Simplesmente acontece escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 5
A primeira vez que dissemos "Eu te amo"


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!

Cheguei com o último capítulo... snif...

Sim, último. O próximo seria opcional e sobre a primeira noite do casal biblicamente falando hahahaha só que eu daria muiiiiiiiiiiiiito spoiler da fic principal se escrevesse porque o momento ainda não rolou por lá. Então achei melhor terminar por aqui.

Well, mas esse aqui vai fechar com chave de ouro ♥

Ele é uma releitura do capítulo 18 da fic principal, mas inverti o ponto narrativo para a Amy. A cena na íntegra pode ser conferida lá, aqui fiz um resuminho bem fofo ♥

Boa leitura!



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Há certas coisas que me irritam em Bruce Banner. Profundamente. Sua capacidade de se culpar por tudo que acontece é uma delas. A única saída que ele costuma enxergar nesses momentos — fugir de mim ou dele mesmo — também.

Até agora, eu estava olhando para Bruce de um jeito caloroso e compreensivo, porque sei que ele passou por maus bocados. Ter perdido o controle do Hulk durante o ataque explosivo que assolou Nova York ontem mexeu muito com ele e com toda a razão. Eu juro que entendo essa parte.

É nítido que Bruce está destroçado e que fez um grande esforço para vir até o meu quarto a fim de conversamos sobre o que houve. Entretanto, começo a perder a paciência quando ele insinua que foi por sua causa que eu me feri. Ou melhor, por culpa do Outro Cara e da minha incapacidade de ficar longe dele, como Bruce havia me feito prometer.

— Não foi o Hulk que machucou o meu braço, foi aquela explosão — esclareço rápido, porém sem esperança de ser ouvida. — Se a conversa vai seguir esse rumo, nem se dê ao trabalho de continuar, Bruce. Me poupe. Eu sei exatamente o que você vai dizer agora e não estou a fim.

Um pouco confuso, ele franze o cenho e indaga em tom de desafio:

— Sabe?

Não consigo disfarçar minha insatisfação e mágoa quando prevejo exatamente o que está por vir. Tenho certeza que o homem complicado na minha frente pretende me dispensar em virtude do último evento. E estou cansada disso. Cansada de ver Bruce Banner escapando por entre os dedos, não importa o que eu faça ou argumente para impedi-lo. Cansada de vê-lo se afastando, indo embora, distanciando-se de mim. Sinto que cheguei no meu limite e está na hora de colocar um ponto final nesse maldito círculo vicioso antes que eu me machuque de novo.

— Quer apostar? — Fulmino Bruce com um olhar ferido. — Você vai repetir, até eu querer ficar surda, que corri muito perigo até aqui e isso é um absurdo. Que se eu continuar perto de você, vou correr ainda mais riscos e algo assim é inaceitável! Que eu me machuquei ontem e, de alguma forma, a culpa é apenas sua. Claro, porque eu não tenho capacidade nenhuma de fazer minhas próprias escolhas e arcar com as consequências. Que embora goste de mim, você não pode permitir que eu corra mais riscos por sua causa, que isso entre a gente já foi longe demais, que precisa parar porque sempre foi uma péssima ideia e nunca vai deixar de ser! Que você não tem nada a me oferecer além de problemas e mais problemas. Que sente muito, mas é melhor pararmos por aqui. Acertei?

Completamente zonzo. Bruce parece estar assim. Talvez ele não esperasse essas acusações tão francas e diretas. Talvez esteja em choque por eu ter elevado a voz a cada frase despejada em sua direção. Não importa. Pela primeira vez, não estou interessada em fazê-lo mudar de ideia. Se Bruce quer se afastar de novo e definitivamente, vou me adiantar e fazer isso por ele. E principalmente, por mim mesma.

— Em parte — Bruce responde, ainda parecendo meio surpreso e perdido.

Nesse momento, decido que não vou ficar e ouvir suas desculpas e explicações para ter tomado essa decisão. Eu já sei todas elas de cór.

— Como eu disse, me poupe! — Sem pensar duas vezes, agarro minha bolsa que repousava sobre a cama e olho para ele um pouco mais calma. Apenas um pouco. — Eu espero que você fique bem, Bruce. De verdade. Sem ressentimentos, ok?

Para minha surpresa, quando faço menção de marchar rumo à porta, ele gira nos calcanhares e segura o meu braço que não foi ferido durante o ataque de ontem. Sem escolha, torno a encará-lo. Não consigo disfarçar a tristeza e o desapontamento que me assolam ao encontrar seus olhos.

— O que você está fazendo?

— Indo embora, Gênio dos Sete Doutorados — respondo entredentes, perdendo a paciência mais uma vez e tentando me soltar.

Por algum motivo, Bruce continua me segurando firme e questiona:

— Por quê?

Ele só pode estar brincando! E isso me irrita ainda mais!

— Como assim “por quê”? Não é óbvio?

— Você não pode ir embora assim — contrapõe, começando a me deixar confusa.

— Por que não?! — grito, mais impaciente do que nunca.

— Porque eu quero que você fique.  Não é óbvio?

A calma e determinação como ele diz essas palavras me deixam intrigada. Paro de tentar me desvencilhar dele e confesso:

— Eu não estou te entendendo, Bruce.

Há um silêncio esquisito entre nós. Começo a sentir que não captei algo. Algo importante nas palavras e na postura dele até aqui. Mas o quê?

Bruce me solta devagar, como se tivesse certeza que eu não vou deixar o quarto por ora, e recomeça com certa cautela:

— Não fique com raiva de mim por dizer isso, mas você precisa se acalmar um pouco e parar de tirar conclusões precipitadas. Eu disse que você acertou em parte, Amelia, não tudo. Isso é minha culpa, claro. Depois de ter me afastado uma vez, é natural que você pense que eu ainda sou aquele homem. Bom, acontece que eu não sou.

Penso em argumentar, afinal não foi só uma vez que Bruce se afastou de mim. Geograficamente, pode até ser. Porém, houve momentos antes e depois da sua volta em que ele tentou fugir com certas atitudes. E eu estava crente que esse seria mais um desses momentos, só que agora não tenho mais certeza de nada.

Confusa, deixo minhas palavras ecoarem baixo pelo quarto enquanto olho fixamente para ele:

— Bom saber, mas agora quem está perdida sou eu. Aonde você quer chegar?

Bruce demora apenas alguns instantes para retomar o raciocínio:

— Eu represento um risco para você e isso nunca vai mudar, Amelia, é um fato. É minha culpa que você tenha se ferido ontem sim, goste você ou não. É egoísta ignorar que você pode se machucar de novo, por minha causa, no futuro. Por tudo isso, eu sei que o correto seria me afastar. Definitivamente dessa vez. E confesso que isso chegou a passar pela minha cabeça quando te vi lá embaixo, na cela. Até há alguns minutos, eu estava reunindo coragem para fazer justamente isso, tentando me convencer que seria melhor assim, o certo, a única decisão possível. O problema é que... eu não consigo fazer o que deveria fazer.

Suas palavras me fazem pensar. Me transportam para momentos atrás. Enquanto estávamos lá embaixo — na cela de contenção desenvolvida por Tony Stark para aprisionar o Hulk em situações de emergência —, eu realmente senti que Bruce ia me afastar assim que conversássemos. Como estamos conversando agora.

Quando eu consegui acalmar o Outro Cara e Bruce retomou o controle sobre si mesmo naquela cela, eu vi no seu olhar cheio de culpa e dor que ele ia terminar comigo na primeira oportunidade. Pelo visto, ele considerou mesmo essa decisão. Mas, se bem entendi, Bruce não está considerando mais.

Sem saber o que pensar ou esperar dele, limito-me a balbuciar:

— Não... Não consegue?

Posso estar imaginando coisas, mas juro que vi um breve sorriso passar pelo rosto de Bruce. No momento seguinte, ele esclarece pausadamente:

— Não. Porque eu percebi que o mais inaceitável seria ficar longe de você.  Eu fugi por muito tempo, só que não consigo mais fazer isso. Porque você me transformou em alguém egoísta. Em alguém que não consegue se afastar de novo, em ter essa nobreza de novo, em fazer o que é certo ou o que acredita ser o certo... de novo. — Bruce faz uma pausa. Parece estar ponderando alguma coisa. — Eu ouvi uma das últimas coisas que você disse ao Hulk, que precisa de mim. — Ele respira fundo e, me olhando de um jeito muito intenso, conclui com uma franqueza que me atinge em cheio: — Eu também preciso de você, Amelia. Porque eu amo você. Não posso ficar sem você.

Deve ter sido de um momento como esse que surgiu a expressão: Por essa você não esperava!

Eu não esperava mesmo. Entendi tudo errado, guiada pela nossa história conturbada. Esperei que Bruce fosse agir exatamente como agiu até hoje. Esperei que no primeiro problema ou conflito que surgisse, ele iria colocar um ponto final nessa história. Um ponto final definitivo desta vez. Me enganei feio. E nunca estive tão feliz por ter errado um palpite.

Um sorriso muito imbecil me vence. Sinto meu coração disparando forte e rápido a cada segundo sob o efeito do que acabei de ouvir. Uma onda genuína de felicidade me aquece. E minha mão parece ganhar vida própria quando alcança o rosto de Bruce Banner.

Não sei quanto tempo se passa enquanto olho para ele. Às vezes, tempo é totalmente irrelevante. As únicas coisas relevantes agora é que Bruce disse que não consegue ficar longe de mim e que me ama.

Não sei como consigo organizar meus pensamentos — e acalmar um pouco meu coração —, mas acabo conseguindo dizer alguma coisa em resposta:

— Isso é muito bom, Bruce, porque eu também amo você. Muito. — Sinto o rosto quente ao admitir isso em voz alta. Desvio o olhar, ponderando uma ressalva e pontuo de um jeito divertido: — Você é complicado e escorregadio na maioria das vezes, algo bem irritante por sinal, mas é impossível não te amar.

Não sei exatamente o que Bruce experimenta ao ouvir minha declaração, mas acho que nunca o vi tão feliz. Há um brilho quente em seus olhos. Uma serenidade intensa em sua expressão. Por mais que, lá no fundo, ele já soubesse como me sinto, deve ser especial ouvir com todas as letras. Ele parece anestesiado. Nas nuvens por ter certeza que o amo.

Trago-o de volta à Terra quando olho para sua boca. Sinto sua expectativa quando reduzo a mínima distância entre nós com um passo curto. Também foi especial ouvir que ele me ama. E só consigo pensar em um jeito de deixar esse momento ainda melhor.

Talvez pensando o mesmo que eu, Bruce envolve minha nuca com um gesto delicado. Fecha os olhos enquanto nossos rostos se aproximam mais. Eu fecho os meus um segundo depois. Encontro seus lábios quentes e cheios de ansiedade. Respiro com dificuldade contra sua pele.

De repente, tudo está perfeito. Tudo está certo entre nós. O círculo vicioso foi finalmente quebrado e nem um de nós irá juntar os seus cacos.

Guiada por essa certeza, beijo Bruce com calma e carinho, sentindo que ele corresponde com o sentimento intenso que afirmou nutrir por mim. Mergulho em sua boca com mais ardor e ele responde com o mesmo ritmo. Um ritmo que faz minhas pernas fraquejarem e meu coração bater cada vez mais rápido. Um ritmo que me leva a ficar cada vez mais perto do seu corpo, buscando seu calor inebriante e o envolvendo com o meu.

Há certas coisas que me irritam em Bruce Banner. Profundamente. E há certas coisas que eu amo. Profundamente também. São todas as outras.


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Notas finais do capítulo

Adorei o desafio, adorei os comentários de vocês, agradeço imensamente por tudo!

Beijos de luz!