Estrelas Perdidas escrita por S Q, Lara Moreno


Capítulo 21
Expansão


Notas iniciais do capítulo

"Em geral, a vida tira mais do que dá" - Guardiões da Galáxia



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Dessa vez vou precisar falar novamente no lugar do Benjamin. O que aconteceu em seguida foi demais para ficar preso em um só capítulo. Os médicos disseram que era melhor eu continuar em repouso, de acordo com um dos milhões de exames que fiz nessa história, minha cabeça ainda não estava suficientemente estável. Meu namorado ficou aguardando na sala de esperas depois que adormeci. Perto de 10 da noite, ele voltou para depositar um beijo na minha testa, dizendo que precisava ir ao trabalho. Sorri com sono.

Aproximadamente uns 15 minutos depois que começou. Eu não tinha acordado completamente, mas também não estava mais dormindo com a mesma intensidade.

Aos poucos, as imagens confusas das últimas lembranças foram aparecendo de novo na minha mente. Tudo era envolto por cenários  luxuosos. Tão diferentes, menos acolhedores do que aqueles que eu via na casa de Benjamin. Na vida dele. Nesse momento acho que uma espécie de culpa começou a me arrebatar. Eu me senti roubando a vida dele. Uma intrusa. Sem memórias eu quase peguei a vida de outra pessoa para chamar de minha. Mas essa não era a verdadeira. Ela voltaria mais cedo ou mais tarde. E foi este último pensamento que mais me desesperou. Comecei a suar frio, tremer. Não sei se você, leitor, já passou por alguma situação de dano mental/ psicológico, mas se tem uma coisa que realmente não ajuda nesses momentos é a culpa. Não sei dizer porque, isso tem que ser perguntado a um especialista. Mas é assim que funciona.

O pior é que já estava no horário em que só os plantonistas ficam lá, ou seja, demoraram um pouco para me acudir quando apertei a campainha. Enquanto começaram a seguir os procedimentos, minha mente viajava um pouco mais fundo na memória.Eu tinha agora a nítida visão de um caderno, apoiado sobre as minhas pernas, onde eu escrevia uns versos. Eles eram simples, e reveladores:

 

“Eles não vão nos controlar

Iremos todos vencer

Enquanto eu cantar

Não há nada a temer”

 

Bastante humilde eu sei. Mas eu escrevi isso com uns 14 anos mais ou menos, desesperada com alguma coisa. Eu precisava dizer aquilo para mim mesma.

Só despertei mesmo no dia seguinte. Suzana me encarava preocupada.

—Tá… tudo bem contigo?

Pisquei os olhos confusa.

—Você apagou, mas ficou se mexendo sem parar, falando umas coisas desconexas: “alguém Benjamin me música ajuda ideias verdes”... Ou algo assim.  — falou numa tentativa péssima de imitar minha voz rouca. — O que importa é que isso não é NEM UM POUCO comum.

—Fez o curso de enfermagem todo para falar dessa maneira que calma o paciente. — Falei de maneira irônica, com um sorriso forçado no rosto e suando ainda um pouco de nervoso.

— Sabe que as aulas de psicologia eram as que eu mais faltava?

— Percebi… — Comentei rindo. Estava muito cansada para me irritar de verdade com Suzana. Apesar de ter dormido praticamente a noite inteira.

— Olha, eu sei que seu cérebro deve ter processado mais coisa do que queria durante essa noite. Então pode descansar, vou ficar aqui do lado caso precise de algo.

E essa foi a melhor coisa que ela podia ter falado. Só Deus sabe o que poderia ter acontecido se eu ficasse sozinha com meus pensamentos. Ela não disse muito depois disso, nem eu.

Na minha mente algo a mais me intrigava naquela última memória. Mas me concentrei na presença de Suzana.

Benjamin chegou assim que conseguiu uma folga com chefe, me tirando do torpor, algumas horas depois. Ele saiu entrando, e como se Suzanna não estivesse lá, me deu um hiper-beijo.

— Você tá legal? — perguntou, quase suabindo na maca.

— Benjamin… A Suzana ainda tá aqui.

Ela deu um aceno com uma cara que lembrava aquele meme do “kk eae men”. Benjamin coçou a cabeça constrangido.

— Como tá o Kaio? — ela indagou, tentando aliviar o desconforto.

— Louco como sempre…

— Isso é bom.— disse e suspirou. Meu namorado só perguntou do meu estado de saúde a partir dali. Eu ignorei um pouco a conversa dos dois, porque já estava cansada de ouvir sobre “degenerações das massas cerebrais”. Fiquei mais observando como Benjamin estava realmente preocupado. Os olhos arregalados, sobrancelha franzida, e principalmente, OUVINDO EXPLICAÇÕES MÉDICAS. Eu já tinha percebido que ele odiava hospitais. Foi meio difícil não me sentir um peso na vida dele nesse momento.

Até que um toque de celular ecoou no quarto.

 

“Eles não vão nos controlar

Iremos todos vencer

Enquanto eu cantar

Não há nada a temer”

 

Franzi a cara e dei um pulo na cama na mesma hora. Deve ter sido tão abrupto e estranho que os dois se viraram juntos e me encararam confusos.

— De onde tá vindo essa música?

— Ah, é do meu celular velho. O atual eu acabei atirando sem querer no chão ontem quando cheguei em casa.

— Como você fez isso?— perguntou Suzana lançando um olhar de incredulidade para ele.

— Eu tava nervoso, ok? Aquele acabou ficando beeem mal. Mas esse aqui dá para o gasto. Eu nem lembrava desse toque da Riley, Foi uma das primeiras músicas dela, a minha favorita! Ah, desculpa Rita, eu sei que você não gosta mas é complicado ignorar um ídolo de adolescência.

Aquilo só podia ser loucura.

Fiquei alguns segundos encarando os dois incapaz de pronunciar qualquer palavra. Os batimentos marcados num visor ao meu lado começaram a acelerar. Suzana percebeu que havia de errado.

— Olha, Benjamin, não é nada pessoal, mas acho melhor você sair dessa sala.

— N-não precisa. —  acabei falando um pouco afobada.

Agora ele também estava bastante preocupado. Antes que me enchessem de perguntas e mais testes resolvi explicar de uma vez.

— Eu me lembrei de compor essa música.


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Notas finais do capítulo

Oii, pessoas! Sei que estávamos meio sumidas, mas precisávamos trabalhar melhor os próximos capítulos porque eles são importantíssimos para a história. Agora devemos voltar ao ritmo normal ^^



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