Marco recebeu alta naquela manhã, e assim que saiu foi direto para o quarto da namorada. Bateu na porta duas vezes para anunciar sua entrada. Abriu um pouco a porta vendo Regina sentada ao lado da cama e Emma deitada em um sofá.

— Bom dia... posso entrar? – Perguntou

— Marco! – Regina se levantou para abraçar o homem. – Como você está?

— Estou bem querida! – Respondeu – Sua mãe está melhor? – Perguntou preocupado.

— Ela passou a noite bem, disseram que provavelmente hoje vão retirar a sedação. – Disse com um semblante cansado.

— Sinto muito Regina pelo que aconteceu... eu não sei o que houve com o carro... – Falava se culpando.

— Foi um acidente, ninguém teve culpa. Vai ficar tudo bem.– Disse a garota apertando o ombro do homem enquanto se sentavam.

— Tenho certeza disso! Você está cansada não está?

— Eu to bem... – Falou passando a mão rosto. – Consegui dormir um pouco.

— Porque vocês não vão tomar um café, eu fico aqui com ela. – Sugeriu olhando para as meninas.

— Imagine Marco! Você acabou de receber alta, deve estar querendo ir para casa descansar... – Disse Regina.

— Só estou com o corpo dolorido, mais estou bem... eu quero ficar um pouco ao lado dela. – Emma percebeu que o homem estava angustiado e se sentia culpado pelo acidente.

— Amor, vamos deixar o Marco aqui. Vai ser bom andar um pouco. – Falou Emma.

— Tudo bem então, vamos até a lanchonete. Voltamos rápido Marco! – Disse a garota recebendo um aceno positivo do homem.

Ao se ver sozinho com a namorada, o homem se aproximou para beijar o rosto de Cora, se sentou ao lado da cama segurando as mãos da mulher que ainda dormia devido aos sedativos.

— Me desculpa querida... – Disse se debruçando perto do corpo dela não conseguindo controlar o choro.

[...]

Pouco mais de uma hora depois, Zelena e Robin já estavam no hospital fazendo companhia para a irmã.

— Regina, porque você não vai para casa descansar um pouco? Passou o dia e a noite inteira aqui deve estar exausta. – Robin disse.

— Eu vou ficar Robin, quero esperar o Dr. Whale. Ele disse que tiraria os sedativos... prefiro esperar. – Respondeu. – Emma, vá para casa descansar. – Falou se aproximando da garota que não queria deixá-la. – Você já me ajudou muito... – Emma a abraçou.

— Você vai ficar bem mesmo? – Perguntou e a garota assentiu. – Então eu vou, mais não demoro tá! – Disse beijando Regina. – Marco, vamos também? Eu te deixo em casa. – O homem concordou em ir embora e avisou que voltaria a tarde, Emma beijou a namorada mais um vez indo embora.

[...]

Dr. Whale entrou no quarto para examinar Cora.

— Muito bem. – Disse animado. – Ela está bem melhor, como já era esperado. Vou tirar a sedação, mais ela ainda vai continuar com o oxigênio. Ela vai demorar algumas horas para acordar, ok? – Explicou aos irmãos. – Preciso que vocês observem o comportamento dela, caso percebam alguma agitação quero que me chamem imediatamente e assim que ela acordar chamem uma enfermeira, pode ser que ela se sinta desorientada, tudo bem? – Todos assentiram.

O médico retirou os sedativos, examinou a mulher mais uma vez, conferiu a pressão arterial, verificou o oxigênio que ainda estava ligado à ela. Após todos os procedimentos realizados, ele saiu deixando os irmãos sozinhos com Cora.

Zelena amava os irmãos mais novos, mais nunca conseguiu demonstrar isso à eles. Como era a mais velha, sentia que deveria ser a mais responsável, a mais forte, não podendo se deixar levar pelos sentimentos e com o tempo, esse comportamento fez com que os mais novos pensassem que ela os odiassem. Regina estava sentada ao lado do irmão, eles estavam distraídos vendo alguns vídeos pelo celular da mais nova. Zelena que estava um pouco mais afastava olhava a interação deles e se deu conta de como ela se tornara vazia.

— Ei... – Disse recebendo atenção dos mais novos. – Deixem esse celular, vamos conversar... – Pediu recebendo um olhar confuso deles.

— Você quer conversar ou brigar com a gente? – Perguntou Robin.

— Quero conversar com vocês... eu sinto falta de vocês. – Confessou.

— Você nunca gostou da gente Zelena... o que está sentindo não é falta, você só está triste por causa da mamãe, esta confusa. – Regina falou já esperando que a irmã revidasse, o que não aconteceu. Zelena olhou para os irmãos.

— Eu amo vocês, sei que nunca demonstrei mais é verdade. Vocês são meus irmãos e como eu sou a mais velha sempre senti que deveria ser a mais forte... proteger vocês caso precisassem de alguém. – Ela dizia com os olhos marejados. - Eu adorava cuidar de vocês quando eram bem pequenos, sei que não se lembram disso. – Riu sem graça. – O papai sempre esperou muito de mim e como vocês já sabem... eu não fui essa pessoa perfeita que ele queria...

— Zelena, esquece esse homem! – Falou Robin – Você sempre foi a mais responsável, ele sempre nos criticava e dizia o quanto você era perfeita.  Porque pensa assim? – O rapaz sentia que a irmã precisava de um apoio e a chamou para se sentar com eles.

— Para começar eu fiquei grávida e vocês sabem... nunca fui legal com vocês pensando que assim eu os protegeria e estava completamente enganada. Sei que me detestam e vocês tem razão, sempre dei motivos para isso.

— Nós não detestamos você Zelena! – Falou Regina – É que você nunca nos deu uma chance de sermos próximos.

— Me desculpem por isso... por não conseguir demonstrar... – Não conseguiu terminar de falar começando a chorar desesperada. Regina a abraçou de lado tentando confortá-la.

Robin interrompeu o momento.

— A mamãe mexeu a mão! – Falou levantando rapidamente para se aproximar da cama sendo seguido pelas irmãs.

Cora abriu os olhos lentamente e tentou fixar o olhar no filhos.

— Vou chamar a enfermeira. – Regina disse apertando o botão que havia perto da cama.

— Mãe... – Zelena a encarava. – Consegue nos entender? – Cora tentou responder mais sua voz falhou.

— Não se esforce mãe, a enfermeira já está vindo. – Falou a mais nova.

Segundos depois uma enfermeira entrou no quarto para ajudar a mulher. Assim que Cora se recuperou a moça a ajudou a ficar com a cabeça um pouco mais alta, vendo que ela estava bem chamou o médico responsável.

— O Dr. Whale virá daqui alguns minutos, está tudo bem com ela podem ficar tranquilos. – Afirmou aos jovens e saiu do quarto os deixando à sós.

Cora ficou admirando os filhos por alguns minutos, percebia que eles pareciam estar mais próximos mais não quis fazer nenhum comentário a respeito.

— Está com dor mãe? – Perguntou Robin.

— Sinto minha cabeça pesar e um pouco de dor no corpo. – Respondeu baixinho. – O que aconteceu?

A mais velha explicou para a mãe sobre o acidente, informou que Marco estava bem e tinha ido para casa descansar um pouco mais que viria para vê-la mais tarde. Dr. Whale entrou no quarto, fez os exames clínicos em Cora e verificou que estavam todos normais.

— Muito bem Cora! Você vai se recuperar rápido... Esse peso que está sentindo é devido aos sedativos, até amanhã já vai se sentir melhor e as dores no corpo é pelo impacto que sofreu, também diminuirá com os dias. Vou te deixar aqui no hospital por pelo menos cinco dias, assim vamos poder acompanhar melhor sua recuperação, mais quero que fique tranquila. – Olhou para os jovens. – Aliás, quero que todos fiquem tranquilos. Sua mãe ficará ótima. – Sorriu, conversou um pouco mais com eles e se despediu.

Não se contendo mais Regina deitou sua cabeça próximo ao rosto da mãe e chorou baixinho.

— Eu fiquei com tanto medo mãe... eu te amo! – Confessou baixinho.

— Vocês não vão ficar livres de mim tão cedo. – Com um pouco de dificuldade Cora acariciou o rosto da filha. – Eu também te amo... amo todos vocês. – Falou olhando para os outros que estavam sentados nos pés da cama.