Ametista escrita por Karina A de Souza


Capítulo 19
É praticamente a volta dos que não foram


Notas iniciais do capítulo

Hello, galera.
O título já diz tudo.



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MESES DEPOIS

Por incrível que pareça, eu não estava atrasada. Tinha acordado super cedo, após uma péssima noite de sono.

Como não precisava correr para ir trabalhar, me arrumei, fiz café, coloquei música, tudo sem pressa.

Peguei uma xícara no armário, cantarolando uma música qualquer do Modern Talking, então a derrubei enquanto um som familiar flutuava até minha janela.

Era a TARDIS se materializando.

Espiei pela janela, e quando confirmei que era a caixa azul, disparei para fora do apartamento e desci as escadas o mais rápido que consegui.

Abri a porta da TARDIS, ao mesmo tempo em que o Doutor a abria por dentro.

—Ei! Você me assustou!

—É bom te ver de novo, esquisitão. -Sorri. -O que foi, aliens na vizinhança?

—Acho que não. -Saiu da nave, scaneando em volta com a chave de fenda sônica, então a enfiou no bolso. -Nada de aliens... Por enquanto. Olá, Tis.

—Olá. O que veio fazer aqui? Amy Pond já cansou de você?-O sorriso dele vacilou um pouco, mas ele se recompôs rapidamente.

—Espero que não. Bem... Lá estava eu, sozinho, então pensei numa das minhas amigas mais doidas, e decidi aparecer.

—Nós somos amigos?

—Eu achei que éramos. -Pareceu espantado. -Nós não somos?

—É claro que somos, idiota. Eu até te abracei.

—Ah, danadinha, você me pegou. -Riu. -Tudo bem, eu tenho uma coisa muito importante pra perguntar. Muito, muito importante. -Se inclinou na minha direção.

—Não, não quero me casar com você.

—Mas a pergunta não é essa. -Sorri, cruzando os braços. -Tudo bem, você me pegou de novo. Certo, pronta para a pergunta?

—Fala logo.

—Tudo bem. Ametista... Quer viajar comigo de novo?-Seu rosto encheu de expectativa.

—Quero.

—Você nem pensou no assunto.

—E eu preciso?-Agarrou minha mão.

—Então vamos lá!

—Espera. Eu tenho um trabalho, lembra?-Apontou para a TARDIS.

—Máquina do tempo, lembra?

—Então vamos nessa!

***

—O que andou fazendo desde que nos vimos pela última vez?-O Doutor perguntou, caminhando ao meu lado.

Estávamos numa nave nação, aquelas que funcionam como países e até planetas. Enquanto andávamos por uma feira, fiquei alerta caso visse livros que podiam ajudar na minha missão particular.

—Nada demais. Trabalhei, bebi bastante, arrumei confusão...

—O de sempre. -Olhei pra ele, que sorria. Me perguntei quanto tempo fazia que estava sozinho, mas achei melhor não tocar no assunto.

—É, o de sempre. E você?

—Corri por aí, resolvendo coisas, me aventurando... Perdendo coisas... -A sensação que eu tinha era que Amy Pond estava na lista de perdas. -Você sabe... O de sempre.

—Você nunca para, não é?

—Nunca. E nem posso. É basicamente meu objetivo de vida.

—É um bom objetivo.

—Nem sempre. Oh, eu amo esses doces!-Correu para uma das bancas, falando animadamente com a vendedora.

—Ainda maluco como sempre. -Meus olhos bateram numa banca de livros. -Doutor, eu já volto.

—Não atire em ninguém!

—Esqueci a arma em casa.

—Ainda bem!

Caminhei até a banca, que estava repleta de livros velhos. Passei a mão pelos títulos, procurando algo útil. Parei num chamado “A Bênção”, então algo tocou meu pescoço, me dando um choque.

Abri a boca para chamar o Doutor, mas apaguei antes.

***

Eu bem que queria ser otimista, mas quando se acorda presa numa maca, com pessoas esquisitas em volta, o otimismo é a última coisa que se passa na cabeça da gente.

—Não sei quem são vocês, mas quando me soltar, vou dar uma surra em vocês!-Gritei, tentando soltar meus pulsos.

—Mãe, você vai gostar dessa daqui. -Um garoto de cabelos azuis disse. Uma mulher idosa se aproximou, com um olhar crítico.

—Parece jovem. -Comentou. -E terráquea, com certeza.

—Nós checamos, ela é saudável.

—É bom que seja. O último corpo que me deu era doente e durou apenas dois meses. Além disso, a garota tinha os dentes tortos.

—Essa é perfeita. Olhe pra ela.

—Hum... É, até que é sim. Só não gostei desse cabelo. Mas posso cuidar disso depois que o corpo for meu.

—Como é que é?-Perguntei. -Esse corpo já tem dona! Vai ter que me matar se quiser colocar as mãos em mim, sua múmia velha!

—É exatamente o que vou fazer. Podemos começar, ainda temos que arrumar um corpo para o meu marido.

—Você não pode me matar e ficar com meu corpo!

—E por que não?

—Por que ele é meu!-Voltei a tentar forçar as amarras. -Vem no soco, vovó!

—Além de tudo é violenta. Esses humanos são desprezíveis.

—Pelo menos não roubamos corpos!

—Nenhum corpo vai ser roubado aqui. -Todo mundo virou para a porta.

O Doutor tinha chegado, e pela cara dele... A coisa ia ficar feia. Ele não parecia mais o maluco animado que eu conhecia. Parecia enfurecido. Eu nunca tinha o visto daquele jeito. Era até meio... Assustador.

—Anciãos... Como ousam sequestrar outra amiga minha?

—E quem é você, garotinho?-A velha perguntou, tomando a frente. -Meu marido vai gostar desse rosto, mesmo que pareça muito jovem.

—Quem sou eu?-Deu um passo para frente. -Eu sou o Doutor.

Todos no recinto recuaram, trocando olhares assustados. A velha parecia apavorada.

—Você... Você matou muitos Anciãos no passado.

—Apenas aqueles que mataram minha amiga. Terão o mesmo destino aqueles que tentarem fazer o mesmo com a garota na maca.

—Você está sozinho dessa vez. Não pode enfrentar todos nós. Somos sete aqui e há mais seis em nossa nave.

—Então me enfrentem.

A velha virou para seus companheiros. Eles retribuíram o olhar... E saíram correndo, deixando-a para trás. A cara que ela fez foi hilária.

O Doutor continuou lá, esperando alguma reação. A velha olhou pra mim, acenei pra ela, debochada, então para o Doutor. Aí assentiu e saiu da sala.

—Isso é o que eu chamo de resgate. -Brinquei. A expressão de fúria do Senhor do Tempo se desfez, mudando para preocupação, e ele correu para me soltar.

—Você está bem?

—Estou. Você definitivamente colocou aquele pessoal para correr.

—Eles teriam te matado.

—Eu sei. -Me sentei, esfregando os pulsos. -Obrigada. Sinto muito pela sua amiga.

—Queria tê-la salvado também... Mas cheguei tarde demais e Joanne não...

—Joanne? Joanne Watson?-Assentiu. -Jack me falou sobre ela. Disse que era uma garota legal.

—Ela era. -Se afastou, limpando os olhos. -É melhor irmos andando. Anciãos não são muito corajosos, mas são burros o suficiente para voltarem.

—Tudo bem. -Saí da maca. -Me sinto dormente.

—Resultado do choque. -Olhou para o meu pescoço. -Deve passar logo. Apenas evite líquidos gelados e frutas cítricas por umas duas horas.

—Ah... Okay. Então sem chance de me levar para tomar uma cerveja?

—Zero por cento de chance.

—Tá legal. Fica pra próxima. Vai ter próxima, não é?

—Com certeza. Ainda não vou me livrar de você. -Sorri.

—Bom saber.

***

O Doutor conseguiu me deixar na hora em frente à base da Torchwood em tempo. Então não haveria atrasos.

Toda a equipe estava reunida perto da sala de Jack quando cheguei. Deixei minhas coisas na minha mesa e me aproximei do grupo.

—Aconteceu alguma coisa?-Perguntei. Gwen e Owen se moveram, me deixando ter uma visão do que estava acontecendo.

Jack estava todo sorridente, a mão no ombro de um homem ao seu lado, um que eu conhecia bem. John Hart era um agente do tempo, trabalhou com Jack e eu. Nós três costumávamos ser amigos, mas ele sempre foi mais próximo de Jack, com quem dormia o tempo todo e eu fingia não saber.

—Ametista!-John exclamou, sorrindo pra mim. -Como vai, querida?

Aí eu acertei um soco no rosto dele, fazendo-o cambalear para trás, e seu nariz começar a sangrar.

Jack me agarrou pela cintura, surpreso, enquanto eu tentava avançar em John.

—Eu vou te matar!-Gritei. -Juro! John Hart, você é um homem morto! Há cartazes em Boeshane com meu rosto e a culpa é toda sua!

—Tis, calma!-Jack pediu. -Ametista! Owen, Ianto, me ajudem aqui! Ametista, calma, por favor...

 

—Vou me acalmar depois que quebrar o pescoço dele!

—Nossa, Tis, achei que éramos amigos... -John comentou, pegando um lenço para parar o sangramento.

—Amigos? Depois do que fez comigo? Eu teria te matado antes se não tivesse fugido, seu covarde desgraçado! Eu. Vou. Te. Matar!

Jack, Owen e Ianto, juntos, conseguiram me afastar de John, impedindo um assassinato, temporariamente.

***

—Quer me explicar o que foi aquilo?-Jack perguntou, trancando a porta de sua sala como garantia de que eu só ia sair calma dali.

—Era eu, tentando matar o John. Mais alguma dúvida?-Colocou as mãos na cintura.

—Por que você tentaria matar o John? Somos todos amigos...

—Não, vocês dois são. Aquele desgraçado não é nada meu. Nada.

—O que foi que ele fez?

—Pergunte a ele. Pergunte a ele o que me fez e por que há cartazes em Boeshane com meu rosto.

—Tis...

—Não estou inventando! Pergunte ao Doutor.

—O Doutor sequer...

—Ele voltou. Estou viajando com ele de novo. -Franziu a testa.

—O que?

—Não importa agora. John fez uma coisa errada comigo e você vai ter que decidir de que lado ficará. Se escolher o John, tudo bem, mas prepare-se para me perder.

Passei por ele e destranquei a porta.

—Dessa vez é sério, Jack. Se não me escolher, vou embora para sempre.

Então me e virei e saí.

Enquanto eu pegava minhas coisas para ir embora, Ianto se aproximou. John estava cercado por Gwen, Tosh e Owen.

—Jack com certeza acredita em você. -Ianto disse.

—Acredita mesmo? Não sei se quero ficar para descobrir.

—Talvez não seja uma boa hora... Mas quem é esse John? E o que aconteceu pra te deixar tão furiosa?

—O que aconteceu? Já foi apunhalado pelas costas, Ianto?

—Literalmente?-Suspirei.

—John é traiçoeiro. Jack gosta demais dele para perceber. Fique de olho nos dois. E cuidado para não acabar nessa confusão. -Comecei a me afastar.

—Você vai embora?

—Se eu ficar, vou matar aquele desgraçado. E todos vocês serão testemunhas.

—Então é melhor mesmo você ir.

—É, é sim.


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Notas finais do capítulo

Caso não tenha ficado claro, o Doutor voltou para Tis após perder os Ponds.
O livro "A Bênção" é referência à quarta temporada de Torchwood. Se Ametista tivesse pego o exemplar, teria se tornado imortal. Yep. Isso mesmo. O livro teria a levado direto para a "fonte" da imortalidade... Jack. Curioso, não?
Os Anciãos, espécie vista aqui, tiveram sua origem na fanfic "A Garota de Vestido Azul".
Essa aventura foi curta, por que é como se tudo começasse de novo. Mas com um Doutor diferente. E não foi o único foco de hoje.
John Hart é um personagem da série Torchwood e eu acabei querendo trazê-lo pra cá. Ele é muito amigo de Jack, e é bem traiçoeiro mesmo. Logo, logo vocês vão descobrir o que ele fez para Ametista.
Enquanto isso, no próximo capítulo... Tis fica cara a cara com seu maior pesadelo e nem sempre as coisas se acalmam depois de uma tempestade.
Aqui tem o link do teaser do próximo capítulo: https://youtu.be/I2hCt5nEiug
Até maaaais! ♥
P.S.: A Jodie tava FANTÁSTICA nesse primeiro episódio ♥



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