Sim escrita por Tris Pond


Capítulo 4
Parte Quatro - No Way Out


Notas iniciais do capítulo

Estou muito feliz com a resposta de vocês :) Obrigada por acompanharem e favoritarem.



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SIM - PARTE QUATRO

Você não pode ver o que sua vida tem feito para mim. Então, parece que não há nenhuma maneira. Não há saída. Minha mente está cheia de indecisão, eu vi o jeito que as coisas deveriam ser. Não podemos continuar nesse caminho. Mas tudo que eu sei é que é difícil de sair quando você está me pedindo para ficar.

(No Way Out - Ravenscode)

“Você conhece Chat Noir por acaso, Adrien?” Marinette perguntou impulsivamente.

A conexão estava a enlouquecendo. Não podia ser uma coincidência. Eles eram os únicos que a chamavam desse jeito, várias vezes.

“Não, eu não conheço” Adrien respondeu, afastando-a, sentindo o seu coração batendo rápido. Por que essa questão repentina? O que ele tinha feito? Como Marinette tinha percebido? Ela realmente sabia e estava apenas o testando? Ou… ele não sabia.

Tudo que ele sabia era que odiava mentir para Marinette, mas não tinha nenhuma outra opção. Sua lady o mataria se ele revelasse quem era para alguém, não importa o quão próximos fossem. Ela não o deixava nem dizer a ela a sua identidade.

Marinette não acreditou cem por cento em Adrien. Havia algo no jeito que ele olhava para ela quando respondeu a pergunta e moveu sua mão que a fez sentir que ele estava nervoso. Se ele estivesse sendo honesto, ele não precisaria sentir-se nervoso. Só curioso.

Porém ela não insistiu, porque já se arrependia de ter perguntado. Ela era tão hipócrita. Sempre dizendo para Chat Noir esconder sua identidade e agora que ela descobriu um pequeno detalhe que poderia levar a quem ele realmente é, ela estava morrendo para seguir a pista. 

“Por que você pergunta?” Adrien questionou.

Marinette hesitou, mas decidiu que não tinha problema em responder.

“Bem, hum, você me chamou de Princesa. Essa é a maneira que Chat Noir normalmente me chama” ela disse. “Então, eu pensei que talvez vocês se conhecessem”.

“Não, desculpe” Adrien sorriu, nervoso. Ele sabia que o apelido dele para Marinete o colocaria em problemas! Por que ele não ele tinha sido mais cuidadoso? “Espere, você conhece Chat?” ele perguntou, tentando soar inocente.

“Um pouco” Marinette mentiu. Ela era provavelmente a pessoa que o conhecia melhor, pelo menos como Chat. Ela não sabia nada sobre a vida normal dele. De repente, ela imaginou uma garota sabendo tudo sobre ele, até mesmo que ele era Chat Noir. Ela seria a pessoa mais importante na vida dele. O pensamento a fez ter ciúme, e ela queria bater naquela garota imaginária.

Ambos ficaram ali, de pé, em um silêncio constrangedor. Tudo tinha sido ótimo antes, mas agora eles estavam com medo demais de falar e revelar seus segredos. E se contassem algo que eles não deviam saber um para outro? Como eles iriam concertar isso?

“Mari? Eu realmente espero que você resolva as coisas com seu amigo” Adrien falou, decidindo que seria mais seguro para ele voltar ao assunto anterior. “Mas se ele causar problemas, você pode me dizer” ele tentou fazer uma expressão assustadora. Pela risada de Marinette, entretanto, ele falhou. Ele não ligava contanto que ele pudesse a ver tão feliz assim.

“Ah, obrigado, Adrien... mas sem ofensas, não acho que você seja tão assustador. E eu posso cuidar de mim mesma” ela respondeu, sentindo-se estranhamente confiante. Ela tinha enfrentado vários vilões. Ela podia lidar com um Chat Noir machucado.

Adrien riu disso, surpreso com a resposta de Marinette. Antes mesmo que ele pudesse responder, entretanto, o sino tocou. Ele sentiu-se um pouco decepcionado. De alguma forma, ele não se sentia preparado para voltar a escutar o seu professor e acabar a conversa com Marinette.

***

Talvez Ladybug estivesse louca, mas ela estava feliz que hoje teve uma vítima de akuma. Desse jeito, ela tinha algo para fazer ao invés de só lidar com o silêncio de Chat Noir. Ele não estava falando com ela desde a noite que ele tinha se confessado; não importava o que ela tivesse tentando para fazê-lo falar.

“Hey, Chat! Você quer me ajudar?” ela gritou quando viu ele se aproximando.

Ele não sorriu nem fez uma piada idiota, só analisou a situação na frente dele. Ladybug estava lutando com um cara com pele azul e o que parecia um skate.

“Ele caiu num lago quando estava tentando fazer parkour, eu acho. Ele não estava muito feliz com a risada dos outros” Ladybug o informou rapidamente, antes de se colocar do seu lado.

Chat não respondeu nada, só olhou para o menino como se estivesse analisando a cena. Na verdade, ele não falou nada o resto da noite inteira, nem mesmo para o cara.

Ladybug estava esperando que ao menos ele fosse fazer o tradicional “zerou” deles quando trouxessem o menino de volta ao normal, mas Chat só foi embora. Ele estava saindo sem nem falar com ela e isso a deixou tão irritada e triste ao mesmo tempo. Só era errado. Eles não podiam continuar desse jeito, isso era estranho e frio.

“CHAT! Espera!” ela implorou. Por um segundo, ele continuou a andar e ela estava preparada para pegá-lo e nunca deixá-lo ir, mas então ele parou para olhar para ela, com olhos tão vazios que ela se questionou se ele era realmente o mesmo cara que ela conhecia. “O que você está fazendo?” ele continuou em silêncio e ela tentou de novo: “Por que você não fala comigo? Ainda vai continuar lutando comigo?” e ela esperou, ouvindo o coração bater rápido.

“Ladybug... Eu vou falar com você, mas só quando eu precisar” ele respondeu. “Claro que eu ainda vou ser seu parceiro, mas...” ele hesitou, tentando achar as palavras certas para dizer o que estava sentindo. “Eu não estou tentando te punir ou algo assim. Eu não gosto de ficar sem falar com você. Eu entendo que você não goste de mim desse jeito, Ladybug. Só que eu preciso de tempo. Eu não posso fingir que tudo é igual” Chat a ofereceu um pequeno sorriso. “Eu preciso fazer isso se nós vamos ser amigos de verdade”.

Ela entendia ou a menos ela tentou dizer para si que entendia. Era lógico o que ele estava pedindo e não devia ser muito, mas era. Ela teria que abrir mão de todos os momentos divertidos com ele para ter esse silêncio constrangedor.

***

“Bom dia” Adrien disse animado.

Marinette sorriu. Era quinta-feira e desde a segunda, Adrien não era o mesmo. Ele vinha todo dia para escola parecendo deprimido. Ele parecia estar funcionando no automático, ficando mais na dele do que realmente interagindo. Não era como se ele estivesse realmente ali. Hoje, entretanto, ele parecia mais feliz.

“Bom dia” ela respondeu.

“Você chegou cedo de novo hoje” ele observou. Nunca se acostumaria a ver Marinette na sala antes dela encher de alunos.

Ela corou. A verdade era que ela tinha começado a acordar cedo, para que pudesse ter tempo de falar com Adrien antes das aulas. Nos últimos dias, eles estavam se falando bastante e ela  estava feliz em dizer que ela finalmente estava agindo de forma mais normal perto dele.

“O que você vai fazer hoje?” ele perguntou, enquanto colocava as suas coisas na mesa que estava na frente de Marinette. Seu lugar usual com Nino.

Ela o olhou confusa.

"Hum... escola".

“Não, depois disso” ele sorriu, totalmente sem ideia de como o coração dela estava batendo novamente (o que estava acontecendo bastante, Marinette meio que esperava se acostumar com essa sensação).

“Nada, eu acho. Por quê?”

“Não mais. Eu tenho um ensaio fotográfico hoje com Danielle Girani e Jean Blanche¹. Não sei se você já ouviu falar de Jean, mas ele é um designer muito famoso e talentoso. Achei que talvez você quisesse vir junto para conhecê-lo” ele convidou. 

Ele estava morrendo de vontade para fazer algo que ajudasse Marinette no complicado mundo fashion depois que descobriu que ela queria ser uma designer. Mas não podia só a arrastar para qualquer coisa, tinha que ser algo que ele achasse que fosse ser útil e divertido. Essa era a chance dele. Danielle era adorável e simpática. Jean era muito aberto a novas ideias e não arrogante, diferente da maioria das pessoas que Adrien trabalhava.

“Sim!” Ela gritou, animada. “Eu sei quem é Blanche, eu sigo o trabalho dele”.

Adrien sorriu, feliz de a ver assim.

“Nós podemos ir para a minha casa, almoçar e ir pro estúdio” ele sugeriu.

Marinette hesitou por um segundo. Ela sabia que os parentes dela não teriam um problema com ela indo para a casa de um amigo, mas o pensamento de ficar sozinha com Adrien era quase demais para suportar.

“Certo, vou perguntar aos meus pais” ela prometeu, decidindo que valia a pena lidar com toda a timidez de ir para lá se isso significasse que ela teria uma chance de ver Jean Blanche em ação.

“Por que estamos tão felizes essa manhã?” Alya perguntou, chegando perto dos seus amigos. Ela tinha acabado de chegar e viu Marinette e Adrien sorrindo como idiotas. Deus, quanto tempo eles precisam para ficarem juntos? ela pensou, não sabendo porque estava demorando tanto.

“ALYA! Irei ver Jean Blanche!” Marinette falou como se estivesse dizendo que tinha ganhado na loteria. Uma pena que Alya não soubessem quem era esse.

“Um designer famoso” informou Adrien, vendo o olhar perdido de Alya.

Alya sorriu, sabendo que só tinha um jeito que Marinette conseguisse vê-lo agora. Ela conseguiria passar um tempo com Adrien e ir atrás do sonho dela. Duas coisas boas de uma vez.

***

“Eu estou tão feliz que a aula acabou” Marinette falou, enquanto esperava Adrien pegar o seu material. Normalmente, ela demoraria um século para deixar a sala, arrumando tudo. Mas hoje ela jogou todas as coisas que tinha na bolsa bem antes do sinal tocar. Ela estava tão animada que ela quase não conseguia ficar parada e demorou uma eternidade para a aula acabar.

“Você realmente odeia a aula tanto?” Adrien imaginou por que, a aula não era tão ruim.

“Não, é só que... eu quero ver Blanche” ela falou, os olhos brilhando com entusiasmo.

Adrien foi pego desprevenido por quão linda ela estava agora, ainda que estivesse usando roupas tão simples quanto um vestido, sem acessórios exceto pela bolsa e brinco. Ela apenas parecia irradiar felicidade e estava linda de uma maneira pura que ele não via normalmente.

“O que aconteceu? Você está com uma expressão estranha no rosto” Marinette falou, preocupada com o amigo dela. Ela não conhecia aquela expressão.

“Desculpe, eu acho que eu só fiquei distraído” ele disse e terminou de pegar os pertencentes dele.

Eles começaram a andar e conversar por todo o caminho para a casa de Adrien (claro que eles foram com o motorista dele). Marinette começou a sentir-se nervosa quando viu a casa de Adrien. Ás vezes ela esquecia o quão rico ele era, mas agora ela estava sentindo-se bem pequena comparado a tudo que ele tinha, como se não fosse digna disso.

Adrien se amaldiçoou silenciosamente quando viu o olhar no rosto de Marinette. Depois que ele tinha ido para a escola, ele tinha descoberto que vários colegas dele sentiam-se intimidados pela sua casa. Sem pensar realmente no que estava fazendo, ele pegou a mão dela e a guiou pelos corredores, só parando para dizer oi para um ou outro funcionário, até que eles finalmente chegaram no seu quarto.

Marinette estava surpresa, todo o medo esquecido. Ele estava segurando a mão dela! Ela estava andando na lua agora. O contato parecia tão íntimo e doce.

“Tudo bem se almoçarmos aqui?” Adrien perguntou. Por alguma razão, ele não queria que Marinette descobrisse o quão solitário o seu almoço era naquela mesa grande demais.

“Claro. Seu quarto é muito bonito” Marinette queria dizer isso por muito tempo, mas nunca teve a chance. Ela achava o quarto de Adrien lindo, ainda que algo parecesse estar faltando. Só não parecia com o quarto de Adrien.

Ele sorriu e percebeu que ambos ainda estavam em pé perto da porta e que ele ainda estava segurando a mão de Marinette. A pele dela era tão delicada que o deu uma boa sensação.

“Você pode fazer o que quiser, eu vou avisar Javier para trazer a comida aqui, já volto” ele prometeu, soltando a mão dela. Imediatamente ele sentiu falta do calor.

Quando ele voltou, encontrou Marinette sentada no sofá, mas sem assistir nada. Ela não parecia que tinha explorado o quarto, o que era sua intenção. Ela tinha olhado tudo, tentando entender tudo que havia para descobrir sobre Adrien.

“Você quer jogar um pouco?” ele perguntou, lembrando de como ela era boa em vídeo-games. Ela aceitou rapidamente.

Adrien estava feliz em finalmente achar alguém que pudesse realmente competir com eles e logo ambos estavam determinados a ganhar. Eles só pararam de jogar quando a comida chegou, comendo mais em silêncio.

“Adrien?” ela perguntou, parando de comer um pouco.

“Huh?” ele perguntou, viajando mentalmente.

“Você parece mais feliz hoje” ela observou. “Como se algo estivesse pesando, mas tivesse sumido agora”.

“Você está meio certa. Eu disse algo ontem que me ajudou a perceber que é okay não falar com alguém que você gosta, para se recuperar” ele disse.

Ela sentiu uma dor enquanto lembrando tudo que tinha acontecido com Chat Noir. Ele estava dando um tempo nela e ela sentia como se tivesse perdido um pedaço de si. Ela estava tentando respeitá-lo, mas era difícil.

“Você está certo. Mas eu acho que a pessoa está bastante machucada” ela observou.

“Mas não é bom no longo prazo para eles?” ele perguntou. Ele não tinha planejado se abrir para ela, mas ela era só fácil de conversar e ele não podia fazer isso com Nino sem levantar muitas perguntas.

“Deveria” ela falou, não conseguindo se convencer a dizer sim. Como uma dor como o que ela estava sentindo poderia fazer qualquer coisa ser melhor?

“Então, você resolveu as coisas com seu amigo?” Adrien perguntou, sentindo algo estranho no tom dela.

“Infelizmente não” Marinette replicou.

“Não perca esperanças” ele falou. A coisa mais triste que existia era perder alguém que você achava que iria ficar com você para sempre.

“Não vou” ela disse, fazendo uma promessa para si mesma. Ela não desistiria de Char Noir. Lutaria por ele.


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Notas finais do capítulo

¹ - Personagens inventadas.