Sam, um dos melhores estudantes do colégio elitista Hawk High, desceu de seu carro com motorista particular e olhou para as grades dos portões do colégio, se perguntando se aquele era realmente seu lugar:

—Devia ter aceitado o convite de meu pai, e ido para a Inglaterra no verão. Não sei se suportarei mais tempo nesse zoológico cheio de macacos.

—Sua bolsa, senhor. - um de seus criados disse, lhe entregando seus materiais.

—Trocou de luvas para pegar em meus pertences?

—Sim, senhor.

—Ótimo.

Colocando sua mochila e virando as costas para seu criado, Sam caminhou para dentro do colégio, passando devagar pelos portões.

Seu nariz se contorceu ao sentir o cheiro de perfume barato das garotas do segundo ano, que riam alto enquanto andavam à sua frente. Ele as encarou com olhar de reprovação e apertou o passo.

Sam seguiu pelo corredor e já ia entrar em sua sala, quando acabou trombando com uma colega na porta.

—Olha por onde anda, guri. - Lua resmungou.

—Devia saber que era você, Lua. - Sam deu um passo para trás. - Mais um pouco e poderia ter perdido um braço.

—E acontecerá exatamente isso, se não sair da minha frente.

Sam olhou para Lua, sem deixar se intimidar e abriu espaço para ela passar:

—Primeiro as damas.

Lua o ignorou e seguiu seu caminho.

—Falta muito para ser uma dama, mas eu sou um cavalheiro, então... - Sam falou para si mesmo, vendo a colega se distanciar pelo corredor.

Sam ficou de pé ao lado de sua carteira, passou as mãos pelo seu uniforme, ajeitando os botões e arregaçando as mangas.

Retirou de dentro de sua mochila um pacote de lenços umedecidos e limpou sua cadeira e mesa. Verificando cada canto, tendo certeza de que não havia esquecido de limpar nenhum lugar.

—Jogue isso no lixo para mim, Lucas. - Sam disse ao garoto que sentava ao seu lado, entregando os lenços umedecidos usados.

—Eu não sou seu criado , Sam.

—Com suas notas, o único trabalho que terá será esse. Ande logo. Preciso limpar minhas mãos.

Lucas, virando os olhos, pegou os lenços e foi até o canto da sala jogá-los.

Sam limpou as mãos com álcool e se sentou. Retirou seus livros de sua mochila e os arrumou perfeitamente na carteira.

—Algo mais, vossa majestade? - Lucas estava de volta.

—Sim. Cale a boca.

—Nossos pais trabalham juntos, sabia? Você poderia ser mais legal comigo.

—Não. O seu pai trabalha para o meu pai. E só por isso eu já te trato melhor que o resto dos macacos desse colégio.

O sinal tocou assim que Lua retornou a sala como um foguete, antes do professor chegar.

—Ufa! Quase. - ela respirou fundo, sentando ao lado da melhor amiga, Carla.

—Você deveria parar de correr desse jeito, vai acabar levando bronca.

—Oh, criatura. Olha pra minha cara de preocupada.

Carla riu da amiga, e falou em seu ouvido:

—Parece que teremos um aluno novo na sala.

—Aluno? Ele é gatinho?

—Não tenho certeza se é menino. Tomara que sim. Porque se depender dos meninos dessa sala, tamo no fundo do poço.

Depois de alguns minutos, o professor entrou na sala acompanhado de uma menina.

—Bom dia classe, essa é Miya. Sejam gentis.

A sala de aula imediatamente ficou em silêncio, todos observando a novata.

—Quer se apresentar? - o professor perguntou para Miya, a incentivando a falar na frente da turma.

—Olá. Meu nome é Miya. - a aluna nova sorriu, suas bochechas estavam rosadas. - Eu cheguei do Japão há pouco tempo. Espero que possamos nos dar bem.

Ela fez uma reverência, e foi até a carteira vaga no final da sala, passando ao lado de Lua que a olhou dos pés a cabeça.

Lua virou para Carla e murmurou.

—Não gostei.

—Nem eu. Pensei que ia ser um japinha bonitinho. - Carla sussurrou, parecendo decepcionada.

—Não to falando disso, sua besta. Tô falando que não fui com a cara da menina nova.

—Af, para de ser assim Lua. Você nem conhece a menina.

—Não preciso conhecer pra saber que é metida. Consigo detectar uma falsiane de longe.

—Ah loca! Para de ser paranóica, sua doida.