Amélia não gostava de ser feliz. escrita por MeninoSemRazão


Capítulo 4
A loba suicida uivava de tristeza diante o incendio em Persépolis.


Notas iniciais do capítulo

Rodada 4
TEMA:
Personagens históricos:
1. Luis XIV
2. Martinho Lutero
3. Alexandre, o Grande.

(O objetivo dessa fase é escolher um desses caras e utilizá-los no capítulo fazendo uma comparação com algum personagem ou situação).



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/763480/chapter/4

— Meu nome é Amélia. Menti sobre ser Antonietta, assim como também menti sobre ser outras mulheres em tempos passados. É sempre assim. – Estavam no quartinho de Amélia, que sabia que não teria como se livrar da situação, então resolveu cortar logo o mal pela raiz.

— Está fugindo da polícia? – Perguntou Gregório como se perguntasse sobre vida após a morte para uma assombração.

— De forma alguma.

— Fugindo de um marido?

— Menos ainda. – Quase não conteve uma risada.

— Do que foge então?

— Não fujo de nada, muito pelo contrário. Apenas busco.

— E pelo que busca?

— Conhecer o mundo. Conhecer gente. Conhecer a mim mesma.

— E precisa viver a fugir e inventar outros nomes para isso?

Gregório era consideravelmente mais jovem que Amélia. Que depois de tanto cultuar homens mais velhos quando era moça. - Por considerar os de sua idade estúpidos. – Passou a preferir os mais meninos quando amadureceu. Para ela, a única beleza que ainda conseguia enxergar nos homens depois dos anos de experiência só era possível ser encontrada na inocência que continham os que ainda eram meio meninos.

— Não mantenho pessoas pois não importaria para onde o diabo me carregasse, ainda teria conforto nesse mundo. Não quero ter nenhum lugar para voltar, pessoas também são lugares. Se pudesse queimaria até os quartinhos em que me ajeito quando paro em algum canto.

— Você é egoísta Antoni... Amélia! – Gregório parecia mais menino do que nunca. Era um homenzinho com estilhaços carmesim enterrados no peito.

— Eu não me acho egoísta, só quero que as pessoas sejam uma brisa leve e passageira a irem embora após me refrescarem momentaneamente, assim como também quero ser, alheia.

— Pois então que deixe claro que é só uma brisa besta a não ser levada a sério. – Afogava-se o homenzinho em lágrimas afundadas e escondidas dentro de si próprio.

— Brisas são coisas sérias. Por que raios não haveriam de ser? – O pescoço de Amélia pesou, sua voz pesou, sabia o que tinha feito. Manteve a cabeça baixa como um criminoso a esperar a execução na guilhotina. Calou-se.

— Sim, são. De fato. – Gregório também sucumbiu ao silêncio que queria gritar mais alto que os dois. Mas logo prosseguiu, era um homenzinho apressado no final das contas. – É como quando Alexandre queimou a grande Persépolis, destruiu tanta riqueza e conhecimento... Você é como ele, não acha?

— “Alexandre, o Grande”? - Questionou ofendida.

— Ou “Alexandre, o Maldito”, como foi chamado no livro zoroástrico de Arda Viraf. Alguns não anistiaram Alexandre pelos pecados que cometeu. – Lágrimas fugiam correndo de seus olhos que tentavam supri-las em vão. – Que humilhação!

— Seus sentimentos não devem ser diminuídos a serem seus escravos, eles são essencialmente humanos e necessitam de liberdade. Se quiser chorar, tem que chorar. Não importa a humilhação que for.

— Você não tem mais o direito de me ensinar porcaria nenhuma Antonietta! Você parece até mesmo o diabo com essa astúcia de bicho traiçoeiro. Foi assim que tudo começou, suas ideias que me envolviam como se eu fosse uma mosca presa na teia de uma aranha. Nunca irei te perdoar por ir embora! Nunca!

— Amélia... – Corrigiu a mulher, fazendo-o chorar ainda mais. E prosseguiu. – Mas no final das contas, o que pretende com tudo isso Gregório?

Após um longo tempo em silêncio, apenas ouvindo o homem chorar, Amélia retomou a fala:

— Não chore por um amor que se foi Gregório, imagino se o choro de Virgínia Woolf foi parecido com o uivo de um lobo assim como o seu é. Quando a mesma se atirou da janela tentando suicídio abatida pela saudade do pai falecido. Não viemos aqui para morrer pelo passado. Não mate, seu precioso tempo de vida chorando por uma mulherzinha que não existe. – A voz de Amélia demonstrava compaixão.

— Então pelo menos faça amor comigo pela última vez, me permita uma despedida. – Gregório chorava humilhado, ainda que estivesse pronto para implorar caso Amélia negasse.

— Sim.

— Mas ainda assim, nunca a perdoarei.

— Sim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amélia não gostava de ser feliz." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.