Meu maior tesouro. escrita por Myu94


Capítulo 1
1°Capítulo.


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas, recadinho rápido.

Eu acabei de revisar o capítulo, qualquer erro neste episódio me mandem um feedback que eu volto a correção.!!


Após descobrir traição do marido de Milena, ela não sabe mais quem é, sete anos em um relacionamento que julgava perfeito a jovem moça perde a confiança nos homens e pensa que nunca mais vai amar novamente, mas um novo amigo abri seus olhos para outras coisas mais importantes no mundo e uma nova surpresa vai fazer com que se sinta amada novamente.



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1° Capitulo.

Janeiro de 2010, Salvador BA.

 Esta não é a primeira vez e, tem sido assim nos últimos dois anos,  sempre são as mesmas desculpas, “Perdão querida, o transito e o Ricardo da logística estão sabotando a gente” ou o meu favorito, “Oh querida! Me desculpe pelo atraso... mas era muito trabalho, você entende né? ... Essa é minha mulher, a pessoa mais compreensiva dessa mundo!” claro que as desculpas vem acompanhadas de um buquê de margaridas, (detalhe... eu detesto margaridas.)

Mas o que eu posso fazer? Eu tenho amado esse homem nos últimos sete anos, sei a luta que foi fazer faculdade e trabalhar, conquistar nossa casa, dois carros, depois ter que enfrentar a doença da mãe dele, além de segurar a barra da minha incapacidade de ter filhos... foram anos e, anos fazendo tudo para ter uma vida estável, ele se sacrificou muito e é por esse motivo que eu ainda estou aqui, sentada em uma mesa perto do palco onde a banda toca uma música suave, mesmo ele estando 50:00 minutos atrasado e, que David o garçom me olhe com pena.

David percebe que provavelmente como nas outras  vezes ele já pode se aproximar para me oferecer uma sobremesa. –Senhora Gomes? Deseja um crepe de chocolate com banana ou, uma torta de morango com creme? –Como um garçom experiente  e, sempre tão prestativo sabe exatamente do que eu gosto. –Gustavo está mais atrasado desta vez, então eu devo trazer as duas ? –Ele realmente me conhece bem.

Sorrio para ele e aceno com a cabeça em confirmação, David me dá um meio sorriso penoso e se retira, pego meu celular para checar as mensagens ou ligações, mas nada de novo, ele nem mesmo visualizou as mensagens que eu já havia enviado, acho que é  muito trabalho para ele, gostaria que ele pudesse tirar umas férias maiores este ano, mas tirando a sua ausência em casa, não posso realmente ficar com raiva dele, sei que meu discurso é meio cheio de melodrama, mas é que só falando comigo mesma que eu consigo colocar minhas frustrações para fora.

 Alguns minutos depois as sobremesas chegam. –Obrigada David.. acho que vou pedir para levar, mas as sobremesas vou comer aqui e... Acho que o Gustavo vai querer o especial do Alex e, diz para ele que o filé é ao ponto, mas que com uma porção extra do molho madeira que só ele sabe fazer, para mim vai ser... acho que um filé de frango com molho de laranja e aquele purê de batata. –Termino de fazer os pedidos e, David sorri pra mim, eu sei que sorriso é esse, olho para a entrada do restaurante e lá está ele, com as flores que eu odeio, mas com o sorriso que eu amo. –Pode trazer os pedidos David, acho que vamos comer aqui.

Sorrio para ele novamente, nós sabemos que Gustavo faria questão de se sentar e comer, então ele sai, viro-me novamente para poder ver meu marido se aproximar. –Perdão querida, o transito e o Ricardo da logística estão contra nós... você já viu como essa cidade está cada vez mais movimentada?! –Ele me beija na testa um tanto afobado, pega meu copo com água e bebe o resto que tinha ali. –Desculpa não atender suas ligações e mensagens, estava em reunião e não podia deixar ele ligado.

 -Sem problemas meu bem,  já fiz os pedidos. –Eu observo meu marido e algo está estranho, ele está um pouco mais agitado que de costume, acho que está tomando energéticos demais... –Amor está tudo bem? Você voltou a tomar aqueles energéticos que te deixam com queimação? –Ele sorri um tanto nervoso com os olhos, mas seus lábios estão apertados em uma linha reta, ele respira profundamente pelo nariz como sempre faz quando está nervoso ou da mesma forma que ele faz ao me dar más notícias, foi assim com os resultados dos meus testes de fertilidade, também quando eu ele soube da doença da mãe dele. –Gustavo você está bem?

Seus olhos repentinamente estão vermelhos e suas mãos tremem sobre a mesa. –Desculpe Milena, eu realmente tentei agir normalmente depois do que eu soube, eu realmente queria que fosse diferente, desejei que não fosse real, mas agora não dá mais, eu passei a negligenciar você e  só cristo sabe como eu me arrependo...

—O que quer dizer com isso Gustavo.. você fez alguma coisa?.... Foi na empresa? –Ele nega com a cabeça, tenta enxugar os olhos com as mangas da camisa.

 Ele gesticula com as mãos energicamente, seus olhos estão fechados e seus lábios e palavras são tremidas, eu junto toda a minha inteligência para tentar antecipar o que ele vai me dizer, quero que de todas as confissões que ele possa me fazer seja algo reversível, desejo de todo o meu ser que ele diga que perdeu tudo no jogo, que ele tenha caído em um golpe ou que ele emprestou dinheiro ao seu amigo caloteiro, talvez até drogas... porque todas essas alternativas tem concerto, eu posso perdoar todas essas tragédias, mas meu cérebro já sabe o que meu coração chora para não ser verdade. –Amor.. eu sinto muito, ela... disse que deu positivo.

E eu finalmente solto o ar que eu nem sabia que estava prendendo, uma corrente elétrica percorre todo o meu corpo, de todas as coisas que ele poderia fazer, de todas as formas das quais ele poderia me magoar.. –Ela? Ela quem?

—Joana, eu não sei por onde começar Mila, nós tentamos ficar longe ...

—Espera! Você e Joana minha amiga? A nossa amiga?  A droga da irmã do seu melhor amigo? –Tudo sai abafado por causa de minhas mãos que cobrem o meu rosto, eu não quero que me vejam assim, sinto meus pulmões incharem igual a um balão de festa, eles ardem com a grande quantidade de ar que eu forço para dentro, mas as lágrimas não caem, apenas não consigo chorar, respiro fundo e tudo a minha volta está abafado como se eu estivesse embaixo da água, eu vejo ele falar e chorar, puxo o ar e prendo no meu peito novamente... dizem que um ataque de pânico é assim.. bom eu me sinto em pânico.

—Querida nós não planejamos isso...  –Essa frase vem distante, mas por alguns minutos eu penso que foi apenas uma vez, talvez um momento de fraqueza ... quem sabe a crise dos sete anos?!

—Desde quando? –Minha voz sai mais firme que eu havia previsto, afinal era algo que eu podia talvez cogitar a perdoar caso ele estivesse disposto a lutar por esse casamento.

—Já faz dois anos, quando tivemos aquela briga quando descobrimos a que não teríamos filhos, você saiu de casa e me deixou por dois meses e, eu me sentia culpado e irritado eu disse coisas pesadas para você e, não sabíamos que a sua endometriose era tão severa, você sumiu e não atendia as minhas ligações nem respondia minhas mensagens. –Eu me recordo dessa época, foi realmente difícil para mim lidar com a minha dor e, precisava de um tempo longe para poder me organizar. –Joana veio me pedir para deixar você em paz e, eu chorei como nunca aquele dia,  não conseguia me conformar com aquilo e uma coisa levou a outra  no outro dia eu acordei com ela lá, mas nos sentimos sujos e culpados, nunca senti tanta vergonha de mim na vida..

—Nossa... –A única palavra que  saiu, porque minha cabeça está um furação agora, ele toma fôlego para falar, mas eu levanto minha mão para que ele pare. –Não diga mais nada, porque não quero ouvir detalhes, não importa realmente quando começou, sabe... se fosse uma vez, eu até pensaria que foi fraqueza.. mas nos últimos dois anos você olha nos meus olhos e, mente, mente copiosamente em gestos e sorrisos, o que realmente você quer Gustavo? –Ele fica surpreso, esfrega mais uma vez o rosto já vermelho, vejo o medo em seus olhos. –Você quer que eu seja compreensiva porque vocês tentaram não se envolver? O que você realmente quer?   

Seus olhos estão vermelhos, ele sabe que não existe meios de eu o perdoar  por isso, mas também ele não pode deixar de pedir o meu perdão, eu não sei se ele a ama de verdade, eu não sei se ele ainda me ama, a única coisa que eu sei no momento é que está doendo como um diabo ver seus olhos nesse momentos e, ver que eles não são mais meus e, apesar da raiva e, da tristeza,  que apesar da traição eu não desejo que ele me deixe, não quero que Gustavo a escolha, desejo que me implore para que  não o deixe, ele não sabe o que fazer e isso está escrito na sua cara.

—Eu não sei realmente o que te dizer além de que te amo tanto e, passei horas rodando por esse quarteirão tomando coragem para te dizer que havia lhe traído  e que disso saiu um fruto que eu desejo muito.... –“com você..” desejei que ele dissesse essas duas palavras, mas ela não veio.

Essa foi a hora que eu percebi que ele já não me pertencia, que foram dois anos se dividindo entre um amor confortável onde ele chegava em casa e achava uma esposa boa que lhe trazia café, jornal, lavava suas roupas e depois dormir de conchinha,  e seu sonho de ser pai,  eu não poderia competir com um sonho, ele segura minha mão sobre a mesa,  seus olhos estão tensos e vermelhos, seus dedos da outra mão tentam impedir que as lágrimas escorram pelas bochechas e lábios e, as lágrimas que eu não queria deixar caírem rolam pelo meu rosto, solto nossas mãos e, ele sussurra. –Não... por favor, não faça assim, eu não quero perder você, vamos para casa e vamos falar sobre como vamos ajeitar isso, nós nos amamos e vamos vencer isso.

—Gustavo, você a ama? –Era tortura eu sei, ele tenta falar que não, eu sei que ele não quer mais mentir. –Diga!

Ele olha para todas as direções antes de tomar coragem de me responder. –Eu não sei o que sinto por ela, a única coisa que eu sei é que ela mexe comigo que não conseguimos acabar.

—Então você tem sua resposta para o nosso futuro, o que mais teríamos para conversar? –Ele sabe, eu sei... mas está doendo de uma forma latente.

Ele se dá por vencido, seu corpo se apoia sobre a mesa derrotado. –Vamos então, você  me espera no carro e eu vou pagar a conta e...

Eu não espero ele terminar me levanto, eu sinto seus olhos queimarem em minhas costas, eu respiro profundamente, mas o ar não quer mais entrar e, eu apenas saio do nosso lugar especial e finalmente minha fixa cai, não existirá mais “nós”, agora só vai existir “eu” e eu vou ficar sozinha, sinto meu corpo tremer, vejo o Ford Kar branco parado do outro lado da rua e ando em direção a ele, sinto uma pancada forte de algo envolta da minha cintura e me jogando no chão asfaltado, eu não tenho reação diante disso.

—Meu Deus Milena,  quer morrer jovem Mulher! –Eu sinto uma dor enorme na lombar e no braço direito, mas olho para cima tentando identificar a voz que me deu uma bronca, era Alex o Cheff do restaurante que leva seu sobrenome, De’ Silva. –O que tinha na cabeça para atravessar a rua sem olhar? O que seria de você se eu não estivesse fumando do lado de fora? Você está bem? Está ferida? Fala alguma coisa mulher de Deus!

—Eu... perdão, eu.. –E novamente choro devido ao susto e, ele me aperta mais contra seu corpo me confortando.

—Sshi! está tudo bem agora! –Ele me ajuda a levantar e, do outro lado da rua posso ver Gustavo com as mãos na boca e, assustado corre em minha direção, ele me puxa para seus braços e me aperta.

—Mila meu amor perdão, perdão, não faz mais isso nunca mais, meu Deus obrigado! –Ele me aperta contra seus braços e beija minha cabeça e me sinto sem reação a tudo isso.

—Vamos embora por favor.. –É a única coisa que eu realmente quero dizer e, que posso dizer. –Obrigada Alex.. –Digo olhando para o homem jovem cheio de tatuagens de facas pelo braço.

Me sinto como uma boneca de pano, sem articulações, mole e, feita de trapos... Gustavo me coloca no carro ainda chorando, ele prende meu sinto de segurança e nele também e então nós partimos da nossa antiga vida.

 A volta para casa  é estranha, ele chora e eu apenas assisto a paisagem no caminho de casa, o silencio é perturbador, nos costumávamos rir muito, cantar de formar escandalosa ou nos beijávamos em becos escuros como um casal de adolescentes no início de namoro, mas agora a única coisa que eu sinto nesse carro é enjoo, eu não consigo esquecer que ela esteve nesse carro, que provavelmente fez as mesmas coisas que fazíamos, que talvez fizeram ...amor?

—Eu não acredito. –Ele diz olhando para frente e,  percebo que Joana está na porta de nossa casa, vejo seu estado, ele provavelmente ligou para ela do restaurante. –Por favor não saia, eu resolvo isso.

Gustavo sai do carro e ela vem em minha direção, mas ele segura seu braço,  eu ligo o som do carro, não quero ouvi-los, mas eu vejo ela chorar e tenta vir até mim, ele chora e a puxa novamente, cansada dessa novela de quinta abro a porta do carro para sai e escuto um pouco do que ela berra para qualquer um ouvir. –Não Gustavo, ela tem que me ouvir, por favor!

—Milena não está bem Joana, nos nem conseguimos conversar direito, ela foi quase atropelada por um carro! –Ele grita e os vizinhos já começam a aparecer... Ótimo, show! Caminho até eles, Gustavo tenta ficar na minha frente achando que talvez eu vá agredi-la, talvez eu devesse..

—Mila por favor me ouvi, ok?! Perdão pelo amor ... –Ele estande sua mão para alcançar meu braço, mas Gustavo a segura.

—Não! Eu não quero ouvir você agora, eu quero dormir, nossa vizinhança não precisa ser plateia pra minha dor, vou entrar e você Gustavo... –Me volto para ele seria como jamais estive alguma vez em minha vida.  –Faz o que quiser... Eu não me importo mais.  

Eu não tenho forças pra lidar com eles, não tenho forças nem para lidar com a minha casa que na sala tem fotos nossas, nossa cama.. oh meu céus ... essa cama... o refluxo sobe pela minha garganta e corro para o banheiro  me debruço sobre o vaso sanitário e, só sai água verde, é claro  porque eu não comi nada... eu tranco a porta do banheiro e entro de roupa a tudo em baixo do chuveiro, não quero ser daquelas pessoas que choram no banho, mas imaginem que exista uma bigorna contra seu peito e o ar começa a faltar em seus pulmões, é assim que eu me sinto.

 Ouço batidas na porta, e desligo o chuveiro, pego a toalha no gancho e seco meu rosto e destranco a porta. –Ela já foi embora, eu falei para não vir até a gente conversar e ... –ele se interrompe sabendo que eu não ligo para essas explicações porque certamente eu já entendi. –Mila pelo amor de Deus fala alguma coisa, me xinga ou me bate.

Saindo do banheiro toda molhada dou de cara com ele de pé me. –O que vai adiantar fazer isso? Você vai deixar de ama-la? Esse criança vai deixar de existir? –Minha voz está tão baixa que o se surpreende, ele coloca as mãos na cabeça, puxando seus cabelos cacheados.

—Milena!  Assim você enfia uma faca no meu peito, pelo amor de Deus grita comigo por favor, coloca para fora o que você está sentindo, você não é assim e está me assustando! –Eu estava assustada também, porque eu sou um barril de pólvora, eu passo por ele e abro o guarda roupas e jogo uma roupa em cima da cama, começo a trocar de roupa enquanto ele assiste, é tão estranho estar tão vazia e tão cheia ao mesmo tempo, eu sinto nojo e saudade, medo e solidão... queria minha mãe agora.

—O que vamos fazer Milena? –Ele finalmente se cansa de ficar em pé e se senta na  ponta da cama, tem um olhar angustiado, eu respiro fundo e só sinto vontade de dormir.

—Dormir... –Ele levanta as sobrancelhas e respira profundamente.

Eu me deito na cama, me viro de costas para ele, alguns minutos se passam e eu ouço seus sapatos serem jogados no canto do quarto, sinto o movimento da cama, sinto o calor de seu corpo e contato dos seus dedos com a minha cintura. –Quer que eu saia? Por favor diz que não... pelo menos não hoje...

—Faz o que você quiser Gustavo.. Só não diz mais nada pelo amor que resta entre nos. –Ele respira meu cabelo, me aperta, ele me segura firme.

De olhos fechados eu sinto o tempo passar, ele demora a dormir, mas mesmo dormindo ele ainda me segura forte, eu me viro de barriga pra cima e vejo a luz invadir o quarto pela janela, meus olhos doem, minha garganta está seca e já não aguento senti-lo me tocar, é como a pele ser marcado em brasa, tiro seu braço levemente para que não o acorde e, me levanto, vou para cozinha beber água, no caminho vejo nossas fotos, nossos amigos, o engraçado é que ela está em todas as nossas fotos, até mesmo as mais recentes que eu emoldurei e pendurei na minha sala, são belas fotografias da  minha festa de aniversário e, neste dia Joana  me deu  facas profissionais, mal sabia eu que essas facas estavam sendo cravadas nas minhas costas.

Eu  sei que quando ele acordar vamos ter que falar racionalmente, tomar decisões das quais eu não quero pensar agora, então eu vou até a geladeira e pego o frango inteiro que eu deixei descongelando em uma bacia plástica ontem antes de ir ao jantar,  pego a minha faca número seis de cabo de madeira, começo a cortar as coxas, depois as asas, então o pescoço, tiro a moela que está dentro, corto o meio do  peito pra tirar o filé , depois de terminar de esquartejar de forma errada o frango percebo Gustavo na porta da cozinha me olhando.

 –É você é impressionante, não sei se sinto medo de ver você com essa faca, ou fico preocupado de como você está tranquila, eu acordei me sentindo como qualquer outro dia, você já está de pé preparando coisas para tomarmos café, a casa silenciosa... exceto pelos barulhos na cozinha.

—Eu pensei o mesmo quando olhei para o lado e vi você dormindo tranquilo, andei por essa casa e vi nossas fotos, dos nossos amigos... –Respiro divagar para não vomitar no frango, vou até o armário e pego uns potes e, volto para separar as partes para o preparo da semana, então quando estou de frente para geladeira, eu vejo o elefante branco... O fato de que  provavelmente não estarei mais aqui pra fazer isso... e eu começo a rir, rir alto como uma louca colocando os potes arrumados no freezer e, nossa como doeu, como está doendo eu começo a chorar, eu olho para Gustavo que também me olha. –É tão insano como o dia a dia nos condiciona a não pensar no imprevisto.

—Mila... acho que não dá mais pra adiar né?! –Ele me sorri forçadamente, com um misto de tristeza e frustração, o que é ridículo, ele que estragou tudo.

Ele pega o bule da cafeteria e enche de água e coloca na máquina, e também coloca o pó e depois a liga. Sentamos a mesa observando o café cair gotejando dentro da jarra, ele tira o pigarro na garganta, talvez ele tenha um nó assim como eu.

—Eu não dimensionei o tamanho do estrago do que fizemos até ontem quando eu te abracei e percebi que talvez fosse a última vez, nos só passamos a ficar frequentemente a uns meses atrás quando ela foi trabalhar lá na empresa, antes disso era mais uma tensão que existia toda vez que ficávamos sozinho após o erro que cometemos quando você estava longe, há um ou dois meses atrás terminamos em definitivo quando eu e você começamos a falar sobre adoção, eu estava estável na empresa, você na padaria em horário fixo estávamos no tempo certo,  Joana e eu discutimos que era uma loucura continuar com aquilo, mas essa semana ela passou mal no escritório, a pressão dela caiu, também me disse que não estava comendo direito, o médico passou alguns exames e ontem ela pegou os resultados, eu quis morrer naquela hora, o sonho que tínhamos foi rasgado ao meio, a mulher certa para ser mãe do meu filho me odiaria para sempre por ter isso com outra pessoa. –Ele coloca a cabeça entre as pernas chorando novamente.

—Por favor, pare de chorar ... chorar não vai mudar nada, o que temos que resolver é que eu quero um tempo até achar um lugar para ir, depois achar um advogado, talvez um contador para calcular o dinheiro corretamente de cada um e... –Ele grita e,  taca um copo que eu nem sei de onde veio  na parede.

—Pelo amor! Mila você sente alguma coisa? Eu estou aqui dizendo como tudo aconteceu e como eu sinto muito e, você só consegue pensar em como dividir nossas coisas? E que história é essa de sair de casa? Se alguém tem que sair dessa casa sou eu...-Ele grita de forma histérica, ele pode ser um traidor, mas não é um completo cretino.

—Tavinho, eu só percebi e aceitei o que você não quer ver, você vai ser pai e ama Joana e eu não posso ficar com você, eu sinto náuseas de ficar nessa casa, eu sinto cada osso do meu corpo doer por ter deitado naquela cama, eu não dormi pensando em como ela pode ter sorrido e brincado com você no carro assim como nós fazíamos, ou como ela provavelmente observar você dormir assim como eu fiz na noite passada, você realmente acha que vou ficar aqui? –Desabafo tudo em um fôlego só, ele querida que eu dissesse tudo o que sentia, então eu disse, escarrei todo o meu nojo, e ele me olha abismado.

—Você sente nojo da nossa casa? Nós construímos do zero Milena cada canto dessa casa, cada tijolo foi conquistado com muito esforço seu, quantos dias você chegou em casa cansada de cozinhar até tarde, menina tem noção de como está doendo saber que você quer ir? –Sua indignação me diverte.

—Você é que não sabe como estou ferida e sem forças, só quero tomar café e ir trabalhar.. –Eu me levanto sem ânimo e cansada, mas sinto seu braço me puxar.

—Não vá, vamos resolver isso... eu tenho vontade de te beijar como faço todas as manhãs, eu sinto falta do seu abraço Milena... desde ontem você não me tocou, eu sinto que se eu não te beijar agora provavelmente eu vou morrer, Querida você não consegue nem me olhar nos olhos... – Seus olhos são lindos, foram por eles que eu me apaixonei em primeiro lugar, mas agora eu sinto que a magia que existia neles se foi.

—Eu não posso, ela beijou você, ela dormiu com você... ela tocou você e, eu confiava que seus braços sempre estariam aqui para me amparar, eu confiei cegamente durante sete anos, eu fechei meus olhos mesmo insegura, eu confiava no seu amor por mim, mas aqui estamos nós, quebrados demais para consertar. –Eu me próximo dele e beijo seus lábios levemente, ele me aperta a cintura e me queima a pele de ansiedade, nos afastamos e ele segura meu rosto.

—O que vou fazer sem você meu amor? –Sem fôlego diz baixinho.

—Criar seu filho... realizar seu sonho, eu tenho que ir trabalhar meu bem. –Me solto dele, o único som do lugar é o da cafeteira apitando nos avisando que o café está pronto e, dos meus pés indo para o quarto.

 

 


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Notas finais do capítulo

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