Ametista escrita por Karina A de Souza


Capítulo 13
Claro que a arma funciona, fui eu que fiz!


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente.
Eu quase esqueci de postar o capítulo, nem lembrava que era quarta feira kkkkk
Esse cap é mais focado no verdadeiro trabalho da Tis: fazer armas.



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Assim que passei pela porta Ianto abaixou a revista que estava lendo e verificou o relógio.

—Você está atrasada.

—Ah, é? Se você fosse meu chefe, eu talvez fingisse que me importo.

Abriu a boca para responder alguma coisa, mas eu já estava me afastando para dentro da base.

É, eu tinha me atrasado de novo. Nunca fui pontual, e não era agora que ia ser. Acordei quase oito horas e saí correndo depois de me vestir e agarrar duas torradas para comer no caminho.

—Bom dia, Ametista. -Toshiko saudou, de sua mesa. -Jack quer falar com você.

Suspirando, larguei a bolsa na minha cadeira e me arrastei até a sala de Jack, esperando pelo sermão que sabia que ele ia passar.

—Você está atrasada, Tis. -Viu? Ele era bem previsível às vezes.

—Eu nem notei, sabia? Estou espantada. Obrigada por avisar.

—Jura? Deboche tão cedo?-Cruzei os braços.

—Surpresa.

—Dormiu demais de novo?-Dei de ombros.

—Acontece.

—Tis. -Suspirei.

—Desculpa. Não fiz de propósito. Eu vou tentar não chegar mais atrasada, okay? Mas não garanto nada.

—Já é um começo.

—Bem... Não pode reclamar muito. -Me sentei, colocando os pés em cima da mesa. -Você sabia como eu era quando me contratou.

—É, eu sabia.

—Arrependido?-Olhou para os meus pés, então pra mim.

—Talvez. -Sorri. -Não, eu estava ciente do seu jeito “adorável” antes de contratá-la. Nós já trabalhamos juntos, eu sei como você... “Funciona”. Mas ser um pouco mais colaborativa ia ajudar.

—Vou tentar... Um pouco.

—Prefeito. Agora... Tis?

—Sim?-Apontou para a porta.

—Vá trabalhar!

***

Os arquivos eram tentadores. Tantas coisas secretas e desconhecidas ali, só esperando para serem lidas. Eu tinha um trabalho... Mas também tinha uma curiosidade do tamanho do interior da TARDIS!

Abri outro arquivo sobre o Doutor. Esse falava sobre suas companheiras e havia fotos delas. Rose Tyler. Martha Jones. Donna Noble. Joanne Watson. Kaliane Silva... Ei, espera, eu conhecia essa garota. Tinha visto ela em Eldamar, meses atrás. Viu? Memória fotográfica.

Eu estava na lista. A última. Aparentemente o Doutor estava sozinho atualmente. Mas, como sua longa lista de companheiras (não apenas as citadas agora pouco) indicava, ele logo encontraria alguém de novo.

O Doutor era uma figura curiosa. O último de sua espécie, correndo pelo Universo sem descanso, às vezes arrastando alguém consigo mesmo. Solitário, em parte. Não havia ninguém para entendê-lo profundamente, ninguém capaz de ver através dele. Mas ele era um cara legal. Jack sempre falava sobre seu amigo Senhor do Tempo, com um olhar sonhador no rosto. Parecia bobagem, até eu conhecê-lo. Eu tive sorte. Encontrar o Doutor não é fácil. Você não pode simplesmente persegui-lo, deve deixar que ele venha até você.

—Curiosa?-Gwen perguntou, parando ao meu lado enquanto soprava o café em sua xícara.

—Um pouco. O Doutor não é muito de falar sobre si mesmo.

 

—Você o conheceu?

—Sim. Eu estava viajando com ele... Até Jack me chamar.

—Deve ter sido incrível. -Sorri.

—E foi. -Sorriu e se afastou ao ser chamada por Owen.

Com o Doutor, as chances de se meter em encrenca era enormes. Com ele quase levei tiros de Sontarans; fui jogada no espaço; pega por Anjos Lamentadores; quase exterminada por Daleks; tive boa parte do meu sangue drenado; fui infectada por um parasita... Mas quer saber? Eu me diverti com aquele maluco. Ele tinha me mostrado coisas incríveis, e me feito descobrir uma Ametista diferente, uma capaz de atos heroicos... Mas ainda malucos. Será que era assim com todos que cruzavam o caminho dele?

De acordo com os arquivos, Rose Tyler estava morta. A data coincidia com o desastre na Torchwood Um, em Londres. Ela devia ter morrido em batalha naquele dia.

Martha Jones estava bem viva. Trabalhava na UNIT, outra agência responsável pela segurança da Terra.

Donna Noble... Não havia muita coisa sobre seu destino. Apenas: “Viva” e “Sem memória do Doutor”. Que fim triste...

Joanne Watson também havia morrido. Não havia detalhes.

Kaliane Silva estava viva e viajando pelo mundo. Uma nota pequena dizia que sua irmã tinha solicitado treinamento para entrar na Torchwood, mas era muito jovem ainda.

Havia também Sarah Jane Smith. Ela estava viva e trabalhava sozinha defendendo a Terra, com uma “equipe não identificada”, mas “supostamente formada por adolescentes”. Achei curioso, infelizmente não havia muito sobre.

Sobre mim... Bem... “Viva e atualmente uma agente da Torchwood”.

—Você sempre foi curiosa. -Jack disse, atrás de mim, me fazendo pular de susto.

—Não chega assim.

—Houve um tempo em que você não reclamava. -Sorriu, sentando num canto da minha mesa.

—Talvez. Mas você é meu chefe agora. Isso é considerado assédio, sabia?

—Não quando as duas partes consentem. -Fez uma pausa. -Então você não resistiu aos arquivos.

—Não. E quem resistiria à informações sobre o Doutor? Ele é misterioso.

—Misterioso? Ele inventou o mistério. Mas você também é assim.

—Isso não diminui minha curiosidade sobre figuras misteriosas. E isso não vale apenas para o Doutor.

—Infelizmente... Não há arquivos sobre você. -Sorri, apoiando o rosto na mão.

—Eu destruí todos.

—Assim me deixa preocupado. O que você pode ter feito de tão ruim pra precisar esconder tudo?

—Talvez eu não tenha feito nada. -Franziu a testa. -Você não vai arrancar nada de mim. Desista. -Prendi o cabelo e peguei minha pasta.

—Você sabe que pode me contar qualquer coisa, não sabe?

—O que acha desses rascunhos?-Empurrei as folhas pra ele.

—Bons. O que devia ser isso?

—Você vai ver assim que eu terminar.

—Tudo bem. Vou te deixar trabalhar. Vou estar na minha sala se precisar de mim.

—Okay.

Cardiff tinha amanhecido fria. E pela base estar grudada na Costa, era comum estar um gelo ali dentro, mas conforme o dia foi passando e eu fui trabalhando, o dia esquentou.

—Mais alguém tá derretendo?-Perguntei pra ninguém em particular, tirando o suéter. Owen passou mim.

—Agora esquentou mais. -Gwen riu.

—Essa não foi sua melhor cantada. -Avisou.

—Se as outras forem nesse nível, são péssimas. -Comentei, fazendo a agente rir de novo.

—Não queira ouvir as outras. -Olhei pra ela.

—Você não é casada?

—Eu? Sou.

—E pegou o Owen antes ou depois?-Arregalou os olhos. -Eu tenho um sentido extra pra essas coisas. -Apontou para Jack e Ianto que conversavam num canto.

—O que seu sentido fala sobre aquilo?

—Mais do que eu gostaria de saber.

***

—Almoço!-Ianto anunciou, passando pela base e entregando algumas marmitas e latas de refrigerante.

—Nada de saída hoje, Jack?-Perguntei, aproveitando a pausa pra me esticar um pouco.

—Todos estão ocupados demais pra sair. -Respondeu, sem tirar os olhos de alguns papéis. -E o tempo está feio demais lá fora.

—Aqui dentro parece um forno.

—Culpe as máquinas, não eu. Como está indo com a arma?

—Acredito que bem. Alguns materiais ainda não chegaram, então uma pausa é bem vinda.

—De nada. -Revirei os olhos, abrindo a lata de Coca-Cola.

Enquanto almoçava, dei uma mexida na arma e no meu rascunho. Essa era eu. Inquieta. Não conseguia parar por muito tempo.

—Sentar aí e sossegar não vai matar você, Tis. -Jack zombou.

—Estou bem. Só preciso me movimentar. -Dei um passo para trás, analisando minha criação incompleta. -Não consigo ficar parada.

—Certo. Como fui esquecer disso?-Voltou para sua sala.

—Okay, Tis... O que pode ser melhorado aqui?

—Ametista. -Ianto chamou, o encarei. -Seus materiais chegaram.

—Já vou pegar.

—Tudo bem. Hã... Acho que tem algo errado. Disseram que você pediu uma... Pedra?

—Exatamente. Pode levá-la até a sala de testes?

—É uma pedra. Enorme.

—Eu sei. Owen pode te ajudar. -Suspirou. Tentei manter um sorrisinho maldoso longe do meu rosto... Mas falhei.

—Owen... Pode me ajudar aqui?

***

—Obrigada, rapazes!-Exclamei, enquanto Ianto e Owen levavam a pedra, quase morrendo ao fazê-lo. -Já deixei marcado o local onde devem colocá-la.

—Por que você quer uma pedra?-Owen perguntou.

—Para testar a arma que estou fazendo.

—E pra que ela serve? Para matar montanhas?

—Apenas façam o que eu pedi.

Horas depois, finalmente, a arma estava pronta. Passei alguns minutos verificando se o design estava bom, então chamei Jack para ver o teste.

—Em primeiro lugar... O que ela devia fazer?-Perguntou, cruzando os braços.

—Destruir Anjos Lamentadores. Já deve ter ouvido falar neles.

—Já. Isso é por causa...

—Sim. Um Anjo Lamentador quase ferrou minha vida e eu vou retribuir. -Peguei a arma. -Leve, e resistente. Deve ser fácil de transportar. Além disso, não reflete luz alguma, o que pode ser útil, já que Anjos Lamentadores fazem luzes piscar. Mas há espaço para adicionar uma lanterna.

—Interessante. Funciona?

—Claro que sim, fui eu que fiz.

Mirei na pedra, imaginando uma falsa estátua de anjo... E atirei. A arma vibrou de leve, fez um som baixo, então a pedra explodiu em pedacinhos. Sorri. Funcionava!

Jack assoviou, impressionado.

—Você nunca perde o jeito. Não só para armas. Parabéns.

—Obrigada.

—Certo... Quero mais cinco dessas.

—Tudo bem. Começo ainda hoje, mas não sei quando vou terminar.

—Não tenha pressa. -Assenti. -Bom trabalho, Tis.

***

Tinha largado o trabalho na Agência do Tempo por um período longo, então havia esquecido que trabalhar não era tão ruim, havia experiências piores, disso eu sabia muito bem.

Eu tinha um trabalho legal, era boa nele e havia um salário bom em jogo. Como detestar?

Minha equipe era outra história. Jack e eu nós dávamos bem, muito bem, não dava pra reclamar dele. Toshiko era legal, sempre disposta a ajudar e conversar sobre meu trabalho, era bem aquele tipo que não dava pra odiar. Gwen era legal também, e tinha um temperamento forte, a gente se dava bem, menos quando discordávamos. Owen era um pé no saco na maior parte do tempo, mas era um bom profissional, não dava pra negar. Ianto... Bem, Ianto era o “peso de porta” da equipe, eu nem sabia por que ele ainda estava ali, servindo café, mais parecendo um mordomo. Talvez minha aversão fosse por que ele tinha um caso com Jack também? É possível.

Eu sabia que se detestasse minha equipe, ia detestar o trabalho e cair fora o mais rápido possível. Mas eu podia aguentar aquelas pessoas. Os agentes me derem espaço e estavam dispostos a conviver comigo. Ianto não era meu fã, assim como eu não era fã dele, mas ele era educado demais para demonstrar alguma coisa explicitamente. Eu podia aturá-lo, já convivi com pessoas muito piores.

—Tis?-Jack sussurrou, tocando meu ombro. Ergui a cabeça, abrindo os olhos. -Você dormiu aí.

—Hum.

—Já está tarde, todo mundo já foi. Você pode ir.

—Okay. Eu só vou ajeitar minhas coisas e vou pra casa.

—Tudo bem. Até amanhã. -E correu até onde Ianto o esperava. Suspirei.

—Até.


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Notas finais do capítulo

É isso, um "capítulo rotina". Tivemos armas fabricadas, informações, companions citadas (inclusive as da série Universo)...
No próximo capítulo, a amizade de Jack e Tis sofrerá alguns abalos... Será que essa amizade vai durar?
Até maaaaais!



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