Adele escrita por Camélia Bardon


Capítulo 11
X. Avignon e o Natal


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, boa tarde e boa noite, tudo bem com vocês? Cá estamos em mais um capítulo, e sei que já devem estar cansados de tantas desculpas, mas desta vez o capítulo ficou bem extenso (tem um motivo, e pelo nome vocês já devem conseguir deduzir), então eu os perdoo se demorarem a comentar ou aparecer por aqui novamente, ok?
Sobre este capítulo: eu não me responsabilizo por ocasionais lágrimas e emoções acentuadas u.u Falo com vocês mais lá embaixo, por enquanto é só isso. Espero que gostem tanto dele quanto eu gostei de tê-lo escrito, tenham uma boa leitura!



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Basílica de Saint Pierre, Avignon, dezembro de 1889

Harvey leu Um Conto de Natal junto a mim por todo o caminho. Primeiro achei que estivesse dormindo ou, na pior das hipóteses, fitando meu colo – mas ele era britânico, o estereótipo britânico demandava cavalheirismo, não? Mas então notei os olhos azuis mexendo-se ritmados, da esquerda para a direita e o movimento repetia-se em constância.

Tudo que pensei em fazer foi trazer o livro mais para perto dele, como quem não quer nada. Eu já lia devagar, e, como eu tinha a certeza absoluta de que, em seu papel de estudante, lia bem mais que eu, continuei a leitura. Com um sorriso bobo no rosto.

A desencargo de falar tanto do livro e nunca o relatar aqui, eis de que se trata: conta-se a história de um senhor idoso e grosseiro, de nome Ebenezer Scrooge. Ele, além de grosseiro, é avarento e nunca sequer deu um aumento para seu funcionário mais fiel, mesmo sabendo que este tem um filho coxo. Então, numa noite de véspera de Natal, ele recebe a visita de três espíritos que representam o Natal – o passado, o presente e o futuro. A cada visita, Scrooge revê suas atitudes de quando mais novo, passando por quem é no momento da história, até um futuro breve. O livro é decerto incrível, por mais que tenha dado a esta que vos fala alguns sustos em seu decorrer.

De qualquer maneira, uma hora e meia de viagem depois trouxeram-nos ao centro de Avignon, de onde fomos a pé para a Basílica de Saint Pierre. Nossas barrigas roncavam de fome e nossos olhos quase fechavam-se de exaustão, mas caminhamos pelas calçadas fugindo das ruas enlameadas. A Basílica não ficava tão longe, apenas uns quatro quarteirões, mas com Harvey levando as malas – por insistência – e a neve caindo, parecia mais uma missão do que um passeio.

— A França é bem mais gelada que o Reino Unido — comentou Harvey, à altura do segundo quarteirão.

— Sempre pensei que fosse o contrário.

— Em Londres, pela manhã há garoa, na hora do almoço faz sol e à tarde, neblina. Mas sempre um clima ameno, até mesmo no Natal.

— Curioso — ponderei. — Londres parece ter saído de um conto de fadas, assim como Paris. Se bem que, para uma camareira, qualquer lugar parece um conto de fadas.

Harvey ofereceu um sorriso solidário. Atravessamos o terceiro quarteirão em silêncio, já podendo ver as torres da pequenina Basílica.

— Se há algo que me deixa fora de meus eixos é a diferença social entre todas as pessoas com quem convivo. Uma mulher de sua idade não deveria trabalhar assim. Vivendo sonhando com uma vida melhor. E que, mesmo assim, trabalhando o mesmo ou mais do que um homem, não ter o devido reconhecimento.  É tão inconveniente.

— A vida é um jogo de cartas — suspirei. — Vence quem tem as melhores cartas, que são sorteadas ao acaso. Há sempre de ter as cartas azaradas. Mas não há mal, não lamentemos mais. Há um lado bom em tudo, certo, senhor?

— A senhorita está certa. Entretanto, ainda mantenho meu pensamento.

— E não tiro seu direito, é mesmo um inconveniente sem tamanho.

Chegamos em frente à Basílica, onde eu bati à porta. As irmãs já deveriam esperar-nos, então aguardamos. Por mais pequenina que fosse, até os aposentos era uma subida generosa. Suspirei, frustrada com o frio.

— Adele? — chamou Harvey, colocando as malas um pouco no chão.

— Sim?

— O que gostaria de ser, se não fosse uma camareira?

Aquela era uma pergunta nova. É claro que eu já havia meditado sobre o assunto sozinha, anos antes, mas ouvir de outra pessoa era diferente. Ainda mais vinda de Harvey que, como inventor, poderia escolher seu destino se assim a vida lhe permitisse. O encarei, franzindo a testa.

— Eu... gostaria de trabalhar com qualquer coisa que me permitisse viajar o mundo. Uma vez Thierry contou-me de um livro chamado A Volta ao Mundo em 80 Dias, do senhor Jules Verne, e a história encantou-me de jeito. Eu gostaria de ouvir as histórias que outros lugares e costumes têm a me dizer. Além de ouvir, gostaria de poder participar. Quando um pássaro livre é capturado, ele morre de tristeza.

Antes que pudesse continuar – embora em meu íntimo, não houvesse mais nada a dizer – ouvimos as batidas das botas de alguém, então nos recompomos.

A familiaridade do rosto da Irmã Lefèvre encheu meu coração de alegria. Ela era a mais nova das quatro freiras regentes, tendo seus 22 anos quando fui recepcionada por elas. Seus cabelos ruivos, agora tão misturados ao grisalho, os olhos amendoados e as dezenas de constelações de sardas em seu rosto fizeram-me abandonar toda compostura. Atirei-me em seus braços sem qualquer decoro e envolvi-a num abraço.

— Olá, olá, minha menina — cantou ela, como fazia desde que eu me entendia por gente.

— A senhora não faz ideia do quão feliz estou, Irmã — soltei um suspiro intenso, ainda agarrada a ela.

Irmã Lefèvre olhou por cima de meu ombro, finalmente notando Harvey. Desvencilhei-me do abraço e olhei para ele, esperançosa. Ele deu dois passos, oferecendo a mão para a Irmã apertá-la, no entanto, antes que notasse, ela puxou-o igualmente para um abraço apertado – com direito a tapinhas nas costas. Alma Lefèvre sempre fora enérgica, não importava a idade.

— Um amigo de Adele também é nosso amigo. Aliás, não foi o senhor quem veio há pouco procurar alguma cobaia para seu experimento mirabolante?

— Sim, senhora — Harvey, pela primeira vez, parecia estar sem palavras.

— A senhora sabia, então? — ergui uma sobrancelha.

— É claro, querida. Mas nenhuma de nós poderia ajudar, apenas você, pelo o que jovenzinho disse. Agora, vamos. Aí fora está frio e vocês devem estar mortos de fome. Preparamos uma boa refeição.

Em resposta, mais uma vez nossas barrigas roncaram. A Irmã Lefèvre riu, e Harvey trouxe as malas para dentro – uma minha, uma dele. A grande porta fechou-se, e o frio ficou lá fora. Soltei o ar que não percebi prender, e nos encaminhamos para os fundos da Basílica, um caminho que eu sabia de cor. Subimos as escadas em caracol, que nos levavam até o alojamento. Antes mesmo de ver qualquer outra figura conhecida, as lágrimas marejavam minha vista, fazendo-me tropeçar. Harvey ia atrás, segurando a mim e a mala.

E então, o momento que mais aguardava desde Montpellier até o momento da chegada. A Abadessa D’Mathieu, Josephine para mim, ergueu-se de uma cadeira de madeira com o auxílio de uma bengala, alta e magra como sempre fora. Ela abriu os braços, e é claro que eu me aconcheguei neles. Não importava a idade que tivesse, na presença dela eu sempre me sentiria como uma criança sendo acolhida.

— Josie — sussurrei. Josie era como eu a chamava quando começara a falar. Eu não conseguia de modo algum dizer Josephine, mas Josie era aceitável. — Sinto tanto a sua falta...

Como deixa, a enxurrada de sentimentos inundou-me. Subitamente, o peso de vinte e cinco anos percorridos atingiram-me como uma martelada. A Irmã D’Mathieu já era Abadessa Josephine e eu mal vira isto passar. A velhice assolara seu físico, e não havia nada que eu pudesse fazer a não ser observar. Quantos abraços mais eu a daria? Quantos Natais mais passaria junto a ela?

 Lágrimas quentes escapuliram de meus olhos desapercebidamente, e eu sabia que seria inútil tentar contê-las. Agarrei-me mais a ela, que respondeu o gesto passando a mão por meus cabelos.

— E-eu já vou indo, se as senhoritas não se importarem — Harvey gaguejou, sem graça pelo clima.

— É claro, meu rapaz — a Abadessa assentiu com a cabeça, e voltou-se para a Irmã Lefèvre. — Alma, pode levar o sr. Banks para o dormitório?

— Queira seguir-me, por obséquio, senhor? — atendeu ela, prontamente.

Os dois saíram do cômodo, solícitos, e logo a Abadessa me levou até um assento, com o semblante muito sério. Enxugou as lágrimas remanescentes com a ponta dos dedos, e com eles segurou minhas mãos geladas.

— Adele, meu anjo. O que houve?

Inspirei fundo antes de iniciar a fala.

— Palavras muitas vezes não conseguem expressar o que o coração sente, e para isso existem as lágrimas. No entanto, quando nem as minhas palavras e nem as lágrimas podem expressar sentimentos, opto pelas palavras e lágrimas de outras pessoas — suspirei, dando uma pausa. — Thierry e eu lemos um livro do senhor W. Shakespeare, o qual dizia que o futuro e o passado são sempre melhores, e o presente, sempre o pior. O tempo é meu eterno inimigo, Josie. Não posso controlá-lo e, ainda assim, peço que seja misericordioso. Mas ele não é. Vejo a tudo e a todos deteriorando-se e permaneço uma mera espectadora.

— Agora compreendo — a Abadessa ofereceu um sorriso triste. — Está se referindo à nossa velhice.

Assenti com a cabeça, inconsolável. Funguei, envergonhada de minha atual situação. Não era comum que eu expusesse meus sentimentos de tal maneira, e a Abadessa sabia disso. Ela soltou meus dedos e olhou-me fixamente, gentil e paciente.

— Sabe, minha querida, as coisas nem sempre acontecem do modo como planejamos. Ou do modo como esperamos. Caso isso aconteça, a decepção é justa, bem como o remorso. Com uma condição: que seja temporário.

Franzi a testa, escutando com atenção.

— Se há uma coisa que não se pode alterar nem com toda a boa-vontade do mundo, é o tempo e a ordem natural da vida. Nascemos, crescemos e morremos, isto é fato. É horrível não poder reagir mediante a algo pré-estabelecido por outra pessoa ou outra causa, mas... não ocupe todos os seus pensamentos com isso, sim? Vosmecê tem tantas pessoas amáveis ao seu lado, minha menina...   ela abriu um sorriso maior ainda, colocando a mão em meu ombro. — Agarre-se à sua personalidade incrível. Eu já estou velha, mas vosmecê tem o futuro pela frente. Estarei aqui o quanto puder, prometo a ti.

Soltei uma risada abafada, confortada pelas palavras. Nos abraçamos e então levantamo-nos.

— Perdoe-me a frieza, se assim lhe parecer — pediu ela, enquanto andávamos corredor afrente. — É que, depois de tanto tempo realizando a obra do Soberano Cristo, nós vemos coisas de que não é possível esquecer. Acredite, Adele, estes olhos velhos já viram muita coisa que, se houvesse a escolha de aniquilar estas memórias, eu o faria. Se nós nos sensibilizarmos em demasia, não viveremos.

— Faz sentido. Não a julgo, e nem às demais, senhora. Aliás... nem a ninguém, para ser sincera. Digo, com exceção de determinados casos.

— 93 e 94* que o digam, minha cara.

Assenti sombriamente com a cabeça, e um calafrio percorreu minha espinha deliberadamente. Mesmo que o tempo fosse distante ao que eu vivia naquele dia, ainda assim eu distribuía minha empatia pela vida daqueles que culpa nenhuma tiveram. Mesmo hoje, velha e não caduca, tiro um tempo periodicamente para pedir consolo às famílias que perderam algum ente querido em todas as guerras que estes olhos presenciaram ou não.

De qualquer maneira, dei de ombros – mais para mim mesma do que para a Abadessa – e franzi os lábios.

— E as irmãs Caron e Guyot, Josie? — indaguei. — Onde encontram-se?

— Estão na parte sul da cidade, distribuindo agasalhos para os desabrigados. Estarão aqui até a hora do chá.

— Depois da viagem ao Reino Unido, a Irmã Caron enfim incorporou o chá da tarde para Avignon — ri suavemente, e senti um rubor preencher minhas faces. Mordi o lábio para conter o sorriso que já ia escapando pelo canto. — Parece ser uma terra realmente incrível, a senhora não concorda?

— A terra, sim — murmurou ela, e em seguida soltando uma risada um tanto irônica.

— Parece saída de um conto de fadas — repeti, sonhadora.

Após me recompor, tomamos uma generosa sopa de cebola, acompanhada de batatas e pedacinhos de pão. Após isso, eu e Harvey fomos servidos de um copinho de conhaque, a fim de esquentar-nos do frio, e a Abadessa Josephine insistiu que tirássemos um cochilo para que nos recuperássemos do cansaço matinal, o qual aceitamos de bom grado. Harvey arranjou-se nos aposentos provisórios do padre, ao passo que eu me esparramei na cama que sempre fora minha.

 Acabamos por ver as irmãs Guyot e Caron apenas na hora da ceia, mas ambas disseram que havia tempo de sobra para conversarmos. Como sempre, a Irmã Caron manteve a aura misteriosa e soturna, ao passo que a irmã Guyot pôs-se a discursar energicamente sobre o quão revigorante o ato de caridade havia sido. Eu e a Abadessa trocamos sorrisos cúmplices, e os dias assim passaram pacificamente.

x-x-x-x-x

Na manhã da Véspera, acordei com o cheiro de geleia sendo preparada, framboesa e amoras silvestres. Arrumei-me intercalando sorrisos bobos e esperança natalina. As freiras insistiram para que eu e o sr. Banks descansássemos, e, por mais que eu estranhasse ficar apenas parada observando, confesso que era bom ter um tempo para cuidar mais de mim. Terminei o livro e surrupiei um pedaço de papel para escrever um bilhete para Harvey, cuja tarefa fiz com um sorriso maroto no rosto.

“Imagino que queira saber o final do livro. Leve o tempo que precisar e diga-me o que achou depois.”

Deixei o bilhete na página que havia parado de ler no trem, e deixei sob sua cama provisória. Encarei-o por vários instantes, quando a lembrança de Thierry cercou meus pensamentos sem sequer eu perceber.

Adele, é claro que pode. Contanto que me diga se gostou ou não... e o porquê.

Senti-me traindo meu próprio coração. Mas, dentro de meu íntimo, eu sabia que já era a hora de abandonar aquele sentimento tolo e ser mais generosa comigo mesma. Nada me acresceria sonhar e não colocar em prática, e eu sabia meu lugar desde o início. Com uma respiração funda e um aceno de cabeça, decidi tomar as rédeas de meu coração de uma vez por todas.

Dei meia-volta e fui encontrar algo para ocupar-me.

No início da noite, fui surpreendida com uma abordagem da Irmã Lefèvre no meio do corredor. Ela tomou-me pelo braço e conduziu-me até seu quarto. Arqueei as sobrancelhas e protestei:

— Tenho algum direito de saber para quê estou a visitar seu quarto, Irmã?

— Claro, quando chegar lá. Agora, fique quietinha.

Ri, zombeteira, mas ainda assim prossegui a caminhada. Quando lá chegamos, deparei-me com uma grande caixa branca envolta com uma fita de cetim azul. Analisei-a antes de abrir, erguendo o olhar para a Irmã Lefèvre. Em resposta, ela acenou com a cabeça e recostou-se no batente da porta.

Engoli em seco, e desatei o laço que prendia a caixa. O cetim deslizou por minhas mãos como água, e com as mãos trêmulas afastei-o da caixa. Retirei a tampa e me deparei com mais alguns papéis para desembalar. A esta altura meu coração palpitava querendo fugir de meu peito, então eu o vi. Pensei estar tendo alucinações, pois era muito para este meu frágil coração aguentar.

Primeiro vi sua cor. Da cor do vinho-tinto. Então puxei-o para fora e analisei o mais belo vestido que estes olhos já contemplaram algum dia.

Ele era composto com botões que iam desde o pescoço até o ventre, e um laço de veludo da mesma cor que o restante da peça. As mangas eram delicadamente bufantes, e ele era justo até a cintura, soltando-se levemente dali para baixo. Possuía, tanto no final de suas mangas quanto na área da clavícula, flores bordadas em roxo, rosa e verde. Levei a mão ao coração, tentando conter minhas emoções. Soltei uma gargalhada, nervosa e ansiosa.

— E-eu me encontro em puro êxtase, mas não compreendo como... — gaguejei.

— Sempre lhe demos vestidos usados, mas este ano gostaríamos de dar-lhe um novo. Por favor, não questione como foi possível. Apenas aceite e use-o hoje à noite, sim?

Assenti com a cabeça, ainda muito chocada, e tratei de vesti-lo no mesmo instante. Penteei meus cabelos e com a tesoura de costura cortei apenas suas pontas, para crescerem normalmente. Como a boa camareira que era, fiz uma coroa de tranças – embora fosse deveras difícil fazê-la em mim e não em outra pessoa – e o restante dos cabelos enrolei num coque médio. Belisquei um pouco as bochechas para afastar a palidez costumeira e calcei as luvas que Sienna dera-me. Por fim, senti-me vigorosamente pronta para o melhor Natal de todos.

A sensação de abrir a porta após estar pronta foi revigorante. Minhas mãos ainda tremiam, mas bati à porta da cozinha antes de descermos à missa. Todas as Irmãs e Harvey jaziam dando os últimos toques no cozido de cordeiro, e devo dizer que suas reações me deixaram tímida ao extremo.

— Ah, mas vosmecê está simplesmente adorável. Simplesmente adorável! — exclamou a Irmã Guyot.

— Adorável é a palavra, decerto — completou a Irmã Caron.

— Diga-me se não é a mulher mais linda que já viu, sr. Banks — a Abadessa Josephine sorriu e me tomou pela mão, girando-me uma vez. Acompanhei-a com uma risada.

Harvey, por sua vez, engoliu em seco e sorriu de escanteio. Ele retirou sua cartola, colocou-a contra o peito e ergueu uma sobrancelha para mim.

— De fato, senhoras — murmurou ele. — Eu, em toda minha carreira de inventor, não poderia nunca ter inventado sequer semelhante bela dama. Em absoluto respeito, é claro.

Senti o rubor preencher minhas bochechas e acenei com a cabeça em resposta, sorrindo. Não estava acostumada a elogios, principalmente advindos de um homem, então não soube como reagir. Pigarreei e uni as mãos, esfregando-as.

— Então, a que horas se inicia a missa?

— Dentro de meia hora, querida — a Abadessa riu. — Enquanto isso não acontece, ajude-me a cortar as batatas, sim?

Suspirei, retirando as luvas e dirigindo-me até ela.


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Notas finais do capítulo

*Nota histórica: do período de setembro de 1793 a julho de 1794 (um século antes de Adele, que está se encaminhando para 1890), houve o Período do Terror, só Terror ou Período dos Jacobinos na França, que estava sob processo de sua Revolução para dissolver a monarquia. Bem resumidamente, foi a época da guilhotina. Toda pessoa que ia contra o movimento revolucionário ou que fosse meramente suspeita era condenada a ela. Foi nessa época que as mortes de Maria Antonieta e Luís XVI foram decretadas e executadas.
Para quem teve curiosidade de ver o vestido de menina Adele: https://i.imgur.com/Dmd040X.jpg

Bom, agora sim vamos conversar um pouquinho sobre a montanha-russa de emoções que foi esse capítulo, non? Esse foi um dos únicos capítulos que coloquei aqui pensamentos meus, pois sempre tento incorporar os personagens na escrita. É como dizem, para cada pessoa uma cara, mas hoje coloquei um pouquinho de Camélia em Adele. A velhice e a morte de pessoas queridas é uma coisa que me martela a alma se deixar. Gostaria que vocês compartilhassem a opinião de vocês com respeito a isso, pode ser por hoje?

Obrigada por estarem comentando e me dando um feedback. É sempre uma honra poder interagir com vocês! Nos vemos no próximo ♥