Enquanto Regina falava com o irmão, Emma aproveitou para avisar aos pais, que disseram que iriam até o hospital ver se Zelena precisava de ajuda.

A mais nova estava sentada na cama com o celular nas mãos e com o olhar vago.

— Amor... como você está? – Emma disse beijando o rosto da esposa e a abraçando de lado. Regina encostou o rosto no pescoço de Emma.

— Acho que estou bem... me sinto aliviada Emma... – Olhou para a esposa. – Eu sou cruel.

— Claro que não meu amor! – Emma acariciou o rosto dela. – Você sofreu muito amor, é compreensível. – Beijou o rosto dela. Ficaram um tempo em silêncio. – Você quer ir até lá?

— Não. – Respondeu prontamente. – Vou ficar aqui com a Anna... se você quiser ir...

— Fico aqui com vocês. – Respondeu. – Mais vou ligar para sua mãe para ver se elas precisam de ajuda...

[...]

— Zelena. – David disse abraçando a mulher. – Sinto muito!

— Obrigada tio. – Sorriu sem graça.

Robin chegou acompanhado de Elsa e cumprimentou os presentes.

— A Regina disse que não virá... vai ficar cuidando da Anna, é melhor assim. – Disse Cora.

— Eu não sei o que dizer a vocês nessa hora... estou perdida. – Confessou Mary olhando para os sobrinhos e Cora.

— Não precisa dizer nada tia, estamos bem com isso. – Zelena respondeu.

— Certo... vocês vão precisar de ajuda com o funeral e... – Zelena a interrompeu.

— Não faremos um funeral. – Disse calmamente. – Ele se despediu de todos que ele precisava, a única família que tinha éramos nós e também não tinha nenhum amigo. – Respirou fundo. – Sendo assim decidi que não precisamos nos desgastar com uma cerimônia, ele será cremado como queria e depois irei jogar as cinzas em um lago nas montanhas. Você discorda disso Robin? – Perguntou amigável.

— Claro que não Zelena, faça como quiser, dessa forma será menos estressante para todos... ele causou problemas demais, é hora de descansar! – Disse sem se importar. - Mãe? Tem algo a dizer?

— Não... ele e eu não tínhamos mais uma ligação, eu concordo com o que vocês decidirem. – Disse passando a mão pelo braço da filha para confortá-la.

— Ok... eu cuido dos tramites para a cremação, podem deixar. – Disse David. – Se quiserem ir para casa descansar um pouco eu aviso assim que estiver tudo pronto.

— Obrigada tio. – Zelena respondeu. – O plantão do August já está terminando, ele pode te acompanhar. – David assentiu.

Mary levou as mulheres para casa, assim elas podiam descansar por mais algum tempo.

Cora explicou para a filha mais nova e para Emma sobre a decisão que tiveram em não fazer um funeral. Regina concordou, porque mesmo que tivesse, ela não iria comparecer.

Granny preparou o almoço para toda a família. David chegou junto com August para fazerem a refeição juntos.

— Marcaram? – Perguntou Cora se referindo à cremação do corpo.

— Sim Cora, será amanhã as 10 a.m. – Respondeu David.

— Obrigada por fazerem isso por nós. – Ela agradeceu. – Bom... temos que seguir nossas vidas... vamos almoçar e tentar esquecer por um momento o que está acontecendo.

[...]

O dia amanheceu nublado. Zelena, o marido e Cora foram até o crematório. Ao chegarem um dos funcionários pediu para que eles entrassem para que pudessem reconhecer o corpo e se despedir. Zelena se despediu do pai e autorizou a cremação. Três horas depois eles saiam do local. A filha segurava a urna com as cinzas do pai.

— Amor, quero levar essas cinzas hoje para as montanhas. – Disse calmamente.

— Tudo bem. Cora, você quer ir conosco? – Perguntou August enquanto dirigia para casa.

— Você quer que eu vá filha? – Perguntou olhando para Zelena.

— Não precisa mãe... estou bem.

— Então pode me deixar na empresa August. Quero conversar com a Regina e com o Robin alguns assuntos do trabalho, depois vou para casa mais cedo ficar com a Anna.

Assim que deixaram Cora na empresa, Zelena e August foram para casa pegar algumas roupas, pois iriam voltar só no dia seguinte.

Duas horas depois chegaram na casa das montanhas, se acomodaram e seguiram à pé até o lago mais próximo para jogar as cinzas.

A mulher caminhou até o final de um pier, abriu a urna e despejou as cinzas lentamente, preferiu não dizer nenhuma palavra, na verdade ela também não sabia direito o que sentir, apesar de ser a pessoa mais próxima que o homem tinha, também tinha sofrido muito nas mãos dele e mesmo não querendo admitir, para ela também estava sendo um grande alívio tudo o que tinha acontecido.

August estava do lado da mulher com um dos braços entrelaçando sua cintura, esperou até que ela terminasse sem dizer nada.

— Pronto, podemos ir. – Disse sendo indiferente e August assentiu, caminhando de mãos dadas com ela.

— Você está bem? – Perguntou preocupado pela reação dela.

— Estou ótima amor. – Respondeu sorrindo. – Sinto que viramos uma página.

[...]

Os dias foram passando e tudo voltou ao normal. Regina e Emma decidiram voltar para o Canadá. Voltavam sempre que podiam, não gostavam de ficar muito tempo longe.

Viajaram diversas vezes para encontrar com os amigos Killian e Ruby, que agora já tinham um filho, e os amigos também as visitavam com frequência.

Já havia se passado quase dois anos, Regina tinha se recuperado bastante, mais ainda não tinha deixado os medicamentos, sabia que precisava deles por mais um tempo.

— Coração... hoje não estou me sentindo muito bem, estou enjoada, com dor de cabeça... – Disse Regina assim que acordou de manhã.

— Será que a pizza te fez mal?

— Acredito que sim... vou ficar em casa hoje.

— Claro, mais você não quer ir ao médico antes? Eu te levo...

— Não, vou tomar algum remédio e dormir mais um pouco.

— Tudo bem, então eu já estou indo me liga se não melhorar. -  Emma a beijou e saiu para o trabalho.

Regina se sentiu mal o dia todo, não tinha conseguido comer, decidiu ir ao médico sozinha, não quis atrapalhar a esposa. Chegando ao hospital o médico a examinou, fez alguns exames e passou alguns medicamentos para o enjoo.

Quando chegou em casa já se sentia melhor, na verdade ela estava completamente feliz. Deixou os papéis dos exames que tinha feito sobre a cama e foi tomar um banho, Emma já estava para chegar.

— Amor! Cheguei. – Emma gritou subindo as escadas.

Ao entrar no quarto se assustou com a esposa, Regina estava sentada na cama chorando e rindo ao mesmo tempo.

— O que foi amor? O que está acontecendo? – Falou se sentando ao lado dela. – O que é isso? – Perguntou pegando o papel que a mulher segurava.

— Deu certo Emma! – Regina sorriu – Deu certo! – Emma leu atentamente o papel.

— Você está... – Riu e sem terminar de dizer Regina assentiu com a cabeça.

— Nós vamos ter um bebê! – Emma a abraçou dando um beijo logo em seguida.

— Eu nem posso acreditar... você estava me escondendo isso não é? – Perguntou maliciosa.

— Não Emma, eu pensei que fosse a pizza mesmo. A primeira fertilização não deu certo e pensei que dessa vez também não daria... eu tinha até me esquecido para ser sincera. – Os olhos de Regina brilhavam.

— Só você mesmo amor! Eu estava contando os dias para te pedir para fazer o exame, mais você passou mal antes do tempo. – Falou brincalhona beijando novamente a mulher. – Eu te amo... muito.

Depois de aproveitarem aquele momento, Emma foi para o banho e Regina decidiu preparar algo para jantarem. Enquanto faziam a refeição, conversavam sobre coisas do cotidiano.

— Você sabe que eu adoro morar aqui não é?! – Regina perguntou e Emma assentiu. – Mais eu tava pensando em uma coisa...

— O que?

— Poderíamos voltar né? Agora que não seremos mais só nós duas.

— É, seria ótimo ter a família toda por perto. Ver nosso bebê crescer junto com os primos, tios, avós. Por mim tudo bem amor.

— Sério? – Regina disse surpresa, pensava que Emma relutaria em voltar.

— Claro que sim... minha vida é onde você estiver, melhor, onde VOCÊS estiverem. – Deu um selinho em Regina. – Eu não me importo o lugar desde que vocês estejam comigo.

— Ah minha vida! Eu nem sei o que faria sem você. – Se beijaram novamente.

[...]

No mês que se passou elas arrumaram as coisas para poderem voltar, conversaram com os pais, mais não disseram qual era o motivo da mudança, queriam dar a notícia pessoalmente.

David as ajudou a encontrar uma casa na cidade, cuidou da documentação e deixou tudo certo para que elas já pudessem se mudar.

Finalizaram os trabalhos que estavam pendentes e fizeram a transferência do emprego para a sede em que a família trabalhava.

Uma semana após se mudarem para o novo lar, decidiram que seria o momento certo de dar a notícia.

Organizaram um jantar e convidaram toda a família, Killian e Ruby.

— Que saudade de vocês Loves! – Disse Killian entrando na sala.

— Sejam bem vindos! Estávamos com saudades também... – Regina disse ao recebe-los.

— Entrem, estão todos na sala... – Disse Emma os conduzindo até o local.

Todos conversavam animadamente como a muito tempo não faziam, nos últimos anos não estava sendo fácil reunir todos os membros da família a não ser que fossem em datas comemorativas.

Enquanto faziam a refeição, Regina apertou uma das mãos da esposa e esta entendendo o sinal, pediu a atenção de todos.

— Então pessoal, como vocês sabem nós decidimos voltar para cá, mais temos um motivo especial para fazer isso...

— É claro que tem, vocês não conseguem ficar muito tempo longe de mim. – Disse Robin fazendo os outros rirem.

— Nem pra tanto Robin, sua irmã já superou sua ausência a muito tempo. – Retrucou Emma. – Enfim, agora sem piadinhas a Regina gostaria de falar também. – Emma olhou para a esposa que sorriu.

— Bom, primeiro eu gostaria de agradecer todos vocês por virem, obrigada por fazer parte das nossas vidas e como vocês são muito especiais para nós, decidimos que não poderíamos privar que uma criança crescesse longe de vocês.

— O que? Criança? – Perguntou Cora sem entender.

— Sim mamãe... estou grávida. – Disse sorrindo. – Nós vamos ter um bebê!

— Então dessa vez deu certo! – Mary disse feliz indo abraçar a nora e a filha.

— Parabéns meus amores! – Cora as abraçou logo em seguida.

— Estou muito feliz meninas! Meu primeiro neto, nem acredito! – David disse as cumprimentando.

Terminaram aquela refeição com grande alegria, todos estavam felizes com a notícia, mais uma criança era tudo o que estava faltando para preencher aquele espaço que faltava e ansiavam pela chegada daquele bebê.

Assim que todos saíram, Emma e Regina foram para o quarto, estavam cansadas. Se arrumaram para dormir. Emma deixou uma das luminárias acesas até que Regina voltasse para o quarto. Já deitadas ficaram se encarando por um tempo. Emma acariciava o rosto da mais nova.

— Parece que estamos vivendo em um sonho não é?!

— Por um tempo foi um pesadelo coração... mais enfim acabou e agora estamos mesmo em um sonho. Sabe... eu nunca pensei em ter filhos e nem imaginei que pudesse ficar tão feliz sabendo que seríamos mães!  - Regina falou.

— Na verdade ter filhos sempre foi o meu sonho e você está fazendo isso por mim...

— Por nós Emma, seu sonho também passou a ser meu. Sempre dividimos tudo, alegria, muitos problemas - sorriu - e sonhos...

— Acho que é impossível te amar mais amor. – Emma a beijou delicadamente. – Meu coração vai explodir de tanta felicidade. Amo você... demais.! – A beijou novamente.

— Eu sempre te amei, até mesmo quando não quis. – Riu de suas palavras. – Obrigada por não desistir... você sempre foi o amor da minha vida e sempre será! – Regina disse sussurrando beijando os lábios e descendo para pescoço da esposa.

Não precisou ser dita mais nenhuma palavra, o momento já dizia por si só. Tinham plena certeza que sempre teriam uma a outra, o amor que sentiam era imenso e depois de tudo o que passaram, sabiam que nada mais destruiria esse sentimento. E aquela foi mais uma noite que se amaram completamente.