Ametista escrita por Karina A de Souza


Capítulo 1
Insultei as batatas aliens e quase levei uns tiros


Notas iniciais do capítulo

Olá. Hã... Esse é um capítulo de entrada, apenas um começo para mostrar a personagem principal e o primeiro contato com o Doutor.



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Havia uma boa razão para o meu guarda roupa sortido: disfarces, eu amava disfarces. Não que os usasse com frequência. Não era fácil encontrar uma oportunidade. Mas quando se colocava as mãos num convite de um baile de Haxori Fattos, o governador de Havli... Bem, me parece algo que não podia ser ignorado.

Bailes chiques não são a minha praia. Eu prefiro muito mais uma noitada numa boate ou ficar horas num desses barzinhos que só fecham depois que alguém é esfaqueado ou baleado. É muito mais a minha cara. Só que quando se tem uma missão... Você não tem muitas escolhas.

Ajeitei a alça do vestido vermelho, e olhei pra baixo, tentando ver se minhas botas não apareciam. Simplesmente me recuso a usar salto alto quando posso evitar. O vestido longo deveria garantir que eu não precisasse fazer um esforço colossal pra me equilibrar num salto agulha e ainda parecer deslumbrante.

Peguei uma taça e continuei andando pelo salão, repassando meu plano... Tudo bem, não era O Plano, mas dava pro gasto... Pelo menos era o que parecia.

Um homem esbarrou no meu braço. Suspirando, me virei pra ele, olhando-o atentamente. Alto, cabelos castanhos, smoking impecável, um sorriso simpático e... Tênis. Yeah, eu não era a única que não curtia a moda dos podres de ricos.

—Desculpe. -Pediu. -Foi sem querer, eu me distraí com... Hã... Deixa pra lá. Eu sou o Doutor.

—Ametista. -Joguei o cabelo negro por cima do ombro. -Vou deixar passar dessa vez.

—Festa legal, não é? Um pouco parada, na minha opinião. Normalmente as pessoas se divertem mais no natal. Eu particularmente gosto da data.

—Hum, que ótimo. -Comecei a me afastar. O homem me seguiu.

—Sempre acabo cruzando com algo interessante e me aventurando. E, pra falar a verdade, eu tenho uma curiosidade enorme e agora estou me perguntando por que você está armada. -Olhei pra ele, surpresa. O Doutor sorriu.

—Você é esperto. Mas eu estou acostumada a lidar com homens espertos. Segurança, por favor, esse homem está me assediando!

—O que?-Dois seguranças grandalhões se aproximaram. -Eu não fiz nada...

—É o que todos dizem. -Deixei minha taça de lado e comecei a me afastar.

—Esperem aí, rapazes... Eu posso me explicar... Aquela mulher está arma... Opa, tudo bem, não precisa segurar tão forte...

Virei num corredor, ficando fora do alcance sonoro. Estava hora do meu plano, e não era um magrelo esquisito e tagarela que ia me atrapalhar.

Tive três dias para estudar o mapa da nave, vendo que corredores levavam ao andar restrito, onde o cofre central ficava. Além dos corredores, eu tinha decorado onde as câmeras ficavam e onde deviam haver guardas. Sabia que minha memória fotográfica ia servir algum dia.

Esquerda. Direita. Direita. Esquerda. Guardas.

Parei, me encostando na quina do corredor e respirando fundo, então saí, fingindo estar nervosa (o que em parte não era fingimento). O segurança se assustou quando me viu.

—Ainda bem que encontrei alguém!-Exclamei. -Há um homem no salão... Eu o escutei falando num telefone... Ele planeja assassinar o governador essa noite.

—Como é esse homem?

—Alto, cabelos castanhos com um topete, olhos escuros. Está usando smoking e tênis claros.

Passou por mim e saiu correndo para o salão. Sorri e continuei meu caminho. Eu nem ia usar a descrição do tal Doutor, mas precisava tirá-lo de jogo antes que ele abrisse a boca para contar que eu estava armada e alguém acabasse acreditando.

Encontrei o cofre. Digitei a senha de acesso e entrei assim que a porta foi destravada. O interior não era tão surpreendente. Pequeno, com certeza, e não havia tantos objetos, diferente do que o governador ia dizendo.

Comecei a procurar o que tinha vindo pegar, ignorando as joias (elas eram tentadoras, mas eu estava de olho em algo muito mais importante), o dinheiro, uma coroa (que era estranhamente parecida com a coroa roubada da Rainha Kirova, de Sonntir) e mais alguns objetos históricos.

—Onde está?-Murmurei, irritada. -Tem que estar aqui...

—O que você está procurando?-Congelei no lugar, então me virei lentamente. Era o Doutor.

—Como foi que você...?

—Ah, eu tenho meus truques. E parece que você tem os seus.

—Você não faz nem ideia... -Parei, ouvindo. Era um alarme, a nave estava em alerta total, e ia se trancar automaticamente.

—Acho que é minha hora de ir... Mas antes... O que é tão importante pra te fazer invadir o cofre de um governador?

—Ah, você não acha que eu saio revelando meus segredos pra qualquer um, acha?-Sorri, puxando a arma e apontando pra ele. -Agora, se não se importa... Nos tire dessa nave, Doutor, ou terei que atirar em você.

Sabe, pode se dizer que eu sou uma garota com um objetivo e que faria qualquer coisa para alcançá-lo. Talvez não matar pessoas... Okay, dependendo da situação... Eu ia me manter em primeiro lugar, não é? Às vezes era matar ou ser morto.

—Você tem um Manipulador de Vórtex, não precisa de mim. -O Doutor disse, andando na minha frente. Mantive a arma encostada nas costas dele.

—Ele não funciona nessas instalações. Mas parece que consegui minha carona.

—Não ouse atirar em alguém.

—Então não me obrigue. Eu só quero dar o fora daqui.

Entramos na garagem. Naves de todos os tipos estavam estacionadas lado a lado. Olhei em volta, me perguntando qual pertencia ao Doutor, então ele parou na frente de uma caixa azul.

—Ah, meu Deus. -Murmurei. -Eu sei quem é você... Você é o Doutor.

—Sim, eu disse meu nome.

—Não, você... É aquele Doutor. -Franziu a testa. -Você é real. Você é aquele cara que... Ai meu Deus, estou ameaçando um Senhor do Tempo.

—Você em algum momento fala coisas com sentido?

—Só quando não estou bêbada. Opa, temos companhia. -Alguns guardas entraram na garagem, armas em mãos e gritando ordens. -Abre essa nave agora!

O Doutor destrancou a porta e entrou. Me joguei para dentro, parando alguns segundos para assimilar o interior, então fechei a porta e corri até os consoles.

—É realmente maior por dentro do que por fora. Como ele disse.

—Quem disse?-Perguntou, confuso.

Gritos vieram do outro lado da porta. O Doutor apenas balançou a cabeça negativamente, como se espantasse um pensamento, e começou a apertar alguns botões. A nave chacoalhou, tremendo como se estivesse no centro de um terremoto, me lançando no chão. Só consegui levantar quando tudo parou.

—Desculpe. -O Senhor do Tempo pediu. -Eu devia ter avisado pra se segurar. -Tentou esconder um sorrisinho, mas eu tinha visto.

—Aposto que se sente vingado.

—Nem um pouco. Pronto, a carona terminou.

—Onde estamos?-Fui até a porta, a abrindo. -Onde diabos nós estamos?

—Londres, século 21... -Parou atrás de mim. -Hã... Devia ser, pelo menos.

—Você tem uma nave... E não sabe pilotar?

—Às vezes acontece. -Murmurou, dando de ombros. Saí da nave, suspirando e guardando a arma no coldre. O Doutor me seguiu.

Estávamos numa nave, ou numa base, pelo que dava pra notar. De janelas quadradas, era possível ver alguns planetas e estrelas. Não reconheci nenhuma das constelações.

—Onde você nos meteu?-Perguntei, virando para o Senhor do Tempo.

—Não sei. Nem sempre eu vou onde quero ir. E você nem me deu seu endereço.

—Você não me deu tempo, seu estúpido idiota. -Bufei. -O que é que ele viu em você?

—Ele quem?-Abri a boca para responder, então uma movimentação no canto do meu olho fez com que eu me virasse rapidamente, pronta para sacar a arma. -Quando acho que não pode ficar pior...

—Que coisas ridículas são essas?-Perguntei, sufocando uma risada repentina. -Eles parecem batatas.

—O que você disse, humana?-Uma das coisas disse. -Você ousa ofender os Sontaran?

—Eu? Imagina. Eu não ofendo ninguém... -Não consegui segurar e comecei a rir. O Doutor parecia preocupado. -Foi mal... Mas vocês parecem mesmo batatas... São todos assim?-Apontaram armas pra nós. Parei de rir.

—Parabéns, Ametista. -O Doutor disse, olhando pra mim e erguendo as mãos em gesto de rendição. -Tudo bem, nós nos rendemos...

***

—A culpa não é minha!-Gritei. -Eles realmente pareciam batatas!

—Você não pode ficar um minuto sem insultar os outros?

—Não. É um dos meus hobbies favoritos. -Revirou os olhos, então encarou a tela que estava em sua frente. Ele parecia um pouco cansado depois de argumentar com os Sontarans por uma hora, fazendo com que eles nos soltassem.

—Você já pode ir. Estamos em Cardiff, século 21. Às... Cinco e meia da tarde.

—Sério? Só isso?-Me encarou. Cruzei os braços. -Simplesmente... “Você já pode ir”?

—O que eu devia fazer?

—Eu conheço você, Doutor. Você é o viajante que sai por aí, vivendo aventuras com... Acompanhantes. -Me apoiei nos consoles. -Não vai me convidar pra dar uma volta?

—Não. Eu tenho uma regra sobre ladrões e trapaceiros na minha TARDIS.

—Ai. Essa doeu. -Me afastei, dando de ombros. -Tudo bem. Então... Foi um prazer conhecê-lo, Doutor. -Fiz uma reverência debochada e comecei a sair da nave.

—Quem te falou sobre mim?-Sorri, olhando-o por cima do ombro.

—Alguém que você deixou para trás.


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Notas finais do capítulo

Mistério no ar... O que não falta nessa história é mistério, vocês vão ver.



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