Simplesmente acontece escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 1
A primeira vez que nos falamos


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!

Sabe quando a gente gosta tanto de um OTP que não consegue parar de escrever sobre ele? Então...

Essa fic é um desafio que surgiu no grupo oficial do Nyah e eu não resisti :v

Serão capítulos relativamente curtos, mostrando situações que não vimos na fanfic principal e recapitulando/aprofundando outros.

Esse primeiro capítulo tem o tema: a primeira vez que nos falamos. Daí o título :v

Boa leitura, chuchus!



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Eu não gosto de festas. Além de me sentir meio deslocado, aglomerações e barulho em geral me deixam apreensivo. Um esbarrão acidental, uma palavra atravessada ou um pequeno estresse podem ser o suficiente para irritar a fera que se esconde sob minha superfície.

Por mais que eu tenha aprendido a controlar boa parte da raiva natural que reside no meu alter ego e, com isso, a própria transformação, prefiro evitar os seus resmungos no meu subconsciente.

Procuro me distanciar do mundo e ficar recluso desde que o Hulk surgiu. Mas isso se torna difícil quando você é amigo de Anthony Stark. E se torna inviável quando ele resolve dar uma festa de aniversário na Torre dos Vingadores e exigir a sua presença.

Juro que eu pretendia ficar isolado no meu universo particular essa noite. Tentei me manter focado nos cálculos de Física e nas telas holográficas que fui abrindo de forma quase automática diante de mim. O problema é que Tony programou sua inteligência artificial para tocar AC/DC a cada cinco minutos no meu laboratório, em um dos andares da Torre. E toda vez que o rock barulhento se espalha através do sistema de som, me assusto e percebo que não estou livre do estresse aqui.

Vencido e começando a achar a situação engraçada, fecho as telas e coloco meus óculos sobre a banqueta na minha frente. Fecho os olhos e pressiono as pálpebras por um instante antes de chamar:

— J.A.R.V.I.S.?

A música cessa de forma abrupta e o laboratório mergulha num silêncio sepulcral. Um segundo depois, ele é rompido por uma voz incorpórea:

“Em que posso ajudá-lo, Dr. Banner?”

Enquanto tiro o jaleco e sigo rumo a porta, peço:

— Diga ao Tony que ele venceu. Eu estou a caminho.

“Positivo. Avisarei o Sr. Stark agora mesmo.”

[...]

Alguns minutos depois, quando as portas do elevador se abrem num enorme salão da Torre, arrependo-me por não ter resistido mais um pouco. O ruído caótico de música e vozes é um choque em meus ouvidos. Por toda a parte, garçons servem os convidados. Vingadores, agentes da S.H.I.E.L.D., amigos, rostos conhecidos e outros nem tanto estão espalhados pelo lugar.

Hesito em deixar o elevador porque uma parte de mim ainda resiste e quer escapar dessa situação. A consideração pelo aniversariante e a certeza de que ele voltará a me importunar caso eu recue me fazem dar alguns passos à frente. As portas metálicas se fecham atrás de mim logo depois.

Um olhar atento por todo o salão e avisto Tony no meio de uma animada conversa com Pepper, Steve, Rhodes e Sam. Um gesto do outro lado do salão atraí minha atenção e logo reconheço Olivia Mills acenando para mim do seu jeito ansioso e frenético, com um largo e infantil sorriso. Como ela me viu primeiro e está mais perto, decido ir até lá antes de falar com o aniversariante.

Com cautela e pedindo licença a curtos intervalos, vou diminuindo nossa distância pouco a pouco. Um segundo de distração com a risada alta de Thor ressoando em algum lugar do salão e, quando torno a olhar para a frente, sinto o impacto brusco de algo contra o meu corpo. Algo não, alguém.

O Hulk se agita um pouco em um lugar remoto da minha mente, porém estou concentrado demais em segurar a pessoa em quem esbarrei por acidente e evitar que ela despenque aos meus pés para me preocupar com ele agora.

A maciez quente da pele causa uma espécie de choque em contraste com meus dedos gelados pela tensão do momento. Percebo que estou segurando seu braço com muita força e diminuo a pressão. No entanto, não a solto ainda. Um riso de surpresa escapa da sua garganta e a mulher diante de mim finalmente encontra o meu olhar.

Um novo choque me atinge. Dessa vez, porque a reconheço de imediato. Eu já a vi antes, numa boate em Nova York, enquanto seguia Olivia para mantê-la a salvo de Loki. Claro, isso quando eu e todos pensávamos que Olivia precisava ficar a salvo dele.

Não só a vi, como confesso ter ficado impressionado com algo nela e na maneira como dançava, àquela noite, no meio de tantas pessoas, enquanto eu permanecia isolado em um canto para me preservar de incidentes estressantes. O nome da boate era Inferno, mas Amelia — Olivia chama a melhor amiga de Amy — pareceu mais um anjo para mim. Fiquei preso e me senti perdido, lembro bem.

O sorriso do anjo na minha frente se esvai, e ela me encara com um olhar estreito e cheio de curiosidade. E com algo mais, eu acho, mas que não sei identificar direito o que é.

No fundo da minha consciência, o Outro Cara diz alguma coisa. Não uma reclamação, não um resmungo malcriado, tampouco uma ameaça. Apenas uma palavra. Bela.

— Bela? — questiono baixinho, quase sem perceber.

Acabo lembrando que quando vi Amelia pela primeira vez também fiquei impressionado com sua beleza. É angelical e, ao mesmo tempo, atrevida.

Talvez o Hulk tenha captado meus pensamentos enquanto eu observava Amelia dançando com seu irmão Josh e Olivia naquela noite. Lembro que ele ficou extremamente quieto dentro de mim.

Em boa parte do tempo, é como se o Hulk estivesse em suspenso, controlado, no fundo de um túnel. Em momentos de necessidade, ele assume o total controle, e eu mergulho num pesadelo. Mas, naquela boate, ele olhou através dos meus olhos e não disse nada. Foi diferente. Ficou extremamente quieto, enquanto eu pensava em como Amelia era bonita, linda... bela. No fundo, acho que concordou comigo. Só depois me xingou de fracote por não tomar uma atitude, me levando a deixar o local e pedir para que Clint e Natasha cuidassem da segurança de Olivia em meu lugar.

— O que você disse?! — Amelia indaga de repente e num tom alto, de certo para soar mais audível do que a música vibrante a nossa volta.

— Nada... — sibilo, meio absorto por seus olhos cravados em mim. — Desculpe, eu te machuquei?

Amelia ri um pouco, embora pareça meio nervosa com alguma coisa, e me tranquiliza:

— Não, tudo bem. Eu sobrevivo, foi só um esbarrão.

Ficamos em silêncio. Por algum motivo, ele não é incômodo. Nem um pouco. Sinto que poderia ficar assim sei lá por quanto tempo. Gostaria de ficar.

Sem graça, percebo que ainda estou segurando o seu braço. Solto-a devagar, enquanto seu olhar acompanha o gesto com atenção. Vejo um celular em sua outra mão e deduzo que ela estava distraída, acessando algo, quando nos esbarramos.

Quando Amelia volta a me encarar, eu volto a ficar preso em seus olhos. E não consigo desviar deles mesmo quando ela une as sobrancelhas e rompe o silêncio:

— Obrigada por não me deixar cair. Teria sido um tremendo papelão.

— Não por isso. Disponha...

Hipnotizado. Talvez eu esteja hipnotizado agora. Sou mesmo um fracote por não ter me aproximado àquela noite e por não conseguir dizer nada melhor que essas palavras vazias hoje.

— Ei! — Ela mexe no cabelo. — Por acaso, eu te conheço de algum lugar?

Fico tenso. A hipótese de que Amelia tenha me visto na boate de relance —olhando para ela como um stalker — e esteja prestes a me reconhecer acende um alerta dentro de mim. Com vergonha, esquivo-me:

— Não, acho que não. — Indico a festa atrás dela. Olivia desapareceu. Faço menção de me afastar mesmo assim. Não que eu queira me afastar, mas preciso. — Eu tenho que... cumprimentar o aniversariante.

— Ah! Tudo bem, eu já estava de saída. Bom, divirta-se... — Amelia me encara de um jeito mais incisivo, como se esperasse alguma coisa de mim. Quem sabe meu nome e uma apresentação formal? — Te vejo por aí, sei lá. Talvez?

Ela sorri de um jeito tímido e passa por mim, enquanto sinto o arrependimento pesando em meus ombros por não ter me apresentado e perguntado — como se eu já não soubesse — o seu nome.

— Sim, claro — assinto, seguindo-a com o olhar e me perguntando por que estou deixando-a ir embora. — Espero te ver de novo, Amelia — desejo com um sussurro que me escapa e ela não ouve.

Por mais que eu seja um homem complicado e condenado devido ao Hulk, uma parte teimosa de mim quer muito voltar a ver essa mulher linda e intrigante. Mesmo que seja à distância. Mesmo que eu não possa ter nada além disso, como sei bem que não posso.

Alguns passos depois, ela olha para trás e meus pensamentos se dissipam. Sorri mais uma vez. Entra no elevador logo em seguida. Hesita, mas torna a olhar para mim enquanto as portas se fecham. E desaparece como um sonho bom.

Eu não podia ter certeza nessa época, mas Amelia não ficou indiferente a mim quando nos falamos pela primeira vez. Ela também sentiu alguma coisa. Uma palpitação eufórica, um interesse forte, um nervosismo estranho.

E eu também não podia imaginar nessa época, mas quando ela perguntou se me conhecia de algum lugar não era da boate que estava falando. Amelia me achou parecido com alguém que conheceu antes de mim e eu não tinha ideia.

Ela me achou parecido com um Outro Cara.


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Notas finais do capítulo

Para quem não leu ou não se lembra, Bruce e Amy se falaram pela primeira vez na fanfic "Trapaças do Destino", na festa de aniversário de Tony Divo Stark. Mas eu não mostrei a conversa lá, ficou apenas subentendido. Ou seja, "A Bela, o Outro Cara & Eu" é um spin-off de "Trapaças" e "Simplesmente Acontece" é um spin-off além do spin-off kkkkkkkkkkkkk

Por falar nisso, o título é inspirado em algo que a personagem Olivia disse enquanto observava Bruce e Amy conversando. Ela disse que se apaixonar não tem explicação racional, SIMPLESMENTE ACONTECE ♥

O próximo capítulo terá como tema: a primeira vez que saímos juntos. Como já mostrei o primeiro encontro do casal na fanfic principal, será algo mais resumido, talvez em formato drabble, não sei, veremos.

Beijos de luz e não se esqueçam de me agraciar com vossos comentários cheirosos!