Crisálida escrita por valentinaLB


Capítulo 21
Capítulo 21 - CRESCENDO À FORÇA


Notas iniciais do capítulo

OI, MENINAS. CASALSINHO DE VOLTA. SEPARADOS MAS MAIS JUNTOS DO QUE NUNCA!! KKKKKK BEIJÃO BEM GRANDE PARA TODAS.



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CAPÍTULO 21 – CRESCENDO À FORÇA

POV BELLA

MALANDRAGEM

(Cassia Eller)

Quem sabe eu ainda Sou uma garotinha

Esperando o ônibus Da escola, sozinha...

Cansada com minhas Meias três quartos

Rezando baixo Pelos cantos

Por ser uma menina má...

Quem sabe o príncipe

Virou um chato

Que vive dando

No meu saco

Quem sabe a vida

É não sonhar...

Eu só peço a Deus

Um pouco de malandragem

Pois sou criança

E não conheço a verdade

Eu sou poeta

E não aprendi a amar

Eu sou poeta

 E não aprendi a amar...

Bobeira

É não viver a realidade

E eu ainda tenho

Uma tarde inteira

Eu ando nas ruas

Eu troco um cheque

 Mudo uma planta de lugar

Dirijo meu carro

Tomo o meu pileque

E ainda tenho tempo

Prá cantar...

O que passou, passou.

 Respirei fundo e me levantei da cama. Tinha decidido que ia ser forte, então não ia dar mole para a tristeza e a depressão.

 A dor que estava sentindo era não era física, não se encontrava em nenhum lugar onde pudesse identificá-la e extirpá-la. Ela era como uma nuvem que me envolvia, como uma extensão do meu corpo. Teria de aprender a conviver com ela.

Tomei um banho e desci para o café-da-manhã. Encontrar-me com Renée e Carmem e ter de aturar suas expressões de “coitadinha dela” era um desafio e tanto. Uma prova para eu saber se estava mesmo preparada para agüentar a pressão de continuar levando minha vida.

Sobrevivi!

A aula de violino foi um alento. A música era como um bálsamo para meu sofrimento. Enquanto tocava só conseguia pensar em coisas boas. O mais incrível e que Edward aparecia nestes pensamentos. Seus beijos, seu sorriso, suas mãos em meu corpo. Tudo isso agora fazia parte do meu passado, do arquivo “foi bom enquanto durou...”.

 Saí do conservatório e fui até meu carro. Levei um susto. Edward estava encostado nele. Não tinha me preparado para encontrá-lo. Senti minhas pernas fraquejarem. Eu não estava acostumada a odiá-lo e este sentimento me incomodava. Não era confortável.

- O que você quer, Edward? – Perguntei sem paciência.

- Quero conversar com você, Isabella. Te liguei várias vezes, mas só dava na caixa postal. Podemos ir a algum lugar onde possamos ficar sozinhos? – Perguntou.

Eu tinha realmente desligado meu celular e dado ordens expressas para não me chamarem se ele me ligasse em casa.

- Edward, você colocou uma pessoa a mais na nossa estória. Nunca estaremos sozinhos. Aquela prostituta sempre estará conosco, onde quer que estejamos. – Falei, sentindo meu estômago revirar novamente.

- Eu sei que estraguei tudo, Isabella, mas queria muito consertar meu erro. Não sabe como me arrependo do que fiz. – Disse, levando sua mão em meu rosto, acariciando-o.

- Edward, nunca mais coloque essas mãos sujas em mim, entendeu? – Sei que fui grossa, mas seu toque, por mais repulsa me causasse, ainda me deixava com as pernas bambas, então era melhor evitá-lo.

Ele me olhou por alguns segundos. Seus olhos estavam opacos e tristes.

- Tem todo o direito de me odiar, Isabella, mas quero que saiba que não vou desistir de você. Eu te esperei por mais de três anos e não me importo se tiver de esperar por mais três pelo seu perdão. Vai conhecer outro grande defeito meu: eu sou inconvenientemente persistente.

Edward me entregou uma foto e saiu, sorrindo torto.

Olhei para a fotografia desgastada e me vi junto a uma turma sentada em um sofá. Nem me lembrava de quando a tinha tirado. Provavelmente em uma das reuniões que minha mãe fazia em casa, com suas amigas. Atrás estava escrito “Isabella  – fevereiro/2007”. Era a letra de Edward.

Quando me virei para perguntar o que significava aquilo, ele já tinha sumido.

Ele disse que me esperou por três anos? Como, se nos conhecíamos a apenas alguns meses?

Fiquei sem entender. Guardei a fotografia na bolsa e voltei pra casa, tonta com tudo aquilo.

Minha nova vida estava se mostrando um tanto surreal. Pisquei duas vezes para acreditar no que estava vendo.

Encostado no carro, na porta da minha casa, praticamente na mesma posição em que tinha acabado de encontrar Edward, estava nada menos do que Jacob, o homem por quem nutri o mais lindo e sofrido amor platônico.

Quando vi estava beliscando meu braço, numa atitude tão infantil que quase me fez rir. Precisava ter certeza de que aquilo estava acontecendo.

- Oi, Bella!  - Jacob me abraçou.

- Oi, Jacob! – Estava surpresa com sua visita, mas tentei disfarçar.

- Desculpe vir sem avisar, mas não consegui falar com você – falou, preocupado em estar atrapalhando.

Imaginei os motivos de não conseguir falar comigo.

- Não tem problemas, vamos entrar. – Apesar de tudo, era um prazer tê-lo por perto.

Ele continuava lindo como sempre, mas me surpreendi com a calma em que me encontrava. Antes, só de vê-lo, meu corpo tremia e minhas mãos suavam. Agora não sentia nada disso. Só o via como um amigo. Edward tinha me feito esquecê-lo.

Sentamo-nos na varanda.

- A Ang falou muito mal de mim quando te contou que nos separamos?

- Ela me ligou contando sim, mas não colocou a culpa só em você não, Jacob. – Falei sorrindo. -Sinto muito por vocês. Espero que não seja definitivo.

- Acho que é sim... – Jacob, de repente, fez uma cara de surpreso. – Desculpe meu jeito, mas você está diferente, Bella.

- Eu?

- É, está mais bonita, mais solta. Sei lá, seja o que foi que aconteceu, fez muito bem pra você.

- Obrigada, Jacob – agradeci, meio sem graça.

- Bem, mas voltando ao assunto, eu acho que não tem mais chance de voltarmos. Eu e Ang nos casamos pelos motivos errados, Bella. Já começou tudo errado. Deixamos a oportunidade de sermos melhores amigos para sermos um casal infeliz. Escolhas erradas, entende?

Em escolhas erradas eu tinha doutorado, pensei.

- Entendo... Mas eu pensei que vocês estavam apaixonados quando se casaram. – Me lembrava bem o quanto a cara de apaixonado dele me fez sofrer naquela época.

- Nós também – Jacob disse rindo. – Mas o importante é que descobrimos o erro antes de termos filhos. Seria bem mais difícil do que está sendo.

- É, os filhos sofrem muito em uma separação.

- Bem, Bella, na verdade vim aqui para saber quando podemos ir? – Perguntou.

- Ir onde? – Definitivamente tinha vomitado meu cérebro no banheiro de Edward. Não fazia a mínima idéia do que ele estava falando.

- Ang me disse que tinha combinado tudo com você. Que a apoiara e que a ajudaria. – Jacob falou, confuso com o meu desconhecimento do assunto.

- Hã... – Deus, me ajude, pensei - É que eu ando meio esquecida mesmo. O que é mesmo que combinamos? – Me lembrei que não tinha ouvido metade da nossa conversa ao telefone, mas mesmo assim tinha dito que concordava com algo que Ang tinha me perguntado.

Jacob me olhou desconfiado. Provavelmente achando que eu estava com algum problema mental mais grave do que aquele que já achavam que eu tinha.

- Ang não teve coragem de contar para a Dona Norma que nos separamos e você aceitou ir lá comigo para explicarmos o que aconteceu, afinal ela gosta muito de você. Lembra quem é a Dona Norma? – Perguntou, testando minha sanidade.

 Tive vontade de rir. Jacob estava falando comigo como se eu fosse doente mental.

- Claro que lembro! É a avó da Ang. Eu gosto muito dela e ela também gosta muito de mim. Faz tempo que não a vejo.

- Pois é, como você apoiou Ang a ir para a Austrália estudar, ela te pediu para ajudar-me a contar para a avó sobre a nossa separação. Pelo menos foi isso que ela me disse. Não sei qual das duas está pirando.

- Claro que eu me lembro! Mas espera aí, a D. Norma mudou-se pra cá? – Ou será que...

- Não, Bella. Ela ainda mora em Providence. Vamos ter de viajar pra lá.

- Ah! – Meu Deus, eu teria de viajar com Jacob!

- Era para eu ter te procurado antes, mas estava cheio de trabalho e só agora consegui uma folga. Será que dá para irmos hoje ainda, assim poderemos voltar amanhã.

- Cla... claro.

A avó da Ang era um amor de pessoa, porém era muito conservadora e não aceitava separações na família. Já tinha presenciado um briga dela com a filha mais velha, quando cogitou separar-se do marido. Seria tenso contar pra ele sobre Ang e Jacob.

Ultimamente sempre que abria a boca me metia em algum tipo de confusão. Quem mandou eu concordar com algo que nem sabia o que era. Toma!!!!

- Jacob, se importa se formos amanhã cedo? Tenho de falar com minha mãe e desmarcas umas aulas. – Precisava de um tempo para assimilar tudo o que estava acontecendo.

- Tudo bem. Então passo aqui às sete horas. Tudo bem pra você?

- Tudo.

Assim que Jacob saiu, coloquei as mãos na cabeça, desesperada. Havia me metido numa confusão de família e ainda por cima teria de viajar com ele para outra cidade. Tinha a sensação de que estava vivendo em uma dimensão paralela. Cadê aquela vidinha pacata que eu levava?

Liguei para minha mãe e contei sobre a viagem. Ela achou estranho mais concordou.

Fui para meu quarto arrumar minhas coisas. Separei toalha, roupas e produtos de higiene. Não sabia se voltaríamos no mesmo dia. Provavelmente, não.

Comi um lanche que Carmem preparou e voltei para meu quarto. Coloquei uma camisola e deitei. Queria dormir cedo. Tirei a foto da bolsa e fiquei olhando-a, tentando entender por que motivo Edward teria uma foto minha, datada com sua letra há três anos?

O barulho da porta se abrindo de supetão me assustou. Quando vi, Edward estava dentro do meu quarto, com cara de bravo.

Levantei-me rapidamente, indignada com sua audácia.

- O que você pensa que está fazendo, entrando assim no meu quarto? – Perguntei, fula da vida.

Ele nem se deu ao trabalho de me responder.

- Que estória é essa de viajar com um cara que você nem conhece direito? Você ficou doida, Isabella? – Enquanto perguntava, seus olhos passeavam por meu corpo, protegido apenas pela camisola de renda transparente que eu estava usando.

Fiquei vermelha quando percebi que meus seios e minha calcinha podiam ser facilmente vistos por ele. Mas logo a raiva me dominou.

- Anda me espionando? Como sabe que vou viajar? – Berta!!! É claro que minha mãe havia lhe contado e ela mais que depressa contou pro netinho querido.

- Não muda de assunto, Isabella. Não vou deixar que faça essa viagem. Não vê que não é seguro viajar sozinha com esse cara? Ele está separado, provavelmente está pegando toda mulher que aparece em sua frente.

- Não o meça pelos seus atos, Edward. E além do mais isso não é da sua conta. Quem é você para me proibir de alguma coisa? Nós terminamos, Edward! – Minha vontade era gritar para ver se ele entendia isso de uma vez por todas.

- Você terminou comigo!! Eu ainda te amo, Isabella, e não vou deixar que faça uma besteira.

- Que besteira? Tipo ele me convencer a transar com ele? E o que de mal teria nisso? Seria “só sexo”, Edward – disse, abusando do meu direito de ser sarcástica.

- Isabella, não me tira do sério... – Ele parecia que ia explodir, de tão vermelho que estava. – Só estou avisando, se esse FDP encostar um dedo em você eu esfolo ele vivo.

- Edward você está absurdo! Saia do meu quarto e me deixe em paz. O que eu fizer ou deixar de fazer é problema meu... só meu, entendeu?! – Era bom vê-lo sentir o mesmo que senti quando o vi com aquela prostituta.

Ele saiu batendo a porta, bufando de raiva. Iria matar Carmem por deixá-lo entrar em meu quarto.

Mais uma vez fiquei tão irritada com ele que me esqueci de perguntar sobre a foto.

Agora ia me entender era com quem tinha permitido aquela invasão ridícula a meu quarto.

- CARMEM!!!!!!!!


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