Meu maior tesouro. escrita por Myu94


Capítulo 10
10°Capítulo.


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas, espero que gostem, hoje tem fortes emoções e surpresas!



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10° Capítulo.

O sopro quente de ar bate sobre meu rosto, é agradável, mas ainda estávamos ali pensando em como sair dessa situação em que nos metemos, quero ir embora, mas também sinto que devo ficar e ouvir o que ele tem a me dizer, o que é completamente masoquista.

—Me sinto uma idiota sentada aqui falando sobre coisas que você não entende, acho que ainda é muito cedo para sentarmos e conversamos sobre essa situação. –Suspiro deixando o dinheiro e a torta deliciosa pela metade e, me levantando logo em seguida. –Lamentar o que deveríamos ter feito, não vai mudar o que fizemos.

—Por favor não vai, ao menos senta comigo e come alguma coisa.. –Ele fala de forma enfática  e em súplica.  

—Não vejo como podemos sentar e falar sobre qualquer coisa, se você fica voltando aos seus erros que ambos sabemos de cor. –Aperto meus olhos com as pontas dos dedos tentando aliviar a pressão tensa entre eles.

—Eu sei que estou sendo patético, mas você era a pessoa para quem eu corria quando me acontecia alguma coisa, me ouvia sem julgamentos e me apoiava.. o que eu estou tentando dizer e que sinto sua falta mais do que um dia eu imaginei sentir.

Saber que ele sentia minha falta tanto quando eu sentia a dele era bom, mas não era o suficiente para me  fazer perdoa-lo.

—Te recomendo procurar um analista, eu realmente estou tentando ser uma boa pessoa e, não desejar que você e a Joana morram, mas eu sou um ser humano, qualquer mulher teria queimado a casa com vocês dois dentro...

—Mas você não é qualquer mulher, você é a doce e justa, Milena. –Segurando a minha mão e a esfregando com o polegar.

—E por isso... por essa fraqueza você explora meus sentimentos para que tenha o que quer, um filho, uma esposa modelo ... e uma amante quando as coisas comigo ficarem sem graça. –Não gosto desse gosto amargo de inveja e rancor na minha boca, mas meus lábios nesse momento estão brilhando de veneno.

—Amante não.. nunca mais vou... –Levanto minha mão para que ele se cale.

—Você já disse essas palavras antes e, eu acreditei.. –Meu tom sai mais severo que eu esperava. –Não quero mais promessas, quero garantias, fatos para que eu leve isso a sério.. mas acho que no desespero você me prometeria a lua..

—Quando foi que se tornou tão cínica e fria? –Sua indignação era algo que achei engraçado e, ri por isso.

—Quando você começou a falar sobre promessas... –Nós nos olhamos por um longo momento, então notamos que David estava parado em nossa frente com os cardápios e um bloco de anotações e um expressão constrangida.

—É.. Uhm... desejam pedir?! –Tapo meu rosto com as mãos devido ao constrangimento.

—Oh sim querido, .. uma salada a moda da casa, feijão de caldo com arroz integral e um filé especial. –Faço meu pedido enquanto leio o cardápio, a dais que não venho aqui e não é por causa do dele que vou deixar de comer bem.

—Eu quero o mesmo, e.. um suco de uva integral para acompanhar. –Ele anota os pedidos e some da mesma forma que apareceu. –Você.. está gostando de dar aulas?

—Mais do que eu pensei que gostaria... –Confesso mais para mim do que para ele.

—Vejo que sua mão está melhor.. o médico disse se vai ficar cicatriz? –Ele segura minha mão sentindo a pequena ondulação ainda meio sensível do corte.

—Não uma muito grande, mas sim, com o tempo talvez suma .. mas eu não me importa. –recolho minha mão ao juntas os ombros.

—É...hum eu acho que vou comprar um cachorro sabe.. –Ele quer mesmo de fato conversar sobre qualquer coisa que seja. Ele sorri anasalado ao ver minhas sobrancelhas com a estranha e brusca mudança de assunto. –É  que ... notei que sempre quisemos um e, nunca achamos tempo ou arrumávamos uma desculpa...

—Eu acho ótimo .. pra você... –Eu já tinha até me esquecido que queríamos um cachorro, sempre pensamos em ter um quando tivéssemos um filho assim eles brincariam junto e ele ia aprender sobre responsabilidade.

—Eu gostaria de sair com você novamente... –E David aparece para nos interromper, traz nossos pratos e serve os sucos, ele me oferece um sorriso gentil e sai. –Você tem muitos admiradores ... me sinto corroer com a ideia de que se eu não me fizer presente na sua vida vou te perder definitivamente..

—Não sei o que responder Gustavo, eu realmente não sei, não quero me envolver com ninguém, ainda me sinto uma mulher casada e ... mesmo Melissa querendo me levar a festas, me apresentar pessoas novas eu ainda me sinto comprometida.. –Sei que dizer isso para ele é como dar esperanças, mas é como eu me sinto.

—Eu me sinto feliz e angustiado, feliz por saber que ainda existo dentro do seu coração, mas angustiado porque eu sei que a qualquer momento isso pode mudar, Meu amor.. eu só te peço a chance de mostrar que só existe você na minha vida.

Eu respiro profundamente para poder tomar a coragem de olhar para ele, conheço esse homem bem, ou achava que conhecia, eu coração quer dar uma  nova chance apesar de estar ferido, mas minha cabeça me lembra de Joana, lembra dos 24 meses de traição que resultou em uma criança... uma criança que não pode dar a ele.

—Milena, você não vai me responder? –Olhar aquela feição triste me fez ver que aquilo era apenas desespero e, ele nunca é um bom conselheiro, minha melhor opção era engolir a minha dor e ser inteligente por mim e por ele.

—Como eu disse antes, eu ainda acho que seja cedo para chances, podemos conversar, sermos amigáveis, acho que será bom estarmos distantes, não quero voltar e ficar preocupada toda a vez que chegar tarde, ou toda a vez que tiver que ir a um exame do seu filho. –Nessa hora as lágrimas beiram meus olhos, mesmo que eu não queria elas estão aqui. 

—Mas amor.. eu penso que .. –Ele respira pesadamente tentando argumentar o que não tem cabimento, não existe resposta para os meus medos.

—Você sabe que estou certa, sabe que não vai poder me estar 100% para mim e, eu nem quero isso, criança são indispensáveis, podemos tentar nos vez as vezes, quem sabe sermos amigos, mas agora com esse filho é impossível qualquer relacionamento. .. não sem eu me sentir insegura ou confiar em você como antes... –Dessa vez essa conversa acabou.

—Então é isso? Vamos ser amigos? Vou ter que me contentar em ser apenas mais um para você? Eu não consigo me conformar com isso...você não quer nem mesmo tentar.. –Ele se ajeita na cadeira de forma desconfortável se projetando para frente.

—Acha que é fácil para mim? Quem deveria estar revoltada aqui sou eu, quem deveria estar devastada aqui sou eu, mas eu não posso e sentir assim, não quero me sentir assim... por que se eu me sentir dessa forma acho que nunca vou me recuperar... –Me levanto pegando a minha bolsa e tirando o dinheiro da carteira pagando o meu prato.

—O que está fazendo? Espera! Não.. –Ele se levanta também notando que estou partindo. –Desculpa.. vamos conversar mais por favor amor...

—Não! Chega! Ainda estamos muito feridos para poder falar e, -Afasto sua mão do meu braço. –Eu acho... Só me deixa ir, adeus Gustavo.

Minhas pernas me tiram de lá de forma automática, me levam para o outro lado da rua onde eu estacionei o meu carro perto da lixeira verde, mas eu começo a passar mal, minhas narinas ardem de tanto puxar o ar para dentro, meus pulmões vão explodir e meu coração dispara de forma incontrolável, minhas mãos tremem e não sinto minhas pernas mais, tudo a minha volta está como se estivesse em um carrossel que gira rapidamente e, que o movimento das pessoas a minha volta ficam parecendo um borrão, estou tendo um ataque de pânico... me agachando no chão ao lado do carro eu me concentro na minha respiração para poder não perder minha consciência, conto regressivamente de 10 a 1, e aos poucos tudo vai se acalmando e mim, mas com o passar a calma ouço um som que se parece com um miado dentro da lixeira, meio cambaleando  me aproximo dela e vejo algo horrível, terrível, uma criança, suja e com o cordão umbilical dentro de uma caixa de papelão. –Santo Deus!

Minhas mãos vão a boca, a criança chora fraco, as moscas estão sobrevoando meu corpo pequeno, quanto tempo ela ficou ali? O sol sobre sua pele frágil, que monstro faria algo assim com um ser tão inocente? –Ei, Ei amorzinho, vamos te tirar daqui...   

Algumas pessoas que passavam pela rua se aproximam de mim, dada a minha reação ao me debruçar de encontro a lixeira. –Moça... está tudo bem.. Meu Deus ! O que ... Santo Cristo!

—Chamem uma ambulância, tem um bebe dentro da lixeira! –Grita uma senhora ao meu lado, eu nem mesmo havia a visto ali.

—Milena o que... É uma criança? –Gustavo surgi do nada, talvez tivesse vindo me ver.

—Sim, é sim, pelo amor de Deus alguém.. deixa, eu vou levar ela para o hospital, por favor avisem a polícia que vou levar ela para o Hospital Santa Helena, lá tem um UTI neonatal. –Puxo a caixa para mim com cuidado, se eu esperar a ambulância vai demorar muito tempo ainda mais dia de sábado na hora do almoço.

—Milena isso é loucura! Espera o SAMU, ou a polícia, pode prejudicar a criança removendo ela assim. –Gustavo tenta me parar, mas eu não escuto e coloco a caixa no bando do carona.

—Não! Olha para ela Gustavo... Acha que ela vai resistir mais tempo sem cuidados? Quer vir comigo, vem... mas se não quer ajudar também não atrapalha!!!

—A Moça está certa eu rapaz, sabe-se lá quanto tempo ela passou ai dentro, olha como ela ainda está suja do parto, devi ter sido deixada ai para morrer, leva mesmo moça, já liguei pra polícia e eles estão indo diretamente para o Hospital que você falou. –O velho senhor diz próximo a mim.

—Draga, vamos logo... eu dirijo e, você segura a caixa... –Ele toma a chave da minha mão e vai para o lado do motorista e eu coloco a caixa com a criança no meu colo.

Estamos dirigindo pelas as estradas movimentadas da avenida paralela de salvador, próximo ao Bonocô a onde o Hospital fica, ela ainda chora e a cada segundo que passa esse chorinho fica mais fraco, o que e deixa ainda mais aflita e chorando... eu não posso ter um filho, e monstros como a mãe dessa criança jogam os delas fora... isso é tão injusto... Deus que não permita que aconteça nada com ela.. tão lindinha.  –Calma Milena, estamos próximos, aguenta ai pequena... estamos chegando lindinha.

—Isso, Isso... Lindinha ... fica comigo mocinha... Oh Deus que o senhor não permita.. –Eu faço uma oração silenciosa pedindo a Deus que ele a proteja.

O carro para que eu só percebo quando o tranco de estacionar me trás para frente, eu olho para frente e abro a porta do carro saindo com cuidado com o bebe, Gustavo entra comigo na emergência do hospital. –Socorro por favor!! Achamos um bebe recém-nascido dentro de uma lixeira!! –Grita Gustavo atraindo a atenção de qualquer medico  ou enfermeira que estivesse  por perto, o que resulta em várias  pessoas se aproximando de nós com curiosidade.

—A quanto tempo ela estava na lixeira? –A voz do Dr. Douglas nos atinge os ouvidos vindo do fundo do corredor, ele vem correndo em nossa direção. –Uma maca para recém-nascido aqui!! Rápido!  -Ele grita grosso para uma das enfermeiras. –E chama a Medica Rosa ela é da pediatria!

Ele peca a caixa de nossa mão e apoia em cima do balcão da recepção, tira o estetoscópio do pescoço e começa a ouvir o coraçãozinho dela que intensifica o choro ao sentir o material gelado no peito.

—Ela está com o uma arritmia no coração, e com o lado direito do pulmão obstruído, pode ser liquido amniótico que ela engoliu, Milena ... recebi uma ligação da polícia dizendo que uma moça achou uma criança na lixeira... nunca imaginei que ia ser você... –Ele me olha tão a cheio de sentimentos, é uma surpresa para mim, ele sempre sendo tão frio, uma medica que suponho ser a pediatra chega com a maca e tiram ela da caixa e colocam ela dentro. –Milena, ela está em boas mãos... qualquer coisa eu te aviso ok?..

—Eu vou ficar aqui... Obrigada Douglas..  –Junto minhas mãos sobre os coração para respirar.

—Nós vamos ficar... venha nos avisar ... por favor.. –Gustavo ampara suas  mãos em volta da minha cintura me confortando, me permito ser envolvida por aquele abraço, pelo menos por enquanto...

***

Demora alguns minutos estamos na recepção sentados, ele me abraçando e eu a ele,  a polícia chega e procura informação na recepção, a atendente aponta para nós e nos levantamos.

São três, dois da mesma altura que a do Gustavo e, um mais baixo da minha altura, todos usam um fuzil e uma automática na cintura, suas fardas verde musgo meio camufladas com detalhes em preto, me indicam que são da polícia civil. –Boa tarde, foram os senhores a encontrar a menor dentro da lixeira? –O que usa uma boina também verde com boda de couro meio de nado na cabeça  pergunta olhando para mim.

—Sim senhor... eu a encontrei primeiro. –Olho para ele enquanto falo, me sinto ainda nervosa e aflita.

—Como se chama senhora? –Sua voz é firme mais tem um tom meio simpático.

—Sou Milena Gomez e este é meu marido Gustavo, nós estávamos almoçando no De’ Silva.

—Senhora Milena gostaríamos de pegar o seu depoimento, se poder me acompanhar até a delegacia... –Eu o interrompo antes que termine a frase me agarrando a Gustavo.

—Não! Eu quero saber como a menina vai ficar e pode me prender se desejar.. Policial..–Ele fica surpreso com a minha resposta e sorri.

—Andrade... eu sou o Policial Juliano Andrade, este é meu colega Arthur Silva e o Policial Junior Lacerda, eu entendo querer saber notícias da criança, podemos pegar o seu depoimento aqui mesmo, depois vai a delegacia dar o depoimento oficial, meu colega vai gravar o que tem a dizer .. sente-se e me conte do início.

Explicando como eu a encontrei e como nós a trouxemos aqui e ele não me interrompe, nos deixa dizer tudo, quando termino a minha narrativa ele ainda está meio pensativo, se vira para o mais baixo dos dois. –Lacerda, liga o João e manda ele ir lá no restaurante que fica em frente a ocorrência para ver se tem câmeras de segurança, se tiver peça para ver as fitas de segurança.

—O que vai acontecer com  a menina? Caso ela esteja bem? –Ele se vira para me dar atenção, eu tenho que saber como ela vai ficar, se vai permanecer no hospital ou para um orfanato... um arrepio me passa pela espinha até a nuca só de pensar nisso.

—Ela vai ficar sobre a responsabilidade do conselho tutelar até localizarmos a mãe ou o pai, até mesmo familiares .. caso não sejam localizados serão entregue a adoção... –O policial Juliano explica com uma certa raiva e indignação.

—Ela não poderia ficar comigo enquanto tudo isso se resolve? Eu... eu... queria poder ficar com ela.. eu poderia ficar com ela? –Seguro sua mão buscando quem sabe sua permissão para isso.

—Sinto muito senhora, isso já não está em nossa ousada, teria que falar com o conselho tutelar para ver como isso funcionaria. –Ele me olha cheio de pena e cumplicidade. –Eu vejo que é uma pessoa boa, se dependesse de mim entregaria agora a menina... sinto muito.

—Milena... –A voz do Dr. Douglas me faz olhar por cima dos ombros do Policial Juliano. –Ela está fora de perigo, pelo tamanho e o estado dela concluímos que ela tem algumas horas de nascida e que tem oito meses, ela pesa dois quilos e quinhentas gramas, achei que gostaria de saber...

—Muito obrigada Douglas... será que eu posso ver ela? –Sua feição fica triste e depois fica neutra como sempre.

—Infelizmente ela está em observação e não poderá ver, mas amanhã acho que sim, vamos ver como ela vai reagir de hoje para amanhã.. mas eu gostaria de saber uma coisa... como gostaria de chama-la? –Ele quer que eu de uma nome à ela?!

—Como assim? Eu posso escolher o nome? –Olho para Gustavo, para os policiais e para Douglas e todos sorriem diante da minha surpresa.

—Sim.. então, como esse anjinho vai se chamar?

—Abigail.. significa “o presente dos pais”.. por que ela é um presente.


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Notas finais do capítulo

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