegar a minha bolsa e terminar o curativo...

—Curativo? Meu Deus Milena! O que aconteceu com a sua mão? –Ela anda em passos largos em minha direção, ela segura minha mão machucada com força e, me olha com uma mistura de raiva confusão. –Ele..

—Não! Não, ele não fez isso, foi eu... foi um acidente na padaria, eu fui ao médico ontem e ele resolveu  tudo, só que o machucado sangrou pouco porque um garotinho me atropelou mais cedo no estacionamento... –Meio sem graça eu cosei minha nuca me achando meio idiota por estar dando satisfação a minha irmã mais velha. –Agora  se me der licença eu tenho o que fazer.

Puxo minha mão e vou ao banheiro, termino de fazer o curativo, mas fico mais um tempo ali, não quero ouvir da minha irmã como Gustavo foi um merda comigo ou como Joana é uma desgraçada dissimulada, apenas fico ali sentada no vaso olhando a luz que entrar pela janelinha em cima da banheira, até que batidas na portas me fazem saltar do vaso. –Mi? Está  tudo bem ai?

—Está, já estou saindo, eu só... –Então eu saquei que qualquer desculpa que eu desse seria deprimente “Oh sim.. é que eu estou aproveitando seu banheiro.” Ou “Eu estava me aliviando”.

—OK... já estamos servindo o almoço, quer ver algum filme ou, ponho uma música?

—Musica... –Digo rápido demais sem pensar, mas analisando meu possível estado de choque, acho que uma música pode me deixar na foça com eles aqui ainda. -.. Não! Música não! Coloca um  filme bem sangrento ou um de guerra!

—Ok... Mas  a sua irmã tem a natureza enjoada, não vai querer ver, então vou ver por algum reality show sobre comida e todos seremos felizes.. –Ele grita da porta, essa situação é tão ridícula...

Quando finalmente eu saio do banheiro vejo uma cena no mínimo engraçada, minha irmã com a cabeça no colo de Marcos, ela com o prato de macarrão apoiado na barriga e ele com um prato na pernas, ambos com um copo de requeijão cheio do que eu acho ser vinho.

Eles riem de uma mulher que escorrega na cozinha por estar correndo, eles me olham, mas voltam a olhar  para a televisão, atravesso a sala e vou para a cozinha e em cima da Ilha bem no centro, tem uma travessa de Pene recheado com queijo, coloco um prato para mim  e começo a comer, comer e comer, então não resta mais nada no prato e noto dois pares de olhos em mim. –Nossa Mi, você está mal mesmo. –Essa é a minha irmã.. um  poço de sensibilidade.

—Eu apenas estou fora do ar por alguns dias. –Digo de forma baixa e, eles continuam a e olhar de dó e, preocupação. –A sete anos sou esposa, antes disse eu era namorada, e antes disso eu era uma filha responsável que só sabia dos livros e da cozinha, agora eu sou uma mulher sozinha ... –Coloco o meu prato na pia e todos os meus medos simplesmente saem como vomito da minha boca. –E que provavelmente vou comer e dormir sozinha por muito tampo, eu não bebo ou fumo, e, eu odeio o cheiro de cerveja o que torna minha faço resumida a comida! O que vai acabar me engordando, se eu ficar gorda nenhum outro homem vai me querer, nem mesmo o Gustavo se, e eu digo “Se” eu perdoar ele, a essa hora a Joana está na minha casa sem roupas fazendo miséria na minha cama ergonômica enorme, aquela desgraçada fingida que se meteu no meu casamento, e aquele desgraçado banana não foi homem o suficiente para mandar ela para a p*ta que a pariu! –Quando me dou conta, já estou gritando.

—E... pronto! Ela finalmente colocou para fora metade do que estava sentindo, eu disse a você que era só dar espaço que ela ia pôr para fora. –Disse Marcos de um jeito meio sabichão, ele se levanta e vem até mim colocando a mão sobre meus ombros. –Enfim... meu bem, não precisa ficar na fossa, se você se sentir triste existe uma academia aqui, concentre suas energias em atividade física, se canse, conheça pessoas novas, faça amigos, ou um curso ... O importante é manter-se ocupada e, que se dane o Gustavo... ele quem perdeu e, perdeu feio.

Ele sorri para mim com suas sobrancelhas erguidas em ênfase as suas últimas palavras, eu respiro fundo e o abraço, sinto seus beijo em minha cabeça. –Obrigado Marcos.

—Já vi que você está bem... se jogando nos braços quentes de Marcos desse jeito, vai de mulher-divorciada-traída, evolui a Senhora Marcos Alcântara. –Andreia sendo Andreia...

—Você podia agir como uma boa irmã  e, vir me abraçar. –Digo ao olhar para ela sobre os ombros de Marcos com um pouco de dificuldade. –Mas não precisa, se vai ser má e cínica comigo... uma pobre mulher traída e sozinha..

—Oh ... Mana isso foi brincadeira, você sabe que eu te amo né peste? –Ela se levanta e, vem a mim e, nos  abraça. –Mas o que eu vim te dizer é que nossa família já sabe, eu tentei evitar que a notícia chegasse aos ouvidos dos Oliveiras Salomon, mas nossa mãe frequenta o mesmo salão que a mãe da Joana e a fofoca estava rolando, ela me pegou desprevenida e me fez várias perguntas, ela disse que ia te dar espaço ... mas que esse “espaço” não dure muito tempo. –Ela está tensa e, conhecendo nossa mãe eu sei que ela quer saber como eu estou, e o fato é que eu não estou preparada para me abrir para ninguém.

—E tudo só melhora....

 


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Notas finais do capítulo

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