Encontros Proibidos escrita por Eli DivaEscritora


Capítulo 7
Quem é esse cara?




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O sol brilhava com toda a sua força e vivacidade, mais um dia agradável que a natureza nos presenteava. Eu desviei a minha atenção da rua para olhar o relógio do computador, o qual faltava um minuto para dar meio dia. Em seguida eu me remexi na cadeira, um pouco inquieta, o encontro com o Téo estava me deixando agitada. Eu queria muito vê-lo, a saudade era grande.

― Elisabeta, eu já estou indo almoçar. ― Meu pai avisou ao passar pela minha mesa.

― Tudo bem ― respondi sem demonstrar muita emoção, foi em um tom profissional.

Ele parou de andar e voltou alguns passos para me encarar.

― Não vai almoçar em casa? ― Ele me olhou com seriedade.

― Não, hoje vou almoçar com a Lú ― comuniquei do mesmo jeito que ele, séria.

O meu pai retornou a caminhar, sem expressar nenhuma reação ao meu comentário. Eu não havia mentido totalmente para ele, eu realmente marquei de almoçar com a Lú hoje, pois ainda tínhamos coisas do noivado dela para organizar. Mas logo depois eu iria me encontrar com o Téo.

Quando olhei para o relógio novamente já passava um pouco do meio dia. Bloqueei a tela do computador e peguei a minha bolsa para ir ao meu compromisso com a minha amiga. Ainda bem que o horário de almoço durava uma hora porque se não eu não conseguiria fazer tudo o que precisava. Eu e a Lú comemos em um restaurante lá perto da prefeitura mesmo, a loira disse que o que estava faltando mesmo era o vestido dela. Ela queria comprar um bem especial e até agora não tinha gostado de muitos modelos que viu nas lojas. A comida da festa já havia sido encomendada. Marcamos de ir olhar alguns vestidos em algumas lojas longe do centro da cidade.

Após uns vinte minutos de almoço, eu mandei uma mensagem para o Téo avisando que eu estava a caminho do nosso cantinho especial, atrás da igreja. Um instante depois, o meu celular vibrou, eu peguei o aparelho na mão e encarei a tela do mesmo, olhando a mensagem que tinha chegado.

Rosa: Elisa, eu sinto muito :( mas eu não vou poder te encontrar agora. A mãe foi pagar umas contas e eu estou cuidando da mercearia.

Demorei alguns minutos para responder, pois eu estava pensando em algum jeito de falar com ele.

Elisa: Hum, tudo bem. Sua mãe vai demorar?

Rosa: Acho que sim, ela foi pagar as contas de casa e da mercearia na lotérica.

Elisa: Então me espera aí, eu vou até você.

Rosa: Ok.

Eu não demorei muito para chegar até o lugar, já que não era muito longe do restaurante. A mercearia deles ficava bem perto da praça. O estabelecimento era pequeno, havia no máximo quatro prateleiras com os produtos e logo que a gente entrava tinha o caixa com mais mercadorias. A mercearia era o único lugar no centro que atendia as necessidades de casa, pois o único supermercado grande que a gente possuía ficava mais afastado. Entrei no local e meus olhos foram em direção ao Téo que se encontrava nos fundos do estabelecimento, de calça jeans e com uma blusa azul escura que só ressaltava ainda mais a sua beleza. Eu fiquei parada na porta alguns minutos apenas admirando a beleza dele, aquela barba rala, por fazer, combinando com seus cabelos castanhos, isso simplesmente acrescentava em uma visão perfeita. Quando me aproximei um pouco mais de onde ele estava, percebi que o Teodoro conversava com um rapaz jovem, o menino deveria ter a nossa idade, ou um pouco mais no máximo.     

― E aí cara, a casa atendeu a sua expectativa? ― O moço parado ao lado do Téo perguntou animado.

― Marquinhos, a sua casa é demais. Eu e a minha namorada adoramos.

― É, tô sabendo. Eu adoro dar umas festinhas lá ― ele disse em um tom jocoso. ― Seu tolo, deveria ter levado todas as garotas da cidade para lá.

Notei que o Téo sorriu sem graça e passou a mão pela nuca, mostrando um pouco de  insatisfação. Será que era pelo rumo que o papo estava indo? Esse Marquinhos não parecia ter o caráter dos amigos que o Teodoro tinha, eu pude detectar isso só pelo pouco que ele falou. O tal rapaz tinha um jeito despreocupado com a vida, como se já tivesse tudo aos seus pés.  

― Você foi um dia só lá? ― O Téo balançou a cabeça, indicando que sim. ― Hum, mas é um palerma mesmo, perdeu de aproveitar por uma semana.

― Pois é, não deu. Mas e aí, está de férias da faculdade? ― o Teodoro perguntou, mudando de assunto.

― Sim, cara. Por isso eu vim aqui, estou precisando da chave da casa. Quero levar algumas gatinhas para lá.

Dessa vez, fui eu que balancei a cabeça, mas em negação. Quem era esse amigo do Téo? Eu me perguntei e logo em seguida uma ruga de preocupação cruzou a minha mente. Aonde foi que o Teodoro conheceu esse rapaz? Cerrei os olhos, desconfiada.

― Já vou pegar, espera um minuto. ― O Téo abriu uma porta atrás dele que levava ao escritório da mercearia.

Eu continuei parada no lugar em que estava, mas algo dentro de mim queria ir até esse Marquinhos e perguntar como ele conheceu o Téo. Será que foi em alguma dessas festinhas? Bufei com raiva. Quando eu tinha tomado coragem para ir até o rapaz, o som agudo do celular dele tocou, o que me fez permanecer no meu lugar, sem dar nenhum passo.

  ― Oi benzinho  ―, ele falou indiferente, logo em seguida o tal Marquinhos apenas escutou a outra pessoa falar.  ― claro que sim, eu também estou morrendo de saudades. ― Ele fez uma careta.

Eu enruguei a testa, esse rapaz é muito sem noção, eu estava com pena da moça que ouvia ele no celular. A coitada deve achar que ele é um cara maneiro, mas pelo visto não valia nada. Enquanto ele enrolava a moça com a sua lábia, o Téo voltou da salinha do escritório.

― A gente vai se ver em breve, eu prometo.  ― Ele negou com a cabeça ao mesmo tempo que acenava para o Teodoro.  ― Benzinho, agora eu preciso desligar, até mais.

― A sua chave, Marquinhos, e muito obrigado por ter emprestado a casa dos seus pais  ― o Téo comentou assim que ele terminou a ligação.

― Imagina cara, quando precisar é só me ligar.  ― Ele sorriu divertido para o Teodoro. ― Se eu não estiver com uma gatinha lá.  ― O rapaz piscou contente para o meu namorado.

― Ok, valeu. Eu agradeço, eu e a minha namorada não podemos nos ver direito.

― Ah é mesmo, você tinha comentado algo. Mas cara, se você quiser eu posso te mostrar alguns lugares que eu frequento  ― o tal Marquinhos respondeu com um tom malicioso e eu não gostei nenhum pouco.

― Não precisa, Marquinhos.

― Pow Téo, pensando bem  ― Ele colocou a mão no queixo e fez uma pausa, uns segundos depois voltou a falar.  ― nós poderíamos ir juntos em alguma festinha maneira. Eu tenho uns contatos bem quentes.  ― Ele cutucou o Téo com o braço.

Um sentimento de revolta se intensificava a cada vez que esse cara abria a boca. Eu já estava super irritada com essa situação, como que o Téo podia dar permissão para o rapaz falar desse jeito? Suspirei brava e pensei em ir até lá novamente para dizer umas poucas e boas para o Marquinhos, mas o Teodoro resolveu se pronunciar, respondendo o “amigo”.

― Não vou poder ir.

― Oh cara, não vai dizer que é por causa da sua namorada?

― Sim, por causa dela mesmo.

― Olha, você tá precisando relaxar. Você está precisando curtir um pouco, cara. Sempre está aqui, trabalhando. É só uma festinha, nada demais.  

― Ok, em parte você tem razão. ― Teodoro praticamente resmungou essa parte, eu quase não consegui entender. ― Vou pensar na sua proposta ― ele retrucou.  

Eu não estava gostando nenhum pouco do rumo dessa conversa. Como que ele vai para uma festinha com esse cara sem noção? Caminhei alguns passos para trás a fim de me esconder entre umas prateleiras, desse jeito eu não ficava nem muito perto da vista deles e nem muito longe. De onde eu estava, qualquer um que passasse pela rua poderia me ver. Eu suspirei fortemente mais uma vez irritada com o papo deles e quando eu estava prestes a tomar uma iniciativa para ir até lá, o tal Marquinhos voltou a falar:

― Então depois a gente marca certinho, eu preciso ir agora. Tenho planos com uma gata aí. Até mais, Téo.

O Teodoro se despediu dele e eu continuei parada no meu lugar, eu estava sem ação. O Téo tem todo o direito de sair para onde quiser, mas precisava ser com esse tal amigo dele que fica levando as garotas para o abatedouro dele? Esse cara me dava nojo.

― Oi, gatinha  ― O tal Marquinhos me saudou e só então eu percebi que ele estava perto de mim.

Revirei os olhos, balancei a cabeça em negação e quando os meus olhos encontraram o do Téo, ele parecia desnorteado, mas abriu um sorriso maravilhoso ao me ver. Eu apenas virei as costas, um sentimento de raiva brotou dentro de mim, saí da mercearia chateada e eu não sabia o porquê dessa sensação de rancor. A volta para a prefeitura, eu caminhei a passos lentos, tristemente, com o olhar baixo e sem vontade para pensar ou fazer qualquer coisa.

― Ah, a senhorita apareceu  ― escutei o meu pai falar comigo.

― Sim, já estou indo para a minha mesa  ― respondi cabisbaixa.

― Antes, você vai me responder o que estava fazendo na mercearia daquele sujeito. ― Ele se referia ao Teodoro.

Mas era só o que me faltava agora. O meu pai havia me visto na mercearia. Maldita a hora em que resolvi me esconder dos rapazes, agora meu pai vai encher o meu saco.   

― Não sei porquê eu ainda me explico para o senhor  ― respondi ao colocar a minha mão na testa. ― Mas, vamos lá. Eu fui comprar algo para comer hoje à tarde.

― Tinha que ser naquele estabelecimento? Por que não trouxe alguma coisa de casa?

Eu suspirei cansada, já estava farta desse tipo de discussão com ele. Um segundo depois eu virei as costas, encerrando esse desentendimento. Eu não iria dar mais nenhuma satisfação para o meu pai, tudo bem que ele não ficou muito feliz com a minha atitude, gritou o meu nome umas três vezes, porém no fim se cansou e foi para a sala dele. Ainda bem, pois eu queria ficar quietinha na minha, em silêncio, para entender o que eu estava sentindo nesse momento. No meio da tarde, enquanto eu olhava o sol brilhar com toda a sua magnitude, eu cheguei a uma conclusão: só podia ser inveja. Uma inveja pelo o que o Téo tinha, ele possuía liberdade para sair, ir aonde quisesse e eu não. Claro que se ele fosse na tal festinha eu ficaria um pouco enciumada, mas a questão aqui não era porque ele iria na festa e sim por causa do livre arbítrio dele. Às vezes eu pensava que se eu tivesse nascido em uma família diferente tudo seria o oposto do que é agora. Novamente suspirei, só que dessa vez foi de desânimo, apoiei meu braço na mesa e continuei a observar o céu, desejando que tudo isso ficasse para trás depressa.


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Notas finais do capítulo

Ai gente me corta o coração ver a Elisa desse jeito :( eu só não prometo que isso vai mudar em breve porque ainda temos algumas coisas pela frente. Vejo vocês no próximo poste, beijos ;*



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