Praça Saint-Pierre

Paris / França

Estava sentada no banco da praça Saint-Pierre com minha melhor amiga Alya, quando sem querer acabei pensando alto demais, confessando uma parte de minha vida que eu resolvi guardar, deixando para trás como as páginas de um livro que você cansou de ler, mas que irão permanecer ali registradas.

Eu estava particularmente apavorada, não sabia o que dizer para conseguir me livrar das infinitas perguntas e questionamentos que com toda certeza, Césaire iria me fazer.

— O que você disse? - Me perguntou Alya, após ouvir minha confissão - Amiga, vai dizer que você está pensando no... - Fez uma pausa, olhando fundos nos meus olhos concluindo que realmente estava certa - Ah Marinette! Você sabe que eu te amo né? Mas as vezes você é muito doida! - Continuou falando e rindo muito da minha situação - Mas Mari, me fala, é sério mesmo que você está pensando no Adrien Agreste? - Nem precisei responder, ela acabou percebendo através da minha atitude de olhar para o chão, tentando esconder o fato de ter ficado corada - Marinette, Marinette, Marinette... É normal você se lembrar dele, mas ficar assim como está... parece até que eu estou revendo aquela Marinette do ensino médio! - Finalizou rindo.

— Alya, eu não sei o que está acontecendo! - Comecei respondendo sentindo uma dor no peito - Rever esses locais que fizeram parte da minha vida, me trouxeram grandes lembranças, é como se eu estivesse revivendo esses momentos marcantes - comecei sentir meus olhos lacrimejando e me obriguei a confessar tudo para a minha amiga - Eu achei que já tinha superado e...

— Calma amiga! - Disse ela me abraçando - Respira e me explique com calma o que está acontecendo.

Realmente, a Alya é uma grande amiga, ela me conhece muito bem, sempre está disposta a me ouvir e me ajudar. Depois da Tikki, ela sempre fora alguém que pude confiar.

Acabei não suportando mais, então deixei que as lágrimas escorressem em meu rosto ao me lembrar de como o capítulo Adrien Agreste se encerrou na história de minha vida. Enquanto eu me lembrava, eu ia falando para a minha amiga:

— Sabe Alya, a verdade é que eu nunca deixei de gostar do Adrien. - Acho que fui muito direta ao pronunciar essas palavras, pois foi inevitável não perceber o espanto nos olhos dela, mas estava me sentindo mais aliviada em confessar para alguém o que se passava dentro de mim. Então continuei falando. - Eu apenas desisti dele. É que depois de toda aquela confusão do pai dele, o Adrien ficou tão distante de todo mundo!

— É verdade amiga! - Comentou Césarie com a voz fraca. Acredito que ela também estava se lembrando dos últimos dias em que o Agreste frequentou a escola. - O Nino foi o único que manteve um contato, não muito frequente, mas conseguia estar mais a par do que realmente estava acontecendo com ele.

— Mas estava acontecendo algo de mais grave com ele? - Acabei perguntando, pois não sabia de tudo o que se passava com minha antiga paixão. - Eu sabia que algo de errado estava acontecendo, mas sabe como é a mídia né Alya? Eles publicavam que estava tudo bem, mas eu percebia que o Adrien estava tão triste nos últimos dias, o olhar dele era tão sem vida, quase nem conversava.- Comentei o que eu havia pensado na época.

— Então Mari, talvez eu me arrependa por te contar esses detalhes, mas não posso mais segurar tudo isso para mim. - Alya Foi pronunciando essas palavras que ecoaram em minha mente, me fazendo sentir um frio na barriga com tanto mistério. 

— O que foi que aconteceu Alya? - Perguntei assustada.

— Olha Marinette, a história é um pouco longa e não quero que o que eu vier a falar aqui influencie nas decisões que você fez até agora. - Disse Césaire, me deixando preocupada.

— O que você quer dizer com as minhas atuais decisões? - Questionei minha amiga, não entendendo onde a nossa conversa iria chegar.

— Assim que descobriram quem era o Hawk Moth, o Adrien resolveu que queria seguir sua vida sem a interferência de seu pai, ele queria ser livre das pressões e não compactuava com as atitudes do pai, por mais que doesse, ele achava injusto o senhor Agreste não pagar pelos crimes que cometeu. - Ela foi explicando com calma, algo que era raro nela, já que a Alya sempre tinha as respostas na ponta da língua e falava sem parar. E agora ela falando devagar, medindo as palavras, era algo estranho de ver. - Porém quando ele disse que ia sair de casa, o senhor Agreste disse que ele teria que se virar, pois não iria mais ter o emprego de modelo na empresa da família e como todas as economias dele pertenciam a Agreste's Company, ou seja, ele teria que sair sem nada. Então o Adrien procurou pelo Nino, mas como recém estávamos terminando o ensino médio, não tinha como ajudá-lo, foi nesse momento que o Nino sugeriu para ele procurar pelo Luka, pois na primeira formação da banda o Adrien tinha participado, inclusive foi com a ajuda dele que a banda conseguiu o primeiro cachê. - Ela fez uma pausa, me olhou nos olhos respirando fundo. - Por favor Mari, não fique chateada, mas quando o Adrien falou com o Luka, dizendo que agora ele poderia aceitar a proposta feita um tempo atrás e explicou toda a situação; Está certo que naquele momento a banda não estava rendendo tanto, mas poderia ajudar o Adrien a seguir a vida dele, porém o Luka não o aceitou e você sabe o motivo.

— Alya! Por quê nunca me falou essa história? - Perguntei assim que ela finalizou.

— Então Mari, o Nino me contou isso bem no momento em que você estava indo para a faculdade. E eu não queria estragar o seu relacionamento com o Luka, vocês estavam bem, no início do namoro. - Ela fez uma pequena pausa, provavelmente para analisar o que iria dizer - Eu sei que o Luka só recusou a entrada do Adrien na banda com medo de te perder Mari, pois ele sabe o quanto você era apaixonada pelo modelo. Eu sei que foi errado da parte dele.

— Como pode tudo isso ter acontecido? - Eu estava em choque com toda essa notícia, o meu noivo fez isso para impedir que eu mantivesse contato com o meu primeiro amor! - Obrigada por me contar Alya. Pode ficar tranquila que não vou tomar nenhuma decisão com base nisso, só fico me perguntando; "Como será que o Adrien está? E como ele conseguiu suportar tudo o que o pai dele fez com ele?"

— Olha amiga, não sei! - Respondeu Césaire se levantando do banco. - Agora vamos, senão eu vou me atrasar para o trabalho.

Alya me acompanhou até em casa para me ajudar a levar os tecidos e todos os demais materiais que compramos. Durante o caminho, fiquei processando a história que ela havia me contado, ainda não acreditando como o meu noivo pode fazer aquilo com o Adrien.

Assim que entramos em minha casa, tive uma surpresa, Luka estava à minha espera, conversando com minha mãe sobre um apartamento que ele estava negociando. Couffaine estava organizando tudo para que assim que nos casarmos, tivéssemos a nossa própria casa, no caso, apartamento.

— Oi meu amor! - Meu noivo foi logo indo me cumprimentar com um beijo assim que eu entrei. Correspondi ao seu carinho, mas minha vontade era de tirar a limpo o que minha amiga havia contado. - Oi Alya! Deixa eu ajudar vocês a levar essas sacolas para o quarto. - Foi logo pegando umas sacolas.

— Oi Luka! Já que vai ajudar a Mari a levar tudo isso lá pra cima, eu vou indo para o jornal. Tchau Marinette, mais tarde eu volto para te ajudar. Tchau Luka, senhora Cheng!

Nos despedimos da Alya e em seguida, eu e meu noivo subimos até meu quarto para deixar as sacolas. Eu estava em um conflito interno, tentando digerir a história que havia ouvido sobre o golpe baixo que Couffaine aplicou. Eu sentia raiva, mas como prometi, não posso fazer nada, pelo menos por enquanto. " Preciso esfriar minha cabeça"; Pensava enquanto subia cada degrau sem pronunciar uma palavra sequer.

— Pela quantidade de material, você vai ter muito trabalho para esse final de semana. - Comentou Couffaine quebrando o silêncio, assim que entramos no meu quarto. - Ainda mais pelo fato da Alya vir te ajudar. Não sabia que ela costurava.

— E não sabe! - Respondi sorrindo e acabei lembrando que não havia contado a ele sobre a festa que a Alya me convidou para participar. - Esse material vai ser para nós mesmo. Lembra que ontem fui encontrar ela?

— Sim, lembro. - Foi respondendo minha pergunta intrigado. - Mas achei que era um encontro de amigas apenas. 

— Sim e era. - Comecei a explicar para ele. - E como ela é minha amiga, ela aproveitou para me convidar para essa festa de sábado onde vai estar um designer famoso por investir em novos talentos. Então ela vai aproveitar para me apresentar a ele. E como é um baile de máscaras, nós vamos ir a caráter. - Conclui piscando para ele com um grande sorriso, realmente, estava muito empolgada para essa oportunidade.

— Calma aí! - Exclamou Couffaine espantado com a notícia - Na boa Marinette, você realmente quer isso? Porque eu pensei que agora que você terminou sua faculdade nós iríamos passar mais tempo juntos. O trabalho que você tem fazendo os designs das bandas não é o suficiente não?

— Luka, você sabe muito bem que não é isso que eu quero! - Respondi para ele indignada. Eu não estava acreditando no que eu ouvia. Eu já estava decepcionada com o que a Alya me contou sobre ele e agora isso. Respirei fundo antes de responder, tentando colocar as ideias em ordem. - Eu quero ser uma designer de moda e não de bandas. Essa é uma grande oportunidade para mim iniciar a minha carreira no estilo que eu quero seguir. Eu espero que você entenda!

— Então é assim? - Respondeu ele um pouco nervoso, o que me deixou assustada. - Você simplesmente marca algo com sua amiga, vai passar a noite toda fora e ainda vai querer seguir uma carreira que vai nos impedir de poder passar mais tempo juntos?

— E por que eu é quem preciso desistir dos meus sonhos? - Respondi no mesmo tom que ele, também estava nervosa com toda aquela situação. - Se acha que está ruim assim, desista você da sua banda.

— Eu não vou ficar aqui discutindo sobre isso. - Respondeu ele se preparando para sair. - Faz o que você achar melhor. Em um momento melhor conversamos sobre isso. - Ao terminar de falar, ele se virou e se retirou do meu quarto.

Me escorei na parede de meu quarto e deslizei até me sentar no chão, senti as lagrimas escorrerem do meu rosto, sentia meu coração em pedaços. Sei que não foi uma grande discussão, mas eu estava com esse choro trancado desde quando estava na praça com a Alya. Deixei que as lagrimas lavassem a minha alma por um momento, levei meus pensamentos para aqueles dias após ter derrotado Hawk Moth. “ Como será que teria sido o meu futuro se o Luka tivesse aceitado o Adrien? “; Fiquei me perguntando, pois eu só desisti do modelo, pois ele ficou muito distante literalmente falando, eu sentia ele totalmente fora do meu alcance e o Luka foi se aproximando. Fechei meus olhos por um instante, revendo em minha mente os momentos do confronto final, quando tudo terminou e cada um seguiu o seu caminho. “ Rena Rouge, Carapace, Queen Bee, eu sei o futuro que vocês estão vivendo, mas e você Chat Noir, por onde anda gatinho? Você é o único que sabe me fazer rir até nos piores momentos ”; Acabei voltando a pensar naquele gato bobo, o que me fez voltar imediatamente para o presente, balancei a cabeça sem acreditar naquele pensamento que tive sobre o Chat. Me levantei e comecei a preparar as nossas roupas para a festa.

Mais tarde, como prometido, a Alya chegou para me ajudar, contei a ela o que tinha acontecido com o Luka, o que fez com que ela ficasse mais indignada com o rapaz, conversamos sobre outros assuntos e isso me ajudou a esfriar a cabeça.

No dia seguinte, Couffaine me enviou uma mensagem perguntando como eu estava, eu respondi sem dar muita importância, naquele momento eu apenas queria colocar meus pensamentos em ordem, por mais que a minha situação com ele estava complicada, mas estávamos juntos a algum tempo e noivamos a pouco, eu tinha um sentimento por ele, não podia simplesmente acabar com tudo. Então, aproveitei o tempo que antecedia a festa para fazer alguns esboços novos e finalizar nossas roupas. Nesse mesmo dia, fiz a prova em mim mesma, na Alya e no Nino, para no sábados, se fosse necessário, fazer algum ajuste.

— Finalmente! Chegou o grande dia! - ...