Os Guerreiros Do Reino Após Os Muros escrita por _milenayamamoto


Capítulo 19
O Monstro


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♡



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Lua levou um bom tempo até conseguir encontrar os pontos brilhantes no meio das árvores, pois estes haviam se afastado de onde estavam anteriormente.

Aproximando a tocha do chão, viu que realmente precisava deixar a trilha, se quisesse verificar o que era aquilo.

Pensou e repensou. E decididamente, deu um passo para fora da trilha, depois outro. Respirou fundo, tomou coragem e seguiu por entre as árvores.

Para encontrar o caminho de volta, caso se perdesse, Lua marcou os troncos das árvores usando a lança de uma de suas flechas.

—Lua! - Miya conseguiu enxergar a colega saindo da trilha e correu até ela, sendo seguida de perto por Sam.

—Lua, você está bem? - Sam perguntou, preocupado. - Está ferida?

—Eu estou bem. - Lua respondeu. - O que estão fazendo aqui?

—Viemos te procurar!

—Por quê?

—Porque é perigoso sair da trilha! - Miya exclamou, e contou para os colegas sobre a cabana que ela encontrou, e sobre o que aconteceu lá.

Lua virou os olhos:

—Eu só vou verificar se são realmente vagalumes.

—Eu não acho que é uma boa idéia ir até lá. - Sam falou.

—Então fique aqui, eu vou.

—Lua... - Miya a segurou pelo braço. - Precisamos ficar juntos.

Lua a ignorou e se virou, avançando pelas árvores e deixando os colegas para trás.

Ela conseguia escutar as vozes de Miya e Sam cada vez mais distantes. Os dois chamavam seu nome.

Quanto mais próxima dos brilhos, mais difícil ficava de seguir em frente. O chão não estava plano e fazia barulho a cada passo que ela dava, como se ela estivesse pisando em vários galhos secos e pedras grandes.

Quando ela já estava bem longe, uma sombra apareceu ao seu lado. Ela era mais negra do que a escuridão da floresta, e possuía dois olhos bem vermelhos.

—Isso mesmo. - a sombra falou. - Você não precisa deles.

—Quem é você? - Lua perguntou.

—Eu sou seu amigo.

—O meu monstro.

—Monstro? Eu não sou monstro. Sou seu amigo, seu único amigo.

Lua aproximou a sua tocha daquela sombra, mas ela não desapareceu com a luz, apenas ficou mais escura.

—Não adianta. Eu não tenho medo de você. - Lua falou, continuando a andar por entre as árvores.

—É isso que eu admiro em você. - a sombra a seguia. - Você se faz parecer tão corajosa.

Lua ficou em silêncio.

—É por isso que todos te vêem como um porto seguro, quando precisam de ajuda, de conselhos, é até você que todos correm. - a sombra continuou. - Você é a campeã que todos adoram. Mas...

—Mas, o quê?

—Mas... Eu te conheço muito bem e sei o quanto você é medrosa.

—Isso não é verdade.

—Pode enganar os outros, mas não a mim.

Lua encarou aquela sombra novamente, respirou fundo e disse:

—Já falei. Não adianta tentar fazer joguinhos comigo, eu não vou cair no seu papo furado.

—Você acha que eles vão continuar ao seu lado quando tudo isso acabar?

—Do que você está falando?

—Eu sei o quanto você se apegou àqueles dois, mesmo não demonstrando. Sei que você não quis que os dois te acompanhassem pois quer protegê-los. Mas você acha que eles se importam com você da mesma maneira que você se importa com eles?

Lua parou, sentindo seu coração bater mais rápido que o normal.

—Acha que Miya se esqueceu de como você a tratou mal quando ela entrou no colégio?  E acha que Sam não está de saco cheio da sua falta de classe? - a sombra deu uma gargalhada. - Você é uma idiota ao pensar que eles te querem por perto.

Lua fechou os olhos, tentando manter a calma e começou a andar mais rápido.

—Pra quê tanta pressa? - a sombra perguntou. - A cada passo, você se afasta mais deles. E quanto mais longe, mais seu medo de ficar sozinha aumenta.

Lua já estava bem perto daquelas esferas amareladas, que agora tinham o tamanho de seus punhos, quando um vento estranhamente quente apagou sua tocha, a deixando no escuro.

Ela deu um passo para trás, tropeçou em algo e perdeu o equilíbrio. Passou as mãos pelo chão às cegas, procurando por sua tocha, e pegou algo que parecia ser o cabo. Tateou as extremidades e se arrependeu ao sentir que aquilo possuía dedos, porém apenas os ossos.

Os pelos de sua nuca se arrepiaram, e ela se afastou daquilo, arrastando o corpo para trás, ainda caída no chão.

As duas grandes esferas de luz, que na verdade eram dois olhos enormes, se moveram em direção a Lua, que respirava rápido e suava frio. Elas piscaram devagar e o corpo daquela criatura começou a se iluminar lentamente, tomando forma.

Aquilo tinha uma cabeça grande de lagarto e chifres, sua boca estava fechada, mas algumas presas estavam à mostra. O corpo comprido tinha escamas que brilhavam como tinta fluorescente. Possuía quatro asas nas costas e não tinha patas.

Lua pegou sua espada e a apontou para aquela criatura que estava em sua frente.

O monstro se aproximava de Lua, rastejando como uma serpente. Ele era enorme, e conforme se movia o brilho que ele emitia iluminava tudo ao seu redor. Era possível ver os ossos e caveiras humanas caídos no chão.

"Ninguém nunca voltou da floresta...", Lua se lembrou das palavras de Purga, sentindo um nó na garganta, "e ninguém que esteja vivo já viu o monstro."

Lua se pôs de pé e, sentindo uma fúria enorme no peito, avançou com sua espada, fazendo o monstro se afastar. Ela conseguia sentir sua respiração quente.

—Você está sozinha. - a sombra sussurrou no pé do ouvido de Lua. - Miya e Sam vão te deixar morrer aqui.

Sentindo suas mãos tremerem, Lua falou:

—Eu não estou sozinha.

—Está sim. Quando você mais precisa, onde estão seus amigos?

—Dentro do meu coração! - Lua gritou, sentindo seus olhos encherem de lágrimas. - Cada um deles!

O monstro rugiu alto.

—Eles estão comigo! Não fisicamente, mas estão! E são eles que me dão força para continuar. - Lua gritou, dando um giro com sua espada, e a fincando entre os olhos daquela sombra, que explodiu como fogos de artifício.

Lua deu um meio sorriso, pegou sua espada, que havia caído no chão depois da explosão, e se virou para a criatura que a encarava.

Miya e Sam apareceram correndo por entre as árvores e se colocaram entre Lua e o monstro.

Sam segurava sua espada firmemente e Miya já estava pronta com seu arco e flechas.

—O que pensam que estão fazendo? - Lua perguntou. - Afastem-se.

—Você não está sozinha. - Miya respondeu. - Estamos com você.

—Estamos juntos nessa até o fim. - Sam sorriu para as duas. - Não é pra isso que os amigos servem?

Lua sorriu, sentindo uma felicidade enorme dentro do peito.

O monstro permaneceu parado, apenas observando os três.

—O que foi? - Sam perguntou para a criatura. - O que está esperando?

O monstro abriu a boca, inspirando o ar, e rugiu parecendo um leão.

Miya, assustada, estava prestes a lançar uma de suas flechas, mas Lua a impediu.

—Espere. - Lua pediu, segurando o braço da colega.

—Por quê? - Miya perguntou. - Viemos até aqui para matar essa coisa.

—Ela podia ter me matado, mas não fez isso.

—Talvez estivesse esperando por nós três. - Sam disse, entre dentes.

—Ela estava. Mas não para nos matar.

—Do que você está falando, Lua?

—Estou falando que nosso inimigo era outro. - Lua respondeu, guardando sua espada na cintura, e dando uns passos em direção ao monstro.

—Lua? O que você está fazendo? Ficou louca? - Miya perguntou, segurando a mão da colega.

—Confiem em mim. - Lua pediu.

Miya e Sam se entreolharam, e mesmo sem entender, eles guardaram suas armas e foram para o lado de Lua.

O monstro ficou inquieto, batendo suas asas e grunhindo.

—Não tenha medo. - Lua disse, esticando seu braço. - Estamos aqui para ajudar.

Miya gaguejou, também esticando o braço:

—E-está t-tudo bem.

Sam também esticou seu braço e falou:

—Não vamos te machucar.

O monstro rugiu mais uma vez, mas os três permaneceram ali, o encarando. Ele abaixou a cabeça e fechou os olhos, deixando que os três tocassem seu rosto gelado. E então, sua voz rouca ecoou pelo local:

—Nunca ninguém chegou tão longe.


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Notas finais do capítulo

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