Ametista escrita por Karina A de Souza


Capítulo 7
Explodimos uma base e o meu crush


Notas iniciais do capítulo

Capítulo bombástico...
...Para balançar isso aqui é (Bomba)
Para mexer isso aqui é (Bomba)...
Tá, parei.



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O Doutor tinha dito que nós íamos para a praia, mas um sinal de socorro surgiu do nada, e ele disse que não podíamos ignorar.

O sinal vinha de uma nave que levava produtos inflamáveis e algumas bombas.

—Você sabe que isso pode explodir a qualquer momento, não sabe?-Perguntei, seguindo o Doutor pelos corredores.

—Por isso seremos rápidos. -Franziu a testa. -Onde está a tripulação?

—O que o pedido de socorro dizia exatamente?

—“Nossa nave teve a segurança comprometida. Fomos invadidos”.

—Só isso? Foram invadidos pelo que?

—Eu não sei. E não estou gostando disso.

—Acha que é uma armadilha?-Parou em frente à um painel, colocou os óculos e pegou a chave ele fenda sônica.

—Talvez consiga acessar os arquivos da nave. Não, não sei se é uma armadilha. A questão é: a última vez em que respondi um pedido de socorro... A nave tinha sido invadida por Anciãos.

—Jack me contou o que houve. Contou sobre a garota... Sinto muito. -Olhou pra mim.

—Às vezes você sabe ser educada e gentil. -Dei de ombros.

—Aproveita por que é raro. -Voltou a mexer no painel. -Vou dar uma olhada por aí...

—Ametista...

—Estou armada, não se preocupe. Atiro primeiro e pergunto depois.

—É exatamente isso o que me preocupa.

Revirei os olhos e comecei a andar para longe. Só podia ouvir meus passos e uma canção antiga (She’s a Fool, de Lesley Gore) que tocava num volume bem baixo pelos auto falantes.

Parei em frente à uma porta que, de acordo com a placa ao lado, era do refeitório. Entrei, lentamente, apenas para me deparar com sete corpos espalhados no chão.

Recuei, pronta para sacar arma. Alguém apareceu do nada, por trás de mim, cobrindo minha boca com a mão.

—Por favor, não grite. -Sussurrou. Era uma voz feminina. -Ou eles vão ouvir.

—Eles quem?-Afastei a mão dela, me virando. Era uma garota loira, baixa e toda suja.

—Aqueles... Eu não sei... São algum tipo de robôs... Eles entraram na nossa nave... Mataram parte da tripulação... -Parou um momento, espiando pela porta. -Tem dois deles vindo... Precisamos nos esconder... -Agarrou meu pulso, me fazendo correr com ela até o lado contrário, entrando na cozinha. -Fique em silêncio.

—Quantos estão vivos?-Me abaixei atrás de um armário. A garota se escondeu atrás de uns caixotes.

—Eu não sei. Na hora dos tiros todos correram para lados diferentes... Não achei mais ninguém, mas talvez estejam vivos, não é?-Decidi não deixá-la mais nervosa, então apenas concordei com a cabeça.

—Você não é muito jovem para trabalhar numa nave desse tipo? Quantos anos tem?

—Dezesseis. Não trabalho aqui. Vim com meu pai, para conhecer o trabalho dele. Meu pai é o capitão.

—Ah... Certo.

—Shh. Eles estão perto. -Cobriu a boca com a mão.

Me perguntei onde o Doutor estava. O cara era esperto, então devia estar bem. Eu tinha que encontrá-lo o quanto antes e precisávamos de um plano.

Os sons de algo se locomovendo perto da porta fez com que eu prendesse a respiração. A garota estava tremendo, lágrimas escorrendo pelo rosto. Quis estender a mão e consolá-la, mas fiquei com medo de me mexer e fazer algum barulho.

—Quantos sobreviventes ainda restam?-Uma voz estranha perguntou. Era meio... Robotizada? Me fazia lembrar dos Cybermans, mas não deviam ser, tinham um jeito diferente de falar, mesmo que fosse semelhante em alguns aspectos.

—Matamos sete humanos. A tripulação é de quinze pessoas. Há oito sobreviventes.

—Então devemos continuar procurando. Todos os humanos devem ser exterminados para que o controle da nave seja nosso.

—Exterminados?-Sussurrei, franzindo a testa.

Engatinhei até a porta, espiando por uma fresta.

Aquelas coisas pareciam saleiros gigantes. Um vermelho e outro cobre. Cada um deles tinha o que parecia um desentupidor e algo que devia ser uma arma. Ao falar, luzes pequenas piscavam na parte superior.

Eu sabia o que aquelas coisas eram. Daleks.

Jack tinha me contado sobre eles. Contou como ele, junto ao Doutor, Rose Tyler, Lynda “com y” e alguns outros humanos enfrentaram os Daleks. Foi nessa batalha que ele morreu. E foi nessa em que ele retornou, imortal.

“Daleks são sanguinários”, ele tinha dito, o olhar distante como se revesse a batalha. “Não param até destruir tudo”.

E alguns deles estavam nessa nave, prontos para matar os sobreviventes, o que agora incluía o Doutor e eu.

Os dois Daleks saíram do refeitório por uma porta lateral, sumindo das minhas vistas. Fiquei de pé e fui até a garota, que tremia incontrolavelmente. A ajudei a levantar.

—Qual é o seu nome?-Perguntei.

—Carrie.

—Certo, Carrie, eu sou Ametista. Estou aqui com um amigo, o Doutor, e acho que podemos ajudar vocês. Preciso que fique calma e confie em mim. Nós vamos sobreviver e mandar esses Daleks para o inferno.

***

O Doutor não estava atendendo o celular, devia tê-lo esquecido na TARDIS.

Andar pela nave era como andar num campo minado (acredite em mim, já estive em um). Daleks vinham do nada, fazendo com que Carrie e eu nos escondêssemos em lugares totalmente improváveis, torcendo para não sermos vistas. A garota estava quase entrando em pânico, eu tinha que arrastá-la comigo. O medo dela não a fazia mais rápida ou mais disposta a viver, apenas a incapacitava lentamente.

Além disso, Carrie esqueceu tudo o que aprendeu sobre a nave nos três dias que passou ali. Não sabia onde era a sala de controle, ou a sala de armas, nem onde era o banheiro. A garota não lembrava nem do próprio quarto!

—Nós vamos morrer. -Murmurou, parando de andar. Suspirei, voltando pra ela. -Nós vamos morrer!

—Fala baixo. Nós não vamos morrer. Se acha que vim aqui pra morrer numa nave qualquer, com uma garota beirando à histeria, está bem enganada.

—Aquelas coisas mataram todo mundo! Vão nos matar tamb... -Acertei um tapa na cara dela. Carrie recuou, assustada.

—Controle-se. -Agarrei seu braço, obrigando-a a continuar andando.

—Eu não quero morrer.

—Eu também não, mas não estou entrando em pânico. Você precisa se controlar ou vai acabar nos matando... Merda. -A puxei para outro corredor, cobrindo sua boca com a mão. Um Dalek se aproximou, parando bem ao nosso lado. Carrie congelou, assim como eu.

Continue andando, saleiro maldito, continue andando.

Pareceu uma eternidade, mas o Dalek se moveu, deslizando para longe. Soltei Carrie devagar, respirando fundo algumas vezes. Tinha sido por muito pouco.

—Ametista. Ei. Ametista. -Franzi a testa. Era a voz do Doutor.

—Onde você está?

—Na sala de controle. Mas minha voz está saindo do painel ao seu lado.

—Ah, certo. Você sabe que...

—Que a nave está infestada de Daleks? É.

—Tem alguém com você?

—Alguns tripulantes.

—Meu pai está aí?-Carrie perguntou, ficando ao meu lado.

—Seu pai?

—O capitão Johansson. -O Doutor hesitou.

—Não. Mas ele pode estar em outro lugar. Garotas, preciso que venham até a sala de controle.

—Fica do outro lado da base.

—Eu sei. É o único lugar que os Daleks não conseguiram invadir. A base está entrando em fase de auto defesa, o que significa que vai se trancar sozinha. Alguns corredores vão se fechar. E eu não tenho os códigos para abri-los de novo.

—Então precisamos ir rápido. -Murmurei. -Onde exatamente fica a sala de controle?

—No corredor 4C, indo para o norte. É na mesma direção que vocês estão indo. Posso vê-las pelas câmeras, mas algumas foram destruídas pelos Daleks.

—Certo. Há algum deles no caminho?

—Não que eu possa ver.

—Tudo bem... -Um tipo de sirene soou, fazendo Carrie pular no lugar. -O que é isso?

—A auto defesa começou. Ametista, os corredores estão fechando. Corram!

Eu nem precisei puxar Carrie agora, ela foi sozinha, de repente alerta e pronta para sobreviver.

Podia ouvir alguns corredores se fechando atrás de nós. Um começou a fechar na nossa frente, mas passamos nos abaixando e rolando por ele, quase ficando presas.

Um Dalek nos viu, atirando e gritando “exterminar” insistentemente, mas ele ficou preso quando um corredor fechou bem na sua cara.

—O 4C é logo aqui!-Carrie gritou. -Estamos quase... Papai!-Se ajoelhou ao lado do homem caído no chão. Ele estava morto. -Pai... Papai, por favor...

—Carrie, nós temos que ir...

—Eu não vou deixá-lo... Não posso...

O corredor à nossa frente começou a fechar. Agarrei Carrie, empurrando-a, então a porta desceu, nos trancando em lados separados.

—Ametista!-Gritou. -Não! Você tem que passar!

—Corra. Corra e não pare até chegar na sala de controle.

—Não vou sem você...

—Mas você vai. Com certeza tem outro corredor, eu vou por ele.

—Mas...

Corra!-Ouvi seus passos se afastando.

Eu estava presa. Três lados estavam fechados, exceto aquele por onde Carrie e eu viemos, mas não havia como ir por ele.

No meu lado direito havia um Dalek. Eu não tinha notado antes, mas lá estava ele, parado, de costas. Parecia... Morto.

—Hã... Olá?-Sem resposta. -Saleiro gigante?-Comecei a me aproximar. Ele com certeza devia ter ouvido Carrie e eu antes, e me ouvido agora. -Ei. Você é surdo ou...?-Então ele se virou. -Merda...

—Exterminar! Exterminar!

Recuei, sabendo que não tinha pra onde ir.

O Dalek disparou...

Então eu estava na sala de controle, sendo segurada por Jack.

—Nunca fui tão pontual, não é?-Perguntou. O puxei na minha direção, beijando-o. Só o soltei depois que o Doutor limpou a garganta de modo exagerado.

—Desculpem, me empolguei. O que você está fazendo aqui?

—Alguém precisava de reforços. E eu nunca perco a chance de me meter em confusão.

—Seu Manipulador de Vórtex está funcionando.

—Ainda bem, ou aquele saleiro irritadinho teria te exterminado.

—Ametista!-Carrie exclamou, vindo me abraçar. Ergui os braços, pega de surpresa. -Achei que você ia... Você...

—Está tudo bem. -A afastei. -Preciso que você fique calma, okay? Nós vamos sair dessa. Nós vamos te levar pra casa, eu prometo. Tudo bem?

—Tá. Tudo bem. -Se afastou, sentando num canto. Me virei para Jack e o Doutor, eles pareciam surpresos.

—Que foi? Ela está assustada. Queria que alguém tivesse feito isso por mim quando era mais nova. -Jack abriu a boca para falar, mas o interrompi. -Alguém tem um plano?

—Eu sinto que estou quase lá. -O Doutor respondeu. -Sabe aquele momento em que ele está bem pertinho, mas não consegue alcançar? Só preciso de mais um tempinho...

—Temos acessos a armas?

—Estão do outro lado da base. -Começou a bater na própria cabeça. -Anda, anda, você tem um plano, precisa fazê-lo sair...

—E se fizéssemos uma arma capaz de destruir os Daleks? Eu posso construir.

—Tis é especialista no assunto. -Jack contou. -Constrói armas e bombas em nível profissional.

—Verdade.

—Não temos tempo. -O Doutor avisou, agitado. -Vamos lá... Apareça... Eu sei! Os controles, a sala de bombas...

—Você tem um plano?

—Ah, eu tenho sim! Há duzentas bombas reunidas no mesmo lugar. Essa sala é refrigerada por que o calor em excesso faria as bombas explodirem. Se nós enviássemos o calor de toda a nave para a sala das bombas...

—Teríamos uma bela explosão e esses saleiros gigantes vão para o inferno.

—Exatamente! Mas temos dois problemas. Número um: essa operação toda tem que ser feita daqui. Número dois: a explosão seria muito rápida, a pessoa que ficaria para operar o sistema... Não ia conseguir sair.

Pronto, toda a animação de termos um plano desapareceu. Ninguém da tripulação ousava falar alguma coisa. Carrie estava abraçando os joelhos, nervosa.

—Acho que precisamos de outro plano. -Avisei. -Ninguém...

—Eu me voluntario. -Jack interrompeu.

—O que? Não! Nem pensar!

—Você sabe que eu sou imortal, Tis. Posso passar por isso. E já fui explodido antes. Não é a melhor experiência... Mas se for explodir esses Daleks junto...

—Isso está fora de questão. Nós vamos arrumar outro plano. Não vou te deixar fazer isso.

—Ametista...

—E se dessa vez você não voltar? E se... Há um limite... Ou... Não ouse, Jack Harkness, nem pense nisso.

—Tis...

—Estou surpreso por você não ser voluntária. -O Doutor comentou. Jack riu.

—Tis jamais se arriscaria assim. Atrapalharia todo o objetivo dela de se tornar imortal.

—Eu não vou te deixar fazer isso. -Afirmei. -Nem pense, por um só momento, que eu vou... -Se aproximou, segurando meu rosto com as mãos, e me beijou. Ele sempre soube como parar uma discussão nossa, era impressionante. -Isso não vai me fazer mudar de ideia.

—Eu sei. Me desculpe... -Então alguns homens da tripulação agarraram meus braços, enquanto o Doutor pedia para me levarem até a TARDIS.

—Me soltem! Eu vou matar todos vocês! Eu juro! Me larguem! Jack, por favor...

—Desculpa, Tis.

***

—Me deixa sair daqui!-Gritei, batendo na porta. -Doutor, me deixa sair!

—Ametista, eu não posso... -Peguei a arma e me virei, apontando-a para o Senhor do Tempo.

—Volte essa droga de nave pra lá agora. Eu não vou deixar você causar a morte do Jack de no... -Então a TARDIS chacoalhou, derrubando todo mundo no chão. -O que foi isso?

—A explosão. Jack conseguiu. -Abriu as portas.

A nave estava em chamas, pedaços soltos espalhados, flutuando no espaço. Daleks estraçalhados giravam para longe, eles não tinham sobrevivido. Não havia sinal de Jack.

—Onde ele está? Jack!

—Ele não pode te ouvir. -O Doutor avisou, ficando ao meu lado, os olhos varrendo os destroços.

—Se você o matou eu juro que...

—Achei. Achei, ele está... Não olhe isso. Não olhe.

—O que?-Me fez virar de costas para a nave.

—Eu vi o Jack. Ele não queria que você o visse... Desse jeito. Vou aproximar a TARDIS para trazê-lo para dentro. Mas por favor, não olhe.

—Ele está...

—Você não vai querer saber. -Estremeci.

Me afastei, indo para o lado oposto. Carrie ficou ao meu lado, segurando minha mão.

O Doutor pediu que alguns dos homens presentes ajudassem a trazer o corpo de Jack para dentro, então levá-lo para a enfermaria da TARDIS.

Depois, levamos toda a tripulação sobrevivente para a base deles na Terra. Carrie me abraçou antes de ir, e correu para fora quando ouviu a voz da mãe, que trabalhava na base como engenheira.

Quando o Doutor fechou as portas e nos levou para Cardiff, eu avisei que ia ver como Jack estava.

—Espera. -Pediu. Me virei pra ele, cruzando os braços.

—O que?

—O que Jack disse é verdade? Você quer se tornar imortal?

—É. Esse é o meu objetivo. Eu invadi o cofre do governador, por que, de acordo com boatos, ele tinha um elixir da imortalidade. Infelizmente, como descobri, não havia nada.

—Imortal? Por que ia querer isso?

—Por que eu não quero morrer!

—Você já falou com isso sobre Jack? Já perguntou como ele se sente, todos os dias, vendo todos envelhecendo e morrendo? Imortalidade não é uma benção, é uma maldição.

—Nada que você diga vai me fazer parar ou me fazer mudar de ideia. Eu tenho objetivo, Doutor, e não vou desistir dele. -Fiz uma pausa. -Vou ver se Jack está se recuperando. Torça para que ele viva. Ou você tem mais uma morte em mãos.


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Notas finais do capítulo

Quando Jack disse que já foi explodido antes, é verdade. Em Torchwood, o pobre coitado foi aberto e uma bomba colocada dentro de sua barriga... Não restou muito dele, mas como o cara é imortal, tá por aí ate hoje (ou não). Juro, as cenas seguintes do Jack após a explosão me aterrorizam até hoje. Acho que a Tis surtaria total se o visse daquele jeito.
Sim, o assunto "busca da imortalidade" ainda vai voltar a ser explorado, ele não morreu aqui não. Tis ainda tem muito pra falar sobre isso.
Bem... A dupla Ametista e o Doutor deu uma balançada hoje, alguém até quase levou um tiro... Será que o início de amizade deles também vai pelos ares? Vamos aguardar!
Até mais, pessoinhas.



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