Ametista escrita por Karina A de Souza


Capítulo 3
Tivemos uma pausa para o drama


Notas iniciais do capítulo

Me confundi com a hora de postagem de novo... Mas tudo bem.
É melhor avisar vocês: esse capítulo é bem parado... E é proposital.
O Doutor precisa saber mais sobre Ametista. A melhor maneira é perguntar pra ela... Ou não?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/762044/chapter/3

—Não acredito que ainda está emburrada por que não deixei que pegasse o ouro. -O Doutor disse, revirando os olhos. Corri para acompanhá-lo, ele tinha pernas longas e andava rápido.

—Era ouro! Sabe o tanto de coisa que eu podia comprar com aquilo?-Desviei de um casal que passou por nós: duas garotas animadas com a chance de poder ir até a província vizinha se casar. O Doutor continuou andando, em silêncio, apenas observando a paisagem. Nós mal tínhamos nos falado depois de sair do planeta dos Luza. -Nem era roubo, eles queriam nos dar, de livre e espontânea vontade.

—Ametista, você não pode fazer as coisas esperando recompensas.

—E por que não?

—Por que é errado.

Por quê?-Suspirou, balançando a cabeça negativamente.

—Você um dia talvez entenda.

—Então você nunca aceita nada em troca do que faz? Nada de pagamentos ou recompensas?

—Exatamente.

—Que absurdo!-Riu.

—Você é... Terrível. Escuta: talvez seja bom aprender um pouco sobre altruísmo.

—Altruísmo é para idiotas.

—Desisto. Desisto de você. É impossível colocar algo na sua cabeça. -Apenas sorri.

—Onde nós estamos?

—Não tenho exatamente certeza... Ei, é você, olha. -Apontou para um cartaz. Meu sorriso sumiu.

“Você viu essa mulher?” estava escrito acima de uma foto minha. Abaixo instruções diziam como entrar em contato caso alguém me visse.

Olhei em volta. Havia mais e mais cartazes como aquele. Eu estava tão distraída irritada com o Doutor que não tinha reconhecido aquele lugar. Eu conhecia aquelas ruas, aquela paisagem. Não estava tão diferente quanto eu tinha imaginado.

—Estamos no século 51, não estamos?-Olhei para o Doutor, ele parecia confuso. Meu coração começou a acelerar. -Nós estamos na Península de Boeshane... Não é? Droga.

Me virei e comecei a correr. Algumas pessoas olharam pra mim, então para os cartazes. Se alguém tinha mesmo me reconhecido, eu estava ferrada. Em pouco tempo estariam vindo atrás de mim.

Entrei na TARDIS, respirando fundo e tentando me acalmar. O Doutor entrou pouco depois.

—Por que tem cartazes com seu rosto?-Perguntou.

—A gente tem que dar o fora daqui... Já devem ter alertado seja lá quem for o responsável.

—Pelo que você está sendo procurada?

—Nós temos que ir...

—Você não me ouviu?-Olhei pra ele.

—Se não quiser que batam na porta da TARDIS querendo arrancar minha cabeça, tire essa nave daqui. -Passou mais alguns segundos me encarando, então se moveu para os controles.

Eu sabia exatamente o que ele estava pensando. “Quem foi que eu deixei entrar na minha TARDIS?”.

***

Estávamos em algum ponto no meio do Universo, parados entre as estrelas. O Doutor tinha aberto as portas e estava olhando para fora, enquanto eu estava sentada, roendo as unhas.

—Quem é você, Ametista?-O Senhor do Tempo perguntou, ainda de costas pra mim.

—Eu podia te fazer a mesma pergunta.

—Mas você sabe quem eu sou. -Se virou. -Alguém falou sobre mim. Mas eu nunca ouvi falar de você antes.

—Normalmente é assim que as coisas são.

—Qual é o seu nome completo?

—Ametista.

—Eu disse completo. -Cruzei os braços.

—Não tenho um sobrenome. Nem sei se um dia tive.

—De onde você é?

—De todos os lugares. E de nenhum. -Suspirou.

—Eu preciso de respostas.

—Não. Você só quer ter certeza de que não convidou uma psicopata para ser sua acompanhante.

—De que século você é?

—Por que acha que essas respostas vão ajudar? Saber sobre mim não vai adiantar nada. Considere-me um mistério.

—Não é hora para brincadeira.

—Não estou brincando. -Cruzou os braços também. Suspirei. -Decidi entrar para a Agência do Tempo para sentir que pertencia à alguma coisa. Eu não criava raízes, nem naquela época. E quem é que não quer poder viajar no tempo? Além disso... Sempre teve algo que sempre quis fazer no passado.

—E o que é?-Desviei o olhar.

—Eu voltei na noite em que minha mãe me abandonou. Sequer sabia o nome dela. Só queria entender o que tinha acontecido. -Ri, mesmo sem querer. -Ela foi tão clichê... Me deixou na porta do orfanato. Foi a noite mais fria da Península de Boeshane. Chovia tanto... Parecia o fim do mundo. Me pergunto até hoje quem em sã consciência largaria um bebê naquele caos.

—Você falou com ela?

—Era o que eu queria. Voltei só pra isso. Mas não tive coragem. Só fiquei ali, escondida na chuva. Então ela se virou e correu. Eu fui tão estúpida... -Meus olhos arderam um pouco, enquanto lágrimas se formavam. Respirei fundo, tentando afastá-las.

—Então você é da Península de Boeshane.

—Talvez. Nunca tiveram certeza. A diretora do orfanato disse que eu tinha traços de viajante do tempo. Posso ser de qualquer lugar e qualquer época. Mas, para todos os registros, sou do século 51. -Ficamos alguns longos segundos em silêncio.

—Eu conheço alguém do século 51. Ele também foi um agente do tempo. Jack Harkness. -Sorri, encarando-o.

—Foi ele quem me falou de você.

—O que? Você conhece o Jack?

—Por causa dele me mudei para Cardiff. Antes eu só... Vivia em todos os lugares e em nenhum.

—Vocês dois...?

—Amigos... Com benefícios. -Revirou os olhos.

—Bem a cara do Jack. Vocês trabalharam juntos, então.

—Sim. Ele foi o primeiro a entrar para a Agência. Eu fui a última. Hoje ele é da Torchwood e eu sou... -Franzi a testa. -Nada.

—Você é uma viajante do tempo. E iniciante no quesito “salvadora”. -Ri.

—Talvez. Eu não acho que exista uma categoria certa pra mim.

—Talvez não. Por enquanto você preenche as categorias “trapaceira”, “ladra”...

—Lá vai o Sr. Certinho.

—Ametista... O que você estava procurando quando nos conhecemos?-Fiquei de pé.

—Falei sério quando disse pra me considerar um mistério. Eu não saio espalhando meus segredos, Doutor. É assim que eu funciono.

—Não vai nem dizer por que estão te procurando?

—Acredite em mim, é melhor ficar fora disso. Além disso, não precisa se preocupar, não matei ninguém.

—Tem certeza?-Sorri maldosamente.

—Talvez tenha matado. Você nunca vai saber. -Suspirou, fechando as portas da TARDIS com um estalar de dedos.

—Acho que vou ter que conviver com o mistério então.

—Exatamente. E vá se acostumando.

—Tudo bem. Ótimo. -Andou até os consoles. -Próxima parada aleatória... Allons-y!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É... Não é fácil arrancar respostas da Tis. Mais detalhes sobre a vida dela vão aparecendo no decorrer da história, e mais alguns mistérios também.
O próximo capítulo é de tirar o fôlego... Literalmente!
Até mais.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ametista" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.