E então, você chegou... escrita por MidorimaNailss


Capítulo 3
A primeira vez que cozinhamos juntos


Notas iniciais do capítulo

Pois é, o aniversário da Gabs acabou, mas essa fanfic é toda para ela. Espero que goste, Gabs. Uma ótima semana de provas e que dê tudo certo para você. Te amo. ♥

Pessoal, uma boa leitura para todos. O capítulo ficou bem maior do que eu esperava, mas acho que dá para aproveitar a leitura. É isso ♥

Qualque dúvida, crítica, sugestão, fiquem à vontade. ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/762004/chapter/3

A primeira vez que cozinhamos juntos

Com um sentimento de satisfação no rosto, Yaoyorozu lavava suas mãos na pia da cozinha, as quais se encontravam recheadas de chocolate ao redor delas, junto com alguns resquícios de farinha de trigo e líquido de morango, todos com um aspecto grudento em suas mãos.

— Agora é só aguardar. — Virou-se para a mesa que ficava no centro do referido ambiente, dando de cara com inúmeras vasilhas sujas, inclusive com pingos de tudo quanto era comida ao redor delas, conseguindo, inclusive, alcançar o chão em alguns pontos. — Ou talvez continuar trabalhando... — Suspirou. Pelo menos assim ela ficaria menos ansiosa enquanto esperava.

Após muita força de vontade e dedicação, Momo conseguiu finalizar as tarefas do dia. Para completar sua felicidade, um barulho saiu do forno, avisando que a comida estava pronta – ela não poderia ter ficado mais satisfeita. No entanto, ao se aproximar, teve uma desastrosa surpresa: o bolo que preparara com tanto afinco estava completamente murcho, e sem que ela pudesse perceber, o sorriso que demonstrava desapareceu também, com os ombros dela se curvando em desânimo.

— Eu deveria ter imaginado que isso aconteceria. — Passou a lembrar das outras mil vezes em que suas refeições falharam. Ocorre que hoje ela realmente criou esperanças de que seria diferente, tendo em vista que depositou todo o seu amor na preparação daquela sobremesa, que, na verdade, seria o prato principal do dia seguinte. — Mesmo seguindo a receita, tudo dá errado. Parabéns, Momo, parabéns. — Enfiou o dedo no bolo, com o fim de experimentá-lo. Talvez o sabor tivesse ficado bom, certo?

Errado, dissera a cara feia que Yaoyorozu havia feito ao prová-lo. Completamente errado. Estava incrivelmente doce, e até mesmo queimado em baixo. O recheio um tanto quanto seco e escasso.

Decepcionada, jogou-se no sofá da sala, já distante do local onde o crime culinário havia acontecido — afinal, com certeza Momo acabaria matando alguém com aquele troço, sim, esse foi o apelido carinhoso oferecido por ela à sobremesa preparada.

— O que eu faço agora? — Ficou pensando, e pensando. — Isso tem que ficar pronto hoje. E se eu fizer de novo, corre o risco de dar errado mais uma vez. — Colocou o rosto entre as mãos, preocupada com a situação em que se encontrava. — Eu poderia comprar um, mas... não seria a mesma coisa. Não seria... especial. — Prosseguiu com a reflexão, até que uma ideia pareceu iluminar a mente dela.

Quando viu, já estava mandando uma mensagem, esperando ansiosamente pela resposta. E, depois de um tempo um tanto quanto longo, a solução apareceu em sua porta, carregando um olhar simpático no rosto, acompanhado de um sorriso compreensivo.

— Muito obrigada! — Fez uma reverência, dado o estado da atual situação em que se encontrava. — Sinto muito por isso! — Todoroki, encabulado com o gesto, pediu para que ela não se preocupasse, indicando para que a mesma se erguesse, além de ter afirmado que era um prazer ajudá-la. “Está tudo bem, eu gosto de cozinhar”, essas foram as palavras que a acalmaram, além de criarem certa esperança em Momo.

— Onde fica a cozinha? — Shouto olhou ao redor com curiosidade. — Enorme... — Soltou, quase sem querer.

— É grande, não é? — Lançou um aceno de compreensão na direção dele. — Costumo ficar sozinha aqui, mas vez ou outra meus pais aparecem, ou então algumas visitas, para conversar sobre novas publicações e coisas assim. — Ele assentiu. Fazia sentido. Todoroki não estava acostumado a conhecer pessoas um tanto quanto famosas, além disso, considerando que ele e Momo vinham interagindo bastante, estava quase se esquecendo das origens dela, quer dizer, atualmente, a relação deles parecia bastante natural, como se conhecessem faziam anos, então, conhecer a casa dela assim, tão repentinamente, fez com que ele se recordasse.

Após tais esclarecimentos, seguiu-a pela casa, observando todos os detalhes. Existiam muitos objetos de enfeite pelo local, junto com muitas plantas e tapetes. Os espelhos pareciam ter um cuidado especial, visto que não pareciam nada empoeirados. Ainda, tudo parecia posicionado corretamente, sem parecer muito exagerado ou vazio. Shouto ficou admirado, seja lá quem estivesse envolvido na arquitetura do local, havia caprichado, sendo merecedor de receber os devidos parabéns.

A cor também parecia combinar com Momo — variava entre um vermelho puxado para o vinho, com móveis um tanto quanto rupestres, alternados entre tons de caramelo e marrom mais escuro, como se fosse madeira. Tudo isso proporcionava um ar elegante ao ambiente, como se dessem um toque final, como uma cereja no topo do bolo.

— É aqui. — Afirmou Momo, já separando os materiais necessários, tanto em relação aos produtos que ele deveria utilizar para fazer o bolo, como os equipamentos de cozinha: batedeira, tigelas, espátulas e outros talheres, enfim, todo o necessário para preparar, com sucesso, o bolo de chocolate com morango. — Se precisar de algo a mais, é só pedir. Também posso ajudar em outras coisas, como picar o morango ou... mexer os ingredientes, coisas assim. —

Ela pareceu ponderar.

— Embora esteja com um pouco de medo de estragar tudo de novo.

Todoroki soltou um risinho discreto.

— Por enquanto, que tal colocar uma música? — Yaoyorozu concordou de imediato.

— Ótima ideia, vou ligar o som! Já volto. — Ao partir, Todoroki deu início às preparações. Pensou que ela tinha escolhido uma ótima receita. O morango quebraria um pouco do doce do chocolate, além de dar um gosto especial no recheio.

Começou preparando a massa, de modo que separou as claras e as gemas, reservando-as. Em seguida, colocou um pouco de água numa panela a parte, deixando-a ferver enquanto com a batedeira, batia as claras em neve, acrescentando, aos poucos, as gemas, uma a uma, o chocolate em pó, a essência de baunilha, o açúcar e a farinha de trigo, jogando água quente vez ou outra, com cuidado, para diluir um pouco a mistura.

— Escolheu uma ótima música. — Dissera, ao perceber que Momo havia voltado, ao som de Rick Astley, Never Gonna Give You Up.

— Ela é ótima, não é? E se tornou ainda melhor depois dos comentários na Internet. — Os dois riram brevemente, demonstrando estarem relaxados com a presença um do outro.

Durante a conversa, Todoroki finalizou a massa, colocando-a no forno preaquecido. Teriam que esperar meia hora ou mais até que ela ficasse prontinha, então continuou com os outros preparativos, no caso, o recheio e a cobertura.

— Momo, você poderia quebrar uns pedaços de chocolate? Picar também. Vai servir para fazer uma decoração no final. — Ela concordou sem pestanejar, admirada com a concentração do rapaz. Todoroki, quando cozinhava, realmente parecia dar tudo de si, mas, ao mesmo tempo, era perceptível o gosto dele pela coisa.

Ele usou o restante do chocolate para derretê-los em banho-maria. Poderia fazê-lo no micro-ondas, porém não ficaria com o mesmo sabor. Em sequência, adicionou o creme de leite e o conhaque. Teria que misturá-los, então solicitou a ajuda de Momo mais uma vez.

— Você pode misturar para mim? Vou conseguir adiantar outras coisas, se puder. — Ela atendeu ao pedido dele prontamente. Desse modo, Todoroki passou a olhar os outros passos da receita, seguindo-os com cuidado. No entanto, ao observar Momo, percebeu que ela estava misturando de um jeito estranho, com mais força do que era necessário, então ele se aproximou, um tanto quanto silencioso, por trás dela, ficando perto do ouvido da morena.

Quando pronunciou as palavras, sentiu que o corpo dela tencionou um pouco, como se não estivesse esperando pela presença dele ali. No entanto, Momo também havia se arrepiado com o tom de voz usado por Todoroki. Calma, tranquilo, e, ao mesmo tempo, junto demais, fazendo com que seus pelos se eriçassem e ela pudesse sentir.

— O segredo é o jeito com que você mexe. — Colocou a mão dele sobre a dela, para que Momo acompanhasse seus movimentos. — Não é a força. — Ele a empurrou um pouco mais na direção do fogão, prensando-a contra ele, visto que sua outra mão se encontrava apoiada na pia. — Está vendo? — Virou o rosto dele para ela, ficando praticamente colado a bochecha dela, de maneira que Momo, ao se voltar para Todoroki, ficou extremamente perto dos lábios de Shouto, desconcertando-se por completo.

— S-Sim... — Diferente dela, ele parecia extremamente calmo com aquela situação. Momo pensou se somente ela estava tendo problemas em lidar com aquilo, caso contrário... talvez ela estivesse vendo e sentindo coisas demais, com um simples gesto.

— Desculpe me intrometer. — O peso da mão dele se esvaiu, bem como o do seu corpo próximo do dela. — Só queria ajudar. Para você não se sentir mal novamente, quando for cozinhar de novo.

Momo assentiu. Estava nervosa demais para produzir som em forma de palavras. Continuou a misturar, tentando não pensar em como estavam pertos. Infelizmente, sua mente só focou nisso, nisso e no fato de não saber se ela tinha ficado vermelha o suficiente para Todoroki ter percebido o seu nervosismo.

Olhou para ele discretamente. Parecia incrivelmente tranquilo e normal. É, além de cozinhar mal, provavelmente Momo não batia bem da cabeça.

— Tão perto... — Pensou ele, depositando o recheio e a cobertura na geladeira, que ele dividiu em duas tigelas depois de Momo ter terminado de misturar. — Nem consegui ensinar direito... ah... — Com o intuito de quebrar o silêncio estranho que havia se instaurado, tentou puxar uma conversa.

— E então, esse bolo é para uma ocasião especial? — Antes de responder, proferiu uma respiração profunda, tornando a se concentrar no que realmente importava.

— Sim! Uma festa surpresa que estou preparando. Aniversário surpresa, mais especificamente. — Aquilo despertou a curiosidade de Todoroki. Para quem seria?

— Uma amiga sua? — Ela negou com a cabeça.

— Um amigo. Ele trabalha comigo. Nós nos conhecemos faz um bom tempo. — Yaoyorozu encarou Todoroki de forma esquisita.

— Entendo. — Disse ele, fazendo o completo oposto do que havia acabado de ensinar para Yaoyorozu. Ao preparar a calda para molho o bolo, Todoroki deveria misturar os seguintes ingredientes: leite, achocolatado em pó e conhaque, caso quisesse. Até aí, tudo bem, no entanto, ele havia depositado toda a sua força e, aparentemente, raiva, na hora de misturá-los, despertando a curiosidade da mulher a sua frente.

— Está tudo bem? — Sem perceber, Shouto começou a bater na calda com o fouet* que estava em suas mãos, ao invés de mexer a calda com cuidado.

— Sim, porquê? — Um semblante de incredulidade tomou o rosto dele, despertando em Momo certa dúvida sobre a possibilidade de o teor da conversa ter atraído um sentimento de... ciúmes, talvez? — Está pronta. A calda. — Também a colocou na geladeira, ainda sem ter notado a reação inconsciente de sua mente e corpo com o fato de, em único dia, sentir que haviam muitas coisas sobre Yaoyorozu Momo que ele não conhecia.

Ela não era muito boa em cozinhar. A casa dela era enorme. Sempre que possível, pessoas frequentavam a casa dela, para reuniões, talvez festas. Momo não tinha muito contato com os pais, mas imaginava que ela sentia a necessidade de aprovação deles, considerando todo o esforço para manter a casa e também para tudo na sua vida, desde carreira profissional até pessoal.

Além disso, Shouto não fazia ideia das amizades que ela tinha ou talvez até da profundidade de outros relacionamentos. No fim, ele havia acabado de chegar na vida dela, como um fã, como alguém que, até o presente momento, parecia ter muito pouco para oferecer. Na verdade, ele nunca tinha cogitado sobre essas coisas, estava satisfeito estando com ela, com o fato de conhecer a escritora que o influenciara muitas vezes, sobre o modo de ver e pensar a vida. Até mesmo de lidar com os próprios sentimentos. Então, não havia entendido... por qual razão pensava sobre isso agora.

Talvez... só admirá-la, e estar próximo de Yaoyorozu Momo, mas não tanto, não fosse mais suficiente. Depois de todo esse tempo juntos, e trocando mensagens, todos esses momentos agradáveis e tranquilos, todas essas sensações boas e vibrantes, faziam com que Shouto Todoroki continuasse a imaginar uma vida recheada de outras lembranças com ela, bem como temesse um possível fim, no sentido de não mais poder contatá-la.

— Certo. Agora só falta o recheio branco. — Afirmou, mais para ele do que para a própria Momo, a fim de apagar os pensamentos em questão. Não havia motivo para isso. Não agora, certo? Mais do que isso... Todoroki não deveria pensar assim. A vida era dela, eles não tinham nada, então tudo que poderia fazer, era ajudá-la. Com o bolo e com o que mais fosse necessário.

Com a mente de volta ao seu devido lugar, Shouto passou a preparar o respectivo recheio, dissolvendo a maisena no leite, bem como aproveitando a parte restante dele para aquecê-lo em outra panela, o suficiente para deixá-lo morno. Pegou as gemas que havia batido, assim como o leite condensado e a maisena dissolvida, e jogou no leite que se encontrava no fogo. Mexeu nele até engrossar, com Yaoyorozu o observando, e verificando como ele fazia. Era realmente diferente do jeito dela, e parecia mais correto, mais adequado.

No fim, ela o ajudou retirando a panela do fogo e jogando um pouco de creme de leite nela, tornando a misturar os ingredientes, dessa vez da maneira certa.

— Ótimo. Está perfeito assim. — Sorriu para ela, impressionado.

— Realmente, é completamente diferente desse jeito. Parece até que a calda está mais suave. — Todoroki concordou.

— Que bom que pude te ajudar de algum jeito. — Momo agradeceu mentalmente. Sem ele, estaria perdida.

Dessa vez, os dois ouviram um barulho saindo do forno, informando que a massa estava pronta. Rapidamente, Todoroki foi até lá, enfiando, num primeiro momento, um palito na massa, com o objetivo de verificar se realmente já poderia tirar do forno.

A resposta era sim, visto que ao puxá-lo de volta, não havia nada ao redor dele, nenhum pedacinho da massa. Completamente limpo.

— Uau, ele está enorme e sem nenhum sinal de estar murcho. Incrível. — Pronunciou Momo, admirada.

Assim, os dois começaram a montar o bolo. Com cuidado, e lisonjeado pelo elogio dela, Todoroki passou a cortar o bolo em 3 discos, cuidadosamente. Em um deles, que seria a base do bolo, jogou 1/3 da calda preparada. Acrescentou ainda o recheio preto e pedacinhos de chocolate.

Yaoyorozu o ajudou cobrindo o referido pedaço com outro disco de bolo, ocasião em jogou novamente a calda, umedecendo-o mais uma vez, além de aplicar o recheio branco e também alguns morangos picados.

Ao final, Todoroki colocou o único disco que faltava sobre os outros dois, também jogando um pouco mais de calda, para enfim, jogar a cobertura e decorá-la com morangos e pedaços de chocolate. Colocou várias fatias de morango ao redor do bolo, nos cantos, rodeando-o por inteiro, além de colocar vários no centro, formando uma pequena flor.

— Está lindo. Incrivelmente lindo. — Ao fitá-la, Shouto percebeu que os olhos dela brilhavam, como se estivesse perplexa com o resultado.

— Agora é só guardar na geladeira. Tem espaço? — Yaoyorozu começou a vasculhar a geladeira, tentando arranjar espaço para o bolo. Depois de mudar várias coisas do lugar, enquanto Shouto esperava, atrás dela, ajudando a apontar quais comidas/bebidas poderiam ficar em outro espaço.

— Acho que foi! — Dissera Momo, enquanto ambos encaravam o bolo que finalmente estava pronto, no seu devido lugar.

— Hm, o que faremos com as coisas que sobraram? Tem muito morango e também dá para raspar a calda. — Antes que recebesse alguma resposta, sentiu um produto grudento atingir o rosto dele. — O q...

— Guerra de comida! — Ia fazer uma intervenção, quando sentiu um morango atingir sua testa.

— Tudo bem, você que pediu. — Pegou a farinha de trigo próxima a ele e jogou abaixo do rosto dela, para que não atingisse seu olho.

— Ei! Isso já é sacanagem. — Como vingança, Shouto ainda aproveitou um dos ovos que estavam quebrados e jogou no cabelo dela.

— Como eu disse, você que pediu. — E assim, uma guerra culinária foi instaurada, até que ambos perceberam o quão sujos e cansados estavam, deitando-se um do lado do outro no chão da cozinha, aliviados por darem uma breve pausa, mas também consideravelmente arrependidos pela bagunça que haviam feito, além de que mais farinha de trigo havia se unido aos corpos deles.

— Você lutou bravamente. — Elogiara Todoroki, com os olhos fechados.

— Posso dizer o mesmo sobre você. — Encarava o teto, deitada com a barriga para cima. — Oh, eu me sinto uma adolescente novamente. — Ela riu. — Não é uma reclamação, inclusive.

Shouto assentiu, estando relaxado e feliz com o dia de hoje. Apesar de um pouco preocupado também. Já era meio tarde e com certeza não deixaria que Momo limpasse toda aquela bagunça sozinha.

— Ei. — Ela deitou de lado, pendendo na direção dele. — Quer ir amanhã? Na festa surpresa. As pessoas vão gostar de conhecê-lo.

Abriu um dos olhos, surpreso com o convite, e impressionado com o fato de que ela continuava bonita, mesmo com toda a bagunça em seu rosto e corpo.

— Claro. — Passou o dedo indicador na bochecha dela, pegando um pouco do chocolate que havia parado ali. Experimentou-o. — Ficou bom. Chocolate com farinha de trigo, e um pouco de ovo. Sem mistura nenhuma. Incrivelmente bom.

Os sorrisos que ambos deram logo fora substituído por um sentimento de preguiça e desespero. A hora que eles tanto evitaram finalmente chegou: teriam que arrumar a cozinha.

— Se quiser, limpo sozinha. Acabei te dando mais trabalho do que imaginei. E está tarde também. — Tentou limpar um pouco da roupa dele, tirando o tanto de excesso que pudesse. Para isso, bateu suas mãos em sua camisa branca e bermuda jeans.

— Imagina. Seria irresponsável da minha parte. — A cada palavra dita, bem como atitude tomada, Momo ficava ainda mais encantada com ele.

— Acho melhor tomarmos banho antes, ou vai continuar sujando a casa. — Todoroki concordou. — Vou pegar uma toalha para você.

Enquanto ele a aguardava, decidiu que seria melhor tirar a camisa. Caso contrário, poderia sujar ainda mais o chão e o caminho pelos quais passaria. Também esperava poder usar algum chinelo, já que a sola do pé dele estava imunda.

— Aqu... — Não esperava que fosse encontrá-lo assim. Momo odiava quando não conseguia ter uma preparação prévia, principalmente quando se tratava dele. No tempo em que estava paralisada, ficou a encará-lo, tempo demais até, pensando em como o corpo dele combinava com ele. Como tudo em Shouto Todoroki parecia incrivelmente harmônico e sincronizado. E atraente.

— Oh, obrigado. — Chegou mais perto dela, pegando a toalha de suas mãos. — Desculpe o incômodo. —  Momo negou veementemente, porém sem a capacidade, mais uma vez, de proferir palavras sensatas. Tinha medo de abrir a boca e sentir que o que dizia não fazia sentido. — Você teria chinelos?

— S-sim. Não sei se são do seu tamanho. — Voltou com eles em um instante. — Experimenta. — Ficou um pouco maior, mas assim serviria, já que seria apenas para ir até o banheiro.

— Hm, Todoroki-san... — Não sabia como fazer a próxima pergunta, mas sentia que era necessário, considerando que ele foi até li somente para atender um pedido dela, sendo que foi Momo quem começou com a guerra de comida, então... — Se quiser, pode dormir aqui. Tenho vários quartos para hóspedes e está bem tarde. É perigoso.

Ele pareceu refletir um pouco, mas depois de um tempo, finalmente pareceu ceder.

— Talvez seja uma boa. Está tarde e também estou um pouco cansado. Não tem problema mesmo? — Momo indicou que não, de modo que depois de terem planejado como seria a noite, os dois foram tomar banho, para limparem a cozinha. Provavelmente teriam que tomar outro depois, mas seria melhor assim.

Assim, realizadas todas as obrigações restantes, enfim puderam chegar ao momento de deitarem suas cabeças e terem um sono tranquilo, pleno, sem maiores preocupações.

— Se precisar de mais alguma coisa, pode me procurar. — Dissera Momo, enquanto apagava a luz para ele, que já se encontrava deitado e enfiado no meio de cobertas quentinhas, por causa do frio proporcionado pelo ar-condicionado.

— Obrigado. — Ele deu um último aceno de cabeça. — Você também. — E se encolheu, pronto para dormir.

— Boa noite. — Antes de ouvir a resposta dele, fechou a porta do quarto delicadamente, sentando-se, em seguida, contra ela, de costas. Colocou a mão direita sobre o coração, em sinal de alívio, bem como gratidão.

Yaoyorozu Momo não imaginou que o dia dela terminaria assim. Na verdade, não havia imaginado nada daquilo. Pensou que prepararia um bolo e as coisas terminariam aí.

No entanto, ela sentiu que era o fim do dia, porém o início de algo novo para ela.

— Esses sentimentos... Eu... — De repente, sentiu suas costas se chocarem contra o chão, e antes que pudesse ter ciência do que estava acontecendo, seu olhar deu de cara com Shouto Todoroki, observando-a de pé, igualmente surpreso.

— Você está bem? — Ele se abaixou, para ajudá-la a se levantar.

— O que está fazendo aqui?

— Ah, você me convidou, lembra? — Ficou preocupado, talvez ela tivesse batido a cabeça.

— Não, eu digo... acordado. Achei que já estivesse dormindo.

— Oh, deu vontade de ir no banheiro. E você?

— N-Nada? Acabei adormecendo, eu acho. Não me recordo direito.

— Quer que eu te acompanhe até o seu quarto?

Momo enrubesceu por completo. Como ele conseguia falar tais coisas com tamanha naturalidade? Será que só ela... se sentia assim? Estranha perto dele.

— Não. Está tudo bem. Tudo ótimo. Não se preocupe. — Shouto sorriu.

— Fico aliviado. Vou indo, então. — Ela o viu desaparecer, usando as roupas do pai dela, um pouco maiores que ele. Voltou a pensar sobre como andava se sentindo em relação a ele, mas aproveitou também para finalmente se dirigir até seu quarto.

Deitada, prestes a dormir, sentiu seu coração explodir em felicidade. Fazia tempo que mesmo estando completamente cansada, Momo não ficava assim, completamente acordada, pensando em como não queria que o dia acabasse.

Fechou os olhos, e várias cenas, contendo Shouto Todoroki, surgiram em sua mente.

Quando acordasse, estava ansiosa para vivenciar os próximos instantes.

Pensando nele, dormiu, perguntando-se se tudo aquilo era um sonho bom ou algo incrivelmente real.

“Doce”, murmurou Yaoyorozu, ao passar a ponta da língua em seus lábios, sentindo o gosto remanescente instaurado em sua face pela guerra de comida. Era real.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Fouet = batedor de ovos. Fiquei chocada com o fato de como alguns instrumentos culinários podem ter uns nomes caprichados, eu me senti chique enquanto escrevia fouet, hahahahaha

Espero que tenham gostado. Continuem acompanhando. Estou amando o comentário e o apoio de vocês, então será gratificante se estiverem gostando também dos capítulos. Beijos e obrigada ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "E então, você chegou..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.