Sim escrita por Tris Pond


Capítulo 8
Parte Oito - Start Again


Notas iniciais do capítulo

Acho que esqueci de avisar, mas se quiserem ouvir uma das músicas temas do capítulo, basta clicar com o mouse direito no nome da música.



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SIM – PARTE OITO

Não posso simplesmente voltar o relógio? Perdoar meus pecados. Eu só quero enrolar minhas mangas e começar de novo. Eu sei que eu estraguei tudo. De novo e de novo. (Start Again – One Republic)

Alya, Nino e Nathaniel se entreolharam confusos sobre o que fazer.

“Eu posso ir atrás de Mari” se voluntariou Nathaniel.

Em outra época, isso teria deixado Alya alarmada, sabendo que o menino gostava dela e isso traria mais confusão, porém esses sentimentos já tinham desaparecido meses atrás. Ele e Marinette agora eram realmente amigos e como se conheciam há um bom tempo, Alya achava que ele era uma boa opção.

“Eu vou ajudar Nino só a colocar Adrien no Uber para a casa dele e encontro vocês” avisou ela. O primeiro instinto dela, claro, era verificar Marinette, mas sabia que ela estaria bem cuidada com Luka e Nathaniel e que Nino jamais conseguiria levar Adrien sozinho. E quanto menos pessoas soubessem do que acontecera, melhor. Ela teria que ser eficiente agora, depois poderia ficar super preocupada com a amiga e como ela estava lidando as coisas.

Nathaniel assentiu antes de correr atrás de Marinette.

***

Marinette não conseguia conter a culpa quando olhava para o machucado no rosto de Luka. Ele estava assim por causa dela, por causa da confusão do relacionamento que ela tinha com Adrien.

“Desculpe” pediu.

Ele sorriu e depois fez uma careta de dor.

“Mari, você não tem absolutamente nada para se preocupar” ele a assegurou. Ela era tão fofa se preocupando com ele e se desculpando por algo que não fora a sua intenção.

Ela não pareceu muito convencida com as suas palavras e passou a mão levemente pelo rosto dele, tentando absorver o máximo o possível de como estava o dano. Ele se inclinou na direção do toque dela. Mas ela se afastou, antes que não conseguisse mais deixá-lo.

“Eu vou pegar gelo” falou firme. Iria cuidar dele.

Foi atrás de Rose e a achou conversando com Juleka. Hesitou, pensando se deveria dizer algo para ela sobre o machucado do irmão, mas acabou desistindo. Luka contaria depois se quisesse.

Ela sentiu uma mão a segurando levemente e soltou um suspiro aliviado quando viu que era apenas Nathaniel. Não conseguiria lidar com Adrien agora.

“Mari? Está tudo bem?” perguntou Nathaniel hesitante. Era claro que não estava, mas ninguém sabia direito o que tinha acontecido, eles só viram Luka imobilizando Adrien e Marinette empurrando o Agreste depois.

“Eu não sei” ela respondeu sinceramente. “Deixa, eu só levar esse gelo para Luka que nós conversamos, ok?” pediu, sentindo a necessidade de ver como o outro garoto estava.

Nathaniel pensou por um segundo, sentindo-se bastante inútil. Sua função era fazer companhia a Marinette e nem isso estava conseguindo fazer. Por outro lado, talvez fosse bom dar um pouco de espaço para ela e Luka antes de interromper.

“Certo. Mas eu vou voltar para falar com você” prometeu, sabendo que seria difícil Marinette querer abandonar alguém que estava machucado.

Ela saiu e entregue o gelo para Luka. Nathaniel observou como os dois pareciam tranquilos, conversando e sorrindo. Eles estavam de mãos dadas. Não parecia que tinham entrado em uma briga agora pouco.

Ele deu alguns minutos por casal e depois chamou o nome de Marinette, perguntando se ela podia vir com ele por um instante. Marinette olhou para Luka, trocando algum tipo de conversa silenciosa com ele, e depois saiu com ele.

Nathaniel ficou em silêncio até chegarem num quarto desabitado e perguntou o que foi que aconteceu. Marinette então se lançou na história de como estava ficando com Luka quando Adrien aparecera.

“... E eu não entendo porque ele fez isso!” ela dizia indignada.  

“Oh, Mari” Nathaniel sorriu. “Adrien estava com ciúmes”.

Definitivamente não era a resposta que ela esperava pela reação dela. Ela ficou o encarando como se tivesse confusa.

“Não estou dizendo que ele estava certo no que fez, mas que foi por isso que ele fez” disse Nathaniel em um tom reprovador. Ele não tinha gostado nem um pouco da atitude de Adrien e seu lado protetor queria fazer o loiro ir pedir desculpas imediatamente a Marinette por todo o constrangimento e confusão que a fizera passar. Isso sem falar em Luka que ainda estava aplicando gelo no machucado.

***

Marinette estava extremamente cansada, mas não conseguia dormir. Os eventos da noite continuavam passando pela sua cabeça e ela não sabia o que pensar. Tudo estava sendo tão maravilhoso com Luka e pela primeira vez ela achava que sua vida amorosa estava resolvida, mesmo que uma parte estranha de si ficasse pensando em Chat Noir. Porém, Adrien agira tão estranhamente e machucara eles.

As palavras de Nathaniel ainda não tinham sido convincentes o suficiente para que ela acreditasse que Adrien estava com ciúme, porque não fazia sentido ele estar se sentindo assim.

E será que mudaria algo se Adrien realmente gostasse dela? Ela ainda sentia um carinho especial dentro de si quando pensava em todos os momentos que passaram juntos, mas também sentia um tipo de afeição estranha pelos poucos momentos que passara junto com Luka.

Ele fora tão legal com ela ontem que não deixara as coisas ficarem em um clima chato depois que ela voltara da conversa com Nathaniel. Eles não falaram mais sobre Adrien e escolheram conversar sobre músicas e filmes, descobrindo que realmente tinham mais em comum do que Jagged Stone. Ele tinha sido tão adorável que ela tinha sentido corajosa o suficiente para beijá-lo mais uma vez e ela tinha se despedido dele com uma calma estranha.

E mesmo que ela não quisesse admitir ainda tinha Chat Noir. Por alguma razão, o fato que ele gostava dela ficava passando repetidamente na sua cabeça. Mas ela não se permitir nem imaginar o que seria ter algo com ele que não fosse amizade. Não, não podia gostar do seu parceiro.

***

Adrien não se lembrava de nada do que acontecera no dia anterior ao acordar. Tudo que ele sabia é que ele se sentia péssimo – quem foi o infeliz que tinha aumentado a intensidade da luz do seu quarto? Compraram lâmpadas novas? E por que estava tão enjoado? – e queria voltar a dormir. Mas nada foi possível com Nino o forçando a levantar.

Depois de uma rápida parada para ir ao banheiro, os dois sentaram-se para conversar, ainda que o mal humor de Adrien tivesse permanecido.

“Eu não lembrava que você ia dormir aqui” murmurou Adrien, sem se preocupar se estava sendo mal-educado ou chato.

“É porque eu não ia, mas você não estava em condições de ficar sozinho” falou Nino com paciência. “Você lembra do que aconteceu ontem?” ele perguntou e Adrien balançou a cabeça. “Cara, você fez muita merda. Eu não sei o que você fez direito, mas quando eu vi, você tinha batido em Luka e Marinette estava gritando com você. Inclusive, ela te empurrou. Acho que eu nunca a vi tão irritada, mano”.

Ouvindo as palavras do amigo, as memórias de Adrien pareceram voltar em flash. Meu Deus, o que ele tinha feito? Ele tinha sido um completo imbecil. Ele estava com vontade de bater em si mesmo. Nem Marinette nem Luka mereciam as coisas  que ele tinha feito. Como ele fora horrível com ela, dizendo todas aquelas coisas cruéis e sem fundamento. E ele nunca fora o tipo de cara que descontava suas frustrações em alguém.

“Eu estou me sentindo enjoado” Adrien falou uma vez, antes de ir para o banheiro para vomitar. Ele achava que nunca tinha se sentido tão acabado na sua vida inteira.

***

Marinette acordou tarde e o começo do seu dia foi dividido entre sorrir enquanto se lembrava de Luka e se irritar toda vez que lembrava de Adrien. Se a sua família notou seu humor estranho, ninguém comentou nada.

Ela estava terminando de colocar umas tarefas em dia quando ouviu a campainha tocar. Ela estranhou, seus pais não tinham saído fazia nem vinte minutos, dizendo que iriam visitar algum amigo deles e ela não esperava ninguém.

Ela desceu as escadas e ficou surpresa quando viu pelo olho-mágico que era Adrien do outro lado da porta. Ela não sabia como lidar com ele. Ela não estava pronta para isso. Ele tinha conseguido estragar tudo entre eles e ainda assim uma pequena parte dela estava feliz com o fato que ele dissera que também gostava dela. Será que era verdade? Ou ele só estava agindo de forma egoísta, porque gostava da atenção que ela dava para ele?

Ela abriu um pouco a porta, porém nem de longe era espaço o suficiente para ele entrar. Ele parecia absolutamente horrível, com olheiras imensas e uma expressão cansada. Ela ficou feliz com isso.

“O que você quer?” ela perguntou, sem se importar no fato que estava de pijamas na frente de Adrien. Ela estava mais preparada para bater nele do que sentir-se envergonhada por ele.

“Eu quero pedir desculpas, Marinette. Eu fui um total idiota ontem. Eu nem acredito no que eu fiz. Acabei de passar no barco dos Couffaine para me desculpar com Luka“ ele respirou fundo. “Eu não sei o que deu em mim. Quer dizer, eu estava com ciúmes. Mas eu não tenho direito de estar. Você nunca me prometeu nada, só foi a amiga que eu sempre precisei. Nesses últimos dias, eu te conheci melhor e te achei impressionante, Mari. Mas foi só quando eu vi você beijando Luka que eu percebi que gostava de você”.

“Então, é verdade? Você gosta de mim?” ela perguntou em um tom de voz indiferente, sem saber o que estava sentindo ao ouvir essa informação.

Adrien hesitou. Ele tinha certeza agora que gostava de Marinette e que já sentia isso há um tempo, porém tinha toda a coisa com Ladybug. Ele assentiu.

“Como você pode dizer que gosta de mim e fazer o que fez?” Marinette perguntou incrédula. Para ela, ações valiam mais do que palavras e as dele na festa foram injustificáveis.  

“Eu não sei” falou sincero. “Posso ser sincero?” Marinette acenou, confirmando. “Eu achava que eu gostava de outra pessoa, então nunca tinha notado o que realmente sentia por você. Mas quando te vi com o Luka e percebi o que eu tinha perdido, o que eu poderia ter tido se não tivesse sido tão burro de não enxergar o que estava na minha frente... eu surtei” disse Adrien.

“Todo dia da minha vida, eu tento ser perfeito. Eu tenho que ser perfeito. Porque tudo que eu faço repercute na fama do meu pai, na companhia, na minha carreira. Nada está sobre o meu controle, porém ainda assim eu tenho que fazer o meu melhor. Não estou acostumado a falhar. Então, quando eu falhei no que mais importava, no que eu mais precisava, que era ver você por quem é, eu não soube lidar. Como, eu me perguntei, esse tal de Luka pode ter conseguido ver quem Marinette realmente é e em dois encontros ter conseguido fazer o que eu não fiz nesse tempo todo? Eu fiquei com raiva dele, mas principalmente de mim mesmo e acabei descontando nele”.

“Eu não fui justo com você nem com ele. Vocês não fizeram nada de errado. E eu não peço que me entenda ou que me perdoa, Marinette. Mas eu te respeito muito para achar que você não merecia ouvir esse pedido de desculpa”. 

“Você está certo, eu mereço” ela falou séria. Ela parou para pensar por um momento, tentando refletir em tudo que ele dissera. Muito fazia sentido e isso a irritava ainda mais, porque não queria sentir um pingo de compaixão por ele depois do que fizera.

“Eu ainda não te perdoei, mas pode entrar” ela suspirou. “Eu vou preparar um chocolate quente e vamos discutir isso lá no quarto” ela informou, não querendo ficar mais tempo ali, onde qualquer um que passasse – inclusive os pais dela quando voltassem – pudessem ouvir a conversa.

Adrien assentiu, parecendo perceber que ela ainda não estava muito feliz com ele, mas grato por ter a oportunidade de pelo menos tentar desfazer o que fizera.

Ele observou em silêncio enquanto Marinette preparava a comida. Se fosse em outra situação, ele ficaria feliz de estar ali, mas agora a casa passava uma sensação fria. Ele sentia-se fora do lugar.

Marinette estendeu a caneca de Adrien com o chocolate quente dele sem dizer nada e ambos seguiram o caminho para o quarto dela, por sorte sem encontrar os pais dela. Ela sentou-se na cama e esperou Adrien fechar a porta para falar.

“Podemos fazer um acordo, Adrien?” ela perguntou séria. Ele assentiu. “Enquanto você estiver aqui, eu não quero mentiras. Sobre nada” ela falou, já tinha confusão demais para ele inventar algo agora. Ele assentiu novamente.

“Eu só não entendo, Adrien” ela falou, tinha muitas coisas que ainda pareciam estranhas para ela na história dele. ”Você fala como se só houvesse descoberto agora o que eu sinto por você. Mas todos sabiam” ela falou, pensando em como fora tola de demonstrar tanto suas afeições por alguém que não tinha correspondido.

“Eu não sabia” ele falou sinceramente. “Eu não tinha ideia de que você gostava de mim. As meninas que normalmente gostam de mim são as interessadas na minha fama e elas são bem diretas, como Chloe. Nunca tinha imaginado que todo aquele nervosismo que você demonstrava era porque gostava de mim” ele deu um risinho nervoso. “Na verdade, eu achava que você me odiava até quando começamos a nos falar mais. E isso sempre me incomodou, porque eu via que você era diferente com os outros, mas eu não conseguia fazer com que fosse assim comigo” ele falou. “Tudo que eu fazia parecia te deixar mais nervosa”.

Marinette não pode evitar pensar em como Luka fora capaz de acalmá-la sem nem ao mesmo a conhecer direito, somente a trazendo para assuntos confortáveis e deixando relaxada. Ela não sabia o que isso queria dizer sobre ela e eles.

“Sempre achei que você sabia que eu gostava de você, mas tinha pena de me dizer não” ela admitiu, fazendo ele a encarar horrorizado. Ele seria uma pessoa horrível se a deixasse continuar tentando algo com ele, sabendo que não teriam nada.

“Não, eu realmente não tinha ideia” ele falou.

“Espera, então como você soube que eu gostava de você?” perguntou Marinette, confusa.

“Alya pode ter dito algo” falou ele hesitante, não querendo causar uma briga entre as amigas.

Marinette arregalou os olhos. Como assim a amiga tinha contado algo tão pessoal? Certo, não tinha dúvidas que ela fizera para ajudar, mas...

“Ainda falta algo...” Marinette murmurou. Sabia que faltava alguma peça para a história toda se encaixar. Mas não conseguia pensar no que. Até que percebeu algo: “E essa outra menina que você gosta? Você ainda sente algo por ela?”

Adrien ficou tentado a perguntá-la se ela sentia algo por Luka, contudo sabia que ele estava em desvantagem e por causa das próprias ações. Não restava opção senão responder.

“Eu não sei. Estava brigado com ela e não a vi desde que fizemos as pazes. Mas acho que na verdade eu não gostava muito dela. Era como se eu admirasse o pouco que sei dela, mas não tivesse noção de como ela realmente é. Acho que ela sempre irá ocupar um lugar no meu coração, mas... não como antes. Agora eu me preocupo mais com você do que ela. Penso mais em você que ela” ele admitiu. Não sabia se era o que ela queria ouvir, porém a verdade era só essa.

“Como você pode não ter noção de quem ela realmente é e ainda assim gostar dela?” Marinette perguntou.

“Eu acho que eu me apaixonei por uma máscara” ele sussurrou, como se esse fosse um fardo terrível.

Marinette congelou, pensando que ele estivesse falando literalmente e de alguém que ela conhecia bem. A única pessoa que usava uma máscara em Paris era Ladybug, contudo Adrian nunca interagiu com ela o suficiente para estar apaixonado.

“Não minta para mim, Adrien” ela relembrou e nem deu tempo para ele contestar ou concordar antes dizer: “Você sabe quem é Chat Noir?” ela perguntou, porque ele era o único meio que ele podia possivelmente conhecer Ladybug sem ela saber.

Adrien hesitou. Então era isso. Era esse o momento em que ele fatalmente teria que escolher entre as duas mulheres que amava. Sabia que Ladybug nunca o perdoaria se revelasse a Marinette quem ele era. E também sabia que Marinette nunca o perdoaria se ele mentisse.

“Perdão, Ladybug” ele falou baixinho, como se estivesse rezando. Marinette o ouviu e o olhou curiosa.

“Plagg, mostrar as garras”

Um segundo depois, Chat Noir estava no lugar que Adrien Agreste estava.


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Notas finais do capítulo

Acho que a cena deles no parque é uma das minhas preferidas.