Morte e Vida de Julieta escrita por Afrodite


Capítulo 7
Mais Perguntas


Notas iniciais do capítulo

Oi, anjas
quero agradecer a cada alminha que tá acompanhando a história, cada pessoa, cada comentário, cada interação é muito importante pra mim ♥
Jah abençoe vocês tudo



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Fiquei estática olhando para a porta e pensando no Isaque, ele estava mal por causa da Bia, que estava mal por minha causa, então eu era a culpada de tudo? Não, claro que não... Eu me esforçara bastante pela Bia, fizera tudo por ela, encontrara o Caio no meio de todos os outros garotos que ela já conhecia, já ficava e tudo, queria que ela fosse feliz e ela foi, mas não soube dar valor, tudo bem que fui eu quem relaxei achando que o efeito da flecha não ia passar por ser amor, mas se ela não tivesse sido tão indiferente a tudo, eu poderia tê-la flechado de novo. Ela não estava fazendo nada além de colher o que plantou, e agora estava namorando um menino, dizendo estar apaixonada por ele sem estar, iludindo ao coitado, a si mesma e a quem mais aparecesse "a culpa não é minha. Eu lavo as mãos" falei em voz alta. Peguei meu cordão de diamante rosa e joguei pela parede, como fizera com a pulseira rubi "não preciso mais dele também, não quero mais nada disso". 

Balancei a cabeça pra afastar aqueles pensamentos e peguei meu caderno. Minha missão não tinha ido a lugar nenhum até então, não sabia onde tinha vivido nem quem tinham sido meus anjos, só desconfiava que o da guarda tinha sido o Isaque, mas as informações que ele me dera não eram o bastante, de qualquer forma escrevi em meu caderno tudo que ele me contou, podia ser útil:

—menino

—loiro 

—se suicidou 

—nome com J

Sério que aquilo era tudo que ele lembrava do antigo cliente? Não ajudou em nada... Decidi deixar pra lá por um tempo e ir atrás do meu cupido.

Lembrei-me do que aquele serafim falou no campo "algum dos seus amigos cupidos pode ter sido seu cupido em vidas passadas" minhas amigas cupido eram a Bela, a Sarah e a Lola. A vítima da Bela era uns 8 anos mais velha que a Bia então não, a Sarah estava em sua primeira vida, então também não. Só sobrou a Lola, a vítima dela era no máximo 2 anos mais nova que a Bia, não era uma diferença gritante e não custava tentar.

Levantei e decidi ir atrás da Lola. Os lugares mais prováveis dela estar eram a Festa dos Serafins, lá em baixo com a Amanda, ou em seu quarto. Como eu já estava no prédio, decidi começar a procurar por lá, mas eu nem sabia qual era o quarto da Lola.

Na recepção ainda estavam aqueles dois anjos briguentos, mas agora estavam em silêncio, apenas concentrados no xadrez, então falei com eles, talvez pudessem me ajudar:

—Oi, com licença os cupidos olharam para mim   como eu faço pra achar o quarto de uma cupido?

Os dois se entreolharam e a menina de cabelo vermelho e olhos violeta falou:

—Quem é? Talvez eu conheça.

Lola

Lola... Tu conhece, Alec? 

O garoto negou com a cabeça e falou:

Ali no armário tem a relação dos moradores, deve ajudar  ele apontou pro armário que tinha na recepção.

—Ah, muito obrigada.

Me dirigi até o armário e depois de remexer um pouco, encontrei a tal relação dos moradores, assim que localizei a Lola, fui em direção ao quarto dela.

Chegando lá, me aproximei e a parede levantou. O quarto da Lola era bem mais legal que o meu, que só tinha aquela cama e aquele espelho (precisava decorar, né?), havia um criado-mudo ao lado da cama, uma prateleira cheia de materiais de desenho e pintura, três cavaletes (dois com praias pintadas e um com uma festa que pareceu familiar para mim), uma cadeira e uma mesa com vários papéis espalhados.

A Lola estava sentada na cadeira com os braços sobre a mesa dos papéis e o queixo apoiado em cima das mãos, olhando fixamente pro despertador dela, que tinha várias lantejoulas azuis. 

—Lola? — chamei.

Oi, Ju, chega mais ela disse, virando-se pra mim e depois voltando à posição anterior.

Antes de perguntar sobre a última vítima, tive que questionar aquela posição dela, não pude vê-la daquele jeito sem querer saber o porquê:

O que você tá fazendo?

Fala sobre olhar fixamente pro despertador? 

É...

Ela endireitou a coluna e virou pra mim:

—Eu tô esperando o tempo passar. Fiz besteira. Você lembra que eu falei que a Amanda tinha se apaixonado por uma menina, achava que era lésbica, e que, pra ajudar, eu ia fazer ela se apaixonar por um menino?  balancei a cabeça confirmando  então, ela se apaixonou por um menino, ele parecia apaixonado por ela também, meu colar nem brilhou vermelho, mas tudo bem,  eles começaram a namorar sem se amar, até aí beleza também, afinal, ele era tão fofo e querido, um príncipe. Mas sabe... Ele se tornou um embuste! Ou sempre foi um, só que mascarado... Ele pensa que é dono dela, fica no pé dela, querendo controlar pra onde ela vai e o que ela veste... Ela demorou, mas percebeu que ele fazia isso, umas amigas a ajudaram até, e por mais que estivesse apaixonada, ela foi racional e quis terminar o namoro TRÊS VEZES, mas nunca consegue porque ele faz uma cena e começa a chorar, diz que vai mudar, que não quer perdê-la, aí por causa da bendita flecha, ela sede. Aí tô olhando toda hora pro relógio pra saber quando esse sofrimento vai acabar. Olha, eu juro, eu juro que nunca mais a Amanda vai se apaixonar por macho! 

—Que pena, sinto muito... Mas os garotos não são todos assim, o Caio, por exemplo, era legal.

—Eu não sou louca de correr risco de novo, fiz a Amanda sofrer mais do que deveria, se a Amanda sofre, eu sofro. Agora estou aqui... — ela voltou-se novamente para ver a hora, relaxando os ombros — demora demais, sabe? 60 segundos são 1 minuto, 60 minutos são uma hora, 60 horas... Não, pera... 24, é.... Mas deixa isso pra lá. Acho que você não veio aqui por isso, né? O que queres, anjo?

—Ah, sim, queria te perguntar o que você lembra da sua última vítima antes da Amanda. 

—Minha última vítima? Vish.... — ela levantou e pegou quatro dos papéis da mesa, eles tinham desenhos de rotos — foi um desses aí. Ah não — ela puxou um dos papéis — essa é a Amanda — ela deu um risinho — eu confundo um pouco os antigos, mas lembro se me esforçar — ela sentou na cama e fez uma careta engraçada tentando se lembrar, não pude deixar de rir um pouco — Ah, sim! sim, sim, sim! Era a menina que teve câncer... Oh, puxa, me doeu tanto! Eles até me deram mais tempo antes de eu pegar minha próxima vítima, era pra eu pegar alguém mais ou menos da idade da Bia e da Luísa. O nome dela era...

Enquanto ela falava fiquei observando os desenhos. O primeiro era de uma garota de cabelos pretos e olhos azuis, o segundo era de um rapaz ruivo, e o terceiro era de uma menina negra com olhos gentis, cabelos crespos volumosos, tão familiar...

—Claire! — disse subitamente.

—Isso! Claire! Como você sabe?

—Eu não sei... Preciso ir. Posso levar esse desenho?

—Claro — Lola disse sorrindo. 

Nos despedimos e eu voltei ao meu quarto um tanto quanto perturbada, sem tirar os olhos daquele desenho da Lola "quem é Claire? Como eu sei o nome dela? Será que eu era ela? Mas será que se fosse, eu não iria lembrar de cara?" meus pensamentos me atazanavam e a cada momento eu tinha mais e mais perguntas. 

—Eu tenho que te mostrar uma coisa — disse Sarah. Não tinha percebido que ela estava no meu quarto.

—O quê? — perguntei, voltando a mim.

Ela me entregou um pen drive:

—Eu tenho costume de gravar alguns momentos da Lu, pra não esquecer, porque pode ser útil pra alguma coisa, acho as fichas muito resumidas... E, bem... Aqui nesse pen drive tem um vídeo dela conversando com a Bia, acho que você devia ver.

Revirei os olhos e quis devolver o pen drive, mas ela não aceitou. 

—Eu não quero saber da Bia, será que vocês não entendem? Primeiro o Isaque, agora você...

—Ju, eu não tô te obrigando a fazer nada, okay? Tô te entregando isso, é melhor você ver, mas se não quiser, tudo bem. Eu me preocupo com a Bia, não consigo deixar de fazê-lo, ela é a melhor amiga da Luísa, sabe? Se a Bia não tá bem, a Luísa não tá, se a Luísa não tá, eu não tô, e... Acredito que nem você esteja... Eu sinto que nós quatro somos ligadas — ela olhou pra baixo, pareceu hesitar, mas enfim começou a falar — sei que julgar atitudes não é algo muito digno de um anjo, mas eu não acho que o que você tá fazendo seja certo... Desculpa. Você tá brava com a Bia, mas ela não fez nada! E agora ela tá mal, sabe? Tenta se pôr no lugar dela, talvez... Tá, vou deixar você em paz — ela virou, deu dois passos, voltou um e olhou pra mim — pensa com carinho — ela deu um sorriso descontente e saiu. 

A Sarah era tão doce... Será que eu era mesmo a vilã por não mais flechar a Bia? Era estranho como se apaixonar era algo ruim, mas não se apaixonar parecia ainda pior...

Sentei na cama, dobrei o desenho e coloquei dentro do caderno. Olhei para o pen drive na minha mão "não faz mal dar uma olhada, né?" pensei. Imaginei um notebook, que apareceu em cima da minha cama e fui ver o vídeo. 

Estavam Bia e Luísa em uma praia, elas duas tinham mudado, os rostos eram mais maduros, a Luísa de cabelo curto, e a Bia com um cabelo enorme e cheia de brincos "eu perdi tudo" pensei.

Apertei o play e o vídeo já começou com a Luísa falando, presumi que a Sarah tinha cortado só a parte que supostamente me interessaria:

—Mas tu não acha que foi muito rápido? 

—Com o Caio foi rápido também.

—Tá, mas você tinha 14 anos, agora tem 17, é uma diferença bem gritante. Namoro de criança e namoro de adolescente.

—Eu gosto dele... Eu o amo!

—Tá bom... Você o ama? Bia... — Luísa balançou a cabeça — nada.

—Começou, agora fala.

—Bia, eu não boto fé em vocês, cara. Pronto, falei. 

—Valha... Você não 'shippa'? — Bia disse brincando. 

—Não, mas não de graça, eu só... Ai, eu vou falar, tô nem aí. Eu acho que tu tá forçando, é isso, tu tá forçando a barra!

Bia olhou pra frente e ficou séria, depois pensativa, em seguida fez uma careta parecida com de criança fazendo birra, voltou ao normal e virou pra Luísa: 

—Tu quer saber a real? — Luísa concordou com a cabeça — eu fico enjoando dele e voltando toda hora, meus sentimentos meio que oscilam, sabe? Uma hora eu gosto, quero por perto e tudo, outra hora dá vontade de jogar tudo pro ar. Talvez tu esteja certa, talvez eu esteja forçando, mas é porque eu pareço que não sinto mais nada por ninguém, eu não sei, eu não sinto mais aquelas borboletas, tu lembra? Eu não sei o que eu faço, acho que sou incapaz de me apaixonar de novo, mas eu não gosto de sair ficando com todo mundo, eu não sou assim, queria muito, mas não sou, mano, eu gosto de estabilidade, conforto...

—Tu é taurina, amiga. Mas eu acho que não vale a pena tu ficar iludindo a si mesma e a todo mundo, tu finge estar feliz, essa deve ser a maior tristeza que existe. 

—Eu não quero ficar só. E o Arthur é um amor.

—Por isso mesmo que ele não merece isso, Beatriz, eu não o conheço mas sei que não merece.

—Posso fazer nada. Eu sou prioridade, eu preciso disso, não preciso dele, mas preciso disso. 

—Precisa de que, mulher? Tu tem 17 anos, não tem idade pra ser tia solteirona, e mesmo assim não teria problema algum. Meu sonho ser a tia rica que só aparece em feriado pra dar presente e ser admirada.

As duas riram e a Bia falou:

Né isso não, Lu. É que tu sabe que adolescente tem hormônio, né? Não venha dizer que tu não tem não. Aí eu podia ou ficar com vários, ou ficar com um só, prefiro a segunda opção. Meu signo, posso fazer nada. 

Mas precisava namorar? Podia ficar com uma pessoa só, mas sem iludir.

Ele me pediu em namoro, se eu não aceitasse, a gente não ia mais ficar junto. Eu estava em um impasse! 

—Você fez o que achou melhor pra si mesma, eu entendo, questão de prioridade, mas, na moral, eu não te apoio. Mas e aí, como tu se sente nessa?

 Ah, é podre! Eu me sinto presa demais... Agoniante.


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Notas finais do capítulo

Ces acham que agora Jujuzinha amolece?



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