Say you won't let go escrita por Adwords


Capítulo 1
Suicide




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Você foi me matando lentamente

E finalmente que é demais

Eu estou sem uísque

Para absorver o estrago que você fez (James Arthur - Suicide)

 

 

 

— Tem certeza, Bells? — Questionou Angie.

O destino acaba sendo algo engraçado e interessante. Ele é incerto e não é possível adivinhar o que vai acontecer, por exemplo, na minha cabeça a um tempo atrás, eu iria virar uma vampira que brilha no sol, não poderia ter filhos  - não que fosse o meu sonho -, eu queria viver toda a minha vida no frio por uma pessoa que, na verdade, provou não sentir o mesmo por mim.

Eu iria me sacrificar, ter meu desejo de ver o sol oprimido, o meu desejo de conhecer cada canto do mundo… Iria sacrificar tudo por alguém. O quão louca eu era a um tempo atrás? Na verdade, o quão cega eu estava? O infelizmente, meus pensamentos agora não podem curar a ferida que estará marcada em meu coração para sempre.

Na verdade, tudo o que eu acreditei fielmente em minha vida se destruiu como um patético castelo de areia. Tudo foi abaixo, e no final quem estava aqui para me reerguer? Quem estava aqui para juntar todos os meus pedaços do chão sujo e úmido? Droga, quem estava ao meu lado quando eu estava acabada porque tudo em que eu cria se foi com o vento de Forks?

Meu pai.

Minha mãe.

Angie.

Eric.

Essas eram as quatro pessoas que estava comigo sempre, mas eu não dava o devido valor.

Então, aqui estou eu, me balançando em frente aos portões de embarque do aeroporto, vendo as pessoas entrarem e saírem por essas portas, o lugar completamente cheio e movimentado, as pessoas com grandes malas e roupas aparentemente confortáveis, mas quentes para se esquecerem do frio de Forks.

— Bella, me escuta. — Angie brigou falsamente, com sua feição um pouco triste. Me permiti abrir um pequeno sorriso, não muito grande e aberto por meus lábios rachados estarem incomodando e ardendo um pouco.

— São só algumas semanas, fica tranquila. — A tranquilizei, ainda vendo a mesma negar, segurando as lágrimas por três de seus óculos de grau. Seu quase namorado a puxou para seus braços, lhe dando um abraço apertado me olhando animado.

— Quantas semanas exatamente?

— Angela Weber, eu não quero você chorando! O tempo que for preciso. — Eric riu animado, quase em êxtase para mim. Pisquei em sua direção, em uma brincadeira.

— Promete que volta? — Sua voz geralmente doce, saiu chorosa e rouca, assim como a minha saiu antes.

— Eu juro. — Disse decidida. Meu pai sorria para mim, sem lágrimas saindo de seus olhos mas com o rosto um pouco inchado.  — Amo vocês.

— Tira bastante foto e fique menos pálida, gatinha. — Eu teria revirado os olhos para o comentário de Eric, mas estava emotiva demais para fazer tal ato.

— Fique bem, Bells. — Abracei meu pai, o ouvindo sussurrar em meu ouvido. Sempre soube que ele era um homem de poucas palavras, e isso é bom, porque eu não sei me expressar muito bem, assim como ele. Meus atos contam mais.

— Eu vou ligar quando pousar lá e… — Interrompi meu raciocínio quando ouvir o chamado para meu vôo. — Parece que chegou a minha vez.

Sorri um pouco e logo depois me repreendi por ter feito isso, senti uma ardência nos lábios. Na parte rachada de fora e de dentro, machucada por minhas mordidas ao lugar quando estou distraída.

— Sorte. — Angel sorriu em meio às lágrimas, pulando em meus braços uma última vez. Ri e contornei meus braços por seu ombro, sentindo ela me apertar de volta. — Eu sei que vai dar tudo certo.

E eu também sabia.

Eric veio depois, ainda sorrindo para mim.  Ele me ergueu no auto, passando seus braços meio finos para a idade em minha cintura, me erguendo do chão.

— Eles são preocupados demais. — Sussurrou em meu ouvido, logo após eu passar meus braços por seus ombros, sentindo minhas botas tocarem novamente o chão. — Vá e se divirta, beba e transe com camisinha, fique quanto tempo precisar, mas ligue todos os dias. E se não ligar, nos vamos para Jacksonville te puxar de volta. Vai lá, gatinha.

Me afastei, tirando meus braços da sua volta quando ele me soltou, dei um beijo em sua bochecha, algo leve e sorri para meu amigo. Olhei para Angie e para meu pai, sentindo as lágrimas quererem voltar. Eu precisava disso.

Sem saber bem o que falar eu pendi minha cabeça para o lado direito, me esforçando um pouco para poder sorrir. Meu rosto provavelmente já estava inchado e meu olhos castanhos vermelhos.

— Amo vocês. — Os três retribuíram minha fala. Meu pai passou os os braços pelos ombros de Angela e Eric, sorrindo para mim.

Peguei minha mochila de escola no ombro, não tinha cadernos e sim, roupas. Não cabia muita coisa, apenas o suficiente para uns dois dias. O resto? Cabia ao destino decidir.

Apenas duas camisetas, uma toalha, uma calça jeans fora a do corpo, uma blusa grande do meu pai que me lembrava Forks, dois conjuntos de Lingeries e meus itens higiênicos. Apenas o suficiente.
Respirei fundo, ouvindo meu vôo ser chamado pela última vez. Olhei para eles e acenei, me virando para frente de novo. Era isso. Só o que eu precisava para um tempo longe.

Andei com passos decididos até o lugar de embarque, já tinha resolvido tudo antes, não queria me preocupar com nada. Aliás, eu não resolvi muita coisa e sim Renée, sua animação quando disse que iria passar um tempo de volta a Flórida foi tanta que eu deixei ela cuidar de tudo. Sua animação foi grande mas ela também não deixou de lado minha "volta" repentina e sua intuição de mãe foi grande, principalmente sua preocupação depois que eu disse que explicaria a ela quando chegasse.

Mas, não poderia. Ela é minha mãe, mas eu não poderia me abrir como queria, contá-la o que aconteceu no meu terrível aniversário e conta-la o quão horrível a pessoa que se dizia ser meu "melhor amigo" foi comigo.

Puxei o ar antes de embarcar no avião, procurando minha cadeira que logo depois descobri ser ao lado de um casal de idosos, na janela. Ambos sorriram quando eu os comprimentei, ajeitando meu casaco grande sob o corpo, o mesmo casaco que me deixava protegida do frio de Forks.

Agora, o único casaco que eu teria em Jacksonville.

Coloquei a mochila no em uma boa posição e tirei alguns fios de cabelo da frente do rosto, colocando os mesmos atrás da orelha direita. Segui as instruções do piloto e apertei o mp3 entre os dedos, colocando os mesmos. Não estava nem um pouco a fim de ficar ouvindo as histórias de vida da senhora ao meu lado, me virei para a janela, esperando o avião decolar.

Senti quando o avião começou a decolar, minha cabeça estava explodindo de preocupação, o que seria do meu pai? Quer dizer, ele teria que voltar  viver de hambúrgueres porque, se eu o conheço bem, ele iria dispensar a Angela e sua comida maravilhosa e passaria a comer de novo na lanchonete.

E bem, por mais que eu ache que ele vai se virar bem, ainda fico preocupada... Sei que Angel e Eric cuidaram bem do Charlie. Eu não estava sendo egoísta, precisava de um tempo para sozinha.

Jacob me falou coisas horríveis e que, querendo ou não me fizeram ficar magoada, Edward foi embora, dizendo que eu não era boa o suficiente para ele, me deixando jogada em uma floresta. Jéssica foi rude e levou Mike com ela.

Eles foram embora dizendo que o problema era comigo. Então, o que tem de errado em mim?

Eu não sou boa o suficiente? Não sou bonita? Engraçada ou não sou uma boa companhia?…

É… eu realmente precisava de um tempo, a ferida ainda estava aberta em mim, aqui dentro, latejando e me fazendo chorar todas as noites, mas eu cuidaria para que essa ferida fechasse.


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