Estrelas Perdidas escrita por S Q, Lara Moreno


Capítulo 30
Estrela de TV


Notas iniciais do capítulo

"All of the stars will guide us home" - Ed Sheeran



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 Acordei deitada no chão da casa de Pietra nos braços de Benjamin. Só estávamos os dois ali. Era fim de semana, então nenhum dos dois tinha hora para levantar. Podia ver meus curtos fios loiros que tinha resolvido assumir caídos perto dos nossos olhos, que estavam quase colados.

Uma das melhores cenas para se ver ao levantar é Ben dormindo. Ele fica todo torto enquanto dorme, um braço para cada lado, os pés cruzados, mas seu semblante passa uma paz incrível. Me levantei rapidamente para fazer a higiene matinal quando a criatura me deu o maior susto, se virando de repente e me puxando pelo pé. Caí em cima dele, bem feito.

— Aught! Onde a senhorita ia? - ele me perguntou.

—No banheiro, não posso? - respondi, entrando na brincadeira.

—Vou pensar no seu caso...

Puxei o braço dele da minha perna para me deixar levantar, mas ele aproveitou o movimento para me puxar para mais perto dele. Pensei que ia me beijar, mas ficou olhando nos meus olhos de uma maneira diferente, ansioso, talvez, por bastante tempo, sem dizer nada. De repente ele soltou uma respiração pesada e sussurrou:

—Agora eu te chamo de Rita ou... de Riley?

Não tinha parado para pensar nisso. Os últimos dias foram tão confusos que eu não tinha conseguido assimilar que o nome da cantora que eu odiava era o meu nome. Eu era ela. A mulher que o Benjamin já gostava, antes mesmo de realmente me conhecer. Mas afinal de contas, eu era mais como ajo agora ou como a imagem da Riley?

Não consegui responder a pergunta dele porque um barulho de vidro quebrando nos fez levantar rápido. Fomos os dois tropeçando até a cozinha para ver o que aconteceu. A cena que se desenrolava, se não fosse na minha frente eu não acreditava: Kaio e Suzana aos amassos, encostados na pia. Nem perceberam o copo que estava espatifado atrás deles. Pietra veio correndo atrás da gente.

—Mas será que eu não posso dormir direito dentro da minha própria casa... QUE POUCA VERGONHA É ESSA AQUI?!

Daí para a frente, tudo que vi foi a figura de Pietra separando os dois com uma vassoura que usava para varrer os cacos de vidro, e os três discutindo muito. Crianças, quando tiverem idade para beijar alguém, não façam como esses doidos e se afastem de vidros. Eles podiam ter se cortado. Por sorte não se machucaram.

Aproveitei a confusão para conseguir fazer minha higiene, e saindo do banheiro, recebi algumas mensagens:

Olá, Riley!

Espero não estar incomodando, mas sua mãe marcou hoje uma entrevista no programa de entretenimento do canal 5. Vocês duas têm muito para esclarecer aos fãs, espero que entenda. Eu mesmo gostaria de saber mais sobre essa história. O horário para vocês chegarem ainda está sendo combinado, mando mais mensagens informando melhor.

Até mais, Edgar ( aproveita e salva o meu número nesse celular frugal)

Achei a mensagem bem autoritária, mas não podia negar que queria encontrar minha mãe novamente. Estava aflita por tê-la conhecido e não ter conseguido conversar direito. E bem, os fãs da Riley realmente precisavam de uma explicação. De qualquer forma, achei bom avisar Benjamin antes de concordar em ir. A reação dele não foi das melhores, e a conversa desastrosa vocês acompanham abaixo:

—Quem esse cara pensa que é, hein?! Sai falando pela sua mãe, mandando você fazer uma entrevista assim do nada... - ele comentou indignado. Tentei acalmá-lo:

—É estranho, mas bem, a Riley fazia entrevistas. Se eu sou ela...

—  Ok, mas você ao menos lembra como se portar em uma?- mandou na lata.

— Ora, é só responder umas perguntas. Não deve ser tão difícil. Eu perdi a memória, não o senso, Benjamin.

 —Tá. - Ele falou contrariado, balançando a cabeça. - vai lá falar em rede nacional. Se você acha que tá pronta...

Nesse exato momento, meu celular vibrou. Edgar passava o local do estúdio e o horário para nos encontrarmos. Arregalei os olhos quando vi que faltava só uma hora.

Não falei mais nada para meu namorado porque percebi que essa conversa podia acabar mal. Calada, fui arrumar minhas coisas para sair. Benjamin seguiu cada passo meu nos 5 minutos seguintes, com uma cara bastante preocupada. Quando peguei minha bolsa, ouvi Suzana dizer:

— Ué, já vai sair?!

E Pietra:

Vem tomar café com a gente! Não precisa fugir desses dois não. Eles não mordem ninguém além deles mesmos. - Falou com uma voz de desgosto, apontando Suzana e Kaio.

— É, eu preciso... resolver umas coisas. Deixem a TV ligada no 5.

Saí rápido, na pressão pelo horário. Quando já estava na calçada que me liguei: não tinha me despedido de Benjamin. Mandei então uma mensagem para ele e pedi um uber para o tal endereço.

Levei uns 50 minutos para chegar lá, pois o prédio da emissora ficava do outro lado da Baía de Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro. Paguei o motorista rezando para que alguma grana alta da Riley caísse logo na minha conta, porque um percurso desses era bem caro.

Quando saltei do carro, me deparei com uma suntuosa construção. Não havia placas indicando que a emissora ficava ali, mas era um lugar imponente, sem sombra de dúvidas. Apertei o interfone.

— Moça não estamos contratando figurantes esse mês, obrigada. - foi o que ouvi pelo aparelho.

Toquei de novo. Percebi que tinha uma pequena câmera acima do interfone, então olhei para lá.

— Eu tenho uma entrevista marcada. Sou.. a Riley.- era muito estranho usar esse nome para me apresentar, mas de qualquer forma, estava falando com uma máquina, não com uma pessoa diretamente.

— E eu sou a Madonna, meu amor! - já ia desligar novamente quando usei minha voz -"Sol, vagalumes e estrelas/Um amor de verão/Mas nada disso brilha como eu//Porque eu sou radiante" - de alguma forma o tanto que Benjamin ouvia Riley me fez lembrar da música.

Do outro lado, só consegui identificar um gritinho estridente. Então a porta se abriu dando direto em luxuoso hall de entrada. Fui recebida por uma equipe de preparadores que me maquiaram, deram roupas apertadas e brilhantes para que eu usasse e me avisaram sobre o ponto e o microfone que seria acoplados em mim.

Estava um pouco desnorteada no meio disso, quando um homem com uma blusa escrito "STAFF" me chamou. Ele me guiou até o palco, onde a apresentadora já me aguardava. Fui recebida com uma enorme ovação. Não sabia se sorria ou me escondia.

Minha mãe estava no canto oposto do palco, devia ter terminado de falar. A primeira pergunta feita a mim foi logo sobre acharem que eu estava fugida com um desconhecido. Ri e iria explicar a verdade, quando uma voz ameaçadora quase gritou no ponto eletrônico:

— Não diga que conhece Benjamin por nada! Vai ser pior para ele se você admitir em rede nacional... A vida dele vai virar um inferno!


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