No regrets - Surprise escrita por Artemis Stark


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Essa fic foi escrita por mim para o desafio QG Dramione.
A co-autoria com a página é para criar um acerva único de busca.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/761975/chapter/1

Draco segurou Hermione pela cintura e a girou, sem realmente acreditar que ela havia aceitado.

— Você realmente aceita? – Perguntou mais uma vez, como se quisesse ter certeza do que ouvira. Em seguida, colocou-a no chão, segurando de forma delicada o rosto dela entre suas mãos.

— Quantas vezes preciso responder que sim? Quero apenas você em minha vida, Draco!

—--

Draco acordou e viu o corpo de Hermione ao seu lado dormindo tranquilamente. Sentiu vontade de tocá-la, mas não queria acordá-la. Olhou-a mais um pouco e depois encarou o teto. Milhões de pensamentos tiravam seu sono quase toda noite. Imagens do passado o atormentavam.

Sentiu a mão de Hermione em seu peito esorriu.

— Sem sono novamente? – Ela perguntou, olhando o perfil do marido. – Quer que eu pegue alguma poção? – Draco virou-se para ela, retribuindo seu olhar .

— Não posso ficar dependente de poções, Hermione... – Passou a mão pelos cachos dela. Seus dedos indo até a nuca, puxou-a para si. Beijou-a com paixão. Seus corpos aproximando-se cada vez mais. Ele separou-se um pouco, a testa levemente franzida.

— Draco, eu escolhi você. Te amo...

— Hermione, às vezes penso que deveria ter ido embora. Mesmo te amando eu deveria ter ido embora.

— Por quê? Não se desvalorize, Draco.

— Eu te amo. – Ele falou, voltando a beijá-la.

—--

— Desculpe o atraso, amor! – Hermione falou, chegando de forma estabanada, tirando o sapato na sala mesmo e subindo os degraus correndo. Ele foi atrás dela, já vestido para sair. Ouviu-a ligar o chuveiro.

— Já deveríamos estar no restaurante. Estou cansado desses atrasos, Hermione. – Ele reclamou, parado na porta do banheiro.

— Desculpe! – Falou, lavando rapidamente o cabelo e o corpo. – A lei para proteção dos direitos trabalhistas dos elfos domésticos está quase sendo aprovada. – Desligou o chuveiro e saiu. Pegou uma toalha e enxugou-se rapidamente. Com sua varinha secou os cabelos volumosos. Vestiu-se rapidamente. Passou uma maquiagem leve para que fosse mais rápida. Em outro momento, Draco não se importaria com o atraso e teria feito amor com ela ali mesmo.  Porém,  com o passar do tempo ele percebera que ela passava mais tempo no Ministério e menos tempo com ele.

— Conversamos quando voltarmos do jantar com minha mãe. – Ele falou, segurando a mão dela entre as suas. Aparataram.

—--

Draco estava terminando de preencher a ficha de alguns pacientes. Ouviu uma leve batida na porta e viu sua mulher entrando.

— Será que podemos conversar? – Ela perguntou. Draco assentiu e levantou-se. Encostou-se em sua mesa e esperou que ela fechasse a porta e começasse a falar. Depois do jantar, eles acabaram brigando. – Eu sei que estou afastada nas últimas semanas. Quando essa lei for aprovada vou recompensar, Draco. Prometo!

— Não há como recuperar o tempo perdido, Hermione. Nem se existissem vira-tempos que funcionassem... – Ele falou, ainda se sentindo nervoso pela briga da noite anterior. Ela aproximou-se.

— Draco, da mesma forma que você precisa constantemente provar sua inocência, eu preciso provar que sou mais que uma nascida trouxa. Que sou mais que a sabe-tudo de Hogwarts, amiga do menino-que-sobreviveu. – O loiro rolou os olhos, desencostou-se da mesa e deu dois passos na direção dela.

— Você é muito mais que isso e não precisa provar nada para ninguém.

— Você também, Draco... Acha que eu não sei que passa parte das suas noites acordado? Pensando no passado e pensando... – Ela desviou rapidamente seus olhos dos dele. – Achando que não me merece? – O loiro balançou a cabeça. Hermione havia terminado o namoro com Ronald Weasley para ficar com ele. Aquilo deixou Draco extremamente feliz e orgulhoso, porém, conforme os anos foram passando pensava que deveria ter ido embora da Inglaterra. Os dois eram motivos de reportagens ridículas e difamatórias.

— Sabe muito bem a merda que precisa aguentar da mídia, Hermione. Se você tivesse casado com o Weasley nada disso teria acontecido. Era seu destino. – Aquilo irritou a morena.

— Eu faço meu destino! Eu era apaixonada por Ron, mas o sentimento acabou. – Ela falou, pegando a mão dele. –  Nós dois trabalhamos juntos na reconstrução de Hogwarts, de vilas trouxas e bruxas... Fui conhecendo um Draco que eu não conhecia. Que eu nunca imaginava que existisse. Escolhemos nosso destino, Draco... Por que insiste em colocar obstáculos onde não existem?

— Você está mudando de assunto. – Ele disse,  evitando responder a pergunta.

— Vou organizar melhor meu tempo, Draco... Mas é meu trabalho, e você sabe o quanto essa lei será importante. – Hermione colocou a mão sobre o peito dele. Era um gesto comum entre eles. Draco colocou sua mão sobre a dela colando seus lábios num beijo. Logo os pergaminhos que estavam sobre a mesa foram ao chão. O casal sorriu, entregue.

—--

Hermione olhou o relógio. Faltava uma hora para o fim do seu expediente. Abriu uma gaveta e pegou um pergaminho. Sorriu. Dentro de algumas semanas fariam aniversário de casamento. Três anos. Sorriu e repassou os itens da lista, pensando sobre cada um deles.

1) Jantar fora

2) Uma vassoura nova e itens de quadribol

3) Viajar (cruzeiro?)

4) Dança sensual

5) Roupa de couro e lingerie com as cores da...

A porta foi aberta quando ela escrevia o último item.

— Draco! – Ela exclamou e rapidamente guardou o pergaminho para que ele não visse.

— Tudo bem? – O loiro falou, entrando no escritório. Notou como ela guardou um pergaminho na gaveta.

— Sim... O que faz aqui? – Olhou para o relógio.

— Resolvi pegar você para jantar fora. O que acha? Ou precisa terminar algo? – Ele perguntou, tentando disfarçar que a reação de Hermione em guardar rapidamente algo tinha o incomodado.

— Não! Tudo resolvido... Vamos?

—--

A primeira coisa que Draco fez ao chegar em casa foi dirigir-se ao bar. Não se preocupou em pegar um copo. Bebeu o uísque direto da garrafa. Afrouxou a gravata, olhando irritado para Hermione. Sentia o ciúme dominando-o.

— Você deu um soco nele! Está louco, Malfoy? – Ela indagou, as mãos na cintura.

— Hermione, ele estava sussurrando no seu ouvido... Passando a mão nas suas costas... Como acha que me senti? Como acha que me sinto?

— Eu o afastei, Draco! Quantas vezes preciso dizer que escolhi você? – Hermione perguntou, sentindo lágrimas nos olhos. Seu aniversário não estava saindo como ela planejara.

— É foda ter que conviver com o Weasley. Ele ainda te ama. – Draco deu outro gole no uísque. – Você viu o que publicaram hoje no Profeta?

— Por que ainda lê essa porcaria? – Hermione perguntou, cruzando os braços.

— Escreveram que me casei com você para me livrar das acusações. Escreveram que faço uso de poções e feitiços das trevas para te manter ao meu lado. Afinal... qual motivo faria Hermione Granger, heroína de guerra, abandonar outro herói e astro do quadribol?

— O amor, talvez? – Ela aproximou-se, colocando a garrafa que ele segurava sob o balcão. Contornou o rosto dele com seus dedos, de forma delicada. A mão indo para o peito do marido. 

— Hermione,... Eu te amo, mas conviver com seus amigos... Você teria uma vida estável e sem as constantes brigas se... – Hermione calou-o com um beijo. Draco a envolveu pela cintura, beijando-a. Não duvidada do amor dela, mas sua vida por muito tempo foi sofrimento, tristeza, morte. Hermione era o oposto disso. Parecia tão injusto...

— Não duvide do meu amor, da minha lealdade,... – Hermione dizia, alternando, palavras, beijos e roupas despidas.

— Eu não duvido... Apenas acho que merece mais que um ex-comensal. – Falou, olhando rapidamente para a faixa em seu braço, a faixa que cobria a tatuagem que seu pai lhe fez. Hermione sentiu seu coração bater de forma lenta. Draco tinha esses momentos, em que achava que merecia solidão como castigo pelo que fizera no passado.

— Dê uma chance a si mesmo. – Eles voltaram a se beijar e Draco entregou-se para ela.

—--

Ele segurou a pequena caixa em sua mão. Era um passo difícil, mas precisava deixar para trás seu passado e sua culpa.

—--

Hermione foi até o Profeta Diário e não esperou ser anunciada. Abriu a porta de Rita Skeeter.

— Até quando vai destilar suas mentiras e maldades, Skeeter? – A bruxa ajeitou o óculos sobre o nariz. – Pode deixar que eu vou atender a senhora Granger-Malfoy. – Disse para sua secretária. Quando ficaram a sós, Hermione continuou – Pare com essas notícias... Por favor.

— Você não pode proibir alguém de expor suas ideias...

— Posso, quando o que escreve não passa de calúnias e difamações! – Hermione falou, sentindo uma grande vontade de azarar a mulher à sua frente.

— Calúnias e difamações? Você casa com um comensal e espera o que? Parabéns? Elogios? – Falou de forma amarga.

— Eu vou processar você pelo seu último artigo. – Hermione afirmou.

— Ah é? Tem certeza? Soube que sua lei sobre o direito dos elfos está quase sendo aprovada... Talvez isso mude se eu publicar algumas coisas sobre como seu marido trata os elfos... – Skeeter disse, destilando veneno em cada palavra.

— Não temos elfo doméstico, Skeeter. – Hermione segurou a varinha dentro de suas vestes.

— Acho que isso realmente não importa...

— Isso é uma chantagem, Skeeter? Se eu te processar você vai tentar impedir que uma lei que garante o direito de criaturas mágicas seja aprovada?

— Achei que você fosse a sabe tudo de Hogwarts.

— Você não vale nada, Skeeter.

Hermione saiu, batendo a porta com força. Quando alcançou as ruas, sorriu. Tirou do bolso um pequeno aparelho, apertou alguns botões e ouviu o final da conversa dela com Rita Skeeter.

—--

Draco chegou em casa de manhã e encontrou Hermione preparando o café-da-manhã. Sorriu, abraçando-a por trás.

— Como foi a noite de plantão? – Ela perguntou, sentindo a respiração dele.

— Difícil... Longa... – Draco virou Hermione para si. – Eu gosto quando te encontro aqui... Sei que daqui a pouco precisa sair, mas... – Viu o sorriso nascer nos lábios da mulher – O que foi?

— Tirei o dia de folga... Sei que passará a manhã descansando, só que eu... – Draco não deixou que ela terminasse. Beijou-a. Seu coração estava acelerado. A preocupação aos poucos esvaindo de si. Puxou-a para cima e Hermione envolveu a cintura dele com suas pernas. Caminhou com ela até o quarto. Saíram de lá apenas no dia seguinte.

—--

— Você precisa parar de provocar o Draco, Ron. – Hermione disse, encarando o amigo. O ruivo recostou-se na poltrona e cruzou os braços.

— É difícil para mim te ver com ele.

— Para você? – Indagou, levantando-se e andando de um lado para o outro. Bebeu um gole de uísque. Ron apenas a acompanhava com o olhar – Está na hora de você crescer, Ronald.

— Se ele te ama da forma que fala, não brigaria tanto com você. – Constatou irritado. Hermione encarou o amigo quando ele levantou.

— Chamei você na minha casa para conversarmos. Você sempre o provoca, falando sobre o passado, sobre nosso namoro,... Quando desrespeita o Draco, desrespeita a mim também. Saia daqui... – Ela respirou fundo – Enquanto você não mudar sua atitude não quero mais te ver. Eu te amo, mas...

Nesse momento Draco aparatou, ouvindo a última frase que ela dizia. Hermione olhou para o marido que tinha uma expressão mortal nos olhos.

— Saia da minha casa, Weasley. – O ruivo não falou nada. Encarou o loiro com raiva, entrou na lareira e sumiu nas chamas.

— Draco, eu... – Viu o marido respirando fundo. Draco passou a mão pelo rosto e encarou Hermione. – Pedi que ele parasse com as provocações. Não o verei até que ele decida mudar e... –

— E você o ama? Você ama o Weasley? Sério, Hermione? Dentro da minha própria casa? – Perguntou com raiva.

— Como amigo, Draco... – Viu o marido fechando os olhos, a cabeça pendeu para baixo. Punhos cerrados. – Draco... – Os olhos cinzas a encararam. – O que sinto por você... O amor que sinto por você nunca será o que sinto ou já senti por ele... - Draco soltou o ar, andou até ela, puxou-a de forma possessiva e a beijou. Sentiu o gosto dela, do uísque e do amor que compartilhavam. Estava com ciúmes, mas não podia deixar que isso afetasse seu relacionamento.---

— Essa semana será uma loucura, Draco! – Ela falou enquanto se arrumava para ir ao ministério. – Estou acertando as cláusulas finais da lei trabalhista dos elfos – Anunciou.

— Eu entendo, meu amor. – Sorriu para ela – Você vai conseguir. – Completou, segurando-a de forma delicada pelo ombro.

— Por você, teríamos a casa recheada de elfos... – Ela disse, sorrindo também.

— E por você, eu apoio que esses seres sejam protegidos. – Hermione o beijou.

—--

Já tinha tentado ficar sozinho no escritório de Hermione para procurar o pergaminho que ela havia escondido semanas antes. Não tinha conseguido. Estava curioso... Dois dias antes de suas bodas, teve uma oportunidade...

— Draco! – Hermione exclamou – Obrigada! – Ajudou o marido a abrir as caixas de seu restaurante favorito com o jantar, tirando os pergaminhos de cima da mesa.

— Eu sei que ficaria sem jantar... – Eles sorriram - Quer alguma ajuda? – Ele perguntou.  

— Não... Estou apenas revisando o texto e... – Hermione olhou para Draco.

— O que foi? – Perguntou quando viu que ela sorriu.

— Acredita que faltam apenas dois dias? – Antes que pudesse responder, a porta da sala dela foi aberta.

— Hermione, você está sendo chamada pelo Ministro. Parece que alguns bruxos estão articulando o adiamento da votação.- Ela olhou para Draco, sabendo que precisava sair, mas sem querer ir.

— Vá. – Draco respondeu de forma calma. – É o seu trabalho. – Ela o beijou rapidamente e saiu. Draco ficou sentado alguns minutos criando coragem. Era a oportunidade que esperava, porém agora não conseguia agir. – Porra... – Levantou-se, contornando a mesa. Abriu a gaveta dela, murmurando um feitiço. Remexeu um pouco em pergaminhos, fotos, até achar o que procurava. Leu a lista e sorriu. Sentiu o corpo arrepiar ao ler o último item, apesar da frase aparecer incompleta. Colocou o pergaminho embaixo do que revirara e voltou ao seu lugar.

—--

Draco esperou por Hermione. Esperou. Ela deveria fazer alguma entrada especial. O jantar sobre a mesa. Velas. Vinho. Até fez uso de um recurso piegas: uma rosa no centro da mesa.

Eleesperou. Ela não apareceu.

—--

Quando Hermione chegou Draco a esperava no sofá da sala. Um olhar furioso.

— Draco! – Ela espantou-se – Por que me esperou acordado? Já é quase de manhã... O que houve?

— O que houve? – Ele devolveu a pergunta dela. Esperou e ela o olhava sem entender. Draco sentiu o rosto corar e levantou com raiva.

— Draco!

Ele subiu as escadas batendo o pé com força. Fechou a porta e lançou um feitiço para que ela não a abrisse. Foi até o banheiro e jogou água no rosto.

— Merda!

— Draco! Abra essa porta! Agora! – Hermione disse do outro lado – Eu fiquei presa no ministério... Desculpe atrasar novamente! – Não houve resposta. Depois de cerca de uma hora ele abriu a porta e a encontrou parada em frente à porta. – Apenas perdi a hora. Avisei que essa semana seria uma loucura, não tenho dormido nada...

— Eu sei. Tem mais alguma coisa a acrescentar? – Ele perguntou frio.

— Apenas me desculpe... – Draco ficou olhando para ela, incrédulo. Hermione havia esquecido. Ela realmente havia esquecido do aniversário deles. Ele saiu pela porta, a mulher em seu encalço. Parou, olhando-a.

— Preciso ficar sozinho. – Dizendo essas palavras, sumiu no ar.

Draco aparatou no Beco Diagonal. Amanhecia. Entrou num hotel bruxo barato e pediu um quarto.

— Quantos dias? – A funcionária perguntou.

— Não sei. – Ele passou algumas moedas para pagar aquela diária. Pegou a chave e subiu as escadas. Jogou-se na cama, pensando no esquecimento de Hermione e na lista que ela fizera.

—--

Draco sentou-se em um pub qualquer,escondido nas sombras. Um copo de uísque. Três dias sem ela. Sem vê-la. Sem querer acreditar no pensamento que dominava sua mente. Aquela lista não fora para ele... claro que não. Por isso ela escondera tão rapidamente.

Foi puxado de seus pensamentos ao ouvir uma conversa.

— Ron, que merda você está fazendo? – O loiro apurou seus ouvidos.

— Fui até o escritório dela três dias atrás, Harry... Não me olhe assim, escute... Ela precisa entender que ainda a amo, Hermione também me ama... E quando meus lábios tocaram os dela...

Draco levantou de supetão e lançou um feitiço em Ron, fazendo com que o ruivo voasse pelo ambiente. Rapidamente ele se recompôs, erguendo sua varinha.

— De que merda você está falando, Weasley? – A mão de Draco tremia levemente. Harry foi até o amigo, pedindo que se calasse. Todos olhavam para eles.

— Você estava ouvindo... – Um sorriso irônico surgiu nos lábios do ruivo – Então estou apenas antecipando as notícias... – Harry observou o antigo inimigo de escola. Viu a dor em seus olhos. Não foi fácil entender que Hermione se apaixonara por Malfoy. Só que aconteceu. Harry, com o tempo, percebeu o quanto o sonserino amava sua amiga. Não entendia aquele sentimento, mas respeitava. Também sabia o quanto o amigo podia ser imaturo e egoísta como estava sendo naquele momento.

— Você não aceita que a perdeu... – Draco disse, entredentes.

— E você não aceita que ela jamais amaria um comensal.

— Ron! – Harry exclamou, nervoso. – Vá embora, Malfoy. Converse com sua mulher. E você vem comigo. – Finalizou, puxando o amigo pelo cotovelo.  

Saiu do bar sentindo-se zonzo. É claro... Claro que a lista, esquecimento, atrasos... Como pudera ser tão burro, tão ingênuo, tão... cheio de esperança? Respirou fundo, concentrou-se e aparatou em sua casa. Encontrou Hermione no sofá, olhando para o vazio. Ela ainda usava a roupa de dias atrás.

— Draco... – Ela murmurou, levantando-se. O loiro afastou-se. – Nosso aniversário... Desculpe eu...

— Você o que? Estava transando com o Weasley? – Os olhos dela se arregalaram de surpresa. – Financiando uma nova vassoura para o goleiro do Cannons? Vestindo couro? Dançando sensualmente?

— Espera... Como você sabe sobre isso? – Hermione indagou.

— Sobre você e o Weasley?

— Não há nada entre Ron e eu. – Ela respondeu um pouco magoada. -  Sobre isso... Vassoura... Roupa de couro...

— Não há nada entre vocês? E por que em vezs de estar aqui na nossa boda estava beijando  aquele merda? – Ele perguntou, com raiva.

— Eu ia te contar... – Draco virou-se para sair, mas Hermione colocou a mão no ombro dele – Não é isso que está pensando... Draco... – O loiro deixou a cabeça cair. – Eu me perdi nas datas, fiquei sem dormir... Estão tentando evitar que essa lei seja votada. Sabe o quanto me dediquei... O quanto...

— Do que desistiu ao me escolher? – perguntou, encarando-a. Hermione sentiu o coração pular falhar.

— Ron apareceu no meu escritório. Começou com uma conversa, sobre ele não te provocar... Ele me beijou, pegou-me desprevenida. Eu... Eu o empurrei... Ron foi embora e eu não sabia como te dizer... E então você foi embora... Bravo, com razão...

— Hermione, eu quero muito acreditar...

— A vassoura era para você... Eu não sabia o que te dar... Fiz a lista... – Hermione colocou a mão sobre o peito dele. Um gesto de paz. De entrega.

— Você esqueceu, Mione... – Ele tornou a falar, o orgulho ferido.

— A roupa de couro... – Continuou, deslizando a mão pelo peito, ombro, braço... –No mundo trouxa cada boda tem um significado, um elemento que simboliza aquele aniversário. – Draco soltou o ar com força – E couro é o elemento da boda de três anos. Por isso... – Os dedos deles se entrelaçaram.

— Hermione...

— Eu te amo. Era para você. É para você, Draco...

Os lábios se encontraram. Mistura de amor, saudades, desejo, raiva, ciúme. Posse. Orgulho. A mão dele segurou a nuca dela, aprofundando o beijo.

—--

Draco rolou na cama. O braço cobrindo os olhos. Um sorriso nos lábios. Peito arfante.

— Hermione... Essa roupa... A lingerie com as cores verde e prata... – Ela sorriu, um pouco envergonhada. Draco virou-se para a mesinha ao seu lado da cama, pegou algo e depois virou-se para a mulher.

— Draco...

— Escute-me... Estamos começando algo... Você perdeu sua família e eu... Eu não quero seguir as tradições às  quais fui imposto. – Ele entregou a caixa para ela – Essa joia representará nossa união... Sendo passada por gerações. – Hermione abriu e viu um anel. Ouro branco e amarelo. Prata e Dourado. Sonserina e grifinória. Serpente e leão que se compunham, sem saber onde uma acabava e outra terminava.

— Eu te amo... – Hermione falou, sentindo lágrimas em seus olhos. O loiro colocou o anel no dedo dela e puxou-a para um beijo. Um beijo que alternava ente lento e rápido. Um beijo em que havia entrega.

—--

— Aonde vai tão cedo? – Draco perguntou, pegando seu relógio para conferir que horas eram. – A lei já foi aprovada e você está de férias... – Levantou-se e foi até ela. – O que é isso? Aquele aparelho trouxa que me falou? – Perguntou ao perceber que ela segurava algo.

— Isso, Draco... Vai nos livrar para sempre de Skeeter. – Ela sorriu e Draco continuou olhando para mulher, sem entender. Então, Hermione apertou um botão e ele ouviu a conversa.

— Vou com você até o Ministério! – Exclamou animado e foi se vestir.

Quando voltaram, abriram uma garrafa de vinho. Skeeter seria proibida de escrever novamente. Beijaram-se longamente.

Alguns anos depois

— Ele é lindo, Hermione... – Draco murmurou, não sabia que seria capaz de amar alguém tanto quanto amava sua mulher. – Eu te amo, Scorpius...

Muitos e muitos anos depois

— Scorpius... – O bruxo sentiu um leve toque em seu ombro. Não sabia quanto tempo estava lá, conversando mentalmente com a lápide dos seus pais. Puxou o colar que usava sob a camisa. O pingente era na verdade uma aliança. Uma aliança que sua mãe lhe dera pouco antes de falecer. Sabia o significado daquele objeto. Levantou-se.

— Já estou indo, Lilly. – Limpou as vestes. Entrelaçou seus dedos com a namorada. Lembrou-se da expressão do pai ao saber que estava namorando com a filha de Harry e Gina. Diversas cores passaram pelo rosto de Draco. Sorriu diante da lembrança. Sorriu ainda mais quando sentiu o pai abraçando-o e dizendo para ser quem ele era, sem medo.  

— Do que você está lembrando? – Ela perguntou, ao ver o sorriso.

— De quando eu contei ao meu pai sobre nós... Vamos aparatar na minha casa? – Ela assentiu. Assim que chegaram, Scorpius puxou o colar novamente, abrindo-o e tirando a aliança de lá. A ruiva levou as mãos à boca, pois conhecia a história daquela joia.

— Scorpius...

— Acho que você me entendeu, não? – Beijaram-se. Ouro branco e amarelo. Prata e Dourado. Sonserina e grifinória. Serpente e leão. Uma nova família. Uma nova tradição. Hermione e Draco encontraram um jeito de continuar a propagar seu amor.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então... Não foi fácil de escrever, mas espero que Espero que tenham gostado. O tema de aniversário era: Bodas e uma das partes esquece a data.
Obrigada especial a Thay pelo convite, Maris pela betagem Larissa, pela capa e Ju por todos os palpites!
Bjs bjs