Estrelas Perdidas escrita por S Q, Lara Moreno


Capítulo 19
Choque


Notas iniciais do capítulo

"Mantenha os olhos focados nas estrelas, mas os pés no chão" - Roosevelt



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É muito louco quando se pensa como a vida muda tão rápido. Tipo, há algumas semanas atrás, eu tinha uma rotina bem normal:  acordava na maior moleza e só ia para o mercado trabalhar. Lá sempre foi bom, eu gostava e ainda gosto de fazer essas brincadeiras que faço, e ver a galera do trampo rindo ou só sorrindo. Enfim, aí eu voltava para casa com alguns sacos com coisas que seriam tiradas do meu salário já curto, e quando chegava no apê, ou a comida estava pronta ou eu tinha que fazer, normal. Então, alguma coisa acontecia e eu tava mandando meu irmão se ferrar ou ele me mandando ir para o meu quarto com uma vozinha de criança. Era essa a minha rotina, dia após dia. Aí a Rita apareceu. Teve o acidente e toda aquela preocupação, mas junto veio uma amizade incrível, que logo se transformou sem eu nem perceber, numa paixão. Isso ficou clichê demais, corta. Mas voltando, é muito louco parar e notar que um dia você dorme, num mundo um pouco entediante e quando  acorda no dia seguinte, tá namorando alguém que apareceu do nada na sua vida e é a pessoa mais legal que você conhece.

— Cala a boca e me ajuda a botar essas caixas aqui. — Kaio me interrompeu com um chute na perna, já que as mãos estavam ocupadas. — Tá fazendo nada, me ajuda aqui.

— Beleza, beleza, eu te ajudo. — peguei uma caixa do caminhão e fui atrás de Kaio. — Mas se fizer isso de novo, eu...

— Benjamin!—  Pietra gritou, vindocorrendo para cima da gente. — Tenho uma coisa pra te falar.

— Fala e ajuda! — Kaio sorriu de lado. As caixas nem estavam pesadas, ele é que tava enrolando e não queria fazer tudo sozinho.

O estranho foi que Pietra aceitou; devia estar de muito bom humor. Parecia ser  uma boa notícia, então tinha até parado de andar para prestar atenção  no que ela ia dizer até o Kaio dar um pisão no meu pé. Doeu, mas fingi que não para debochar da cara dele. Em seguida, mandei minha amiga prosseguir:

—O que é que você queria falar, Pietra? —  ela ficou só sorrindo e isso me deu nervoso. Queria me matar de curiosidade, devia ser isso. — Fala logo!

—Vão ter umas audições lá no teatro para dublagem.  — soltou de uma vez só.

— É de graça?

—Toda audição é de graça, Benjamin. — ela riu e fez uma pausa, olhando para baixo. — Eu acho. Ah, você tem que ir, vai dar um show lá!

— Pietra! Eu te odeio! —  falei, quase gritando de empolgação.

— Que isso? Eu te falo uma coisa boa e você agora me odeia?

Kaio gargalhava atrás, enquanto eu imaginava tudo, não conseguindo parar de sorrir: em pé, de cima do palco, com o microfone técnico na minha frente, ouvindo tudo no fone grande. A minha voz incrível fazendo tudo, geral do estúdio chorando por causa de tanta emoção e eu também, mas firme e forte: "Maria das Flores, não acredito nisso! Esse tempo todo que a gente tava planejando o nosso casamento, você esteve dormindo com meu irmão? Como consegue ser tão falsa assim? Tão fria e manipuladora? Era o nosso casamento, Maria das Flores! Ai meu coração, meu coração dói com a sua traição, Marias das Flores." Depois disso, vem os aplausos e mais tarde, de noite, eu e Rita na nossa piscina da sala, assistindo o Leonardo Di Caprio falando a mesma coisa do mesmo jeito. A gente chora até se beijar e o romance tá pronto. Seria incrível.

Quando acabamos com as caixas, fiz a minha inscrição e liguei para o restaurante onde a Rita estava trabalhando, queria contar logo para ela, mas ninguém atendeu. Liguei algumas vezes e nada. Como estava no horário do trabalho dela, deixei pra lá, não seria legal atrapalhar logo no primeiro dia do emprego.

Durante o resto do dia, usei essa empolgação para trampar. O dia acabou passando rápido demais. Peguei minha mochila, desejando continuar ali, mas isso durou pouco, porque lembrei que estava ansioso para contar a novidade para Rita.

No ônibus, acabei sentando do lado de uma moça que segurava uma criança. Eu queria falar, então acabou que a moça contou várias histórias da filha enquanto eu contava várias coisas da minha vida pra ela, até da infância. Acontece.

Assim que cheguei em casa, gritei por Rita, mas nada de resposta. Rodei o apartamento todo e Alex falou que ainda não tinha visto ela. Fiquei preocupado por causa do horário. Ela havia me dito que todo dia quando eu chegasse, já estaria em casa porque o restaurante fechava mais cedo que o mercado. Então, liguei para Suzana e ela também não sabia nada, mas falou que ia ligar para alguns amigos do hospital. Meia hora depois, a enfermeira ligou de volta e contou tudo.

Antes de desligar o telefone já fui falando com o Alex e a gente correu igual dois desesperados para o hospital. Chegando lá, fui falar com o cara da recepção, mas acabei me embolando nas palavras por causa do nervosismo e meu irmão que explicou tudo. O cara deve ter ficado com pena porque liberou a gente rápido. Fui para a enfermaria onde ela estava mais desesperado ainda.Porém, quando entrei e re-encontrei a garota deitada numa maca, desacelerei o passo. Foi como se o mundo tivesse congelado.

— Ri? — chamei, sentando ao seu lado

   Ela franziu o rosto e meu coração deu um salto. Será que não tava me reconhecendo? Poderia ter perdido a memória de novo? Será que doeu muito?

— Ben?  — disse e sentou. — Eu... eu acho que... — franziu mais uma vez.

— Ainda tá com dor?

— Não, é só que eu acho que... eu acho que sei.

— Sabe o que?

— Tá confuso, mas eu acho que conheço ele.— parou e ficou encarando as mãos ligadas no soro.  —O cara que tava lá, eu sei quem é.


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Notas finais do capítulo

Depois de alguns problemas "técnicos" estamos de volta! Deixem suas impressões se puderem. Qual exatamente a relação da Riley com o homem misterioso? Alguma ideia?



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