Depois de ser apreendido pelo hacker, chamado de Ray por aqui, sou obrigado a seguir uma rotina, como uma cadeia. De manhã recebo algo para comer junto a uma garrafa de água e uma dose obrigatória de pílulas, na qual não entendo a certa razão. Acredito que estejam me drogando ilegalmente. A tarde tenho permissão, acompanhado claro, de ir ao banheiro. Outra refeição durante é a noite, incluindo outra dose de pílulas.

É praticamente meu primeiro dia neste lugar chamado de paraíso. Agora está noite, pois vejo a grande lua e a escuridão do céu por uma pequena janela em minha cela. Não como desde ontem, desde que fui apreendido. Mas ainda assim tive minha dose de pílulas. Ray os ameaçou se não o obedecesse. 

Nenhuma lágrima poderia escorrer de meus olhos, estava desidratado faz um tempo. Não tinha possibilidade alguma de chorar daquele jeito. Nem sequer tinha disposição para isso. 

Se pelo menos pudesse a ver mais uma vez...

Antes que pudesse sonhar ao encostar minha cabeça na parede, ouço passos se aproximando. Ao erguer minha cabeça eu o vejo.

Ray.

Suas mechas brancas caíam sobre seus olhos enquanto ele abría a cela em que estava preso. Ele se aproxima e eu me afasto rapidamente por impulso.

Ele ri.

Eu estava sendo humilhado agora.

Surpreendentemente, ele segura a garrafa de água a minha frente, a espera de que eu a bebesse.

A um gesto de estupidez, viro o rosto, como se negasse.

Ele ri. Aqueles seus olhos claros me vidravam.

Estava se divertindo comigo.

Antes que pudesse pensar em qualquer coisa, Ray segura meu queixo bruscamente e coloca a ponta da garrafa em minha boca, me entregando nenhuma escolha exceto beber.

Ele sorri.

— "Viu? Não foi tão difícil assim. Logo você entenderá o verdadeiro significado do paraíso. Entenderá que nós estamos do seu lado, e não V. Não Luciel. Só precisa se comportar bem..."

Ele se levanta, logo se virando para sair. Estaria sozinho de novo.

Mas não.

Outro gesto de estupidez corre por mim. Sinto lágrimas escorrerem de meus olhos enquanto puxo as correntes em meus pés ao erguer meu corpo e segurar seu pulso.

Por que fiz isso? Eu o odiava tanto.

Por ameaçar toda a RFA.

Por me prender aqui.

Ele olha para mim com seu olhar frio. Eu estava sendo patético agora e ele sabia disso. E sabia que eu sabia.

O larguei e me encolhi onde estava. 

"Trarei sua dose logo... me deixa feliz. Nossa Salvadora estará orgulhosa de você, por aceitar Mint Eye tão facilmente. Você é melhor do que eu pensei que fosse, Yoosung..."

Após observar ele sair dali, me encontro com a solidão novamente. 

Não pude acreditar que preferia estar com este monstro do que sozinho.

Isto não pode ser paraíso...

Eu não posso ingerir aquela droga de novo...

MC...

Onde você está agora?