Nunca é tarde... escrita por Tah Madeira


Capítulo 4
Bilhete




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Ele coloca a sua mão por sobre a de Julieta, sua cabeça tem mil pensamentos, ele retira a mão dela de seu rosto, e delicadamente a puxa para seus braços, apertando contra seu corpo, é impossível demais para ele saber que alguém a machucou, a feriu, destruiu a vida de uma jovem moça e essa pessoa  ainda estar viva, e por mais que possa estar inválida ainda faz tanto mal a ela, mesmo que distante, Aurélio, acaricia as costa de sua amada, que o agarra com tanta força, podendo sentir as unhas dela sobre o tecido de sua roupa, mas estranhamente ela não chora mais, ficam minutos assim abraçados, por fim não conseguindo mais ficar calado  ele começa a falar.

 

— Eu sinto muito saber o quanto sofreu…

—Por favor não diga nada ...—ela o corta, mas Aurélio a puxa para olhar em seus olhos e continua.

— Julieta você precisa ouvir, eu te amo, te amo ainda mais, muito mais— ele toca o rosto dela que inclina a face ao seu toque, — Eu sempre soube que tinha algo que a transformou, nunca poderia supor ser uma atrocidade assim, Osório foi um monstro, o estado em que ele se encontra é apenas fruto de suas atitudes, mas você não deve  mais pagar por isso, por ele— nesse ponto ela volta a chorar, Aurélio seca as suas lágrimas— Eu ainda não sei como vamos resolver isso e não vamos pensar nisso agora, mas não vou desistir de você, não posso, nem quero, agora vem, vou cuidar de você. — ele levanta do chão e a puxa delicadamente caminham lado a lado rumo a mansão, ele sente que e Julieta parece fazer um esforço enorme a cada passo, entra e ele avista uma empregada e solicita que ela faça um chá para Julieta, na ponta da escada ela oscila e se apoia com força no corrimão  em um impulso ele a toma para seus braços, ela faz que não com a cabeça e tenta descer, mas ele a mantém firme e a carrega no colo como fez no dia da manifestação em frente a casa de chá, por fim ela desiste e deita a cabeça em seu ombro, Aurélio a carregou escada acima, senti ela mais leve que da outra vez não duvida que seja pela falta do peso nos ombros por revelar o seu sofrido passado, já no topo, em um corredor cheio de portas fechadas ele trava, ela mal levanta a cabeça e aponta o seu quarto, chegando na porta por ele estar com as mão ocupadas ela é quem abre a porta, Aurélio suspira e observa o aposento, caminha até a cama e a deposita ali.

 

Julieta se ajeita na cama, não antes de ele se desfazer de seus calçados, ela não se opõe a mais nenhum gesto que ele tem, está frágil como nunca se permitiu estar, ele beija sua testa e faz um carinho em seu rosto, iria retribuir se não tivesse ouvido passos no corredor e logo depois a empregada entrar com a bandeja de chá, ele sutilmente se afasta dela, tomam  o chá em silêncio, mas não é constrangedor como achou que fosse, não sente o olhar acusador que achou que fosse receber, pelo contrário vê o carinho de sempre naquele olhos azuis.

— Eu tenho tantas perguntas para te fazer — ele comentou quando se aproximou e recolheu a xícara vazia dela— Mas você está cansada. —  puxa a colcha que está na cama e a cobre — E vai descansar, estarei aqui para garantir isso.

— Você não está pensado em ficar aqui?

— Sim, aquela poltrona parece bem confortável.

—Aurélio não precisa disso, estou bem, pode ir.

—  Não vou deixar você sozinha nesta casa, sei que Suzana e Olegário foram viajar.

— Sei me virar sozinha...— ela tenta dizer mas Aurélio põe os dedos gentilmente sobre os lábios dela.

— Sei que sim, mas você não está mais sozinha, estou aqui e daqui não vou sair.— dito isso ele levanta e senta na poltrona de frente para a  cama dela e ficam a se olhar.— Agora descansa.

— Você é muito petulante, não irei dormir— fala emburrada e vira de costas para ele.

 

Aurélio sorri, pois mesmo em momentos assim Julieta não deixa de ser Julieta, fica observando ela respirar, e não pode deixar de voltar os pensamentos ao relato dela de momentos atrás, pensa em como um ser humano pode ser tão cruel com outro, como Osório foi sem caráter em fazer o fez, e começa a entender mais que nunca porque e Julieta ficou daquele jeito, e mesmo por tudo com que passou conseguiu triunfar, não é por acaso  que é a rainha do café, ele ainda não sabe como mas vai fazer algo para ajudar ela, levanta a passos lentos indo até a cama, observa que ela dormiu, dá alguns suspiros suave, ele ajeitou mais a coberta sobre ela, toca em seu rosto e volta ao seu lugar. O tempo passa e ele sem querer acaba também dormindo.

 

Julieta acorda no meio da madrugada, a cabeça um pouco pesada e o corpo dolorido, demora a entender o que aconteceu, e com pesar lembra do desabafo que fez a Aurélio, levanta rápido da cama e se comove com a figura do homem dormindo torto, mas que cumpriu o que disse que iria fazer, não a deixou só, devagar levanta e vai até ele, com cuidado coloca um pano  no pescoço dele para que assim possa tentar diminuir a dor que ele possa vir a ter, pega uma manta e deposita sobre ele, faz o mesmo que ele fez apalpa seus rosto, e volta para cama fica grata por o ter ali, sentido-se segura e amada volta logo a dormir, despertando horas depois, com o sol a invadir o quarto, a primeira coisa que faz e procurar Aurélio, mas ele não está ali, apenas um bilhete que encontrou perto da cama:

 

“ Julieta

Precisei ir  a São Paulo, volto logo.

Aurélio.”


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