Ametista escrita por Karina A de Souza


Capítulo 25
Obrigada pelo boa sorte, eu realmente preciso


Notas iniciais do capítulo

Olá, terráqueos e aliens e sei lá o que mais, aqui estamos para o penúltimo capítulo da fanfic.
Esse, basicamente, é um capítulo de preparação pro último. Não é nada "tiro, porrada e bomba".



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E os meses passaram.

As coisas continuaram a mudar... E a minha barriga foi aumentando. A mini Harkness estava crescendo saudável e me chutava com frequência.

Minha relação com a equipe também foi mudando. Eles continuaram sendo legais, mas também estavam me enlouquecendo. Todos eles foram se tornando participativos na gestação.

Gwen sempre surgia com livros sobre maternidade (e de paternidade, para Jack). Passei a me perguntar se ela tinha assaltado uma livraria.

Tosh, a boa e velha Tosh, me mostrava “coisas tecnológicas” que podiam ajudar após a gravidez, e durante a infância da mini Ametista. Tecnologia era uma coisa incrível, é preciso admitir, mesmo que ela possa nos matar um dia.

Ianto... Ianto continuava praticamente o mesmo, mas estava muito atencioso comigo, encobria meus ataques à comidas nada saudáveis e às vezes trazia alguns lanches pra mim. Também me ajudava na confecção das armas quando podia. Nós tínhamos iniciado uma parceria estranha sem nem falar sobre isso.

Owen estava bancando o médico, o que ele era, mas quase nunca fazia isso com a equipe. Esse vivia me atazanando sobre alimentação saudável e blá blá blá. Era impossível comer minhas “porcarias” no trabalho com ele por perto, e peixe e fritas foi totalmente tirado do meu cardápio, mesmo sendo meu prato favorito.

—Owen, achei que sua especialidade fosse abrir aliens, não obstetrícia.

—Eu sou um médico, ouça o médico. -Revirei os olhos.

—Eu não vou beber essa coisa. -Apontei para o suposto suco saudável que era uma coisa verde e pastosa.

—Ela é ótimo para gestantes.

—Que bom. E eu com isso?

—Ordens médicas. -Começou a se afastar.

—Dane-se!

Quando ele saiu de vista, joguei o copo plástico no lixo e revirei minha gaveta até achar um pacote de batata chips.

—Lanchinho secreto?-Gwen perguntou, surgindo do nada.

—Me sinto mais vigiada que um Big Brother. -Riu.

—Como está a mini Ametista?

—Chutando loucamente. Aposto que ela vai gostar de futebol. -Me ajeitei na cadeira. Minha barriga estava enorme, era difícil ficar muito tempo numa posição confortável. -Não acredito que vou dar a luz em algumas semanas. Ainda não sei tudo, não vai dar certo...

—Vai, sim. Você é esperta, Jack também, e vocês tem uma equipe toda com quem contar.

—Espero que tenha razão.

—Tis... Você não tem nenhum parente?

—Não. Não que eu saiba. Cresci num orfanato, sem sobrenome... Parentes com certeza devo ter, só... Não os conheço e não fazem parte da minha vida. Realmente... Pra mim não faz diferença alguma.

—Bem... É a sua vida, se você está bem com isso... -O celular dela tocou, o tirou do bolso. -Rhys. Alô? Não, eu não sei se vou poder ir... Estou trabalhando... -Revirou os olhos. -Não, os aliens não dão folga... -Começou a se afastar, ainda falando no telefone.

Bocejando, deixei o pacote de batata chips de lado e comecei a lidar com meus rascunhos. Muito trabalho estava se acumulando. Jack tinha dito que eu podia fazer as coisas no meu tempo, mas não estava dando certo. Não me sentia tão produtiva quanto antes, e não produzi muito durante nove meses.

—Ei, pestinha, será que pode me chutar menos?-Perguntei, olhando pra baixo. -Sério, tá me desconcentrando. Eu sou sua mãe, mas ainda tenho que trabalhar. Quando você nascer, prometo que te dou atenção. -Os chutes pararam. -Hum... Obediente. De quem puxou isso? De mim é que não foi.

Voltei a trabalhar nos rascunhos, aproveitando a trégua da mini Ametista. É, ela não tinha um nome ainda. Jack e eu continuávamos debatendo isso, e não havia nenhuma conclusão. Nomear uma criança não é tão fácil quanto parecia.

A equipe Torchwood tinha dado sugestões, mas nenhuma parecia boa o suficiente. Owen invocou com “Esmeralda”, uma pedra preciosa como no meu nome, mas avisei que nem devia sonhar com isso. Só eu sabia quanto era irritante as pessoas me chamando de “pedra preciosa”. Aparentemente minha rejeição ao nome fez Owen continuar chamando a mini Ametista assim, e afirmar que só ia parar quando ela tivesse um nome apropriado.

Tosh tinha dito que talvez Jack e eu devêssemos esperar a bebê nascer e só dar um nome depois, quando a víssemos. Aparentemente muitas mães faziam isso, dizendo uma série de nomes e esperando alguma reação do bebê. Parecia meio estúpido, mas Jack gostou da ideia e disse que se não nomeássemos a mini Ametista até lá, usaríamos essa técnica. Do jeito que as coisas estavam indo, ia ser exatamente assim que escolheríamos o nome.

Pelo menos uma coisa a gente já tinha resolvido: o quarto da bebê. Jack e eu trabalhamos juntos nele por meses.

Quase tudo era azul, azul como a TARDIS. Estrelas no teto estavam pintadas com tinta que brilhava no escuro, mas não muito forte. Havia uma estante apenas para livros, todos sobre aventuras e espaço. Havia ursinhos, naves espaciais, algumas bonecas e outros brinquedos que logo teriam dona. Um móbile de estrelas estava acima do berço. A mini Ametista tinha ganhado um quarto espacial.

***

—A gente devia colocar ela numa escola normal ou ensiná-la em casa?-Perguntei, revirando o guarda roupa em busca de algo que servisse em mim.

—Por que ela não iria pra escola?-Jack virou pra mim, confuso.

—E se descobrirem sobre ela? Crianças são uns demônios, vão pegar no pé dela por que ela é meio et.

—Ela não é “meio et”, Tis. É humana, com características de Senhora do Tempo. E ninguém vai descobrir.

—Que seja. Acho que ela ficaria melhor sendo ensinada em casa.

—Escola não é apenas para aprender matérias e fazer provas. Serve para interagir com outros humanos, fazer amizade...

—Tenho certeza de que eu ia odiar uma escola normal. -Tirei um vestido preto do armário. Gwen tinha dito que eu devia usar roupas mais “alegres” durante a gestação, mas esse conselho ignorei com prazer.

—Você não foi pra escola?

—Não. Fui ensinada no orfanato... Se é que dá pra chamar aquilo de ensino. -Dei de ombros e comecei a trocar de roupa.

—Você não tem boas recordações de lá, não é?

—Com certeza não.

—Já está pronta?-Perguntou, depois de uma longa pausa.

—Eu pareço pronta, Jack?

—Hum... Não.

—Exatamente.

—Não está mais aqui quem perguntou. -E saiu do quarto.

—É bom mesmo!

Terminei de me arrumar, e fui pra sala, onde Jack estava me esperando. Saímos juntos do apartamento, enquanto eu reclamava do frio.

A TARDIS estava num canto do pátio. Parei um instante, admirando-a. Aquela caixa azul tinha feito uma diferença enorme na minha vida. Ela, e seu dono maluco. Eu não conseguia imaginar como seria a minha vida se algum tempo atrás não tivesse cruzado com o Doutor naquele baile ou se ele não tivesse decidido me dar uma chance.

Entramos na TARDIS, estava quentinho e aconchegante ali dentro.

—Ei, aí estão vocês! -O Doutor exclamou, se aproximando animadamente e abraçando Jack. -Tis... Pelos deuses, parece que você engoliu a TARDIS. Será que não há mais de um bebê aí dentro?

—Nem brinque com isso, esquisitão. -Me abraçou.

—Já vi que você está bem.

—Estou ótima. Vou ficar melhor quando esse peso todo sair de mim.

—Falta só duas semanas, Tis. -Jack lembrou. -Você pode aguentar mais um pouco.

—Sem bebê, sem opinião. Quando você engravidar, pode dizer alguma coisa. -Fez gesto de rendição.

—Tudo bem.

***

—Eu tinha certeza de que você devia estar numa “dieta de grávida”. -Jack comentou, sentado ao meu lado. O Doutor, do outro lado da mesa, revezou o olhar entre nós.

—Olha só, grávidas precisam comer muito, pelo bebê. Como vou alimentar a pestinha e eu com aquela droga de dieta que o Owen recomendou? Salada não sustenta! Eu preciso de comida, comida de verdade.

—Salada também é “comida de verdade”.

—Tem alface e tomate no meu x-burguer. E batata frita ainda é batata. Mesmo frita.

—Tenho que admitir que há algum sentido nisso. -O Doutor disse. -Um pouco errado, mas tem.

—Viu? Se até o alien concordou, é por que estou certa. E então, Doutor, o que andou fazendo sem a gente?

—Eu?-Deu um longo gole no suco. Estreitei os olhos na direção dele. -Nada demais...

—Arrumou outra companheira?

—Não.

—Qual é o nome dela?

—Clara Oswald. -Cobriu a boca com a mão. -Como você faz isso?

—Não é tão difícil quanto parece. Espera... Clara. Eu a conheço. Encontrei vocês em...

—Não. Não. Nada de spoilers. Isso ainda não aconteceu pra mim. Não diga nada.

—Como consegue viver com linhas do tempo tão confusas?

—Não é muito fácil, mas a vida é assim.

—Eu já volto. -Jack avisou, levantando e sumindo da minha linha de visão.

—E como estão as coisas entre vocês?

—Bem, muito bem. Melhor do que pensei. Achei que o casamento ia acabar com nossa amizade... Mas ficamos mais próximos ainda.

—Fico feliz em ouvir isso. -Sorri.

—Você bancou o cupido. Tem que ficar feliz mesmo. -Olhei pra baixo. -Ei, pestinha.

—O que foi?

—Mini Ametista está chutando de novo.

—Vocês precisam dar um nome pra ela. -Sentou ao meu lado. -Posso?-Assenti. -Olá, pequenina. -Colocou a mão na minha barriga. -Ela chuta mesmo.

—Essa aí não vai ter parada quando crescer.

—Não mesmo. Vai ser como a mãe. -Dei um tapa leve no braço dele. -Você vai sair logo daí, mini Ametista? Estou ansioso para conhecer você e te contar histórias e tudo mais. -Fez uma pausa. -Ela parou de chutar.

—Falar com ela a acalma. Talvez consiga nos entender... De alguma forma.

—Acredito que sim.

—Prontos pra ir?-Jack perguntou. O Doutor levantou, me ajudando a fazer o mesmo.

—Prontos.

Voltamos para a TARDIS, enquanto o Senhor do Tempo insistia que precisávamos de um nome para a mini Ametista, já que o nascimento estava tão próximo.

—Não é tão fácil quanto parece, criatura. -Avisei. -Nome é uma coisa pra vida toda. Faça uma escolha ruim e seu bebê sofrerá bullying.

—Vocês tiveram nove meses e não pensaram em nenhum nome?

—Tínhamos um caso fosse menino. -Jack disse. -Nada para menina.

—Precisam pensar logo em um. Falta duas semanas...

—Ou menos. -Declarei. Os dois viraram pra mim, confusos. -Eu acho que a bolsa estourou.

—Que bolsa?

—Você acha?-Jack perguntou.

—Eu não sei!-Gritei. -Nunca tive filhos antes!-Respirei fundo. -Acho que a bebê vai nascer.

Então houve alguns segundos de silêncio antes dos dois surtarem, falando ao mesmo tempo, sem saber o que fazer, quando na verdade eu é quem devia surtar. Fiquei sem fala, vendo a cena ridícula dos dois, até conseguir me recompor.

—Parem com isso agora, seus idiotas!-Gritei. Ambos se calaram e olharam pra mim. -Preciso que vocês calem a boca e me levem para um hospital. Agora.

—Certo, hospital. -O Doutor murmurou, correndo pelo console e mexendo nos controles. -Hospital... Pronto! Vamos.

Os dois me ajudaram a sair da TARDIS para uma recepção de hospital claramente futurista.

—Temos uma grávida aqui!-O Doutor gritou. Duas enfermeiras se aproximaram rapidamente.

—Vamos levá-la para a sala de parto...

—Não. -Murmurei, agarrando a mão de Jack. -Não quero ir sozinha... Estou com medo.

—Eu vou com você. -Avisou. -Não vou te deixar sozinha.

—Boa sorte!-O Doutor desejou, enquanto nos afastávamos.

Olhei por cima do ombro, vendo-o uma última vez antes da porta fechar.


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Notas finais do capítulo

Okay, agora estamos num ponto importante. O que vem depois daí? Saberemos na semama que vem! (Eu espero...)
Viu, Gi? Você não foi a única a pensar em "Esmeralda" pra filha da Tis. Todo mundo cantando comigo! Esmeraaldaaaa...
Parei.
Eu sei, eu sei, foi um capítulo calmo e tudo mais. Nem só de treta vivem os personagens da Garota Dalek aqui.
No próximo cap... Tis terá o bebê? E se tiver, como se sairia como mãe? Será que depois de tudo o que passou, Ametista viveria num lindo conto de fadas? Talvez as coisas fiquem meio... Explosivas.
Até mais!



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