Os Guerreiros Do Reino Após Os Muros escrita por _milenayamamoto


Capítulo 10
As Três Flechas


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♡



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Miya se sentou no parapeito da janela da biblioteca e abriu o livro sob o colo.

—É um manuscrito. - ela disse. As páginas estavam amareladas e a tinta falhava em algumas palavras, mas a bela caligrafia era de se admirar.

—E bem antigo. - Sam falou, através do lenço em sua boca, ao se aproximar.

Lua se levantou de sua poltrona e também foi dar uma olhada no livro. Sem entender o que estava escrito, perguntou:

—Que língua é essa?

—É latim. - Sam respondeu.

—Você sabe latim? - Miya perguntou.

—Você não? - Sam encarou a colega, parecendo decepcionado.

—Quem disse que não? - ela retrucou, com um sorriso malicioso nos lábios.

Sam riu:

—Muito bem, menina nova.

Miya fitou o livro e disse:

—Vou estudar o que está escrito e depois lhes direi do que se trata.

—Ainda bem que alguém aqui gosta de ler. Porque eu não tenho paciência. - Lua falou, e voltou a se jogar na poltrona.

Enquanto Miya lia em silêncio, Sam deu mais uma volta pela biblioteca.

Os três permaneceram no cômodo até o sol se pôr, o que não demorou muito.

Logo, Shanya apareceu na porta e os levou até a sala de jantar. Miya carregava o livro consigo.

A mesa estava posta, as louças refletiam à luz de velas. Seis cadeiras haviam sido colocadas, e Purga já estava sentado.

O príncipe se levantou assim que viu os convidados, e pediu para que o grupo se sentasse.

Symba não demorou muito para aparecer e, sem nem olhar para os três que se puseram de pé ao vê-lo, se sentou ao lado do irmão.

A sala de jantar permaneceu em silêncio até Shanya aparecer e avisar Purga que a Rainha jantaria em seus aposentos, e pedia perdão por não comparecer à mesa.

Purga agradeceu Shanya pelo aviso e pediu que servissem o jantar.

Quatro empregados saíram da cozinha carregando bandejas.

Havia um grande peixe assado que fez Purga lamber os lábios.

Macarrão com molho, salada, frutas, pães, presuntos e queijos foram postos a mesa.

—Por favor, sirvam-se. - Purga sorriu, pegando um pedaço enorme de peixe.

Miya e Lua, que estavam famintas, também prepararam seus pratos e logo começaram a se deliciar.

Sam pegou um pouco de salada e comeu uma pequena garfada. As verduras eram frescas, o que era bom, mas o molho não o agradou. E, em silêncio, comeu um pouco do macarrão e do peixe, que para ele estavam mal temperados.

Symba pareceu não querer comer. Ele apenas bebia lentamente uma taça de vinho, e olhava constantemente pela janela aberta.

A noite estava calma, era possível ouvir os grilos do lado de fora.

Miya e Lua conversavam com Purga sobre a beleza do palácio, o jantar maravilhoso e como Litari era agradável enquanto Sam e Symba continuavam em silêncio.

E então, o badalar de sinos soou pelo reino, e Symba se pôs de pé:

—Está na hora.

Purga ficou sério e foi com o irmão até a janela.

Miya se virou para Sam e Lua e sussurrou:

—No livro estava escrito que no final do badalar dos sinos, no começo do outono de cada ano, três flechas cortarão a escuridão do céu...

—E três pessoas serão escolhidas como sacrifício ao monstro que vive na floresta ao leste. - a Rainha continuou, aparecendo na sala de jantar.

Sam rapidamente se levantou da cadeira e ofereceu seu braço à Rainha, que caminhava com dificuldade.

Com a ajuda de Sam, a Rainha se sentou em seu lugar à mesa.

Quando os sinos pararam, o silêncio tomou conta de Litari. Não havia mais vento, e os grilos se calaram.

Symba e Purga permaneceram na janela, e então puderam enxergar um ponto brilhante vermelho cair do céu e se aproximar. Quanto mais próximo, mais veloz parecia ficar.

E foi possível ver que não era apenas um, mas três pontos brilhantes, que se pareciam agora com estrelas cadentes.

Elas estavam cada vez mais próximas de Litari. E, com uma velocidade assustadora, as três flechas fizeram uma curva quando estavam prestes a acertar o chão e mudaram de direção, voaram direto, e acertaram em cheio a porta do palácio.

Purga e Symba, que puseram a cabeça para fora da janela e viram onde as flechas se encontravam, saíram correndo da sala de jantar.

A Rainha se debruçou sob a mesa.

—Vossa Majestade... - Miya colocou a mão em seu ombro.

Sam e Lua estavam nervosos. Lua fechou suas mãos em punhos, na esperança de que parassem de tremer.

A Rainha levantou o rosto lentamente, seus olhos estavam molhados de lágrimas:

—O livro estava certo esse tempo todo.

Sam olhou para Miya, na esperança que ela soubesse sobre o quê a Rainha falava.

Miya se virou para os colegas, tomou coragem e falou:

—Precisamos ir.

—Para onde? - Lua perguntou.

—Para a floresta. - Sam respondeu, entendendo o olhar sério e preocupado de Miya.

Poucos minutos se passaram, e logo Purga voltou com Symba. Os dois seguravam as flechas negras que queimavam na extremidade onde deveriam haver as penas.

—Purga. - Miya se aproximou do príncipe. - Precisamos de suprimentos para a viagem.

—Vocês não podem ir. Não são habitantes de Litari. - Symba protestou. - Eu irei com dois guardas do palácio e matarei a fera que vive naquela floresta amaldiçoada.

—Viemos para cá porque vocês precisam de nós. - Lua encarou Symba. Apesar de não estar entendendo muito bem o que estava acontecendo, sabia que devia confiar em sua intuição. - Nós vamos. O reino e a Rainha precisam de você e do seu irmão aqui.

Purga pegou as flechas que estavam nas mãos de Symba, apagou o fogo que ainda queimava, e as entregou nas mãos de Sam.

—Ao amanhecer, três cavalos estarão prontos. Entregarei suprimentos, cobertores e o que mais precisarem. Fiquem no palácio e descansem essa noite. Shanya lhes mostrará seus aposentos.

Symba, mesmo contrariado, apertou a mão de Sam:

—Sei que voltarão a salvo para Litari. Estaremos esperando pelo regresso de vocês, guerreiros.


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Notas finais do capítulo

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