Os Guerreiros Do Reino Após Os Muros escrita por _milenayamamoto


Capítulo 20
Os Três Guerreiros


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♡



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Lua sussurrou:

—Temos tantas perguntas...

—Eu sei. Mas meu tempo está acabando. - a criatura falou com a voz agora fraca.

Lua, Miya e Sam se afastaram, observando o monstro começar a diminuir de tamanho.

Ele perdeu as escamas e as asas, e se encolheu no chão. Seu corpo emitiu uma luz muito forte, e depois desapareceu.

As árvores moveram seus galhos, deixando a luz do sol iluminar a floresta.

Flores diversas nasceram onde antes os ossos humanos estavam espalhados, abelhas e borboletas pousaram nelas.

Os três olharam em volta, admirados.

—O que aconteceu? - Miya perguntou.

—Eu não faço a menor idéia. - Sam respondeu.

Com o olhar distante, Lua se virou para os amigos. A cor de seus olhos castanhos haviam mudado para um verde esmeralda lindo.

—Fiquei preso no corpo daquela fera por cem anos. - ela falou, sua voz também havia mudado, estava rouca e grossa. - Graças a vocês, estou em paz.

—O que aconteceu com você? - Sam perguntou. - Quem é você?

—Voltem para a trilha de pedras. Vocês descobrirão.

—Mas...

—Vocês me libertaram. Muito obrigado! Adeus...

Lua piscou, e seus olhos voltaram ao normal:

—Aconteceu o que eu acho que aconteceu?

—Aconteceu. - Miya riu.

Sam riu e se espreguiçou:

—Bom, acho que está na hora de voltarmos.

Os três seguiram as marcas que Lua havia feito nas árvores e chegaram a trilha em poucos minutos. E para a surpresa dos três, suas bolsas de suprimentos estavam logo ali.

—Te encontramos graças à essas marcas. - Sam comentou, pegando sua bolsa. - Foi bem esperta ao marcar o caminho. Mas também foi bem burra por ter saído para procurar o monstro sozinha.

—Eu não sai pra procurar o monstro sozinha. - Lua imitou a voz de Sam, depois continuou. - Eu só queria saber se eram realmente vagalumes.

—Mesmo assim, foi burra por ter ido sozinha.

—Você que é burro.

—Eu? Por quê?

—Porque é, seu burro.

—Você que é burra.

—Burro.

—Burra.

Miya foi colocar sua bolsa no ombro, e o livro sobre Litari caiu aberto no chão.

—O que é isso? - ela perguntou, o apanhando e folheando as páginas. - As páginas que faltavam voltaram para o livro... Como se elas nunca tivessem sido rasgadas.

—E o que está escrito? - Lua perguntou, se aproximando.

Miya ficou em silêncio, lendo rapidamente as novas páginas. E depois de um tempo, respondeu:

—Elas contam a verdade.

Os três começaram a caminhar pela trilha de pedras, indo em direção à entrada da floresta, enquando Miya resumia a história:

 

—Essas páginas contam que quando a população nomeou o primeiro Rei e Rainha, dois nobres aldeões, uma pessoa foi contra: um Caçador habilidoso, que tinha o coração cheio de inveja. Ele queria o trono a qualquer custo, e então planejou enganar a todos.

Forjou sua própria morte, fazendo com que todos acreditassem que uma terrível criatura o atacou. A falsa trilha que ele armou levou o Rei e seus dois guardas até a floresta ao leste para uma emboscada. Os dois guardas foram assassinados assim que botaram os pés para dentro da floresta.

E então, o Caçador e o Rei ficaram cara a cara. O Caçador disse que só deixaria que o Rei saísse vivo dali, se lhe entregasse a coroa. Mas o Rei não entregaria seu trono para alguém que tinha a alma tão sombria. Eles lutaram, e o Caçador foi ao chão. Em seu último suspiro, ele amaldiçoou o reino: “Eu sou o legítimo rei de Litari, o merecedor da coroa. E enquanto viverem nas minhas terras, pagarão caro. Derramarão sangue em meu nome, se sacrificarão em minha honra. E eu não morrerei, enquanto sentirem medo de mim!”

Seu sangue se espalhou e foi absorvida pela terra da floresta, a envenenando com tanto mal. A floresta escureceu, e o corpo inerte do Caçador foi consumido pelas sombras, se tranformando na criatura terrível que ele realmente era. E sua voz, que parecia um rugido assustador, ecoou pelo reino: “Três habitantes. Me traga três habitantes, ou matarei todos.”

O Rei sabia que se ele contasse toda a verdade, a população entraria em pânico, e então mentiu: “Um monstro assustador, que mora na floresta ao leste, se diz ser o verdadeiro dono dessas terras. Não temos escolha, para que possamos viver aqui, precisamos fazer o que o monstro nos mandou. Três flechas cortarão os céus e cairão sob três casas, um morador de cada casa deverá ir até a floresta, seguir a trilha de pedras e se sacrificar por Litari.”

Três arqueiros do Rei foram mandados até a torre dos sinos, e de lá eles atiraram três flechas negras. Todos acreditaram que aquelas flechas eram amaldiçoadas pelo monstro da floresta leste, e era exatamente isso que o Rei queria que pensassem. E isso se repetiu e repetiu. Todos os anos, três habitantes eram escolhidos ao acaso e enviados até a floresta, de onde nunca mais voltaram.

A população vivia apavorada, muitos queriam deixar Litari mas não tinham coragem, pois não sabiam se o monstro permitiria tal ato. E entre tanto medo e tanto sofrimento, o boato de uma profecia surgiu entre os habitantes de Litari. Dando um pouco de esperança para o reino. Diziam que três bravos guerreiros vindos de um reino distante eram a solução para o problema. Mas Litari nunca recebeu viajantes.

Até que cem anos depois de muita espera, um dos príncipes de Litari trouxe três jovens de muito longe. Eles aceitaram a missão, mesmo sem saber de toda a verdade, e foram para a floresta ao leste.

Eles seguiram o caminho de pedras até um poderoso portal. O primeiro guerreiro, aquele que tinha o coração cheio de dúvidas, foi quem o atravessou. Ele batalhou contra o monstro que vivia dentro de si, e venceu. O segundo guerreiro, aquele que tinha o coração cheio de mágoa, atravessou o segundo portal, batalhou contra o monstro que vivia dentro de si, e venceu. O terceiro guerreiro, aquele que tinha o coração cheio de insegurança, atravessou o terceiro portal, batalhou contra o monstro que vivia dentro de si, e venceu.

E então, encontraram o temeroso ser que habitava a floresta. Só que ele não era mais o mesmo. O seu coração que transbordava inveja, agora estava pesado de culpa e remorso. Vivendo a tanto tempo na escuridão, ele já não sabia mais quem era. Estava perdido, confuso e com muito medo.

Os três guerreiros, movidos pela intuição e coragem, demonstraram piedade e compaixão. E assim, a maldição foi quebrada. A criatura e as sombras sumiram, a luz voltou a floresta ao leste, e o reino estava a salvo.

Aqueles que haviam se sacrificado por Litari, e foram presos pelas ilusões dos monstros que viviam em seus corações, agora podiam descansar em paz.

Após a longa jornada, os três guerreiros vindos de longe voltaram pela trilha de pedras e saíram da floresta. Logo se despedindo daquele reino encantado, e partiram. Seus nomes nunca serão esquecidos, e  serão para sempre o exemplo e a inspiração que Litari precisava... Fim.

 

Lua riu:

—Nossa. Como você tem fôlego para falar, heim?

—E então? Acabou? - Sam perguntou. - Podemos voltar para casa?

—Eu acho que sim. - Miya respondeu.

—Eu vou sentir falta daqui. - Lua suspirou.

—Sentir falta de Litari, né?! - Miya riu. - E não dessa experiência traumática.

—Mas se não fosse por essa experiência, creio que não teríamos crescido tanto espiritualmente.

Os três deixaram a floresta e seguiram em direção ao castelo. O sol estava radiante e o vento soprava levemente.

—E você não nos contou qual foi o seu monstro, Lua. - Sam comentou. - Qual o medo que você teve que enfrentar?

—Eu sou cheia de medos, Sam. - Lua respondeu.

—Você?! - Sam riu bem alto. - Ata.

—Desde quando você ri desse jeito??! - Lua perguntou. - Que susto!

Sam logo fechou a cara e murmurou:

—Não sei do que você está falando.

—Sam! Ri de novo! - Miya pediu.

—Vai, Sam. Dá risada. - Lua também pediu.

—Não.

Miya e Lua se entreolharam e riram juntas.

Sam encarou as duas e sorriu, feliz por tê-las ao seu lado.


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Notas finais do capítulo

A estória está chegando ao fim.
Espero que esteja gostando ♡
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