Deus Salve a Rainha. escrita por Anabella Salvatore


Capítulo 16
Pode ser um belo começo...




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Afonso e Catarina se olharam, pareciam querer dizer algo, mas não puderam. Amália e Augusto logo apareceram. 

—Afonso, o que foi... -A plebeia queria saber o que o namorado tinha feito, o porque dele ter corrido para socorrer Catarina, o porque dele ter deixando-a sozinha. 

—Catarina, minha filha. -Disse Augusto. 

A princesa limpou o rosto, ela estava tão confusa. Confusa com seus sentimentos e a presença de tantas pessoas ali lhe desconcertava. 

—Meu pai, o que está fazendo aqui?

—Depois lhe explico, agora você deve me dizer o que lhe aflige. 

Ela respirou fundo. 

—Mamãe. 

Não foi preciso de mais palavras, Augusto abaixou a cabeça e assentiu. 

Afonso estava calado, Amália lhe olhava cobrando alguma resposta, mas ele não as tinha. Ou tinha e não queria falar. Augusto se aproximou e apertou sua mão, em respeito.

Obrigada, Afonso. —Disse Catarina num sussurro, olhando para o chão. 

Ele levantou os olhos. 

—Eu lhe prometi. 

Ele levantou os olhos e encontrou os dele. Olhando-se eles lembraram de tantos momentos, tantas memorias voltaram. Catarina assentiu, olhou para as crianças que comiam alheias a tudo aquilo, sorriu, aquela imagem lhe trazia paz. Virou-se para o seu e pai e o questionou:

—O senhor sempre soube? 

Antes que o rei lhe responde-se vozes foram ouvidas, seguidas por gritos. 

Não LUCRÉCIA, VOCÊ ESTÁ LOUCA!  PARE DE ME BATER MULHER! 

—LOUCA? EU? MEU AMOR, EU ESTOU MUITO LUCIDA! LOUCO É VOCÊ! Fica espiando a pessoa.

Catarina segurou a gargalhada. As crianças perceberam a movimentação e olharam com curiosidade. Lady Lucrécia apareceu toda descabelada batendo em seu esposo. Rodolfo tentava se esquivar dos tapas, mas, uma grande parte deles batiam nele e doíam. As crianças começaram a rir, foi a deixa que Catarina, Augusto e Afonso esperavam. Eles caíram na gargalhada. Os sentimentos confusos foram esquecidos. Lágrimas ameaçavam sair dos olhos da princesa. Afonso estava tão distraído que nem percebeu que a encarava com paixão. Até que Amália deu um tapa em seu braço. 

Ele, enfim, a olhou. A plebeia estava seria. Parecia querer chorar, ou gritar.

Aos poucos todos foram se acalmando. 

As crianças foram conduzidas até seus quartos. 

—Princesa Catarina, quando a senhora virá novamente? -Perguntou um menininho, Alberto. 

—Logo, logo, até lá vocês já estarão com as novas espadas. 0Disse animada. 

O menino assentiu, sorrindo. 

Catarina sentiu seu vestido ser puxado e olhou para o lado, se deparando com Lucy. 

—Olá Lucy. 

—A senhora vai voltar, não é? 

Catarina se abaixou, ficando da altura dela. 

—Irei. -Ela levantou os olhos para Afonso. -Promessas não podem ser esquecidas. 

A menina a abraçou e entrou correndo no casarão. 

—Eles parecem gostar muito de ti. -Apontou Afonso. 

Ela sorriu.

—Eu também gosto muito deles. São muito espertos, não posso deixar que sejam destruídos por terem tido azar no destino. Eles não serão. 

—Vejo que o reino investe muito no orfanato.

Catarina sorriu, malandra. 

—Eu invisto. -Olhou para Amália. -O meu dinheiro, o dinheiro que gentilmente você quis que eu doasse inteiramente para o povo de Montemor. Está aqui. O que acha? 

Amália engoliu o ódio. 

—É uma bela ação. 

—Obrigada. -Respondeu cinicamente. -Acho melhor voltarmos para o castelo. As crianças precisam descansar. -Disse seria. 

Lucrécia queria falar algo, mas não disse nada. Rapidamente os cavalos ficaram prontos e eles partiram. Catarina olhou para Rodolfo e Afonso. Um pequeno sorriso surgiu, fazendo com que Amália estremecesse de raiva. Será que essa princesa não tem decência, ficar paquerando o homem dos outros na cara dura!, pensava. Afonso nem percebeu a agitação ao seu lado, seus olhos estavam em Catarina. 

—Vamos? -perguntou, de repente aos irmãos. 

Rodolfo olhou para o irmão, com diversão, um olhar que Afonso não recebia a algum tempo.

—Só se o Afonso estiver preparado para perder. 

Afonso gargalhou. 

—Espero que você esteja, irmão. -Provocou. 

—Veremos. 

—Oras, ambos devem se preparar para perder. 

—É  mesmo, por que? 

Catarina abriu um sorriso sagaz, e atiçou seu cavalo que logo correu, deixando-os para trás. Augusto riu e Rodolfo mexeu o rosto, negando. 

—Você não deveria ter perguntado isso... -Disse seguindo a princesa. 

—EI ISSO É TRAPAÇA. -Gritou Afonso, seguindo-os, esquecendo Amália.

Lucrécia sorrio e foi acompanhada por Augusto. 

—O que eles estão fazendo? -perguntou Amália, um pouco azeda. 

Lucrécia fechou o sorriso, seu humor mudou. 

—Oras, estão se divertindo. Em Alcaluz, isso se chama corrida, de onde você veio não existe tal brincadeira? -Antes que Amália dissesse algo, Lucrécia continuou. -Opa! Acho que existia sim, mas você deveria está ocupada ficando noiva de algum comerciante... Coitado dele. 

Amália estava sem palavras. 

—Bom, vou acompanhar o meu, adorado e amado, irresistível, esposo. Fique bem, mas, cuidado!Você pode tropeçar no seu veneno, onça. 

Augusto franziu a testa. 

—Onça? 

Lucrécia o olhou, confusa. 

—Eu disse onça? -Perguntou ao rei, ele assentiu. -Perdão, quis dizer naja! Não, não, não, uma naja é um animalzinho que não merece ser comparado a você. Sinto muito, por te ofender, senhora naja, que você fique bem esteja onde estiver. No seu veneno seu... SER! Isso, seu ser! 

O cavalo dela logo ganhava velocidade e se afastava deixando uma Amália irritada (e confusa) e um Augusto risonho. Logo, alguns guardas apareceram para acompanhar o rei e a Amália foi deixada ainda mais de lado. Ruim? Péssimo, para ela. 

°

Catarina ainda riu enquanto descia do cavalo, no pátio do castelo. Logo, Rodolfo surgiu, sendo seguido de Lucrécia. Ambos riam. Afonso, surpreendentemente, foi o ultimo. 

—O que ouve? Se perdeu? -perguntou Rodolfo irônico. 

Lucrécia riu. 

—AAAAAAAAA UMA COBRAAAAAA! -Tentou gritar enquanto gargalhava.

—Isso, riam enquanto podem, seus trapaceiros. -Disse fingindo está magoado.

 -Trapaceira? Eu? -Questionou Catarina, fingindo inocência. 

Afonso se aproximou, perigosamente. 

—Sim, você! Sua ladra. 

—Quanta audácia, como ousa? -Se fingiu de magoada. 

Afonso riu.

Catarina perdeu o ar por um instante. 

Ele se aproximou mais, suas mãos foram para a barriga dela, ele a tocou de uma forma que fez com que ela risse, não, gargalhasse. Cosquinha. 

—Pare com isso! -Dizia entre risos. -Como ous... -Ela já chorava. 

Eles estavam tão concentrados na própria diversão que não perceberam que deixaram Rodolfo e Lucrécia de lado, ou não viram que ambos já estavam grudados, nos braças um de outro. Afonso abraçava Catarina enquanto sua mãos faziam a tortura. 

—Socorro! -Tentou falar em uma gargalhada. 

Lucrécia e Rodolfo se olharam. A mulher foi abraçada pelo marido e eles se afastaram um pouco, admirando a cena. 

—Seria um belo fim. 

—Fim? -Questionou o homem.

—Sim, eles parecem se amar. 

—Pois, lhe digo que seria um belo começo!

—Seria sim... 

Rodolfo olhou para o irmão. Afonso estava tão livre. Não parecia aquele rei controlador e que queria tanto a liberdade. Liberdade para amar, para escolher, para viver. Mas, até a própria liberdade tem seu preço, até a própria liberdade é uma prisão. Contudo, ali, naquele momento, ele parecia livre. Verdadeiramente. Com Catarina em seus braços chorando de rir.

Seria uma bonita história... -Sussurrou. 

Eles ainda riam quando a comitiva chegou, com o rei e Amália. Os homens logo foram para a academia. Assim que viu Amália, Afonso tentou se controlar, controlar o riso. 

—Afonso, meu amor. -Disse se jogando em seus braços, Catarina engoliu em seco e, para disfarçar, abriu um pequeno sorriso. -Como me deixa sozinha? 

—Você não estava sozinha. -Disse Catarina. 

Amália a olhou, com raiva. 

—Estou falando com Afonso. 

—Catarina está certa, você não estava sozinha. -Disse serio. 

Catarina segurou o sorriso que queria se abrir. 

Amália o olhou, confusa, ele estava defendendo Catarina? E por que ambos tinham sorrisos bobos no rosto? O que estava acontecendo? 

Vejo que estavam se divertindo. -Disse venenosa. 

—Sim, eles estavam, foi uma bela corrida. -Disse Lucrécia. -Uma pena que Afonso tenha perdido! 

Afonso soltou uma gargalhada. 

—Trapaceira. -Disse. 

—Eu? Como poderia? -Perguntou cinicamente, arrancando risos de Rodolfo e Caarina. 

A cada minuto Amália se sentia mais excluída. 

—Catarina, você andou chorando? -perguntou Augusto preocupado. -Está vermelha. 

Lucrécia e Rodolfo explodiram em risadas. 

—A culpa é de Afonso! -Acusou. 

Augusto o olhou, confuso, mas o homem apenas sorria.

—Oras, rei Augusto, o senhor sabe que Catarina não aguenta nada, quem dirá as minhas cosquinhas. 

Augusto riu, eles estavam, claramente, brincando. Pareciam crianças. 

—INJURIA! Como ousa, seu principezinho metido? -Questionou tentando passar seriedade, mas um sorriso aparecia ao final de cada frase. 

Afonso se aproximou dela.

—Princesinha aqui é você. 

—Oras. 

Ele ficou de frente a ela, ambos esqueceram-se, novamente, que havia alguém ali. 

—Oras, o que? -Confrontou. 

Catarina não abaixou a cabeça. 

—Não sabia que tinha se tornado tão arrogante. 

—Arrogante, eu? 

—Sim! Você, por que? 

—Isso é uma injuria! 

—Então estamos empatados. 

Eles se olhavam, sérios. Augusto chegou a pensar que eles estavam verdadeiramente discutindo, Amália ficou animada com a situação. Tão sérios, e então começaram a rir. Alto. Um sorriso surgiu no rosto de Augusto. 

—Meu amor, podemos entrar? -Amália interrompeu o momento. 

Confuso, Afonso assentiu. 

—Até logo. -Disse Lucrécia. -E, Amália, não se esqueça do meu aviso, cuidado no veneno! -Disse sorridente, como se falasse do dia. 

 

 


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