Os Guerreiros Do Reino Após Os Muros escrita por _milenayamamoto


Capítulo 15
Hora De Acordar


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♡



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Sam fechou os punhos, e falou:

—Acho melhor você ir embora.

Lucas segurou ele pela cintura, o abraçando pelas costas.

—A sua amiguinha nova foi a primeira. A Miya. Como não havia gatinho para os garotos do colégio vizinho se divertirem, eles a pegaram. A amarraram dentro de um saco de pano, e a jogaram dentro da fonte. Talvez ela teria sobrevivido, se eu não tivesse feito a fonte ficar um pouco mais funda. Mas qual seria a graça, não é mesmo? Afundou como uma rocha, pobrezinha.

Sam sentiu uma lágrima escorrer pela sua bochecha.

—E depois foi a vez de Lua. Aquela garota é esperta, não é mesmo? Ela acabou descobrindo o que é esse lugar. Ela quase te contou, mas ela não sabia se podia confiar em você. Afinal, ela não sabia se você era real. - Lucas riu no ouvido de Sam. - Que engraçado, não é? Ela correu para o terraço... E vou te falar, ela pareceu um foguete. Ela sempre foi atlética, não é? E então, se jogou lá de cima. Deve ter pensado que acordaria, como nos pesadelos, sabe? Que está caindo de um prédio e acorda num susto, antes de tocar o chão. Você já sonhou com isso? Não? Enfim... Ela se jogou e pof.

Sam estava com o rosto todo molhado de lágrimas, suas pernas tremiam, quase sem forças para se manter de pé. Se não fosse pelos braços de Lucas envolvendo sua cintura, ele já estaria no chão.

—E aqui estamos. Você e eu, Sam. Não era isso que você queria, ficar a sós comigo? - Lucas roçou seus lábios no pescoço do garoto. - Não quer deixar esse lugar, porque eu te seguro aqui, não é mesmo?

Lucas virou o corpo de Sam lentamente, ficando frente a frente com ele.

—Eu sei o que você quer, Sam. - Lucas o abraçou, mas não era um abraço aconchegante, era rude. - E eu posso te dar tudo. Você era infeliz tendo colegas tão inferiores nesse colégio, e olha, todos sumiram.

Sam chorava com força no peito de Lucas.

—Por que está chorando? - Lucas perguntou. - Não queria ficar a sós comigo? Ter mais tempo para tocarmos música juntos?

—Você não é ele. - Sam falou, empurrando Lucas para longe. - E nunca vai ser.

—Eu posso ser quem você quiser que eu seja.

—Eu quero saber: quem é você? - Sam perguntou, assustado.

—Eu? Eu sou aquilo que você tem medo.

—Eu não tenho medo de você. - Sam retrucou.

—É claro que tem. Porque eu sou sua criação, Sam. Eu sou o seu medo do fracasso.

Sam engoliu em seco.

—Você tem muito medo. Tem medo de não conseguir salvar Litari. - Lucas se transformou em Purga, depois em Symba e depois na Rainha.

—Eu vou salvar Litari!

—Tem medo de não voltar para Lucas. - a Rainha retornou à forma de Lucas.

—Não...

—Tem medo de dizer ao papai que não quer ir para o Japão. - Lucas se transformou no pai de Sam.

—Eu... - Sam deu um passo para trás.

—Tem medo de não ser bom o suficiente para seguir seu sonho. - agora Sam encarava a si mesmo. - Eu sou seus medos, Sam. Todos eles.

Sam fechou os olhos, se agachando no chão.

—Mas eu posso ser seu sucesso também.

Sam abriu os olhos e Lucas estava ajoelhado à sua frente.

—Eu posso manter Litari a salvo. Posso ​ser o Lucas que você quiser. E podemos viver felizes aqui. Você não precisará ir para o Japão. Podemos ir para qualquer lugar com a nossa música. Você só precisa ficar.

—Mas eu não posso ficar. - Sam murmurou.

—Se você partir, todos os seus medos se tornarão realidade.

A tempestade estava forte. Os trovões faziam o chão tremer. O vento estourou os vidros das janelas, fazendo chover estilhaços pelo corredor. Era como se o colégio fosse desmoronar.

—Você pode ser o meu maior medo... - Sam falou, agarrando com força um pedaço grande de vidro do chão. - Mas não vai ser você que me impedirá de correr atrás dos meus sonhos.

Sam levantou o vidro com a mão toda ensanguentada. E, com os olhos cheios de lágrimas, o fincou no peito de Lucas.

Lucas tomou a forma da Rainha, depois de Purga, e depois a forma do próprio Sam.

Vendo a si mesmo, com os olhos arregalados, Sam afundou ainda mais o vidro no peito do seu maior medo.

—Não é você que me fará desistir! - Sam gritou. - Nem você, nem ninguém!

Sam se levantou, empurrando o corpo inerte de sua cópia. E o observou desaparecer, sumindo como poeira ao vento.

E então, a tempestade acabou. O silêncio tomou conta do lugar e o único som era da respiração ofegante de Sam.

Sentindo sua mão arder, ele caminhou lentamente para fora do colégio.

Atravessando a porta, levantou o rosto para o céu e viu um belo arco íris embelezar o azul.

—É hora de acordar. - Sam murmurou.

Fechando seus olhos, ele sentiu suas pernas perderem totalmente as forças, e seu corpo começou a cair lentamente.

Quando sua cabeça ia bater no chão, ele abriu os olhos sentindo seu corpo inteiro tremer.

O colégio, o jardim, o céu azul e o arco íris haviam sumido.

E ele estava mais uma vez na floresta de Litari. Era possível sentir as pedras redondas nas suas costas, e o calor de uma fogueira ao seu lado.

Com a vista ainda meio embaçada, ele se sentou.

—Sam acordou! - Miya dava pulinhos de alegria. - Ele acordou!

Lua, que estava sentada ao lado da fogueira, se levantou com um grande sorriso no rosto:

—Bem vindo de volta, Sam.


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Notas finais do capítulo

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