Lacunas escrita por Petty Yume Chan


Capítulo 2
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Olha quem voltou, yey !!
Era para esse capítulo já ter saído à um tempo, mas eu simplismente esqueci de postar. Mãe desnaturada que chama.
Mas agora ele está aqui, então boa leitura ^--^



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— Você realmente não deveria se preocupar tanto, você está extremamente abatido. 

— Você não está em posição para falar nada. Já se viu no espelho campeão? 

Eu estava feliz de ter o meu amigo comigo, só de pensar que, por um momento eu não reconheci o seu rosto, me dava náuseas. Eu me sentia péssimo por colocar as pessoas ao meu redor naquela situação. Prometi a mim mesmo que as aproveitaria ao máximo de agora em diante. 

Porém, hoje os meus pensamentos não conseguiam se focar na presença do meu amigo, a visita do dia anterior me deixou inquieto e um tanto ansioso, eu não podia ouvir passos no corredor que meu coração se acelerava e meus olhos se direcionavam a porta. Castiel não pode deixar de reparar na minha inquietação, até porque eu não estava sendo nada discreto. 

— Está esperando alguém? 

Eu o olhei surpreso, sentia que meu rosto devia estar levemente ruborizado, de certa forma eu esperava que ela viesse, mas deixar essa atitude tão visível me constrangia um pouco. Castiel me lançou um sorriso malicioso.

— Não se preocupe, ela já está chegando. 

Senti meu coração disparar de vez e meu rosto queimar, Castiel sabia quem eu estava esperando? Ele conhecia a garota de ontem? Que tipo de relação eles teriam? Aqueles pensamentos me deixaram extremamente inquieto, e talvez um pouco irritado.

— Ela quem?

— Isso você vai ter que descobrir sozinho. 

Ele piscou pra mim, em seguida ouvimos o som da porta sendo aberta junto de uma voz em meio a uma respiração ofegante. 

— Desculpe a demora, eu decidi pegar algumas coisas de última hora. 

Ela entrou apressada, carregava consigo um buquê de lírios brancos. Os cabelos pretos estavam levemente bagunçados, provavelmente por conta do vento, e seu casaco caia em um dos ombros. Tinha a aparência cansada, mas ainda assim ela estava linda. 

— Senhorita atrasada, há quanto tempo, o hospital já vai fechar sabia? 

— Pare de ser exagerado Castiel, ainda faltam horas para o fim das visitas. E olha! eu trouxe isso para alegrar o ambiente. 

Ela veio em direção à mesa que ficava ao lado da minha cama, ali se encontrava um vaso de flores vazio, mas que agora estava cheio de lírios brancos. Ela parecia extremamente feliz com o que fizera, Castiel observava sem muito entusiasmo. 

— Uau, realmente, me sinto muito mais animado agora. 

— Para sua informação senhor mal-humorado, eu não trouxe só isso. 

Colocando a mochila em uma cadeira próxima ela começou a vasculha-lá rapidamente e puxou algo de dentro. 

— Tada!

Era uma pelúcia em forma de coelho, era branco com longas orelhas caídas e nas pernas haviam algumas listras brancas. 

— Eu lhes apresento o Senhor Cuddles!

— Você é uma criança? 

— Eu vou te agredir Castiel. 

Os dois começaram a discutir qualquer coisa a qual eu não dei muita atenção, meus olhos estavam focados na garota a minha frente, eu observava seus pequenos detalhes. As unhas não muito compridas, as juntas dos dedos esguios, os ossos da clavícula levemente salientes, não em uma magreza extrema, seu corpo ainda apresentava diversas curvas. Eu buscava seu rosto em minhas memórias, mas ainda faltava alguma coisa, uma peça para que tudo se encaixasse. 

Em algum momento dos meus devaneios o seu olhar se voltou para mim, os lábios rosados se moveram formando palavras. 

— O que acha Lysandre?

— Linda…

O fato de eu à estar admirando me levou a responder sem pensar, o seu rosto ficou extremamente vermelho enquanto ela tentava, inutilmente, se esconder atrás da cabeça do coelho de pelúcia em seus braços. Quando eu me dei conta da situação senti meu rosto queimar, eu devia estar tão vermelho quanto ela. 

— A.. a pe..pelúcia eu quero dizer, é uma linda pelúcia. 

— Ah sim, claro. — Eu pude ver seu corpo relaxando enquanto ela estendia a pelúcia na minha direção. — É sua.

Eu estiquei os braços para pegar a pelúcia, os grandes olhos da mesma me encaravam. Eu conhecia aquela pelúcia, ela era realmente minha, alguém havia me dado, mas eu não tinha total certeza. 

“— Você tem alguma sugestão?

 — Bem… Pan-Pan, Bugs Bunny, McTwist, Cuddles?"

— Eu gosto de Cuddles. 

O rosto da garota se iluminou, um enorme sorriso se abriu, embora eu tivesse a impressão de ter visto os seus olhos marejados. 

— Viu Castiel, o Lysandre gostou. Ganhei! 

Ela ergueu os braços em comemoração, Castiel mostrou a língua em provocação, ela retribuiu o gesto. Por mais que a proximidade dos dois me incomodasse, eu não podia deixar de rir, ambos agiam como crianças. 

— Vocês dois tem ums relação bem próxima, certo? 

Eles se encararam surpresos, depois me encararam surpresos. 

— Nem pensar!

— Nem pensar! 

Os dois responderam ao mesmo tempo o que fez com que se encarassem mais raivosamente, era quase possível ver raios passando de um olhar para o outro. Eu não podia negar, a situação era cômica. 

— Desculpe, eu ainda estou um tanto intrigado com diversas coisas. 

— Eu entendo, mas não tem como eu querer qualquer tipo de relação com essa tábua de passar roupa. 

Rapidamente o coelho foi arrancado de minhas mãos e arremessado na direção de Castiel, a qual fora acertado em cheio no rosto. A garota estava completamente vermelha e tinha um semblante irritado, porém, em segundos ela mudou para uma expressão preocupada enquanto corria na direção de Castiel. 

— Aí meu Deus! sinto muito, eu podia tê-lo machucado. 

Ignorando o ruivo completamente ela se abaixou e recolheu a pelúcia, passando a examiná-la como se buscasse algum ferimento. Castiel a olhou incrédulo. 

— É com a pelúcia que você está preocupada? E se eu tivesse me machucado? 

— Teria sido merecido. — Ela colocou o coelhinho na cama e o acariciou. — O senhor Cuddles não tem culpa de você ser um cabeça oca. 

Ela aconchegou o coelhinho ao meu lado como se aconchegasse uma criança, eu pude ver as suas mãos mais de perto e um pequeno detalhe me fez sentir como se uma descarga elétrica percorresse todo o meu corpo. 

Em um de seus dedos havia uma marca mais clara, como um anel que tivesse ficado ali por muito tempo, fazendo com que aquela pequena região do seu dedo não pegasse qualquer sol, ficando assim mais clara que o restante. 

Um anel? Uma aliança!?

Eu pensei na minha própria aliança e senti a minha cabeça doer como nunca. 

— Lysandre, você está bem? 

— Desculpe, é só a minha cabeça que esta doendo um pouco. 

— Nós deveríamos deixá-lo descansar. 

— Mas…

— Mas nada, ninguém mandou você demorar a chegar. Vem, vamos.

Castiel pegou a mochila que estava na cadeira e jogou em um dos ombros, em seguida envolveu-a pela cintura com um dos braços e começou a puxá-la para a porta enquanto ela protestava.

— Não, eu não quero. — Ela esticou os braços na minha direção. — Lysandre, não deixa ele me levar. 

A sua voz era manhosa, enquanto Castiel resmungava algumas coisas as quais eu não conseguia decifrar muito bem. 

— Você é idiota? 

Foi a última coisa que eu o ouvi dizer antes da porta se fechar e tudo ficar em silêncio. Minha cabeça latejava e meu coração batia acelerado, o que estava acontecendo comigo? E acima de tudo, quem era aquela garota? 

· · • • • ✤ • • • · ·

Castiel ainda me arrastava pelo corredor quando saímos do quarto, ele parecia nervoso, talvez contrariado. 

— Você já pode me soltar.
 

Ele o fez sem questionar, nem sequer olhou na minha direção. Nós paramos próximos a algumas cadeiras de espera que haviam no corredor, eu me sentei enquanto ele andava de um lado para o outro inquieto.

— Qual é o seu problema? 

Ele parou de repente, um olhar frio na minha direção. Sem qualquer aviso ele jogou minha mochila no meu colo e se pôs a falar. 

— Qual o meu problema? Qual é o seu problema? 

A voz dele era firme, ficando mais alta quando ele se alterava, mas logo voltando a um sussurro forte quando ele percebia que estava se excedendo. Ele queria gritar, mas sabia que não podia. 

— Você esteve toda nervosa desde que chegou, agindo feito uma idiota, dava pra ver que você não estava normal. Isso não vai ajudar ele, se você quer saber. 

— O que eu deveria fazer então? 

— Contar a verdade, talvez? Ele sente alguma coisa em relação a você, mas ele não sabe o que, e você também não ajuda. Para com essa historinha de estar assustada e de querer protegê-lo, você só está protegendo a si mesma. Ou é você quem não o ama mais? 

— É claro que amo! — Respondi quase gritando. A minha garganta queimava e eu sentia que iria chorar, mas me mantive firme. — E como você pode dizer com tanta certeza que ele sente qualquer coisa por mim? 

Ele se aproximou de mim, segurou meu maxilar com força o que me obrigou a encará-lo. Nossos rostos estavam muito próximos. 

— É uma linda pelúcia, não acha? 

Senti meu rosto esquentar e o fôlego se esvair dos meus pulmões. Ele continuou ali me encarando por alguns segundos até finalmente se afastar. Seu olhar era inexpressivo.

— Faça um favor para todos. Só entre naquele quarto novamente se estiver disposta a dizer a verdade. 

Ele me deu as costas e seguiu pelo corredor. Eu fiquei ali sozinha e sem reação, o barulho do relógio sendo minha única companhia. Apertei a mochila no meu colo até sentir os dedos doerem. 

Uma lágrima teimosa insistiu em descer.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo vai ser o último e sai essa semana, se eu não esquecer de postar :v
Obrigada pelo comentário >—-
Kissus da yume ♡



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