Figuring out; moments escrita por Anna Miranda


Capítulo 4
Debt


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, voltei com mais uma OS. E Já deixo aqui meu pedido de desculpa pelo tombo, mas eu sonhei com o plot dessa fic, e tem dias que ele ta me perturbando, eu precisava escrever!!!



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O início de um novo dia despontava no horizonte, a coloração arroxeada ganhava tons rosas aos pouco e ameaçava adentrar pelas frestas da cortina o ambiente até então coberto pela penumbra. Ao seu lado, de forma pacífica o corpo do seu marido, entregue aos braços de mordeu, repousava em total ignorância, ao novo dia que nascia e aos sentimentos dela.

Verdade seja dita, ele não estava completamente alheio aos sentimentos dela, ao longo do dia ele havia percebido que algo incomodava ela, e vez ou outra, às vezes de maneira mais direta e outras nem tanto ele questionará o que a perturbava. Porém, ela o distraia com pequenas tarefas da fazenda ou desviava o foco dizendo que estava tudo bem. Mas nada estava bem.

Tudo havia começado a um par de semanas atras. Julieta tinha o costume de acordar cedo, e adorava o fato de que Aurélio partilhava do mesmo hábito, por isso quando acordou em uma determinada manhã sozinha na cama, ela estranhou. Mais tarde naquele dia ela questionou ao seu marido o motivo dele ter levantando mais cedo, e obteve como resposta que ele havia acordado no horário habitual, ela é que continuará dormindo até um pouco mais tarde.

Após um rápida conversa, chegaram à conclusão que o fato dela ter ficado um pouco mais na cama deveria ser creditado ao cansaço, afinal, na noite anterior havia sido a anfitriã de um baile em comemoração ao sucesso da marca do café do filho.

Poucos dias depois, vieram os enjoos matinais, seguidos ainda pelo intenso desejo de dormir em momentos inoportunos. Os comportamentos atípicos, logo fizeram com que ela percebesse que algo aí estava certo.

Apreensiva, mas relutante em despertar em Aurélio uma preocupação desnecessária, ela optou por marcar uma consulta de Romulo, assim obtendo o diagnóstico exato antes de contar a Aurélio o que estava acontecendo.

A consulta com Romulo seria naquela manhã que se iniciava, mas em seu interior, mesmo que relutasse e negasse veementemente, ela sabia qual seria o resultado final. Julieta Sampaio Cavalcante estava grávida, e dizer que ela estava apavorada era um eufemismo gigantesco.

"Meu amor, que bom que está de volta, senti sua falta na mesa de café." Aurélio a saudou com um rápido e delicado beijo nos lábios.

"Precisava resolver algumas coisas na cidade." Ela disse tentando disfarçar o nervosismo mas falhando miseravelmente.

"Julieta, algo a atormenta, e sem bem tenho observado, isso se arrasta há alguns dias. O que está acontecendo? Confie em mim, nos podemos resolver isso juntos."

"Não é que eu não confie em você, eu só queria ter certeza antes de lhe dizer. Não queria o alarmar atoa."

"Agora sim você está me deixando preocupado. Diga-me então, o que está acontecendo."

"Vamos até o escritório, não quero que nos ouçam."

Caminharam de mãos dadas, mas em silêncio até o ambiente em que ela havia escolhido. Durante o curto trajeto, ele aproveitou que as mãos estavam entrelaçadas para dar um leve apertão na mão dela, numa tentativa silenciosa de reafirmar que tudo ficaria bem.

"Então ?" Ele disse assim que fechou a porta atrás deles, os protegendo de certa forma do mudo lá fora.

"Preciso que sente e que me escute até o final."

"Tudo bem."

"Há mais ou menos um mês venho me sentindo estranha, mudança no meu corpo ocorreram, e aposto que você percebeu mas não quis comentar porque como sempre é um perfeito cavaleiro, mas foram os enjoos, os vômitos e o excesso de sono que me despertaram completamente para a percepção de algo estava errado."

"Julie..." Aurelio começou a falar mas o olhar de Julieta o calou, afinal havia prometido ouvi-la até o fim.

"Eu já havia passado por esses sintomas uma vez, por mais que meu corpo me alertasse que eu sabia o que estava acontecendo, minha mente se negava a acreditar. Para desencargo de consciência resolvi marcar uma consulta com Romulo, por isso sai tão cedo."

"E ?" Aurelio disse estimulando-a continuar a história.

"E ele me confirmou o que temia, estou grávida Aurélio." A frase saiu em uma voz quase inaudível, e o botânico se questionou em silêncio de havia escutado corretamente. Foram as lágrimas que aos poucos se acumulavam nos olhos da morena a sua frente que confirmaram que ele havia sim escutado certo.

"Você está grávida?" Ele perguntou como se ao dizer aquilo em voz alta fizesse a verdade mais palpável.

"Sim" ela disse em um sussurro.

Aurelio caminhou em direção a ela e sem qualquer aviso prévio a prendeu em um abraço apertado, tirando-a do chão. E logo lágrimas de felicidade e risadas eram tudo o que preenchia o ambiente.

—x-

Dias mais tarde Aurélio e Julieta voltaram para outro encontro com Romulo. A gravidez de Julieta vinha acompanhada de alguns riscos tais quais a idade dela e ao fato da já ter sofrido dois abortos após a gravidez de Camilo.

No entanto, o médico garantiu que tomando os devidos cuidados, ela poderia sim chegar ao fim da gravidez sem nenhuma complicação. Devido a isso, o casal resolveu que dividiriam a alegria e a novidade apenas com os filhos, e com o avançar da gravidez contariam ao resto das pessoas.

Foi próximo aos seis meses de gravidez, quando pensava não poder existir pessoa mais feliz do que ela no mundo, que Julieta viu seu mundo ruir como um castelo de cartas frente ao sopro de um vento forte.

Estavam reunidos na mesa para o almoço quando Lady Margareth adentrou o ambiente impetuosamente. Seguida de polícias, a inglesa bradava a quem quisesse ouvir que a empresa de Camilo era fraudulenta, e que Julieta agia como cúmplice. Que a empresa de Camilo nada mais era do que um artifício para a família Sampaio acumular mais dinheiro, uma vez que passavam por dificuldades financeiras após romperem o contrato com ela.

A confusão se instaurou no ambiente antes mesmo que Julieta pudesse entender o que estava acontecendo. Vozes alteradas e sem nexo tomaram conta da sala de jantar, cadeiras sendo arrastadas, choro e por fim policiais algemando o seu filho. Desesperada Julieta saiu do topor e gritou para que soltassem seu filho, mas não obteve a resposta esperada. Enquanto arrastavam Camilo porta a fora, Julieta correu em sua direção, dizendo palavras de conforto 

e assegurando a ele que resolveria tudo.

Enquanto esperavam por Jorge para saber que medidas legais poderiam tomar naquele momento, e Julieta saia de uma ligação com o governador, ela sentiu a primeira fincada na parte esquerda e baixa da barriga. Ignorando, ela continuou sua busca para salvar o filho mais velho.

Durante o dia, as dores no pé da barriga foram se intensificando, e ela começou a ficar preocupada. Em silêncio ela prometeu a si mesma e ao bebê que se a dor persistisse ao anoitecer ela chamaria Romulo. Mas foi no cair da tarde, quando ela sentiu um líquido quente e viscoso escorrer por suas pernas que ela soube que talvez fosse tarde demais para chamar Romulo.

—x-

Ao final daquela semana Julieta poderia comemorar ter desmascarado Lady Margareth e a deslegitimado na frente de inúmeros investidores brasileiros, fazendo assim com que ela perdesse grande parte da influência que tinha. No entanto, a dor da perda do filho que não havia nascido mas que já aprendera a amar, sobressaia a qualquer outro sentimento.

Aurelio não havia saído do seu lado em momento algum. Durante todo o tempo ele fazia questão de deixar claro que não havia sido culpa dela, e que coisas assim aconteciam. Ele fazia questão sempre que possível de reafirmar o quanto a amava e de que tudo ficaria bem. E foi somente esse apoio e amor incondicional que a manteve longe de se fechar em si mesma novamente, e se entregar ao luto de mais uma perda.

Todas as noites, em completo silêncio, ela orava pela vida do filho, dizia amá-lo e prometia que um dia ainda se reencontrariam. Mas a promessa mais forte, que fazia com todo o seu ser é que seu acerto de contas com Lady Margareth ainda não havia chegado ao fim. E nunca chegaria, pois, nada no mundo seria capaz de lhe devolver a vida do anjo que viverá em seu ventre durante aquele efêmeros meses.

—xx-


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Notas finais do capítulo

ps.: preguiça de revisar, se tiver algum erro me avisemkkkkk que eu corrijo



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