Minha primeira amiga do fundamental, saiu da escola sem me falar nada, e depois mudou de estado sem se despedir. A primeira amiga do Ensino Médio esqueceu dos meus princípios e me deu bebida alcoólica para experimentar. E  eu havia acabado de descobrir que meus amigos de infância nunca foram meus amigos! Então, conclusão, amigos não existem.

Admito que nunca agi como amiga de meus primos, sempre agi como mãe. Esse pode ter sido o problema. Ensinei minhas primas a tomarem banho, depois de alguns anos falei isso com elas e elas negaram completamente essa história. Tentei ensiná-las matéria adiantada de sua turma para elas parecerem ser as mais inteligentes da sala, elas falaram “deixa que a professora nos ensina, não queremos ser melhor que nossos colegas”. No dia que a Camila foi ter feira de ciências na escola, ela tinha esquecido um material pesado em casa, ela pediu ajuda a sua mãe para levar de carro até a escola. Sua mãe simplesmente negou-se em ajudar. Pela minha prima, usei minha força, que se compara a força de alguns homens, para carregar aquele material pesado pela rua até sua escola para então ela conseguir fazer seu trabalho.

Lembro também do aniversário de 15 anos do meu primo, a mãe dele simplesmente negou-se em festejar. Seu aniversário de 15 anos seria o seu primeiro niver sem festa. Eu reuni todos amigos de meu primo, os levei para a pizzaria e comemoramos juntos. Depois a mãe dele fez um bolinho e cantou parabéns em casa só para os íntimos, não fui convidada. Claro, não sou amiga de infância, prima e nem cresci com ele no mesmo quintal, não sou nada intima.

Eu sei que a família dele tinha rixa com a minha por causa de minha mãe, ela frequentava igreja evangélica e eles são fanaticamente católicos. Então, sem saber direito que apesar de sermos de religiões diferentes, mas ambas pertencem ao cristianismo, imaginei: vou conversar com minhas amigas sobre a bíblia. Afinal, religiões diferentes, mas todas nós temos a bíblia cristã. Minhas primas simplesmente falavam:

“Não vamos conversar sobre isso para não haver brigas entre nós.”

Onde que eu estava brigando? Estudar um livro é brigar? Na mesma hora entendi, minhas primas não querem saber de serem a melhor da turma, não buscam por conhecimento espiritual e se esquecem quando eu “substituo” a função de ser mãe que a mãe delas não fazia.

No Ensino Médio, meu primo teve uma crise de nervoso, ele sempre teve mais consideração pelos amigos do que as meninas. Porém uma pessoa normal vivendo em um lugar com pessoas indiferentes, uma hora ou outra teria uma crise de nervos. "Decidiram" que ele tinha problemas mentais e jogaram remédios nele. Mimaram o garoto jogando namoradas para ele deixar seus pais em paz e ter algo para ocupar a cabeça, não investiram em sua educação, nem em enriquecer sua sabedoria, nada! Tiraram ele da escola. Ele não terminou o Ensino Médio, somente mais tarde no supletivo.

Não só bastando estragar meu primo dessa forma, tinham que estragar de outra forma também, pagaram um dinheirão para ele fazer cirurgia plástica na orelha, só porque ele tinha certeza que as pessoas riam da orelha dele. E quando oferecemos um psicólogo bacana da família, este psicólogo pediu uma primeira seção com os pais para tratar o filho. Negaram o tratamento, pois o único que tinha “problema” era o filho.

E eu só assistindo tudo isso. Claro que um dia explodiria. Ver os pais dos meus primos os estragando dessa forma. E meus primos valorizando mais os pais do que a mim!

Os pais deles é tãaao “bom”. Que ricos, passeiam com seus filhos para o exterior, mas não paga uma faculdade para eles. Meus primos, não terão a mesma riqueza que seus pais, pois não houve investimento. Muito pelo contrário, investe no namoro deles, pagando viagens para os namorados que ficam na família por interesse. Meus primos hoje estão vivendo basicamente de bico. Sendo que já deviam estar formados em faculdades e sendo chefe de negócio. Sinceramente, dá vontade de chegar hoje neles e falar:

“Sabe aquele dia que eu falei que sua mãe não se importava com vocês, terminamos nossa amizade de infância por causa disso? Pois é, eu ainda acho que estou certa.”

 Depois que expus esses casos para minha prima ela contou tudo para sua família. Deu problema. Os primos dos meus primos queriam até jogar pedras em minha casa. Nunca mais fomos “amigos”.

Choramos, nos perdoamos, mas não reconciliamos ainda.

O que aprendi: Jamais seja mãe de seus amigos.

Mas se eu acreditava em amizade depois disso tudo?

Acabou. Amigos não existem.