Pain - oneshot Haylijah escrita por Jenniffer


Capítulo 1
Capítulo 1. Screaming down




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E olhando a superfície da água me perco em detalhes. Em vazio. No escuro. A paz ofensiva que o lago aparenta me insulta pessoalmente.

Hayley está morta. E eu permiti que isso acontecesse, bem debaixo do meu nariz, na frente dos meus olhos, a pequena distancia de um passo.

Eu poderia ter impedido isso de diversas formas, se eu me importasse por um infimo segundo. Mas eu não me importava. Eu escolhi não me importar. 
E eu não digo que escolhi porque pedi que tirassem minhas memórias. Eu escolhi porque eu sabia quem ela era. Eu sabia quem eu era. Eu podia ter os meus sentimentos descolados do corpo, mas ninguém apagou meu bom senso. Eu escolhi não dar o beneficio da dúvida, não tirar 5 segundos para analisar o seu olhar na minha direçao. Um olhar de esperança, que se transformou em contentamento, tristeza e por fim aceitação. Eu escolhi não ver. E assim deixei que a morte levasse a mulher que eu amo e que vou amar pra sempre.

Eu já senti dor muitas vezes, de diversas formas eu já experienciei dor fisica, psicologica e moral. Em mim mesmo e a que infligi a outros, mas nenhuma dor é mais agonizante do que não sentir porra nenhuma. Eu me sinto oco por dentro. Como se o meu botão da humanidade tivesse desaparecido e eu não estivesse em controle dela. Meu cerebro me ordena que eu chore, que eu grite, que eu me exploda em ódio de mim mesmo. Mas meu coração está apenas batendo por reflexo, fluindo a margem da sua própria supernaturalidade, ignorando todas as ordens que todo o resto do meu corpo lhe dá: se exploda em pedaços.

É como se Hayley tivesse levado a chave do mecanismo com ela. A máquina está ainda aqui, mas sem ninguém que a faça funcionar. Os estímulos do meu cerebro viajam a alta velocidade atraves do meu corpo e se perdem quando não encontram um lugar para se alojar, se expandir e se expressar.

Talvez isso seja o fim da linha para um vampiro. O seu corpo continua funcionando, porém isso já não importa. Talvez Rebekah tenha sempre tido razão: a maior maldição de um vampiro original é não poder escolher morrer.

A volta das minhas memórias, a porta vermelha da dor, tudo isso alterou a minha percepção desse momento e eu aguardo para que tudo se acomode e a dor encontre seu caminho de volta pra mim. Eu quero sentir cada nuance dela.  Eu quero que queime, eu quero que arda, eu quero que eu me desfaça em brasa, talvez assim eu acorde desse torpor e consiga ir atrás do perdão da minha sobrinha.

Eu de todas as pessoas a deixei orfã de mãe, eu preciso que ela me perdoe. Não por mim, eu não mereço nem estar no mesmo espaço que ela, mas por Hayley. 
Ela criou Hope para o amor, não posso ser eu o gatilho que vai alterar isso em seu caminho.

Agora e para sempre nunca me pareceu tanto tempo quanto hoje. É ironico pensar que o meu pra sempre se foi, e só me resta o agora.

Tempo. A variável que rege o mundo. É tudo que me resta agora. Tempo.


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