Crisálida escrita por valentinaLB


Capítulo 23
Capítulo 23 - PROVIDENCE


Notas iniciais do capítulo

OI, MENINAS!! CAPÍTULO NOVINHO SAINDO!!!BEIJÃO PRA VCS.



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CAPÍTULO 23 – PROVIDENCE

POV BELLA

Acordei bem cedo para não me atrasar. Estava meio sonolenta, pois tinha demorado a dormir. A cena ridícula do Edward me deixou aturdida. De um lado, devo admitir, gostava de vê-lo com ciúmes de mim, mas do outro estava indignada com sua audácia em achar que eu era propriedade sua. Qual a do cara, afinal? Eu tinha me entregado a ele de corpo e alma, mais alma que corpo, é verdade, mas ainda assim Edward achou pouco, procurando uma prostituta para se satisfazer, como se sexo fosse mais importante do que o sentimento verdadeiro que nutria por ele. Não levou em conta que eu estava me esforçando e permitindo mais intimidade entre a gente. Tinha deixado ele me tocar, ou melhor, tinha pedido que me tocasse... Ainda sentia o calor de suas mãos em meu corpo quando me deparei com aquele “teatro pornográfico” em seu apartamento. Por mais que o amasse, e eu ainda o amava intensamente, não achava lógico perdoá-lo. Não tinha desculpas para o que ele fez.

Espantei aqueles pensamentos dolorosos e terminei de me vestir. Não sei se foi o orgulho ferido ou uma vontade inconsciente de me exibir para Jacob, mas deixei a calça jeans e os tênis de lado e coloquei um dos meus vários vestidos guardados sem uso. Era listrado de preto e branco e deixava meus ombros à mostra. Coloquei sapatos de salto alto, que antes só usava para dançar.

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Gostei de como ficou.

 O olhar desaprovador de Carmem, que estava muito brava por Renée estar permitido que eu viajasse sozinha com Jacob, confirmou que eu estava chamando a atenção.

Tomei o café com minha mãe, que preferiu despedir-se de mim sem muitos comentários.

Jacob chegou na hora combinada. Assim que me viu pareceu bem surpreso. Seus olhos, não muito discretos, desceram lentamente da minha cabeça até os pés. Tentei não ficar ruborizada, mas não tive êxito.

- Bom dia, Bella! Você está linda – disse, olhando diretamente em meus olhos.

- Bom dia, Jacob e... obrigada. – Sorri timidamente.

Jacob guardou minha mochila e entrei em seu carro. Arrependi-me de não ter colocado jeans.

- E aí, Bella, preparada para enfrentar a D. Norma? – Jacob perguntou rindo.

- Vou deixar para pensar nisso quando estivermos frente à frente. – Tremi de brincadeira, fingindo estar apavorada. Mas para dizer a verdade eu estava mesma. Não sei de onde Ang tirou a idéia de que eu era a pessoa ideal para dar essa notícia à sua vó. Ela devia estar muito desesperada mesmo.

Ouvi meu celular tocando. Quem poderia estar me ligando tão cedo? Não precisei nem ver o nome para adivinhar.

- O que você quer, Edward? – Perguntei friamente.

- Bom dia pra você também, Isabella! – Sarcasmo não era algo comum nele.

- Bom dia, Edward, mas fala logo o que quer. – Concordei que tinha sido mais rude que o necessário.

- Só queria te pedir que não fizesse uma besteira como a que eu fiz, Isabella. Não faça nada impensado nem movida pelo desejo de vingança. Não se desrespeite por minha causa.  – Havia um certo desespero em sua voz.

- Edward, guarde seus conselhos para seus pacientes e pare de se meter na minha vida.

- Não vou parar não, Isabella. Vou te vencer pelo cansaço, menina – falou nervoso.

Desliguei o telefone na sua cara e suspirei fundo.

- Estaria sendo indiscreto se perguntasse quem era?

- Estaria, Jacob, mas mesmo assim vou te responder. Era meu namo... Ex-namorado.

- Não sabia que estava namorando! – Ele pareceu bem surpreso.

- Não contei a Ang. E não estou mais namorando.

- Então foi por causa dele que mudou tanto? – Será que eu tinha mudado tanto assim?

- É, pode-se dizer que sim. – Não dava para negar que estava bem mais extrovertida depois que conheci Edward.

Jacob me encarou por alguns segundos, mas não disse mais nada.

- Ele me traiu. – Desabafei. Não sei por que, mas deu vontade de falar sobre o que aconteceu com alguém que não fosse me olhar com cara de pena.

- Ele é cego ou é só um grande idiota? – Havia um pouco de malícia em sua expressão.

- Hum... Ele é só um grande idiota mesmo – falei rindo.

Acabei contando, superficialmente, o que tinha acontecido.

- PQP!! Que cara azarado! Você tinha de chegar naquela hora?

- Ei, de que lado está? – Foi impressão minha ou ele tinha ficado com dó do Edward?

- Desculpe-me, Bella, não acho que o que ele fez foi legal, mas é que... Ah, sei lá... Posso te perguntar uma coisa: vocês se davam bem na cama? Se não quiser responder, não precisa e me diga se eu estiver sendo inconveniente.

Fiquei vermelha como um tomate.

- É que... A gente não transava ainda.

Jacob virou rapidamente o rosto para mim, afastando a atenção da estrada. Parecia espantado.

- Nossa!... Que idade ele tem?

- Vinte e cinco.

Jacob respirou profundamente e soltou o ar de uma vez, num claro sinal de quem não queria dizer o que estava pensando.

- Vai Jacob, pode falar o que está pensando.

Ele riu.

- Bella, se disser o que eu acho vai soar muito machista. Não é que queira defender o cara. O que ele fez foi uma puta sacanagem, desculpando o trocadilho. – Soltou uma risada. – Mas acho que ele deve estar muito arrependido do que aprontou. Perder uma garota linda como você por causa de uma trepa..., desculpa... Por causa de uma transa – continuou - é de uma burrice sem tamanho.

Fiquei em silêncio. Homem era tudo igual mesmo!

- Sabia que ficaria chateada com minhas palavras.

- Não estou não, é que só faltou você dizer que foi “só sexo”.

- E deve ter sido mesmo, Bella. Foi com uma prostituta, não foi? Então, Bella, o cara devia estar apenas dando uma extravasada. Pensa que é fácil para um homem da idade dele ter uma garota como você nos braços e ficar só nos beijinhos? Se fosse comigo você não tinha escapado.

Olhei para ele indignada. Fiquei roxa de vergonha.

Jacob percebeu a merda que tinha acabado de falar e ficou super sem graça.

- Desculpe-me pela grosseria, Bella. Esqueça o que falei, por favor.

- Vocês fazem algum tipo de treinamento para serem tão sem noção assim ou é atávico?

- Tá bom, Bella, sei que extrapolei. Desculpa mesmo.

Aumentei o volume da música e desisti da conversa. Tentei concentrar-me na tarefa que tinha me colocado naquele carro: contar à D. Norma que a neta tinha separado.

Percebi que Jacob me olhou algumas vezes, mas fingi que estava distraída. Se queria um aliado para criticar Edward, teria de procurar em outro lugar, de preferência entre mulheres. O corporativismo masculino era irritante.

Quando paramos na porta da casa de D. Norma, a ficha caiu. Senti um frio na barriga e as pernas tremerem.

“O que estou fazendo aqui, meu Deus?”

A conversa com a velha senhora foi curta. Ela nos fez parecermos dois idiotas.

Tínhamos combinado que Jacob contaria e que eu interviria se necessário, principalmente se ela se alterasse muito.

Fui recebida com muito afeto por D. Norma. Assim que me viu, abraçou-me carinhosamente, me enchendo de elogios.

Apesar de sua acolhida gentil, seu rosto desconfiado deixava claro que sabia o que tínhamos ido fazer ali. Antes mesmo de Jacob começar, ela falou:

- Vieram aqui me contar sobre a separação de vocês? – Perguntou ironicamente para Jacob.

Antes mesmo que ele falasse alguma coisa, ela continuou.

- Vocês acham que sou uma velha decrépita e demente? Pensam que não sabia que minha neta e este moleque tinham desrespeitado os votos do matrimônio? – Disse, olhando para mim e apontando para Jacob. – Eu sei de tudo o que acontece na minha família. Por favor, não me tratem como uma incapaz. Ângela deveria ter vergonha de mandar uma amiga no lugar dela. Esta não é uma atitude digna de um Weber. Se soubesse que viveria para ver esta família se desintegrando moralmente como está, preferiria que Deus tivesse me levado junto com meu marido, que morreu antes de ver seu sobrenome jogado na lama. Desculpem-me, mas preciso me deitar.

Seus olhos estavam tristes. Ela parecia cansada.

D. Norma foi para seu quarto, andando com dificuldade. Não se despediu. Olhei para Jacob sem saber o que fazer. Era triste ver a decadência daquela matriarca, que conheci altiva, temida e respeitada, e que agora me parecia uma mulher só, vivendo das memórias gloriosas de um passado que não voltaria mais. Desejei não chegar ao fim da vida como ela.

Fomos embora nos sentindo envergonhados.

Jacob sugeriu que precisávamos de um drink. Concordei plenamente, só depois me lembrei que não bebia, mas isso era só um detalhe.

Estava entrando no toilet do bar, quando ouvi meu celular tocar. Era Edward.

- Edward, vou precisar pedir uma “Restrição Judicial” para me livrar de você? – Ele já estava me dando nos nervos.

- Onde você está? – Ele deve ter ouvido a música ambiente.

- Estou em um bar, e agora tenho um motivo a mais para encher a cara.

- Isabella, você não bebe! Que negócio é esse de se embebedar na companhia de um cara que mal conhece. Faz idéia do que pode acontecer?  - Ele estava completamente alterado.

- Não bebia, Edward, mas agora resolvi começar. E realmente não faço idéia do que vai acontecer, mas seja o que for, não lhe diz respeito. – Não tinha obrigação nenhuma de dar satisfação a ele, mas gostava de vê-lo irritado.

- Isabella... Isabella, vou acabar cometendo uma idiotice por sua causa!

- Idiotice é sua especialidade, Edward. Se fizer, com certeza fará bem feito. Tchau!

Desliguei meu telefone de vez. Não queria mais atendê-lo. Tinha acabado de falar com minha mãe, então ninguém mais me ligaria.

Jacob já estava sentado à mesa quando cheguei. Não podia negar que ele era um belo homem. Sua pele morena e seus músculos definidos eram uma tentação. Seu sorriso então...

“Se comporte, Bella!”

Sentei-me.

- O que quer beber, Bella?

Não fazia a menor idéia, afinal minha única experiência com bebidas se restringia à coquetéis de frutas.

- Cerveja.

“De onde saiu esta palavra?” Às vezes achava que tinha dupla personalidade.

Jacob pediu ao garçom a cerveja e alguns petiscos para enrolarmos até a hora do almoço. Tínhamos resolvido almoçar em Providence, num restaurante que Jacob conhecia e dissera que a comida era maravilhosa.

No início o líquido desceu amargo, mas com o tempo fui me acostumando.

Enquanto Jacob contava os motivos de sua separação, me deixando constrangida nas partes que mencionou a vida sexual deles, fui percebendo meu corpo relaxar. A bebida estava surtindo um efeito delicioso em mim.

Algum tempo depois, quanto exatamente não sei, senti um par de braços fortes me envolver. Um perfume delicioso, meio amadeirado, invadiu meu nariz e eu me entreguei aquele abraço.

- Isso é bom... – falei, inalando aquela fragância.

- Pelo amor de Deus, Bella, não sou de ferro.

Apaguei!

Abri o olho sentindo que minhas pálpebras pesavam duzentos quilos. Minha cabeça doía tanto que parecia que ia explodir. Pior era o mal estar no estômago.

Tentei me lembrar onde estava e o que tinha causado aquilo, mas estava tudo confuso em minha mente.

- Acordou? Achei que ia precisar de uma injeção de glicose. – Era a voz de Jacob.

Virei-me para o lado que vinha o som e me deparei com ele deitado ao meu lado.

Jesus!!! O que eu tinha feito?? Estava sobre uma cama, no que parecia ser um quarto de hotel. Fiquei em choque.

Não tinha coragem de olhar debaixo da coberta para ver em que estado me encontrava. Olhei apavorada para Jacob.

- Está com dor de cabeça? Posso pedir um analgésico na recepção.

Apenas balancei a cabeça afirmativamente, mas o movimento foi suficiente causar uma dor insuportável.

Queria perguntar o que tinha acontecido, mas me apavorava saber a resposta.

Jacob se levantou da cama e vi que ele estava de calça, apenas sem camisa. Um alívio percorreu meu corpo. Finalmente me atrevi a olhar sob o lençol e grande parte do alívio se foi. Eu estava apenas de calcinha. Definitivamente tinha de parar com esta mania de acordar nua em cama de homens. Isso, além de constrangedor, era absurdo, já que não significava necessariamente que minha vida sexual fosse uma maravilha.

Jacob desligou o telefone e olhou para mim. Minha cara devia deixar transparecer o desespero em que me encontrava.

- Bella, não aconteceu nada, pode ficar calma. Você tomou um porre lá no bar e eu tive de trazê-la para um hotel, até que melhorasse. Com relação a sua roupa – falou meio sem graça – tive de tirá-la porque você vomitou no seu vestido... E na minha camisa também.

- Seu vestido está em uma sacola plástica, dentro da sua mochila.

Puxei a coberta sobre a cabeça, desejando entrar em coma alcoólica.

Ouvi as risadas de Jacob.

- Olha, Bella, eu ia tirar só seu vestido, mas para azar seu... e sorte minha, você não estava de sutiã.

Usei meu direito de permanecer calada.

Jacob jogou algo sobre a coberta.

- Deve ter alguma roupa limpa dentro desta mochila, espero.

Destampei a cabeça, evitando encará-lo.

- Tem sim.

Tirei uma calça e uma camiseta de dentro.

Jacob continuou onde estava, me olhando. Esperei um pouco e ele nem se mexeu.

- Podia se virar – pedi.

Ele riu e se virou.

Coloquei a roupa rapidamente e me levantei. Parecia que eu tinha sido atropelada, de tão mal que me sentia.

- Ja... cob, ju... jura que não aconteceu nada? – Esperava que uma hora as memórias daquela tarde voltassem... ou não!

- Bella, tem uma condição que eu não abro mão para fazer amor com uma mulher... Ela tem de estar acordada. Mas não fique decepcionada, teremos outras oportunidades.

Sua risada me fez colocar as mãos na cabeça. Parecia uma faca sendo enfiada em meu cérebro.

Não tinha forças para responder suas gracinhas sem graça.

Fui para o banheiro, tirei a roupa novamente e tomei um longo banho. Senti-me bem melhor.

O remédio já havia chegado quando terminei de me arrumar. Tomei-o, esperando que fizesse efeito logo.

- Vamos jantar antes de partirmos?

- Jantar??

- É, Bella, já são oito horas da noite.

Minha incursão na bebida tinha sido catastrófica. Meu porre tinha nos atrasado e ainda obrigado Jacob a cuidar de uma bêbada.

- Desculpe-me por isso, Jacob. Estou me sentindo péssima por tê-lo feito passar quase o dia todo nesse quarto de hotel, cuidando de mim. Estou morrendo de vergonha. – E estava mesmo.

- Sem problemas, Bella, teria sido tedioso, mas como você passou o tempo todo vestida apenas com aquela calcinha de renda rosa, não posso dizer que foi tão ruim assim.

Fechei os olhos esperando aterrorizada  a risada macabra dele, que não demorou muito.

- É divertido te ver encabulada, Bella. Nem parece que tem dezoito anos.

- Se não se importa – falei, ainda olhando para o chão – podemos voltar logo para Boston? – Na verdade minha vontade era voltar de ônibus. Estava morrendo de vergonha.

Jacob segurou minha mão e me puxou para fora do quarto.

Assim que entrei no carro, deitei a cabeça para o lado, fingindo que estava dormindo. Não queria conversa.

- Bella! – Jacob me chamou.

Olhei para ele, já sentindo meu rosto ruborizar.

 - Me promete que não vai abrir a porta e saltar depois do que vou te contar? – Ele nitidamente tentava controlar a vontade de rir.

Cerrei meus olhos, já me apavorando com o que viria a seguir.

- Hã, hã. – Foi só o que saiu da minha boca, mesmo não tendo tanta certeza de que não seguiria sua sugestão, dependendo do que falasse.

- Você disse que já tinha sido apaixonada por mim e me pediu para fazer amor com você.

Coloquei a mão na maçaneta...


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