Pov. Duncan

Na manhã seguinte, após Quíron me apresentar para o acampamento grego e explicar essa putaria toda de Hades e Poseidon, ele me entregou um cronograma, que por coincidência, ou não, era igual ao de Percy.

Logo quando terminei de tomar meu café da manhã, um garoto baixo e branquelo, vestido com roupas escuras, diga-se de passagem que já gostei dele, veio falar comigo.

— Oi. Sou Nico, filho de Hades.

— É um prazer Nico. Sou Duncan. – apertamos as mãos – Então... Você é o único filho de Hades por aqui?

— Era o único. Até você chegar. Eu só queria desejar boas-vindas a você e se precisar de qualquer coisa, é só chamar. – após uma pausa continuou – A gente se vê. – E com isso foi embora.

— E aí Duncan, - era Annabeth – como foi sua primeira noite no Acampamento?

— Ah! Nem me fale... Fiquei me virando a noite inteira, só pra depois dormir e ter pesadelos horríveis...

— Deixe-me adivinhar. Percy ainda está chateado e descontou em você.

— Eu não usaria a palavra chateado, está mais pra te odeio infinitamente e quero você morto. – suspirei – Tudo o que eu sempre quis foi um irmão, agora que tenho, ele não gosta de mim.

— Dê um tempo a ele. Ele vai se acostumar.

— Eu espero – sussurrei.

— Vamos você têm... Aula de esgrima agora. – disse após olhar em meu cronograma.

Descobri que o instrutor de esgrima era nada mais, nada menos que Percy Jackson! Que maravilha. Ele vai me massacrar agora.

— Vai lá e arrasa. – disse Annabeth.

— V-você não vai ficar comigo? – perguntei.

— Tenho outras coisas a fazer. – respondeu ela – Fique tranquilo, não vai acontecer nada de ruim. Depois eu volto para a gente estudar grego antigo, ok? – Fiz que sim com a cabeça. – Até logo. E vê se não quebra todo mundo! – disse indo embora.

Adentrei a arena de esgrima e sentei em um canto isolado. Pude ver pelo canto do olho que um grupinho de pessoas olhava para mim e cochichava. Fiquei tentado a virar o rosto e perguntar se queriam uma foto minha, o que talvez fosse verdade, mas antes que tivesse a chance, uma menina veio falar comigo.

— Oi! Sou Piper, filha de Afrodite – disse ela.

Pra variar as filhas de Afrodite/Vênus não saíam da minha cola. Estava começando a esboçar uma desculpa de que não estava a fim, quando me toquei.

— Piper? – perguntei – Por acaso você não é a namorada do Jason?

— Sou eu mesma. Por isso vim até aqui falar com você. Jason falou bastante de você. – respondeu. – Enquanto Percy não chega, que tal colocarmos uma armadura em você?

— Vamos lá. – concordei.

Quando Piper terminou de afivelar o peitoral de minha armadura, um menino surgiu ao seu lado.

— Ah! Duncan este é Leo. Leo este é Duncan.

— Puxa... Você é grande. Maior do que eu imaginava. E a propó...

— Não Leo, você não vai fazer a piada do “Tá tudo em cima?” – cortou-lhe Piper.

— Argh... Qual é Pipes, - falou – Quando eu acho alguém pra fazer essa piada você me corta... Enfim...  – após um suspiro continuou – E aí cara.

— Oi.

Não tive tempo de conversar mais com eles, pois nesse momento Percy chegou.

Após explicar o exercício que iríamos fazer, mandou:

— Formem duplas, por favor.

Dei uma olhada em volta e vi que todos já tinham dupla, inclusive Leo e Piper que se juntaram. Somente eu não tinha dupla.

— Eu sobrei. – falei

Depois de uma inspirar uma grande quantidade de ar e massagear as têmporas, Percy disse:

— Tudo bem, você vem comigo.

Isso seria interessante. Provavelmente não para mim, mas para os filhos de Ares que assistiam de longe. Por favor Annabeth, chegue antes que Percy tente me decapitar com sua caneta.

— Pode começar. – disse ele em um murmúrio quase inaudível.

Comecei a fazer o exercício. Estava tudo na paz, ou seja lá o que for paz no meio de espadas, até que eu avisto Reyna de longe. Distraio-me um pouco e sem querer faço um pequeno corte, quase imperceptível, no braço de Percy.

— Ai. – geme ele – Presta atenção idiota.

— Desculpe. – falei.

— Não quero saber. – resmungou – Maldita Maldição de Aquiles que está enfraquecendo. – disse para si mesmo. – Pode continuar.

Depois de todos terminarem o exercício Percy deu alguns minutos para descansar.

— Beleza, já deu o tempo. – disse Percy – Agora, quem se voluntaria a lutar comigo para testar o que aprendeu na aula de hoje? – ninguém se pronuncia. – Qual é gente, vamos lá, eu não mordo. Ganha quem desarmar o adversário primeiro. – Mais silêncio mortal. – Okay, Vou escolher alguém. Hmmm... Duncan.

O quê? Droga. Eu queria qualquer coisa, menos lutar contra ele. Eu estava tentando não bater nele de novo. Só queria uma amizade com Percy. Mas eu consigo? Claro que não. Vou ser obrigado a enfrentar ele novamente. E dessa vez numa coisa que ele é mestre. Por favor, alguém chama o samu dos deuses. Vou precisar.

Levantei e fiquei de frente com Percy.

— Sem poderes. Só a espada. – Assenti. – Vamos começar.

Ele deu o primeiro ataque. Consegui desviar com minha espada.

A luta prosseguiu calma com ora Percy ora eu atacando e defendendo, até que Percy consegue me desarmar e me empurra, fazendo-me cair.

Ele vem pra cima de mim, e antes que consiga me atingir com a espada, chuto-a de sua mão, desarmando-o. Em seguida, Percy pula em cima de mim.

— Cara, já acabou - gritei – você já me desarmou. Você ganhou. Parabéns.

— Se você estivesse num combate real e você desarmasse o inimigo ele não iria morrer, - disse Percy me imobilizando - ele iria continuar a tentar te matar.

Não ofereci resistência, não queria lutar contra ele. Então, deixei Percy socar meu rosto inteiro.

— Percy para, já acabou. – gritou Piper. – Leo, vai chamar a Annabeth agora!

Fechei meus olhos e Percy continuou a me socar. Por alguns segundos abri os olhos e pude ver sangue na mão de Percy. Antes de apagar, vi Annabeth chegando e tirando Percy de cima de mim.

[...]

Acordei com alguém afagando meus cabelos. Abri meus olhos.

— Finalmente você acordou – disse Annabeth – Como está se sentindo?

— Só um pouco tonto. – coloquei a mão em meu rosto e vi que tinha gaze encobrindo meu nariz inteiro. – Eu quebrei o nariz?

— Sim. – após um longo suspiro continuou – Eu sinto muito pelo o que o Percy fez. Eu tenho certeza que ele deve estar arrependido. Ele não é de fazer essas coisas. Mas por que você não ofereceu resistência? Por que o deixou bater em você desse jeito?

— Eu não queria ter que bater nele de novo. Não queria que ele tivesse motivos para não gostar de mim. Por isso resolvi apanhar. Eu achei que talvez desse jeito, Percy visse que eu não quero mal para ele.

Fechei os olhos novamente e absorvi o carinho que ela estava fazendo nos meus cabelos.

— O que aconteceu depois que você arrancou Percy de mim? – perguntei.

— Eu xinguei ele. – ela riu e eu acompanhei. – Xinguei e muito. Depois pedi ajuda de Reyna, que veio correndo ver o que acontecia, pra te carregar até aqui. Daí limpamos seu rosto e fizemos esse curativo no seu nariz.

— E cadê ela?

— Reyna? – confirmei – Teve que resolver algumas coisas com Jason e Quíron. Mas ela disse que assim que pudesse viria para cuidar de você. – depois de alguns segundos ela pergunta – O que rola entre vocês?

— Dá pra perceber tanto assim? – perguntei.

— Na verdade, eu acho que só eu percebi.

— Nem eu sei o que rola entre a gente. Ela me beijou uma vez, mas foi totalmente sem querer. Depois disso, sei lá. Nós começamos a ter mais intimidade pra essas coisas...

— Eu acho que entendo. – respondeu.

Tento me sentar, mas a filha de Atena me impede.

— Melhor ficar deitado, descanse um pouco.

— E a aula de grego que íamos ter? – perguntei

— Fica pra outra hora. – disse uma nova voz. Abri os olhos e vi que era Jason – Sua mãe chegou e quer ver você.

— Qual mãe?

— A de sangue. – respondeu Jason – Sally Jackson.