Hatsukoi escrita por Kori Hime


Capítulo 1
Conselhos Yamanaka


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente, essa é uma história de 2 partes, já tá escrita e lindíssima.
Ela é meio que uma continuação da outra fanfic que eu escrevi em que o Shikadai conversa com o pai dele sobre estar apaixonado.

Aqui o link
https://fanfiction.com.br/historia/761606/Hanasu/



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Sentado em sua cama, Yamanaka Inojin utilizava o marca-texto de cor amarela para sublinhar uma frase que achou importante no livro que estava lendo. Os feromônios são hormônios liberados pela pele e influem na atração sexual e, como consequência, no acasalamento.

Após terminar de ler o livro, ele decidiu fazer algumas anotações sobre o que havia aprendido sobre as mudanças do corpo. Mas nada do que o livro que seu pai lhe deu ensinava com clareza como ele deveria agir no primeiro encontro com um outro rapaz. Era tudo muito específico quanto ao coito realizado entre homens e mulheres, mas e entre homens e homens e mulheres e mulheres?

Dessa forma, Inojin solicitou a ajuda do pai mais uma vez. Foi até a sala, onde encontrou-o assistindo televisão. O pai possuía um olhar atento ao aparelho eletrônico, mas sua expressão nula era sempre um enigma. Logo, Inojin sentou ao lado dele para conversar, e assim que mostrou suas anotações, o pai se levantou para ajudar.

— Vejamos. — Sai olhou para a estante de livros, em busca de algo que pudesse responder as questões do filho adolescente. — Eu tenho algumas anotações de quando era mais jovem. Fiz um diário sobre meu relacionamento com os membros do time sete, ao que parece, o Nanadaime e Sasuke-san tinham uma espécie de relacionamento complicado. Pelo o que sua mãe me contou, eles se beijaram na boca enquanto estavam na Academia Ninja.

Inojin estreitou os olhos na direção do pai, que parecia alheio a importância do que ele falava.

— Eles se beijaram na boca? — O rapaz mexeu nos cabelos loiros, jogando-os para trás, estavam soltos e escorriam pelo seu rosto, conforme movia a cabeça.

— Sim, eles devem ter sido namorados, eu acho. — Sai sorriu. — O Nanadaime costumava falar dormindo, ele chamava muito pelo Sasuke-san.

— Totalmente embaraçoso esse comentário, pai. — Inojin suspirou, esperando o pai buscar o tal diário, não havia alternativa senão ler as anotações dele sobre o relacionamento do Nanadaime e o pai de Sarada.

E a leitura se mostrou completamente constrangedora, ainda mais com as anotações de rodapé e comentários de seu pai sobre as percepções de como o Nanadaime se sentia deprimido ao pensar e falar no Uchiha. Toda a história pareceu ser um drama intenso e não era exatamente o que Inojin buscava no momento.

Por curiosidade, continuou lendo o diário. Havia uma análise de cada pessoal ao qual o pai trabalhou naquela época. Além de outras pessoas que ele teve contato. O nome e perfil de sua mãe estava lá. Era embaraçoso, mas Inojin seguiu a leitura. Entre dados específicos sobre a aparência e gostos específicos, ele falava também da relação de sua mãe com a mãe de Sarada. Descrevendo-as como duas garotas indecifráveis, mas que possuíam uma forte conexão.

O seu interesse em entender mais sobre a dinâmica de um primeiro encontro amoroso começou quando Shikadai o convidou para sair. Foi numa tarde, estavam sentados aguardando Chocho, e ele simplesmente disse “Você quer sair comigo?”. A conversa toda foi muito rápida e Inojin se viu depois com uma semana para se preparar para esse encontro. Faltavam dois dias para eles se encontrarem e o rapaz ainda estava tentando entender melhor o que acontecia com ele.

Os sentimentos de Inojin por Shikadai ainda eram uma incógnita, e ele acreditava que aquele encontro poderia ser a chave da resposta. Ele sentia-se ansioso e com o coração disparado cada vez que se aproximava do amigo. Desejava estar sempre ao seu lado, e sentia-se enciumado quando alguma pessoa parecia interessada nele. Além de tê-lo desenhado diversas vezes, e a maioria dos desenhos ficavam com Shikadai.

Seu pai havia prometido que o ajudaria, achou mais adequado em falar com um homem do que envolver a mãe naquele assunto. Já era muito constrangedor conversar sobre esses assuntos com o pai, a mãe então o faria desejar enfiar a cabeça dentro de um saco pardo, tamanha vergonha que sentiria.

Aos quinze anos, Inojin ainda não havia beijado uma garota, apesar de achar muitas meninas bonitas, não se sentia totalmente atraído por elas. Só que ele também não se sentia atraído por outros garotos, apenas Shikadai o fazia sentir-se daquela maneira.

— Posso entrar? — Sai perguntou, parado na porta do quarto. — Peguei alguns livros na biblioteca da vila, talvez ajude. — Ele entregou para o filho os livros e sentou-se na cama, as costas ereta, segurando um livro aberto nas mãos. — Aqui diz que o casamento entre pessoas do mesmo sexo era passível de prisão e tortura antigamente.

— Tortura? — Inojin arregalou os olhos.

— Sim, em alguns casos mais extremos, o casal era banido da Vila.

— Mas, porque? — O rapaz pegou um dos livros, na capa havia dois homens nus de mãos dadas e o título dizia “Prazer para homens”. Inojin abriu o livro e ficou desconfortável com as imagens que ele proporcionava. Precisou virar o livro algumas vezes para compreender que tipo de posição era aquela que faziam.

— Acredito que as pessoas são bárbaras e sempre querer extirpar aquilo que não entende. — Sai olhou para o filho, com o costumeiro sorriso. — Não se preocupe, desde que o Primeiro Hokage iniciou suas atividades, parece que ele aboliu qualquer tipo de violência do tipo.

— Fico mais aliviado em saber. — Inojin agradeceu ao pai. Sai deixou-o sozinho no quarto para continuar sua leitura. Os outros livros se tratavam de ficção romântica, mas as histórias não chamaram atenção. Os enredos se resumiam a homens ricos e frustrados, interessados em companhia.

Inojin deixou os livros sobre a escrivaninha e decidiu fazer uma pesquisa usando o computador. Não era a ferramenta favorita dele para pesquisa, pois gostava de frequentar a biblioteca e ter os livros em mão. Mas não negava que a rede de comunicações de Konoha havia avançado bastante, e agora se fazia importante.

Sua pesquisa se resumia a questões comportamentais, até que foi direcionado para uma página em que havia um vídeo. Ele clicou no play e começou a assistir. O vídeo possuía vinte minutos e o começo eram dois rapazes caminhando pelos corredores do que parecia ser uma escola. Eles entraram no vestiário masculino e enquanto conversavam, tiraram as roupas. Até começarem a se beijar.

Rapidamente o adolescente se levantou e fechou a porta do quarto, retornando para a cadeira. O casal do desenho estava ainda se beijando, e as mãos percorrendo toda a extensão do corpo de cada um.

A princípio, Inojin sentia-se envergonhado pelo vídeo, só que depois ele assistiu a sequência que possuía o mesmo conteúdo. E por mais que o enredo parecesse interessante, os rapazes eram amigos e dividiam aventuras cotidianas sem muitos perigos, Inojin ficava ansioso pelas cenas de teor sexual. Foi inevitável o desejo que floresceu em seu corpo, aquela emoção o levou a por a mão por dentro da calça. Ele fechou os olhos, experimentando a sensação agradável do toque em seu sexo. Consequentemente, pensou em Shikadai e como poderia ser prazeroso estar com ele naquele momento. E o resto da noite passou em seu quarto.

No dia do encontro, Inojin estava mais ansioso do que o normal, não havia alternativas senão falar com a pessoa mais sensata que ele conhecia. Encontrou a mãe na floricultura, ajeitando um ramo de flores.

— É o aniversário de Asuma-sensei, vou levar esses cravos, também preparei um guioza e já comprei um maço de cigarros. Vou me encontrar com Choji e Shikamaru logo mais para ir ao cemitério. — Ela sorriu, enrolando a fita branca para finalizar o arranjo. — Aconteceu alguma coisa?

— Nada muito grave, podemos conversar depois. — Inojin afastou-se, mas ouviu a mãe chama-lo para conversarem, então ele retornou. Olhou a mãe puxar uma cadeira e convidou ele para sentar mais perto.

Já fazia algum tempo que não tinham uma conversa a sós, pelo menos não sobre o assunto que ele estava disposto a tratar.

— Você está misterioso a semana toda, vive no seu quarto, mal o vejo na floricultura, ou andando por aí com seus amigos. — Ino apoiou o queixo na mão e o analisou com os grandes olhos azuis que possuía. — Tem algo te incomodando?

— É que daqui algumas horas eu vou sair. — Inojin começou a falar, encarando os azuis curiosos de sua mãe. — Vou sair com outra pessoa, um encontro.

Ela então adquiriu uma nova postura, ajeitando as costas na cadeira. Um sorriso delineou os lábios rosados e os cabelos loiros foram jogados para trás com uma das mãos.

— Você está preocupado em como agir no primeiro encontro? — Ela perguntou, fazendo parecer que era algo comum. — Seu pai já te contou como foi nosso primeiro encontro?

 — Sim, mais ou menos. Ele disse que você falou muito e ele não sabia exatamente o que responder, por isso apenas concordava com tudo o que você falava. — O olha atravessado da mãe não era exatamente o que ele esperava ver no momento.

— Ele disse isso, foi? — Com uma voz irritadiça, Ino apertou as mãos fechadas sobre a saia que vestia, depois respirou fundo e sua expressão adquiriu contornos mais suaves. — Depois eu resolvo as coisas com seu pai, agora você, o que exatamente te incomoda?

— Papai me deu alguns livros para ler, mas todos dão conta do sistema reprodutor de forma adequada, só que não se estende ao campo social.

— Sistema reprodutor? — O olhar de sua mãe tornou-se dramático, e era por isso que Inojin havia relutado muito antes de falar com ela.

— Eu também li alguns livros sobre relacionamentos, e as pesquisas do papai sobre você. Ele anotou todas as suas flores favoritas e os significados delas. — Inojin passou a mão no cabelo, constrangido em saber mais do que queria sobre o relacionamento dos próprios pais.

— Ele anotou, é?

— Sim, mas não é exatamente isso que eu estou com dúvidas.

— Então o que é que te incomoda? — As mãos dela eram quentes e macias, mesmo trabalhando com plantas que possuíam espinhos, ou mexendo na terra para adubar as flores.

— O que faz alguém gostar de outra pessoa a ponto de desejar estar com ela a todo momento? — Inojin desviou o olhar para as mãos da mãe que repousava sobre as suas, dando-lhe conforto.

— Oh! Meu filho, essa questão é muito complexa. Não acredito que exista uma resposta única para o amor. — Ela ergueu uma das mãos e acariciou o rosto dele, ajeitando a mecha de cabelo que lhe caía pelos olhos. — Nós aprendemos mais do amor quando amamos, precisamos vivenciar o momento para saber como lidar com ele. O que eu posso dizer é que você precisa ser quem você é. Qualquer garota que amá-lo pelo que você é, será a pessoa mais feliz do mundo.

Inojin viu a emoção vibrar nos olhos da mãe, mas não sabia se a magoaria por não ser uma mulher que ele iria se encontrar.

— Você acredita em todas as formas de amor?

— É claro. Há muitas maneiras de se amar. A família, os amigos, as pessoas que queremos bem.

Ele suspirou e encolheu os ombros.

— E se alguém amasse uma pessoa igual a ela? — Ele ergueu a cabeça para fitar a curiosidade no olhar de sua mãe. — Dois homens podem se amar? Da mesma forma que você ama meu pai?

Por um momento Inojin achou que a mãe desistiria da conversa, pois ela o encarava em silêncio, com os lábios comprimidos. Até que um sorriso voltou a iluminar seu belo rosto, deixando-o mais relaxado e confiante. A mãe tinha uma clareza incrível ao se expressar, tanto que chegava a ser cômico seu pai ainda não conseguir identificar algumas coisas tão óbvias.

— Amor não há gênero. — Ela acariciou seu rosto novamente. — Desde que as duas pessoas se gostem e cuidem um do outro. Sabe, quando nós amamos uma pessoa, queremos o seu bem. Às vezes, apenas um se apaixona. — Ela suspirou, o olhar perdido talvez em lembranças. — E quando essa pessoa compreende que não terá o amor de quem ama, ela deve o libertar de seu coração, e torcer pela sua felicidade. Mesmo que seja com outra pessoa. — O longo suspiro da mãe causou em Inojin uma sensação de que ela sabia muito bem do que falava. — Que tal você levar uma flor para o encontro?

— Acho que não tem problemas.

Ele viu a mãe se levantar e passar a mão no rosto, antes de tirar um cravo cor de rosa do arranjo que havia feito para homenagear o sensei falecido.

— Eu sempre levava um cravo para Shikamaru, Choji ou o sensei, quando eles estavam hospitalizados. — Ela olhou para a flor que possuía um caule cumprindo e verde, protegendo-o para que ele pudesse segurar. — O cravo rosa significa que você vai se lembrar para sempre da pessoa que irá presentear. Além de gratidão, então é um ótimo presente para um primeiro encontro. Não acha?

— Sim, obrigado. — Inojin pegou a flor, retribuindo o sorriso da mãe. Ele se despediu e deixou a floricultura.

Iria se encontrar com Shikadai no parque Tokara, próximo ao novo distrito habitacional de Konoha. Havia um playground para crianças e alguns bancos espalhados pelo parque. Inojin sentou em um dos bancos, aguardando Shikadai, que não demorou muito para aparecer.

Ele vestia uma calça cinza e camisa verde escuro de botões. Os cabelos estavam amarrados com o costumeiro penteado, onde as pontas dos cabelos ficavam todas para cima. Ao se aproximar, Inojin notou que ele carregava uma caixinha quadrada.

— É para você. — Shikadai disse, estendendo as mãos. — Minha mãe me obrigou a trazer um presente.

Inojin sorriu com o gesto, vendo o embaraço estampado no rosto corado do outro rapaz.

— Eu lhe trouxe um presente também. — Ele estendeu a mão e mostrou o cravo rosa, explicando em seguida seu significado.

— Obrigado. — Shikadai pegou a flor e aguardou que Inojin abrisse a caixa. — São chocolates.

— Eu gosto muito.

— Sim, eu sei, por isso escolhi esses. Era isso ou um urso de pelúcia gigante. — Shikadai fez um gracejo com a boca, comentando sobre como a mãe dele era complicada. — Você contou para sua mãe que veio me ver?

— Não falei que era você, mas sabe que não é uma garota. — Ele falou sincero, olhando o parque esvaziar devido ao tempo estar mudando com um vento mais frio.

— Minha mãe também não sabe exatamente que eu vim encontrar você, eu não disse que ia sair com um garoto.

— Você acha que ela ia se incomodar com isso?

— Não, acho que não, mas... não sei. — Shikadai tinha uma das mãos na nuca, olhando para o céu nublado. — Meu pai disse que uma hora ou outra terei que conversar com ela, só que, francamente, eu não vejo necessidade de dizer a ela especificamente algo que é natural para mim. — Depois de um murmúrio, o Nara olhou para Inojin. — Podemos ir? — Shikadai perguntou, ainda segurando a flor com o maior cuidado que poderia.

— Onde vamos exatamente? — Um dos motivos de Inojin estar ansioso, era que não havia sido comunicado sobre o que fariam no encontro. Por isso levou mais tempo do que o necessário para se arrumar. Usaria uma roupa casual? Uma yukata? Contudo, levando em conta que Shikadai estava basicamente como se vestia normalmente, ficou aliviado por não ter exagerado na produção. Pelo menos não muito.

— Tem um restaurante que abriu perto daqui, é um lugar pequeno. Eu fui com meu pai, e queria que você fosse comigo.

— Claro. — Inojin se levantou do banco, eles ficaram em pé, um na frente do outro trocando um olhar levemente confuso. O Yamanaka pensou se seria conveniente aproximar-se mais, segurar a mão, ou apenas andar ao lado do colega. Chegando a conclusão de que deveria ter conversado mais com a mãe.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, eu não acompanho o anime Boruto, eu já vi alguns videos no youtube, também sou formada em gif de Tumblr kkkk e como eu amo os Nara e os Yamanakas, eis eu aqui.

Então, seria legal saber o que vocês acharam. A gente se vê, o próximo já está sendo agendado.

Beijos.



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