Os Guerreiros Do Reino Após Os Muros escrita por _milenayamamoto
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura ♡
Lua sussurrou:
—Temos tantas perguntas...
—Eu sei. Mas meu tempo está acabando. - a criatura falou com a voz agora fraca.
Lua, Miya e Sam se afastaram, observando o monstro começar a diminuir de tamanho.
Ele perdeu as escamas e as asas, e se encolheu no chão. Seu corpo emitiu uma luz muito forte, e depois desapareceu.
As árvores moveram seus galhos, deixando a luz do sol iluminar a floresta.
Flores diversas nasceram onde antes os ossos humanos estavam espalhados, abelhas e borboletas pousaram nelas.
Os três olharam em volta, admirados.
—O que aconteceu? - Miya perguntou.
—Eu não faço a menor idéia. - Sam respondeu.
Com o olhar distante, Lua se virou para os amigos. A cor de seus olhos castanhos haviam mudado para um verde esmeralda lindo.
—Fiquei preso no corpo daquela fera por cem anos. - ela falou, sua voz também havia mudado, estava rouca e grossa. - Graças a vocês, estou em paz.
—O que aconteceu com você? - Sam perguntou. - Quem é você?
—Voltem para a trilha de pedras. Vocês descobrirão.
—Mas...
—Vocês me libertaram. Muito obrigado! Adeus...
Lua piscou, e seus olhos voltaram ao normal:
—Aconteceu o que eu acho que aconteceu?
—Aconteceu. - Miya riu.
Sam riu e se espreguiçou:
—Bom, acho que está na hora de voltarmos.
Os três seguiram as marcas que Lua havia feito nas árvores e chegaram a trilha em poucos minutos. E para a surpresa dos três, suas bolsas de suprimentos estavam logo ali.
—Te encontramos graças à essas marcas. - Sam comentou, pegando sua bolsa. - Foi bem esperta ao marcar o caminho. Mas também foi bem burra por ter saído para procurar o monstro sozinha.
—Eu não sai pra procurar o monstro sozinha. - Lua imitou a voz de Sam, depois continuou. - Eu só queria saber se eram realmente vagalumes.
—Mesmo assim, foi burra por ter ido sozinha.
—Você que é burro.
—Eu? Por quê?
—Porque é, seu burro.
—Você que é burra.
—Burro.
—Burra.
Miya foi colocar sua bolsa no ombro, e o livro sobre Litari caiu aberto no chão.
—O que é isso? - ela perguntou, o apanhando e folheando as páginas. - As páginas que faltavam voltaram para o livro... Como se elas nunca tivessem sido rasgadas.
—E o que está escrito? - Lua perguntou, se aproximando.
Miya ficou em silêncio, lendo rapidamente as novas páginas. E depois de um tempo, respondeu:
—Elas contam a verdade.
Os três começaram a caminhar pela trilha de pedras, indo em direção à entrada da floresta, enquando Miya resumia a história:
—Essas páginas contam que quando a população nomeou o primeiro Rei e Rainha, dois nobres aldeões, uma pessoa foi contra: um Caçador habilidoso, que tinha o coração cheio de inveja. Ele queria o trono a qualquer custo, e então planejou enganar a todos.
Forjou sua própria morte, fazendo com que todos acreditassem que uma terrível criatura o atacou. A falsa trilha que ele armou levou o Rei e seus dois guardas até a floresta ao leste para uma emboscada. Os dois guardas foram assassinados assim que botaram os pés para dentro da floresta.
E então, o Caçador e o Rei ficaram cara a cara. O Caçador disse que só deixaria que o Rei saísse vivo dali, se lhe entregasse a coroa. Mas o Rei não entregaria seu trono para alguém que tinha a alma tão sombria. Eles lutaram, e o Caçador foi ao chão. Em seu último suspiro, ele amaldiçoou o reino: “Eu sou o legítimo rei de Litari, o merecedor da coroa. E enquanto viverem nas minhas terras, pagarão caro. Derramarão sangue em meu nome, se sacrificarão em minha honra. E eu não morrerei, enquanto sentirem medo de mim!”
Seu sangue se espalhou e foi absorvida pela terra da floresta, a envenenando com tanto mal. A floresta escureceu, e o corpo inerte do Caçador foi consumido pelas sombras, se tranformando na criatura terrível que ele realmente era. E sua voz, que parecia um rugido assustador, ecoou pelo reino: “Três habitantes. Me traga três habitantes, ou matarei todos.”
O Rei sabia que se ele contasse toda a verdade, a população entraria em pânico, e então mentiu: “Um monstro assustador, que mora na floresta ao leste, se diz ser o verdadeiro dono dessas terras. Não temos escolha, para que possamos viver aqui, precisamos fazer o que o monstro nos mandou. Três flechas cortarão os céus e cairão sob três casas, um morador de cada casa deverá ir até a floresta, seguir a trilha de pedras e se sacrificar por Litari.”
Três arqueiros do Rei foram mandados até a torre dos sinos, e de lá eles atiraram três flechas negras. Todos acreditaram que aquelas flechas eram amaldiçoadas pelo monstro da floresta leste, e era exatamente isso que o Rei queria que pensassem. E isso se repetiu e repetiu. Todos os anos, três habitantes eram escolhidos ao acaso e enviados até a floresta, de onde nunca mais voltaram.
A população vivia apavorada, muitos queriam deixar Litari mas não tinham coragem, pois não sabiam se o monstro permitiria tal ato. E entre tanto medo e tanto sofrimento, o boato de uma profecia surgiu entre os habitantes de Litari. Dando um pouco de esperança para o reino. Diziam que três bravos guerreiros vindos de um reino distante eram a solução para o problema. Mas Litari nunca recebeu viajantes.
Até que cem anos depois de muita espera, um dos príncipes de Litari trouxe três jovens de muito longe. Eles aceitaram a missão, mesmo sem saber de toda a verdade, e foram para a floresta ao leste.
Eles seguiram o caminho de pedras até um poderoso portal. O primeiro guerreiro, aquele que tinha o coração cheio de dúvidas, foi quem o atravessou. Ele batalhou contra o monstro que vivia dentro de si, e venceu. O segundo guerreiro, aquele que tinha o coração cheio de mágoa, atravessou o segundo portal, batalhou contra o monstro que vivia dentro de si, e venceu. O terceiro guerreiro, aquele que tinha o coração cheio de insegurança, atravessou o terceiro portal, batalhou contra o monstro que vivia dentro de si, e venceu.
E então, encontraram o temeroso ser que habitava a floresta. Só que ele não era mais o mesmo. O seu coração que transbordava inveja, agora estava pesado de culpa e remorso. Vivendo a tanto tempo na escuridão, ele já não sabia mais quem era. Estava perdido, confuso e com muito medo.
Os três guerreiros, movidos pela intuição e coragem, demonstraram piedade e compaixão. E assim, a maldição foi quebrada. A criatura e as sombras sumiram, a luz voltou a floresta ao leste, e o reino estava a salvo.
Aqueles que haviam se sacrificado por Litari, e foram presos pelas ilusões dos monstros que viviam em seus corações, agora podiam descansar em paz.
Após a longa jornada, os três guerreiros vindos de longe voltaram pela trilha de pedras e saíram da floresta. Logo se despedindo daquele reino encantado, e partiram. Seus nomes nunca serão esquecidos, e serão para sempre o exemplo e a inspiração que Litari precisava... Fim.
Lua riu:
—Nossa. Como você tem fôlego para falar, heim?
—E então? Acabou? - Sam perguntou. - Podemos voltar para casa?
—Eu acho que sim. - Miya respondeu.
—Eu vou sentir falta daqui. - Lua suspirou.
—Sentir falta de Litari, né?! - Miya riu. - E não dessa experiência traumática.
—Mas se não fosse por essa experiência, creio que não teríamos crescido tanto espiritualmente.
Os três deixaram a floresta e seguiram em direção ao castelo. O sol estava radiante e o vento soprava levemente.
—E você não nos contou qual foi o seu monstro, Lua. - Sam comentou. - Qual o medo que você teve que enfrentar?
—Eu sou cheia de medos, Sam. - Lua respondeu.
—Você?! - Sam riu bem alto. - Ata.
—Desde quando você ri desse jeito??! - Lua perguntou. - Que susto!
Sam logo fechou a cara e murmurou:
—Não sei do que você está falando.
—Sam! Ri de novo! - Miya pediu.
—Vai, Sam. Dá risada. - Lua também pediu.
—Não.
Miya e Lua se entreolharam e riram juntas.
Sam encarou as duas e sorriu, feliz por tê-las ao seu lado.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
A estória está chegando ao fim.
Espero que esteja gostando ♡
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